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Edição n.º 1393
14/07 a 17/07/2017
 
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EFEMÉRIDES

Dia 14/07: 195.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1965, era realizado o primeiro voo rasante por Marte, pela sonda Mariner 4.
Em 2000, o Observatório Chandra observa raios-X do oxigénio e azoto do Cometa C/1999 S4. Isto mostra que os raios-X emitidos de cometas são produzidos por colisões de iões que se movimentam na direção oposta à do Sol (vento solar), em conjunto com o gás do cometa. No mesmo ano, uma poderosa proeminência solar, mais tarde denominada evento Dia da Bastilha, provoca uma tempestade geomagnética na Terra.
Em 2015, a primeira visita a Plutão e às suas luas.

New Horizons, uma missão da NASA lançada a 19 de janeiro de 2006, passa a 12.500 km de Plutão e a 28.800 km da sua lua Caronte
Observações: Mercúrio dá, atualmente, um espetáculo pobre baixo a oeste-noroeste este mês durante o lusco-fusco. Mas é ainda brilhante o suficiente (magnitude -0,16 hoje) para o poder avistar caso a atmosfera esteja limpa e calma. A melhor altura será cerca de meia-hora depois do pôr-do-Sol.
Trânsito da sombra de Io, entre as 20:09 e as 22:21.
Trânsito de Europa, entre as 21:34 e as 00:13 (já de dia 15).

Dia 15/07: 196.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1943, nascia Jocelyn Bell, astrofísica britânica que descobriu os primeiros pulsares de rádio.

Em 1972, a Pioneer 10 torna-se o primeiro objeto feito pelo Homem a viajar pela cintura de asteroides.
Em 1975 eram lançadas as missões Apollo (18, número não oficial) e Soyuz 19 que viriam a efetuar o primeiro acoplamento internacional (Apollo/Soyuz) no espaço. Foi a última missão de uma nave Apollo e da família de foguetões Saturn.
Observações: Trânsito da sombra de Europa, entre as 00:10 e as 02:45.
Cerca de hora e meia depois do pôr-do-Sol, à medida que a claridade do dia desaparece e as estrelas começam a aparecer, pode encontrar as duas estrelas mais brilhantes do verão, Vega e Arcturo, igualmente altas mas ainda longe do zénite: Vega a este e Arcturo a sudoeste (dependo da localização do observador).

Dia 16/07: 197.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1969, a Apollo 11 era lançada do cabo Kennedy.

Pousou na superfície lunar no dia 20 de julho de 1969, num local chamado Mar da Tranquilidade. Neil Armstrong (comandante do voo) e Edwin E. "Buzz" Aldrin (piloto do Módulo Lunar, chamado nesta missão de Eagle - Águia em inglês) tornaram-se os primeiros homens a caminhar no solo lunar. Michael Collins (piloto do Módulo de Comando, chamado nesta missão de Columbia) permaneceu em órbita no Módulo de Comando.
Em 1994, o cometa Shoemaker-Levy 9 colide com Júpiter. Os impactos continuam até dia 22 de julho.
Observações: Lua em Quarto Minguante, pelas 20:26.
Trânsito de Ganimedes, entre as 21:53 e as 00:47 (já de dia 17).

Dia 17/07: 198.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1850, primeira fotografia de uma estrela (Vega) que não o Sol, captada pelo Observatório de Harvard.
Em 1894, nascia Georges Lemaître, padre, astrónomo e professor belga.

