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Edição n.º 1310
27/09 a 29/09/2016
 
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30/09/16 - APRESENTAÇÃO ÀS ESTRELAS + OBSERVAÇÃO COM TELESCÓPIO
20:00 - Este evento inclui uma apresentação sobre um tema a determinar, seguido de observação astronómica noturna com telescópio (dependente de meteorologia favorável).
Local: CCVAlg
Preço: 2€ - adultos, 1€ jovens (crianças até 12 anos grátis)
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 922
E-mail: info@ccvalg.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 27/09: 271.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1905, a revista de Física, Annalen der Physik, recebe o artigo de Einstein, "A inércia de um corpo depende de seu conteúdo de energia?", introduzindo a equação E=mc^2
Em 2003 era lançada a sonda da ESASmart-1, a primeira tentativa de lançar naves espaciais de baixo custo.
Em 2007, a NASA lança a sonda Dawn, com destino Vesta e Ceres, os dois maiores membros da cintura de asteroides.

Em 1997, último contato com a Mars Pathfinder. Embora os controladores tentassem restaurar as comunicações durante os cinco meses seguintes, a missão foi formalmente terminada no dia 10 de março de 1998. 
Em 2008, o astronauta da agência espacial chinesa CNSA, Zhai Zhigang, torna-se no primeiro chinês a fazer um passeio espacial enquanto voava na Shenzhou 7.
Observações: Esta é a altura do ano em que, durante a noite, a ténue Ursa Menor "deita" água para a maior "frigideira" da Ursa Maior por baixo. A Ursa Maior vai retornar o favor nas noites de primavera.

Dia 28/09: 272.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1860, nascia Paul Ulrich Villard, físico e químico francês que descobriu os raios-gama em 1900 enquanto estudava a radiação emanada pelo elemento químico rádio.
Em 1999, o Observatório de Raios-X Chandra da NASA divulga uma espetacular imagem da Nebulosa do Caranguejo, os espetaculares remanescentes de uma explosão estelar, revelando algo ainda nunca visto.

O brilhante anel à volta do coração da nebulosa são ondas de partículas altamente energéticas que parecem ter sido expulsas a uma distância de 1 ano-luz da estrela central, e os jatos de partículas afastam-se da estrela de neutrões numa direcção perpendicular à espiral.
Em 2008, a SpaceX lança sua a primeira nave espacial privada, a Falcon 1, para órbita.
Observações: Antes do nascer-do-Sol, aviste a Lua, quase Nova, entre Régulo e Mercúrio, baixos a este.
Mercúrio na sua maior elongação oeste, pelas 17:34. Está a dar o seu melhor espetáculo do ano como outra "estrela da manhã".

Dia 29/09: 273.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1954 é assinada a convenção que estabelece o CERN.
Em 1962 era lançado o Alouette 1, o primeiro satélite canadiano.
Em 1988 era lançada a missão STS-26 do vaivém Discovery.

Marca o recomeço das missões depois do acidente 1986 51-L do vaivém Challenger. Duração da missão: 97 horas e 11 minutos.
Em 2004, o asteroide 4179 Toutatis passa a quatro distâncias lunares da Terra. No mesmo ano, a nave SpaceShipOne de Burt Rutan faz o seu primeiro voo espacial, dos dois necessários para ganhar o Ansari X Prize.
Observações: Antes do nascer-do-Sol, olhe novamente para este. A Lua, ainda mais fina do que ontem, está a pouco mais de 1º de Mercúrio, ambos perto do horizonte. Binóculos ajudam à medida que o céu fica mais brilhante.

 
CURIOSIDADES


Um parsec equivale a 3,26 anos-luz. É a distância da Terra a um objeto astronómico que tem um ângulo de paralaxe de um arco-segundo.

 
HUBBLE AVISTA POSSÍVEIS PLUMAS DE ÁGUA EM EUROPA

Usando o Telescópio Espacial Hubble da NASA, astrónomos captaram o que podem ser plumas de vapor de água em erupção à superfície da lua de Júpiter, Europa. Este achado reforça outras observações do Hubble que sugerem que a lua gelada tem plumas de vapor de água de alta altitude.

A observação aumenta a possibilidade de que missões a Europa sejam capazes de "provar" o oceano da lua sem ter que perfurar quilómetros de gelo.

