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ENXAMES GLOBULARES
Os enxames globulares são concentrações ligadas graviticamente de mais ou menos entre dez mil a um milhão de estrelas, espalhadas por um volume de algumas dezenas até cerca de 200 anos-luz em diâmetro.

O primeiro enxame globular descoberto, à altura confundido com uma nebulosa, foi M22 em Sagitário, provavelmente por Abraham Ihle em 1665. A esta descoberta seguiu-se o enxame Omega Centauri (NGC 5139) por Edmond Halley em 1677. Conhecia-se esta "nebulosa" mas estava classificada como estrela desde a Antiguidade. Posteriormente foi M5 em Serpente por Godfried Kirch em 1702, e M13 em Hércules por Halley em 1714. A lista de nebulosas de De Chéseaux de 1746 contém, em adição, dois novos enxames globulares, M71 e M4, enquanto Jean-Dominique Maraldi descobria M15 e M2 em Setembro deste ano (1746). O catálogo de nebulosas do Sul de Abbe Lacaille de 1751-52 tinha 8 enxames globulares (cinco dos quais recém-descobertos), e o catálogo de Messier tinha 29, 20 destes novas descobertas. Charles Messier foi o primeiro a resolver um enxame globular, M4. No entanto, ainda se referia aos outros por "nebulosas redondas". Por isso, no Verão de 1782, antes de William Herschel ter começado o seu estudo compreensivo do céu profundo com grandes telescópios, já se conheciam 33 enxames globulares. O próprio Herschel descobriu outros 37, elevando o número de enxames fechados conhecidos até 70. Foi o primeiro a resolver praticamente todos em estrelas, dando o nome "enxame globular" a este tipo de objectos.

Todos estes enxames globulares conhecidos até à data (1789) pertencem à Via Láctea, mas alguns foram integrados ou migraram para o sistema globular Galáctico apenas recentemente (nomeadamente M54 e M79).


Figura 1 - M2 tem cerca de 100,000 estrelas. Cobre uma área de mais de 150 anos-luz, situa-se a 50,000 anos-luz de distância e pode ser visto com binóculos na direcção da constelação de Aquário.
Crédito: D. Williams, N. A. Sharp, AURA, NOAO, NSF
 

Figura 2 - Esta gigante bola de estrelas é mais antiga que o Sol. M3 é um dos mais brilhantes e maiores enxames globulares, facilmente visível com binóculos. Contém cerca de meio milhão de estrelas, e situa-se a cerca de 100,000 anos-luz de distância.
Crédito: S. Kafka & K. Honeycutt, WIYN, NOAO, NSF
Dos 151 enxames globulares conhecidos na nossa Galáxia, 104 pertencem ao catálogo de NGC e 3 ao catálogo IC de J. L. E. Dreyer.

Desde a sua descoberta e observação em estrelas, sempre se pensou que os enxames globulares eram objectos físicos, aglomerados de estrelas ligadas pela sua gravidade mútua, muito próximas e aproximadamente à mesma distância. A prova para esta hipótese correcta só se tornou certeza com a aparição da espectroscopia, ao mostrar que as estrelas destes têm velocidades radiais esperadas, coincidindo na perfeição com o diagrama cor-magnitude de Hertzsprung-Russell, isto é, representam uma população estelar de estrelas com aproximadamente a mesma idade, todas à mesma distância aproximada.

A distribuição dos enxames globulares na Via Láctea é maior em torno do centro Galáctico, na direcção das constelações de Sagitário, Escorpião e Ofiúco. Dos 138 enxames globulares presentes no Sky Catalog 2000, estas constelações contêm 29, 18 e 24 enxames globulares respectivamente, num total de 71, 51.4% (embora tenhamos que admitir que dos 29 enxames globulares em Sagitário, provavelmente quatro pertençam a galáxia elíptica anã de Sagitário, descoberta em 1994, entre eles M54; no entanto, estes estão no processo de integração no halo da Via Láctea) da população total conhecida. A contagem actual situa-se pelos 33, 19 e 25 enxames globulares em Sagitário, Escorpião e Ofiúco respectivamente, um total de 77 entre 151 enxames, ou 51%. No conjunto das 88 constelações, apenas cerca de metade (43 constelações) contêm enxames globulares; Águia tem 7, Serpente vem a seguir com 5, Hércules e Altar com 4 cada, e nenhuma outra constelação tem mais que 3.