Foi o primeiro a propôr, academicamente, a teoria da expansão do Universo, largamente mal atribuída a Edwin Hubble. Foi também o primeiro a derivar o que é agora a Lei de Hubble e fez a primeira estimativa do que agora se chama a constante de Hubble, que publicou em 1927, dois anos antes do artigo de Hubble. Lemaître também propôs o que veio a ser conhecido como a teoria do Big Bang para a origem do Universo, que ele chamou de "hipótese do átomo primitivo" ou "Ovo Cósmico".
Em 1975, os módulos Apollo e Soyuz efetuam o primeiro acoplamento internacional (Apollo/Soyuz) no espaço. Os comandantes das missões dão o primeiro aperto de mão internacional no espaço.
Em 2007, descoberta do objeto trans-neptuniano 2007 OR10.
Observações: A cauda de Escorpião encontra-se baixa a sul depois do anoitecer. Quão baixa depende de quão norte ou sul o observador vive: quanto mais para sul, mais alta está. Procure as duas estrelas, especialmente perto uma da outra, na cauda. Estas são Lambda e a mais ténue Upsilon Scorpii, conhecidas como os "Olhos do Gato". Estão inclinadas; o gato está a inclinar a sua cabeça a piscar um olho.
Os "Olhos do Gato" apontam para oeste (direita), em direção a Mu Scorpii, a quase um punho à distância do braço esticado, um par muito mais íntimo conhecido como os "Olhos do Gato Pequeno". Consegue avistar Mu sem usar binóculos? É difícil!

 
CURIOSIDADES


O Telescópio Espacial James Webb é tão sensível ao calor que, teoricamente, consegue detetar um abelhão à distância da Lua, caso esse não estivesse em movimento.

 
SONDA JUNO DA NASA FOTOGRAFA GRANDE MANCHA VERMELHA DE JÚPITER

Esta imagem melhorada da Grande Mancha Vermelha de Júpiter foi criada pelo cientista-cidadão Jason Major usando dados da câmara JunoCam a bordo da nave Juno da NASA.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Jason Major
(clique na imagem para ver versão maior)

 

Imagens da Grande Mancha Vermelha de Júpiter revelam um emaranhado de nuvens escuras que enlaçam caminho através de uma enorme oval carmesim. A câmara JunoCam a bordo da nave Juno da NASA captou imagens da característica mais icónica do maior habitante planetário do Sistema Solar durante o seu voo rasante de dia 11 de julho. As imagens da Grande Mancha Vermelha foram transmitidas a partir da memória da sonda na terça-feira e colocadas quarta-feira no website da JunoCam.

"Durante centenas de anos os cientistas têm vindo a observar, a imaginar e a teorizar sobre a Grande Mancha Vermelha de Júpiter," comenta Scott Bolton, investigador principal da Juno no SwRI (Southwest Research Institute) em San Antonio, no estado norte-americano do Texas. "Agora, temos as melhores fotos dessa tempestade icónica. Vai levar algum tempo até analisarmos todos os dados, não só da JunoCam, mas também dos oito instrumentos científicos da Juno, para lançar novas luzes sobre o passado, presente e futuro da Grande Mancha Vermelha."

Tal como planeado pela equipa da Juno, os cientistas-cidadão pegaram nas imagens "raw" do "flyby" no site da JunoCam e processaram-nas, fornecendo um nível de detalhe mais alto do que o disponível na sua forma bruta. As imagens dos cientistas-cidadão, bem como as imagens "raw" que usaram para processamento de imagens, podem ser encontradas na secção dos links.

Esta imagem melhorada da Grande Mancha Vermelha de Júpiter foi criada pelo cientista-cidadão Kevin Gill usando dados da câmara JunoCam a bordo da nave Juno da NASA. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Kevin Gill
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Eu tenho acompanhado a missão Juno desde que foi lançada," afirma Jason Major, cientista-cidadão da JunoCam e designer gráfico de Warwick, estado de Rhode Island. "É sempre excitante ver estas novas imagens brutas de Júpiter à medida que chegam. Mas é ainda mais emocionante pegar nas imagens em bruto e transformá-las em algo que as pessoas podem apreciar. É para isso que eu vivo."

Medindo 16.350 quilómetros em largura (valor de 3 de abril de 2017), a Grande Mancha Vermelha de Júpiter é 1,3 vezes maior que a Terra. A tempestade é acompanhada desde 1830 e possivelmente existe há mais de 350 anos. Nos tempos modernos, a Grande Mancha Vermelha parece estar a encolher.