"O oceano de Europa é considerado um dos lugares mais promissores que podem, potencialmente, abrigar vida no Sistema Solar," afirma Geoff Yoder, administrador associado do Diretorado de Missões Científicas da NASA em Washington, EUA. "Estas plumas, se realmente existem, podem fornecer outra maneira de 'provar' a subsuperfície de Europa."

As plumas têm uma altura estimada em 200 km antes de, presumivelmente, choverem de volta para a superfície de Europa. Europa tem um enorme oceano global que contém o dobro da água dos oceanos da Terra, mas está protegido por uma camada de gelo extremamente frio e duro e de espessura desconhecida. As plumas oferecem uma oportunidade tentadora para recolher amostras provenientes do subsolo sem ter que pousar ou perfurar o gelo.

Esta composição mostra plumas "suspeitas" em erupção à posição das 7 horas, no limbo da lua de Júpiter, Europa. As plumas, fotografadas pelo instrumento STIS do Hubble, foram vistas em silhueta à medida que a lua passava em frente de Júpiter. A sensibilidade ultravioleta do Hubble permitiu discernir estas características que sobem a mais de 160 km acima da superfície gelada de Europa. Pensa-se que a água vem de um oceno subterrâneo em Europa. Os dados do Hubble foram obtidos no dia 26 de janeiro de 2014. A imagem de Europa, sobreposta nos dados do Hubble, foi construída com dados da Galileo e das Voyager.
Crédito: NASA/ESA/W. Sparks (STScI)/Centro Científico de Astrogeologia do USGS
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa, liderada por William Sparks do STScI (Space Telescope Science Institute), em Baltimore, viu estas projeções enquanto observava o limbo de Europa à medida que a lua passava em frente de Júpiter.

O objetivo original da proposta de observação pela equipa era determinar se Europa tem uma atmosfera fina e estendida, ou exosfera. Usando o mesmo método de observação que deteta atmosferas em redor de planetas em órbita de outras estrelas, a equipa percebeu que se houvesse libertação de vapor de água a partir da superfície de Europa, esta observação seria uma excelente maneira de a captar.

"A atmosfera de um planeta extrasolar bloqueia parte da luz estelar que está por trás," explica Sparks. "Se houver uma fina atmosfera em redor de Europa, tem potencial para bloquear alguma da luz de Júpiter, e podíamos vê-la como uma silhueta. E assim fomos à procura de características de absorção em redor do limbo de Europa, enquanto o satélite passava em frente de Júpiter."

Em 10 ocorrências separadas abrangendo 15 meses, a equipa observou Europa a passar em frente de Júpiter. Eles viram o que podem ser plumas em erupção em três dessas ocasiões.

Este trabalho fornece elementos comprovativos para plumas de água em Europa. Em 2012, a equipa liderada por Lorenz Roth do SwRI (Southwest Research Institute) em San Antonio, EUA, detetou evidências de vapor de água em erupção a partir das frias regiões polares sul de Europa e alcançando mais de 160 km para o espaço. Embora ambas as equipas tenham usado o instrumento STIS (Space Telescope Imaging Spectrograph) do Hubble, cada uma usou um método independente para chegar à mesma conclusão.

"Quando calculamos, de forma completamente diferente, a quantidade de material necessária para criar estas características de absorção, é muito parecida com o que Roth e equipa descobriram," comenta Sparks. "As estimativas para a massa são semelhantes, as estimativas para a altura das plumas são semelhantes. A latitude dos dois candidatos a plumas que vemos corresponde à dos seus trabalhos anteriores."

Mas, até ao momento, as duas equipas ainda não detetaram as plumas usando as suas técnicas independentes simultaneamente. As observações, até agora, sugerem que as plumas podem ser altamente variáveis, o que significa que podem entrar esporadicamente em erupção por algum tempo e depois desaparecer. Por exemplo, as observações da equipa de Roth, separadas das deteções da equipa de Sparks por menos de uma semana, não detetaram quaisquer plumas.

A ser confirmado, Europa será a segunda lua no Sistema Solar em que se sabe existirem plumas de vapor de água. Em 2005, a sonda Cassini detetou jatos de vapor de água e poeira expelidos a partir da superfície da lua de Saturno, Encélado.

Os cientistas podem usar a visão infravermelha do Telescópio Espacial James Webb da NASA, com lançamento previsto para 2018, para confirmar a atividade de plumas em Europa. A NASA também está a formular uma missão a Europa com uma carga que poderá confirmar a presença de plumas e estudá-las de perto durante vários voos rasantes.