 
Dos 151 enxames globulares conhecidos, 138 (91.4%) estão concentrados no hemisfério centrado em Sagitário, e apenas 13 (8.6%) no lado oposto (como por exemplo, M79). Destes 13, quatro (incluíndo M79) pensa-se que sejam membros do que resta do sistena globular da galáxia anã de Cão Maior, descoberta em 2003, actualmente a ser integrada no halo da Via Láctea.

Esta anisotropia pronunciada na distribuição dos enxames globulares teve uma importância histórica quando Harlow Shapley, em 1917, chegou à conclusão que o centro da nossa Galáxia se situava a uma distância considerável na direcção de Sagitário e não tão próximo do nosso Sistema Solar como anteriormente se pensava (no entanto, sobrestimou significativamente o tamanho da Via Láctea como um todo, bem como o tamanho do sistema de enxames globulares e a nossa distância ao Centro Galáctico).

A medição das velocidades radiais revelou que a maioria do enxames globulares se movem em órbitas altamente excêntricas e elípticas, que os leva para longe da Via Láctea; formam um halo aproximadamente esférico mais concentrado para o Centro Galáctico, mas que se extende a uma distância de algumas centenas de milhar de anos-luz, muito mais que a dimensão do disco da Galáxia. Dado que não participam no disco de rotação, podem ter velocidades relativas altas de algumas centenas de quilómetros por segundo em relação ao nosso Sistema Solar.


Figura 3 - M4, o enxame globular conhecido mais próximo (7,000 anos-luz), perto da estrela Antares.
Crédito: T2KA, Telescópio KPNO 0.9-m, NOAO, AURA, NSF
 

Figura 4 - O enxame globular M5 contém aproximadamente 100,000 estrelas (mais de 100 sabe-se que são variáveis). Situa-se na direcção da constelação de Serpente, a 25,400 anos-luz.
Crédito: Robert Gendler
O estudo espectroscópico dos enxames globulares mostra que têm muito menos elementos pesados que as estrelas, que, tal como o Sol, se formam nos discos de galáxias. Sendo assim, acredita-se que os enxames globulares sejam muito velhos e que consistem de uma geração mais antiga de estrelas (População II), que se formaram a partir de uma matéria mais primordial presente em jovens galáxias, depois (ou até mesmo antes) da sua formação. As estrelas do disco, em contraste, passaram já por muitos ciclos de nascimento estelar e supernovas, que aumentam a concentração de elementos pesados nas nuvens de formação estelar e que podem também despoletar o seu colapso.

Os enxames globulares regularmente contêm um certo número de estrelas variáveis, em particular estrelas RR Lyrae que foram a certa altura chamadas "variáveis de enxame" devido à sua abundância neste tipo de objectos. A sua frequência varia de enxame para enxame. Um pequeno conjunto de apenas quatro enxames globulares também contém nebulosas planetárias; estas parecem ser muito raras devido ao seu tempo de vida curto. Além disso, também se encontra um grande número de anãs brancas e, pelo menos nalguns casos, muitas estrelas de neutrões, algumas das quais pulsares.

Os diagramas H-R para os enxames globulares têm regularmente sequências principais curtas e ramificações horizontais proeminentes. Isto representa estrelas muito velhas que evoluíram para a fase de gigantes ou supergigantes.