Todos os instrumentos científicos da Juno e a JunoCam estavam a operar durante a passagem rasante, recolhendo dados que estão agora a ser transmitidos para a Terra. O próximo "flyby" por Júpiter terá lugar no dia 1 de setembro.

Esta imagem melhorada da Grande Mancha Vermelha de Júpiter foi criada pelo cientista-cidadão Gerald Eichstädt usando dados da câmara JunoCam a bordo da nave Juno da NASA. Crédito: NASA/JPL-Caltech/SwRI/MSSS/Gerald Eichstädt
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A Juno alcançou o perijove (o ponto orbital mais próximo do centro de Júpiter) às 02:55 de dia 11 de julho. Nesse momento, a Juno encontrava-se a cerca de 3500 km por cima do topo das nuvens do planeta. Onze minutos e 33 segundos mais tarde, a Juno havia coberto 39.771 quilómetros e passava diretamente por cima do topo das arredondadas nuvens carmesim da Grande Mancha Vermelha. A nave passou 9000 quilómetros por cima das nuvens desta característica icónica.

A Juno foi lançada no dia 5 de agosto de 2011 a partir de Cabo Canaveral, Flórida, EUA. Durante a sua missão de exploração, a Juno viaja perto do topo das nuvens do planeta - até um mínimo de 3400 quilómetros. Durante estes voos rasantes, a Juno estuda o interior de Júpiter e as suas auroras para aprender mais sobre as origens, estrutura, atmosfera e magnetosfera do planeta.

Os primeiros resultados científicos da missão Juno da NASA retratam o maior planeta do nosso Sistema Solar como um mundo turbulento, com uma estrutura interior intrigantemente complexa, uma energética aurora polar e grandes ciclones polares.

"Estas imagens altamente antecipadas da Grande Mancha Vermelha de Júpiter são a 'tempestade perfeita' da arte e da ciência. Com os dados da Voyager, Galileo, New Horizons, Hubble e agora da Juno, temos uma melhor compreensão da composição e evolução desta característica icónica," salienta Jim Green, diretor de ciência planetária da NASA. "Estamos por felizes por partilhar a beleza e a emoção da ciência espacial com todos."

Links:

Cobertura da missão Juno pelo Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
04/07/2017 - Sonda Juno passará diretamente por cima da Grande Mancha Vermelha de Júpiter no próximo dia 11
26/05/2017 - Um Júpiter completamente novo: primeiros resultados científicos da missão Juno
06/09/2016 - O polo norte de Júpiter é diferente de tudo o que já vimos no Sistema Solar
30/08/2016 - Juno completa com sucesso "flyby" por Júpiter
05/07/2016 - Juno está em órbita do poderoso Júpiter
21/06/2016 - Sonda Juno prestes a chegar ao ambiente de radiação mais perigoso do Sistema Solar
02/08/2011 - Juno mostra campo magnético de Júpiter em HD 
09/04/2010 - NASA começa a construir nova sonda para visitar Júpiter
26/11/2008 - Juno, a próxima missão a Júpiter

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Galeria de processamento de imagens da Juno (NASA/SwRI)
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Grande Mancha Vermelha de Júpiter (Wikipedia)

 
A ESTRELA MAIS PEQUENA JÁ DESCOBERTA PELOS ASTRÓNOMOS
Uma estrela do tamanho de Saturno - a mais pequena já medida - foi identificada pelos astrónomos.
Crédito: A. Boetticher et al., 2017
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A estrela mais pequena já medida foi descoberta por uma equipa de astrónomos liderados pela Universidade de Cambridge. Com um tamanho ligeiramente superior ao de Saturno, a atração gravitacional à sua superfície estelar é quase 300 vezes mais forte do que os humanos sentem na Terra.