"As capacidades únicas do Hubble permitiram capturar estas plumas, mais uma vez demonstrando a sua competência para fazer observações que nunca foi construído para fazer," comenta Paul Hertz, diretor da Divisão de Astrofísica na sede da NASA em Washington. "Esta observação abre um mundo de possibilidades, e estamos ansiosos que as missões futuras - como a do Telescópio Espacial James Webb - deem seguimento a descoberta emocionante."

O trabalho de Sparks e colegas será publicado na edição de 29 de setembro da revista The Astrophysical Journal.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
13/12/2013 - Hubble vê evidências de plumas de vapor de água em lua de Júpiter

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
NASA observa diretamente plumas de água em Europa (NASA Goddard via YouTube)
Artigo científico (PDF)
Hubblesite
Nature
Science
Astronomy
The Planetary Society
Universe Today
SPACE.com
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Europa:
NASA
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Júpiter:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

 
"CORAÇÃO" DE PLUTÃO LANÇA LUZ SOBRE POSSÍVEL OCEANO SUBTERRÂNEO

Desde que a sonda New Horizons da NASA passou por Plutão no ano passado que existem cada vez mais evidências de que o planeta anão poderá ter um oceano líquido por baixo da sua concha gelada. Agora, através de modelos da dinâmica do impacto que criou uma grande cratera à superfície de Plutão, uma equipa de investigadores fez uma nova estimativa da espessura dessa camada de líquido.

O estudo, liderado pelo geólogo Brandon Johnson da Universidade de Brown e publicado na revista Geophysical Research Letters, descobriu uma probabilidade alta para a existência de uma camada de água líquida com mais de 100 km por baixo da superfície de Plutão. A pesquisa também fornece pistas sobre a composição desse oceano, sugerindo que tem provavelmente um teor de sal semelhante ao do Mar Morto.

"Os modelos térmicos do interior de Plutão e evidências tectónicas descobertas à superfície sugerem a existência de um oceano subsuperficial, mas não é fácil inferir o seu tamanho ou qualquer outra característica," afirma Johnson. "Temos sido capazes de colocar algumas restrições na espessura e obter algumas pistas sobre a composição."

A investigação focou-se em Sputnik Planum, uma bacia com 900 km de diâmetro que compõe o lóbulo oeste da famosa característica em forma de coração revelada durante o "flyby" da New Horizons. A bacia parece ter sido criada por um impacto, provavelmente por um objeto com 200 km de diâmetro ou maior.

O famoso "coração" de Plutão, metade do qual foi formado por um impacto antigo, fornece pistas sobre um possível oceano subsuperficial.
Crédito: NASA/APL/SwRI
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A história de como a bacia está relacionada com o hipotético oceano de Plutão começa com a sua posição no planeta relativamente à maior lua de Plutão, Caronte. Plutão e Caronte sofrem de bloqueio de marés (um com o outro), o que significa que mostram sempre a mesma face, um ao outro, à medida que giram. Sputnik Planum está posicionada diretamente no eixo das marés que liga os dois mundos. Essa posição sugere que a bacia tem o que se chama de anomalia positiva de massa - tem mais massa do que a média da crosta gelada de Plutão. À medida que a gravidade de Caronte atrai Plutão, puxaria proporcionalmente mais as áreas com mais massa, o que inclinaria o planeta até que Sputnik Planum se tornasse alinhada com o eixo das marés.

Mas uma anomalia positiva de massa tornaria Sputnik Planum uma espécie de característica bizarra no que toca a crateras.

"Uma cratera de impacto é basicamente um buraco no chão," comenta Johnson. "Pegamos num monte de material e lançamo-lo fora, por isso seria de esperar uma anomalia negativa de massa, mas não é o que vemos com Sptunik Planum. Isto levou as pessoas a pensar como é que se podia obter esta anomalia positiva de massa."

Parte da resposta é que, depois da formação, a bacia foi parcialmente preenchida por azoto gelado. A camada de gelo adiciona alguma massa à bacia, mas não é espessa o suficiente, por si só, para fazer com que Sputnik Planum tenha massa positiva, realça Johnson.

O resto da massa pode ser gerada por um líquido oculto sob a superfície.