 

Ao comparar os diagramas H-R de cada enxame com o seu modelo teórico, derivado da teoria de formação estelar, conseguimos estimar a idade de um enxame. É talvez um bocado surpreendente que a grande maioria dos enxames globulares tenha aproximadamente a mesma idade; parece haver uma razão física para se terem formado todos num pequeno espaço de tempo na história do Universo, e este período aparentemente foi há muito tempo atrás, quando as galáxias ainda eram jovens. Estimativas semi-recentes apontam para uma idade entre os 12 e 20 mil milhões de anos; o melhor valor para observação é talvez entre os 12 e os 16 mil milhões. Dado que a sua idade é crucial como limite inferior para a idade do Universo, os enxames globulares têm sido objecto de debates acesos que duram há décadas. No princípio de 1997, a discussão da idade dos enxames globulares ganhou novo alento devido às modificações gerais na escala de distância do Universo, implicadas a partir de resultados recolhidos pelo satélite da ESA, Hiparco. Estes resultados sugerem que as galáxias e muitos outros objectos galácticos, incluindo os enxames globulares, possam estar a uma distância 10% maior; por isso, o brilho intrínseco de todas as estrelas deverá ser cerca de 20% maior. Considerando as várias relações, importantes para o conhecimento da estrutura e evolução estelares, os enxames globulares deverão ser também aproximadamente 15% mais jovens (a partir de uma estimativa).

À medida que os enxames globulares orbitam o centro da Via Láctea durante milhares de milhões de anos, são sujeitos a uma variedade de distúrbios:

  • Algumas das suas estrelas escapam ao serem aleatoriamente aceleradas em encontros mútuos;
  • São sujeitos a forças de marés da galáxia-mãe, particularmente quando se encontram no ponto mais próximo do centro Galáctico;
  • A passagem pelo plano galáctico, ou encontros próximos com grandes massas, por exemplo (um tipo qualquer de) enxames ou grandes nuvens gasosas;
  • Efeitos evolucionários estelares e a perda de gás também contribuiem para o aumento da perda de massa dos enxames.

 


Figura 5 - Estabelecendo uma relação entre a magnitude visual (V) e o índice de cor (B-V) para as estrelas individuais de M5, obtemos esta representação.
(A): Sequência principal
(B): Ramos de gigantes vermelhas
(C): Brilho súbito do hélio ocorre aqui
(D): Ramo horizontal (RH)
(E): Espaço de Schwarzschild no RH
(F): Anãs brancas (por baixo da seta)
Crédito: Leos Ondra
 

Figura 6 - O enxame globular M10 é rico em estrelas gigantes vermelhas. Foi descoberto em 1764 por Charles Messier. Situa-se a 14,300 anos-luz na constelação de Ofiúco.
Crédito: Till Credner, Sven Kohle (Universidade de Berna), Observatório Hoher List
Embora significativamente mais lentos quando comparados com os menos densos e populosos enxames abertos, estes distúrbios tendem a desfazer os enxames. Os enxames globulares actuais são apenas os sobreviventes de uma população talvez consideravelmente maior, o resto dos quais desfragmentado e espalhado pelo halo galáctico. Este processo de destruição ainda funciona. Pensa-se que cerca de metade dos enxames globulares da Via Láctea desapareçam ao longo dos próximos dez mil milhões de anos.

A nossa Galáxia tem um sistema de talvez 180 ou 200 enxames globulares (incluindo 29 do catálogo de Messier, dois dos quais imigraram para a Via Láctea recentemente: M54 e M79). A maioria das outras galáxias têm também sistemas globulares, em alguns casos (como por exemplo, M87) com milhares de enxames! Um pequeno número de enxames globulares extragalácticos está ao alcance dos maiores telescópios amadores.