Como uma bola de bowling deixada cair sobre um trampolim, um grande impacto cria uma depressão à superfície do planeta, seguida por um ressalto. Este ressalto puxa material para cima a partir do interior do planeta. Se esse material reemergido é mais denso do que o que foi expelido pelo impacto, a cratera acaba por ter a mesma massa que tinha antes do impacto. Este é um fenómeno que os geólogos chamam de compensação isostática.

A água é mais densa que o gelo. Portanto, caso exista uma camada de água líquida por baixo da concha gelada de Plutão, esta poderá ter brotado após o impacto de Sputnik Planum, equilibrando a massa da cratera. Caso a bacia tenha começado com massa neutra, então a camada de azoto depositada mais tarde seria suficiente para criar uma anomalia positiva de massa.

"Este cenário requer um oceano líquido," afirma Johnon. "Queríamos correr modelos de computador do impacto para ver se isto é algo que realmente podia acontecer. O que descobrimos é que a produção de uma anomalia positiva de massa é realmente muito sensível à espessura da camada oceânica. É também sensível ao teor de sal desse oceano, pois o teor de sal afeta a densidade da água."

Os modelos simularam o impacto de um objeto grande o suficiente para formar uma bacia do tamanho de Sputnik Planum que atingia Plutão a uma velocidade esperada para esta zona do Sistema Solar. A simulação assumiu várias espessuras da camada de água por baixo da crosta, desde a ausência de água até uma camada com 200 km de espessura.

O cenário que melhor reconstruiu o tamanho e profundidade observada de Sputnik Planum, além de produzir uma cratera com massa compensada, foi o cenário no qual Plutão tem uma camada oceânica com mais de 100 km de espessura e uma salinidade de aproximadamente 30%.

"O que isto nos diz é que se Sputnik Planum tem, de facto, uma anomalia positiva de massa - e parece que tem - esta camada de água líquida com, pelo menos, 100 km, tem que existir," comenta Johnson. "Para mim, é bastante surpreendente termos este corpo tão distante no Sistema Solar que ainda pode ter água líquida."

À medida que os cientistas continuam a estudar os dados enviados pela New Horizons, Johnson espera que surja uma imagem mais clara do possível oceano de Plutão.

Links:

Cobertura da missão New Horizons pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
16/09/2016 - Plutão emite raios-X; pinta Caronte de vermelho
05/07/2016 - New Horizons recebe prolongamento da missão, Dawn permanecerá em Ceres
24/06/2016 - Investigação reforça caso para um oceano subsuperficial em Plutão
03/06/2016 - O coração de Plutão: como uma lâmpada de lava cósmica
31/05/2016 - As melhores imagens da superfície de Plutão pela New Horizons
20/05/2016 - Ocultações estelares pela atmosfera de Plutão; primeiros dados científicos de objeto pós-Plutão
10/05/2016 - Hidra, a lua gelada de Plutão
06/05/2016 - Estudo descobre que a interação de Plutão com o vento solar é única
08/04/2016 - New Horizons preenche lacuna nas observações do ambiente espacial
18/03/2016 - Artigos científicos revelam novos aspetos de Plutão e das suas luas
04/03/2016 - Neva metano nos picos de Plutão
01/03/2016 - Os desfiladeiros gelados do polo norte de Plutão
23/02/2016 - Caronte, a Lua "Hulk" de Plutão: um possível antigo oceano?
09/02/2016 - As misteriosas colinas flutuantes de Plutão
22/12/2015 - Novas descobertas da New Horizons moldam o conhecimento de Plutão e das suas luas
08/12/2015 - New Horizons transmite as primeiras das melhores imagens de Plutão
10/11/2015 - Quatro meses depois da passagem por Plutão, continuam as descobertas da New Horizons
20/10/2015 - Novas imagens de Plutão e Caronte
09/10/2015 - New Horizons encontra céus azuis e água gelada em Plutão
02/10/2015 - Caronte, a grande lua de Plutão, revela uma história colorida mas violenta
25/09/2015 - Plutão continua a impressionar
18/09/2015 - Plutão deslumbra em espetacular novo panorama retroiluminado
11/09/2015 - Novas imagens de Plutão pela New Horizons: é complicado
08/09/2015 - New Horizons começou fase intensiva de envio dos dados
01/09/2015 - Equipa da New Horizons escolhe potencial alvo da Cintura de Kuiper para "flyby"
28/07/2015 - New Horizons encontra neblina, "glaciares" em Plutão
24/07/2015 - Nova cadeia montanhosa em Plutão; imagens de Nix e Hidra
21/07/2015 - As planícies geladas e a atmosfera de Plutão
17/07/2015 - New Horizons "telefona"; envia primeiros dados da passagem por Plutão
14/07/2015 - New Horizons passa hoje por Plutão
03/06/2015 - Plutão a cores. Tem manchas, metano e, quem sabe, nuvens
29/05/2015 - New Horizons vê mais detalhes em Plutão 
01/05/2015 - New Horizons deteta características à superfície, possivelmente uma calote polar em Plutão
09/12/2014 - New Horizons acorda para encontro com Plutão 
26/08/2014 - New Horizons passa órbita de Neptuno a caminho de encontro histórico com Plutão 
17/06/2014 - Fracturas em lua de Plutão podem indicar que já teve um oceano subterrâneo
10/06/2014 - Plutão e Caronte podem partilhar atmosfera
25/06/2013 - Equipa da New Horizons mantém plano de voo original para Plutão
29/11/2011 - Luas de Plutão podem significar perigo para a New Horizons 
25/07/2007 - Neva em Caronte
28/02/2007 - A semana dos "flybys"
20/01/2006 - New Horizons partiu
18/06/2004 - New Horizons II - uma missão ao Sistema Solar lonqínguo

Notícias relacionadas:
Universidade de Brown (comunicado de imprensa)
Geophysical Research Letters
SPACE.com
ScienceDaily
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Sistema de Plutão:
Plutão (Wikipedia)
Caronte (Wikipedia)
Nix (Wikipedia)
Hidra (Wikipedia)
Cérbero (Wikipedia)
Estige (Wikipedia)

New Horizons:
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FOGO-DE-ARTIFÍCIO DE VERÃO NO COMETA DA ROSETTA
Compilação das explosões mais brilhantes vistas no Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko pela câmara de navegação OSIRIS da Rosetta entre julho e setembro de 2015.
Crédito: OSIRIS - ESA/Rosetta/MPS para Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA; NavCam: ESA/Rosetta/NavCam
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Explosões breves mas poderosas vistas no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, no ano passado, durante o seu período mais ativo, foram rastreadas de volta às suas origens na superfície.

Nos três meses centrados em torno da aproximação mais adjacente do cometa ao Sol, a 13 de agosto de 2015, as câmaras da Rosetta capturaram 34 explosões.

Estes eventos violentos foram para além de jatos regulares e fluxos de material observados a fluir do núcleo do cometa. O último interruptor contínuo com repetibilidade de um relógio de uma rotação do cometa para a seguinte, sincronizou com o nascer e pôr-do-Sol.

Por outro lado, as explosões são muito mais brilhantes do que a dos habituais jatos - projeções de poeira súbitas, breves e de alta velocidade. Elas são tipicamente vistas apenas numa única imagem, indicando que têm uma vida útil mais curta do que o intervalo entre as imagens - tipicamente 5-30 minutos.

Pensa-se que numa explosão típica são libertadas, naqueles poucos minutos, 60-260 toneladas de material.

Como detetar a diferença entre atividade "normal" de fundo e os eventos transitórios de curta duração no Cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko. Os fluxos regulares de material podem ser vistos a sair do núcleo do cometa, ligando-se e desligando-se com repetibilidade de rotação cometária para rotação cometária, nascendo de manhã e desvanecendo à noite. O par de imagens visto aqui foi obtido a horas quase idênticas nos dias 9 e 10 de agosto de 2015, às 12:09 GMT e 00:23 GMT, respetivamente (o período de rotação do cometa, nesta altura, era de 12 horas, 18 minutos e 10 segundos), e as mesmas características podem ser vistas facilmente.
Por outro lado, os eventos explosivos são caracterizados por uma libertação repentina e curta de poeira; são mais brilhantes do que os jatos habituais e viajam muito mais depressa. São também tipicamente observados apenas uma vez, indicando que têm uma vida útil muito mais curta do que a velocidade com que as imagens foram captadas. Para o trio de imagens vistas neste gráfico, obtidas no dia 12 de agosto de 2015, as imagens estavam separadas por 30 minutos, com o evento capturado mais proeminente no centro da imagem (e apenas uma ténue atividade nas imagens "antes" e "depois").
Dos eventos explosivos transitórios, três tipos de jatos foram identificados. Os do Tipo A são definidos por um jato obviamente colimado que se prolonga para bem longe do núcleo - por vezes até para fora do campo de visão da imagem - e é muito mais brilhante do que a atividade de fundo. Foram captados três exemplos em diferentes dias e a partir de locais diferentes.
As explosões do Tipo B são identificadas por uma pluma larga com uma base ampla que se espalham muito mais lateralmente do que os jatos do Tipo A. Mais uma vez, foram fotografados três exemplos em dias diferentes e a partir de locais diferentes.
O Tipo C descreve um híbrido complexo entre os Tipos A e B, combinando tanto uma característica estreita como uma larga.
Crédito: OSIRIS - ESA/Rosetta/MPS para Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA; NavCam: ESA/Rosetta/NavCam
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Em média, as explosões ao redor da abordagem mais próxima do Sol ocorreram uma vez a cada 30 horas - cerca de 2,4 rotações do cometa. Com base na aparência do fluxo de poeira, podem ser divididas em três categorias.