Todos os enxames globulares na Via Láctea, e na nossa vizinha galáxia de Andrómeda (M31), são velhos. Outras galáxias do Grupo Local, como a Pequena e a Grande Nuvens de Magalhães, ou a galáxia do Triângulo (M33), têm enxames globulares consideravelmente mais jovens, uma conclusão que chegamos a partir de investigações espectroscópicas. Estas galáxias contêm também grandes nebulosas difusas com massas da ordem dos enxames globulares, óbvios candidatos para futuros jovens enxames globulares em formação, concretamente a Nebulosa da Tarântula (NGC 2070) na Grande Nuvem de Magalhães e NGC 604 em M33. Um grande número de mais de 100 jovens enxames globulares foi detectado recentemente em M82, uma galáxia irregular para lá do Grupo Local.

 
GALERIA DE ENXAMES GLOBULARES
     
 
Figura 7 - M13 é um dos mais conhecidos enxames globulares. Visível com binóculos na constelação de Hércules, é frequentemente um dos primeiros objectos avistados pelos curiosos do céu à procura de maravilhas celestes para lá da visão humana. M13 é o lar colossal de mais de 100,000 estrelas, numa área com mais de 150 anos-luz de diâmetro, a 20,000 anos-luz de distância, e com uma idade de mais de 12 mil milhões de anos. Em 1974, uma mensagem rádio acerca da Terra foi enviada a partir do Observatório de Arecibo na direcção de M13.
Crédito: Yuugi Kitahara
 
 
Figura 8 - A vida pode ser bastante monótona no núcleo de M15, mas o céu será sempre brilhante! De facto, a apenas 40,000 anos-luz de distância na constelação de Pégaso, M15 é um dos mais densos enxames globulares da Via Láctea. Esta espectacular imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra milhares de estrelas individuais numa área central de aproximadamente 10 anos-luz. Mesmo assim, o excelente olho do Hubble não consegue separar as estrelas no núcleo do enxame. Os enxames globulares podem conter várias centenas de milhar até um milhão de estrelas. Tal como a maioria, M15 está cheia de velhas estrelas, com cerca de 12 mil milhões de anos (o Sol tem aproximadamente 4.5 mil milhões de anos). As suas gigantes vermelhas aparecem alaranjadas nesta imagem a cores. E, ao contrário da maioria dos enxames globulares, M15 contém uma nebulosa planetária, o breve manto gasoso de uma estrela na sua fase final da vida. Consegue ver onde está? Catalogada como Kuestner 648, a nebulosa planetária de M15 é redonda, tem um tor cor-de-rosa e situa-se no canto superior esquerdo.
Crédito: H. Bond et al., Hubble Heritage Team (STScI/AURA), NASA
 
 
Figura 9 - M19 parece ser um típico enxame globular - exceptuando a sua forma. Se repararmos bem na imagem do lado, parece ser mais longo (de baixo para cima) que largo. Na realidade, M19 é o mais asférico de todos os enxames globulares conhecidos. Situa-se a cerca de 27,000 anos-luz de distância, cobre uma área de aproximadamente 60 anos-luz, e contém mais de 100,000 estrelas. O enxame pode ser observado com binóculos na direcção da constelação de Ofiúco. A razão para esta forma rara permanece desconhecida, mas pode estar relacionada com a pequena distância ao Centro Galáctico (5,000 anos-luz). Alternativamente, a forma poderá também ser uma ilusão criada por uma corrente irregular de pó que absorve a luz de um dos lados do enxame.
Crédito: D. Williams, N. A. Sharp, AURA, NOAO, NSF
 
 
Figura 10 - O enxame globular M22 (também conhecido como NGC 6656) está localizado na constelação de Sagitário. Foi descoberto por Abraham Ihle em 1665. É um dos enxames globulares mais próximos da Terra, a uma distância aproximada de 10,400 anos-luz. A maioria das estrelas dos enxames globulares são velhas, e as de M22 não são excepção. As estrelas com os tons mais alaranjados são na verdade gigantes vermelhas.
Crédito: Robert Gendler
 