Um tipo está associado com um jato longo, estreito que se estende para longe do núcleo, enquanto o segundo envolve uma base ampla e larga que se expande mais lateralmente. A terceira categoria é um híbrido complexo dos outros dois tipos.

"Como qualquer projeção é de curta duração e apenas capturada numa imagem, não podemos dizer se foi fotografada logo após a explosão ter começado ou mais tarde no processo", observa Jean-Baptiste Vincent, autor principal do artigo publicado na revista Monthly Notices of the Astronomical Society.

"Assim, não podemos dizer se esses três tipos de 'formatos' em pluma correspondem a diferentes mecanismos, ou apenas a diferentes etapas de um único processo.

"Mas se apenas um processo está envolvido, em seguida, a sequência evolutiva lógica é que um jato de pó estreito e longo é inicialmente ejetado a alta velocidade, muito provavelmente de um espaço confinado.

"Em seguida, à medida que a superfície em torno do ponto de saída é modificada, uma fração maior de material fresco fica exposto, alargando a 'base' em pluma.

"Finalmente, quando a região da fonte fica de tal forma alterada que já não é capaz de suportar mais o jato estreito, apenas uma pluma ampla sobrevive."

Locais das explosões de verão observadas pela OSIRIS (pontos azuis) e pela NavCam (pontos vermelhos) da Rosetta entre julho e setembro de 2015, sobrepostas num mapa regional do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. As inserções destacam a topografia e o terreno para uma seleção de explosões (note que alguns dos locais podem ser vistos em múltiplas inserções a partir de ângulos diferentes).
Muitas explosões ocorrem em limites distintos, por exemplo, ao longo de "terraços" entre Anuket e Sobek (centro superior); em poços e nichos em Maftet e Wosret (canto superior direito); e ao longo do limite entre Anhur e Aker (cantos inferiores direito e esquerdo). Anhur em particular é fracamente consolidado e mostra uma variedade de nichos, alcovas, pedregulhos e detritos que indicam que esta região é suscetível a colapsos, levando à exposição de materiais ricos em voláteis que provocam explosões.
No sentido horário, as imagens foram captadas pela câmara OSIRIS no dia 1 de maio de 2016 a uma distância de 18 km; 27 de janeiro de 2016 a 76 km; 2 de maio de 2016 a 18 km; e 23 de janeiro a 76 km, respetivamente.
OSIRIS - ESA/Rosetta/MPS para Equipa OSIRIS MPS/UPD/LAM/IAA/SSO/INTA/UPM/DASP/IDA
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A outra questão-chave é como essas explosões são acionadas.

A equipa descobriu que pouco mais de metade dos eventos ocorreu em regiões correspondentes ao início da manhã, quando o Sol começou a aquecer a superfície, depois de muitas horas na escuridão.

Pensa-se que a rápida mudança na temperatura local desencadeia tensões térmicas à superfície que poderiam levar a uma fratura repentina e exposição de material volátil. Este material aquece rapidamente e vaporiza explosivamente.

Os outros eventos ocorreram após o meio-dia local - após iluminação de algumas horas.

Essas explosões são atribuídas a uma causa diferente, onde o calor acumulado atinge bolsos contendo 'voláteis' enterrados sob a superfície, mais uma vez causando um súbito aquecimento e uma explosão.

"O facto de termos claramente explosões da manhã e ao meio-dia aponta para pelo menos duas maneiras diferentes de desencadear uma explosão", diz Jean-Baptiste.

Grande parte da atividade regular do cometa pode ser ligada de volta à contínua erosão das paredes de penhascos que são inicialmente fraturadas pela erosão térmica ou mecânica. Estas fraturas propagam-se para a mistura de gelo e poeira por baixo. À medida que o gelo sublima, os gases escapam através das fraturas, agindo um pouco como bocais que focam os fluxos gasosos e concentram poeira ao longo do caminho para criar os jatos distintamente colimados observados nas imagens da Rosetta. As fraturas continuadas, o aquecimento e a sublimação eventualmente levam à queda súbita da parede do penhasco - a fonte provável dos eventos explosivos mais transitórios. Ao mesmo tempo, os detritos que caem para a base do penhasco também expõem material previamente escondido, contribuindo para o fluxo observado.
Crédito: Baseado em J.-B. Vincent et al (2015)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Mas é também possível que ainda outra causa esteja envolvida nalgumas explosões.

"Descobrimos que a maioria das explosões parece ter origem nas fronteiras regionais do cometa, lugares onde há mudanças na textura ou topografia do terreno local, tais como penhascos íngremes, buracos ou nichos", acrescenta Jean-Baptiste.

Com efeito, o facto de existirem pedras e outros detritos em torno das regiões identificadas como as fontes das explosões confirma que estas áreas são particularmente suscetíveis à erosão.

Enquanto se pensa que as superfícies das falésias em corrosão lenta sejam responsáveis por algumas das características dos jatos normais e de longa duração, uma borda de um penhasco enfraquecido pode também, de repente, entrar em colapso a qualquer momento, dia ou noite. Este colapso iria revelar quantidades substanciais de material fresco e poderia levar a uma explosão, mesmo quando a região não está exposta à luz solar.

Pelo menos um dos eventos estudados ocorreu num local que se encontrava na escuridão e pode estar relacionado com o colapso de uma falésia.

"Estudar o cometa durante um longo período de tempo deu-nos a oportunidade de olhar para a diferença entre a atividade 'normal' e explosões de curta duração, e como estas explosões podem ser desencadeadas", diz Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta da ESA.

"Estudar como estes fenómenos variam consoante o cometa progride ao longo da sua órbita em torno do Sol dá-nos uma nova visão de como os cometas evoluem durante as suas vidas."

Links:

Cobertura da missão Rosetta pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
13/09/2016 - A descida da Rosetta até ao cometa
06/09/2016 - Philae foi encontrado!
02/09/2016 - Imagiologia da pequena poeira do cometa em 3D
02/08/2016 - Como os cometas nascem
01/07/2016 - Ajuste final da Rosetta para 30 de setembro
31/05/2016 - Cometa da Rosetta contém ingredientes da vida
12/04/2016 - O cometa que muda de cor
16/02/2016 - Philae enfrenta hibernação eterna
15/01/2016 - Confirma-se que gelo exposto à superfície do cometa da Rosetta é água
03/11/2015 - Resultados da missão Rosetta antes do periélio
30/10/2015 - Primeira deteção de oxigénio molecular num cometa
06/10/2015 - Rosetta espia o lado escuro do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko
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Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
PHYSORG

Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko:
Wikipedia
ESA

Sonda Rosetta:
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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Coração e Alma e Enxame Duplo
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Adrien Klamerius
 
Este rico campo estelar abrange quase 10 graus no céu na direção das constelações norte de Cassiopeia e Perseu. À esquerda, a nuvem cósmica em forma de coração IC 1805 e IC 1848 são popularmente conhecidas como Nebulosas Coração e Alma. Fáceis de avistar, para a direita estão os enxames abertos NGC 869 e NGC 884, também conhecidos como h e Chi Persei, ou apenas Enxame Duplo. As Nebulosas Coração e Alma, com os seus próprios enxames embebidos de estrelas jovens com mais ou menos um milhão de anos, medem cada um mais de 200 anos-luz de comprimento e estão a 6-7 mil anos-luz de distância. Na verdade, fazem parte de uma maior região de formação estelar situada no braço espiral Perseu da nossa Via Láctea. O Enxame Duplo está localizado a mais ou menos a mesma distância que as Nebulosas Coração e Alma. Separados por apenas algumas centenas de anos-luz, h e Chi Persei estão fisicamente próximos um do outro, e ambos os aglomerados têm uma idade estimada em aproximadamente 13 milhões de anos. A sua proximidade e idades estelares semelhantes sugerem que ambos os enxames são provavelmente o produto da mesma região de formação estelar.
 

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