 
Figura 11 - M54 é um enxame globular na constelação de Sagitário. É brilhante mas pequeno, e o núcleo não pôde ser resolvido nesta imagem. Anteriormente pensava-se que estava a uma distância de 60,000 anos-luz, mas recentemente descobriu-se que faz parte de um sistema extragaláctico, um membro do Grupo Local chamado galáxia anã de Sagitário, o que o põe a uma distância de 90,000 anos-luz. M54 foi o primeiro enxame globular extragaláctico a ser descoberto (Charles Messier em 1778), embora tal facto só tenha sido reconhecido 225 anos mais tarde. Há quem especule que M54 seja o núcleo da galáxia anã de Sagitário (SagDEG).
Crédito: Programa REU/NOAO/AURA/NSF
 
 
Figura 12 - A 55.ª entrada no catálogo de Charles Messier é este bonito enxame globular que contém cerca de 100,000 estrelas. A apenas 20,000 anos-luz de distância na direcção da constelação de Sagitário, M55 parece, aos observadores terrestres, ter quase 2/3 do tamanho da Lua. Os enxames globulares como M55 viajam pelo halo da nossa Galáxia como conjuntos ligados pela gravidade, muito mais velhos que os grupos estelares encontrados no disco galáctico. Os astrónomos que estudam os enxames globulares podem medir com precisão as idades e distâncias destes objectos. Os seus resultados no fim, dão-nos uma idade aproximada do Universo (... tem que ser mais velho que as suas estrelas!), e uma relativa escala cósmica de distâncias.
Crédito: B. J. Mochejska (CfA), J. Kaluzny (CAMK), Telescópio Swope de 1m
 
 
Figura 13 - Este bonito enxame é M62 (ou NGC 6266). Foi descoberto pelo próprio Messier em 1771, quando procurava objectos "nebulosos" que pudessem ser confundidos com cometas. Situa-se a uma distância aproximada de 22,500 anos-luz na direcção da constelação de Ofiúco.
Crédito: Dietmar Böcker, Ernst von Voigt
 
 
Figura 14 - Pierre Méchain era um astrónomo francês caçador de cometas. Ao pesquisar pelos céus à sua procura, de vez em quando cruzava-se com objectos "nebulosos", um dos quais este, M75. Um enxame globular na constelação de Sagitário, Méchain descobriu-o em 1780. Situa-se a uma distância de aproximadamente 67,500 anos-luz da Terra.
Crédito: Ken Siarkiewicz/Adam Block/NOAO/AURA/NSF
 
 
Figura 15 - M79 (ou NGC 1904) é um atractivo enxame globular na constelação da Lebre. Tal posição deste enxame é rara, pois está bem distante do Centro Galáctico (60,000 anos-luz). Foi descoberto por Pierre Méchain em 1780, e encontra-se a 40,000 anos-luz da Terra. Pensa-se que esteja associado com a galáxia anã de Cão Maior.
Crédito: NOAO/AURA/NSF
 
 
Figura 16 - Se o nosso Sol fizesse parte de M80, o céu nocturno brilharia como uma cidade iluminada. Também conhecida como NGC 6093, é um dos enxames que ainda sobrevive na nossa Galáxia. A maioria das suas estrelas é velha e mais vermelha que o Sol. No entanto, algumas estrelas enigmáticas parecem mais azuis e brilhantes. As jovens estrelas contradizem a hipótese de todas as estrelas de M80 se terem formado quase ao mesmo tempo.
Crédito: F. R. Ferraro (ESO/Observatório de Bolonha), M. Shara (STScI/AMNH) et al, & Hubble Heritage Team (AURA/STScI/NASA)
 
 
Figura 17 - Também conhecido como NGC 6341, M92 é um enxame globular na constelação de Hércules. Foi descoberto por Johann Elert Bode em 1777 e independentemente redescoberto por Charles Messier a 18 de Março de 1781. Está a uma distância de cerca de 26,000 anos-luz. É um esplêndido objecto, visível a olho nu sobre condições excelentes e um alvo de estimação dos astrónomos.
Crédito: Robert Gendler
 
 
Figura 18 - Este pouco denso enxame globular situa-se em Ofiúco, e tem o nome de M107 (ou NGC 6171). Foi descoberto por Pierre Méchain em 1782. Encontra-se perto do plano galáctico a uma distância de aproximadamente 20,000 anos-luz da Terra.
Crédito: Bruce Hugo e Leslie Gaul/Adam Block/NOAO/AURA/NSF
 
 
Figura 19 - As estrelas nascem em grupos. De todos os enxames globulares conhecidos da nossa Via Láctea, 47 Tucano (ou NGC 104) é o segundo mais brilhante (atrás de Omega Centauri). É apenas visível no Hemisfério Sul, perto da Pequena Nuvem de Magalhães na constelação do Tucano. A luz demora cerca de 20,000 anos até chegar à Terra. A dinâmica das estrelas do centro de 47 Tucano não é ainda bem compreendida, particularmente o porquê de haverem aí tão poucos sistemas binários.
Crédito: 2MASS, Caltech, Universidade de Massachusetts
 
 
Figura 20 - Os enxames globulares já dominaram a Via Láctea. Há muito tempo atrás, aquando da sua formação, talvez alguns milhares de enxames globulares rodeavam a nossa Galáxia. Hoje, talvez restem ainda uns 200. Muitos foram destruídos ao longos dos éons através de encontros fatídicos repetidos uns com os outros ou com o Centro Galáctico. As relíquias sobreviventes são mais antigas que qualquer fóssil na Terra, mais antigas até que outras estruturas na Galáxia, e limitam a idade aproximada do Universo. Existem poucos, se alguns, enxames globulares jovens na Via Láctea, porque as condições para a sua formação já não existem. No entanto, na Grande Nuvem de Magalhães, o nosso vizinho do lado, as coisas são diferentes. Na imagem temos um "jovem" enxame globular aqui residente: NGC 1818. As observações mostram que se formou há cerca de 40 milhões de anos atrás - "ontem" quando comparado com os 12 mil milhões de anos que alguns enxames que a Via Láctea possui.
Crédito: Diedre Hunter (Observatório Lowell) et al. HST, NASA
 
 
Figura 21 - A uns meros 168,000 anos-luz de distância, este grande e lindo enxame estelar, NGC 1850, está localizado perto dos arredores da estrutura central barrada da nossa vizinha galáxia, a Grande Nuvem de Magalhães. Um primeiro olhar a esta imagem do Telescópio Espacial Hubble, sugere que o tamanho e forma do enxame são reminiescentes dos velhos enxames globulares que vagueiam pelo halo da nossa Via Láctea. Mas as estrelas de NGC 1850 são jovens... o que torna este enxame globular único e sem homólogo na nossa Galáxia. NGC 1850 é também um enxame duplo, com um segundo e compacto enxame de estrelas visível para baixo e para a direita do grande central. Estima-se que as estrelas tenham uma jovem idade de 50 milhões de anos, e que as do enxame mais compacto sejam ainda mais jovens, com uma idade de 4 milhões de anos. De facto, o enxame mais pequeno contém estrelas T-Tauri, estrelas de baixa massa como o Sol ainda em formação. A nebulosa à esquerda, tal como os restos de supernovas na nossa Galáxia, testemunha as violentas explosões estelares, um sinal que estrelas massivas e de vida curta também existiram em NGC 1850.
Crédito: M. Romaniello (ESO) et al., ESA, NASA
 
 
Figura 22 - NGC 4833 foi descoberto por Lacaille em 1751-52, durante a sua viagem até África do Sul. O enxame globular situa-se a cerca de 21,000 anos-luz na direcção da constelação da Mosca.
Crédito: Steven Juchnowski
 
 
Figura 23 - Aqui está a maior bola de estrelas da nossa Galáxia. Cerca de 10 milhões de estrelas orbitam o centro deste enxame globular - de nome Omega Centauri - à medida que este orbita o Centro Galáctico. Dados indicam que é de longe o mais massivo de todos os enxames globulares conhecidos na Via Láctea. Omega Centauri, catalogado como NGC 5139, cobre uma área de 150 anos-luz, situa-se a cerca de 15,000 anos-luz de distância, e pode ser visível a olho nu na direcção da constelação de Centauro. As estrelas nos enxames globulares são geralmente velhas, avermelhadas e menos massivas que o nosso Sol. O estudo deste tipo de objectos diz-nos não só a história da nossa Galáxia, mas também limita a idade do Universo.
Crédito: Loke Kun Tan (StarryScapes)
 
 
Figura 24 - Na nossa área interestelar, as estrelas estão demasiado longe umas das outras para haver perigo de colisão, mas nos núcleos densos dos enxames globulares as colisões podem ser relativamente comuns. De facto, os cientistas têm provas que as espaçadas estrelas azuis perto do centro da imagem do lado, tirada pelo Hubble, foram formadas quando as estrelas directamente colidiram. Aqui vemos a região central de NGC 6397, um enxame globular a cerca de 6,000 anos-luz de distância, cujas estrelas se formaram basicamente ao mesmo tempo. As massivas estrelas de NGC 6397 há muito que evoluíram a partir da sua sequência principal, gastando o seu combustível nuclear. Isto deixa o enxame apenas com as estrelas de baixa massa; ténue estrelas vermelhas de sequência principal, azuis mais brilhantes e gigantes vermelhas. No entanto, dados espectroscópicos mostram que as estrelas indicadas são claramente estrelas de sequência principal demasiado azuis e massivas para sequer existirem. Sugestivamente parecem ter duas ou três vezes a massa das outras estrelas do enxame, o que suporta as pistas da sua formação a partir de duas ou três colisões estelares.
Crédito: Hubble Heritage Team (STScI/AURA), A. Cool (SFSU) et al., NASA
 
 
Figura 25 - O enxame globular Palomar 13 tem percorrido o halo da Via Láctea há já 12 mil milhões de anos. O aparentemente pouco denso enxame estelar mesmo para a esquerda do centro nesta imagem digital a cores, é um dos mais pequenos e ténues enxames globulares conhecidos (a brilhante estrela na parte de baixo da imagem não tem relação com o enxame). 40 anos de observações indicam que a órbita de Palomar 13 em torno do halo galáctico é altamente excêntrica que, a cada um ou dois mil milhões de anos, o aproxima bastante do Centro Galáctico. De cada aproximação, as forças das marés despedaçam as estrelas do delicado enxame. De facto, estudos actuais providenciam provas para este fim dramático. A última aproximação de Palomar 13 foi há apenas 70 milhões de anos. A próxima vez que visitar o halo galáctico, pode muito bem ser a última.
Crédito: M. Siegel & S. Majewski (UVA), C. Gallart (Yale), K. Cudworth (Yerkes), M. Takamiya (Gemini), Observatório Las Campanas
 
 
Figura 26 - Este enxame de estrelas, conhecido como G1, é o mais brilhante enxame estelar de todas as galáxias do Grupo Local. Também com o nome de Mayall II, orbita o centro da maior galáxia vizinha: M31 (Galáxia de Andrómeda). G1 contém mais de 300,000 estrelas e é quase tão velho quanto o próprio Universo. De facto, as observações deste enxame mostram ser tão velho quanto os mais velhos enxames globulares da Via Láctea. Duas estrelas aparecem no pano da frente da imagem tirada pelo Hubble em Julho de 1994. Mostra um detalhe comparável a observações terrestres de outros enxames da nossa Galáxia.
Crédito: M. Rich, K. Mighell e J. D. Neill (Universidade de Columbia), e W. Freedman (Observatórios Carnegie), NASA
 
Última actualização: 2005-06-02
 
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