A estrela é provavelmente tão pequena quanto as estrelas podem ser, pois tem apenas massa suficiente para permitir a fusão de núcleos de hidrogénio em hélio. Se fosse mais pequena, a pressão no centro da estrela já não seria suficiente para permitir a ocorrência deste processo. A fusão do hidrogénio é também o que impulsiona o Sol e os cientistas estão a tentar replicar este processo como uma poderosa fonte de energia aqui na Terra.

Estas estrelas muito pequenas e fracas são também as melhores candidatas possíveis à deteção de planetas parecidos com a Terra que podem ter água líquida à superfície, como TRAPPIST-1, uma anã ultrafria rodeada por sete mundos temperados do tamanho da Terra.

A estrela recém-medida, chamada EBLM J0555-57Ab, está localizada a cerca de 600 anos-luz de distância. Faz parte de um sistema binário e foi identificada enquanto passava em frente da sua muito maior companheira, um método normalmente usado para detetar planetas, não estrelas. Os detalhes serão publicados na revista Astronomy & Astrophysics.

"A nossa descoberta revela quão pequenas as estrelas podem ser," realça Alexander Boetticher, o autor principal do estudo e estudante de mestrado no Laboratório Cavendish e Instituto de Astronomia de Cambridge. "Caso esta estrela tivesse uma massa ligeiramente menor, a reação de fusão do hidrogénio no seu núcleo não podia ser sustentada, e a estrela ao invés tornar-se-ia numa anã castanha."

EBLM J0555-57Ab foi identificada pelo WASP, uma experiência de caça exoplanetária gerida pelas Universidades de Keele, Warwick, Leicester e St. Andrews. EBLM J0555-57Ab foi detetada quando passava em frente, ou transitava, a sua maior estrela companheira, formando o que chamamos de sistema binário eclipsante. A estrela principal tornou-se mais ténue de forma periódica, a assinatura de um objeto em órbita. Graças a esta configuração especial, os investigadores podem medir com precisão a massa e o tamanho de quaisquer companheiras em órbita, neste caso uma estrela pequena. A massa de EBLM J0555-57Ab foi determinada graças ao método Doppler (oscilação ou velocidade radial), usando dados do espectrógrafo CORALIE.

"Esta estrela é mais pequena e provavelmente mais fria do que muitos dos exoplanetas gigantes gasosos que identificámos até agora," explica von Boetticher. "Embora seja uma característica fascinante da física estelar, muitas vezes é mais difícil medir o tamanho dessas estrelas ténues de baixa massa do que o tamanho de muitos dos planetas maiores. Felizmente, podemos encontrar estas estrelas pequenas com o equipamento que usamos para descobrir exoplanetas, quando orbitam uma estrela companheira maior num sistema binário. Pode parecer incrível, mas encontrar uma estrela pode, por vezes, ser mais difícil do que encontrar um planeta."

Esta estrela recentemente medida tem uma massa comparável à estimativa atual para TRAPPIST-1, mas tem um raio quase 30% menor. "As estrelas mais pequenas fornecem condições ideais para a descoberta de planetas parecidos com a Terra e para a exploração remota das suas atmosferas," afirma o coautor Amaury Triaud, investigador sénior do Instituto de Astronomia de Cambridge. "No entanto, antes que possamos estudar planetas, precisamos de entender a sua estrela; isso é fundamental."

Embora sejam as estrelas mais numerosas do Universo, as estrelas com menos de 20% do tamanho e da massa do Sol são ainda pouco compreendidas, uma vez que são difíceis de detetar devido ao seu pequeno tamanho e baixo brilho. O projeto EBLM, que identificou a estrela deste estudo, visa eliminar esse lapso no conhecimento. "Graças ao projeto EBLM, atingiremos uma compreensão muito maior dos planetas em órbita das estrelas mais comuns, planetas como aqueles que orbitam TRAPPIST-1," conclui o professor Didier Queloz, coautor do estudo e do Laboratório Cavendish de Cambridge.

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Notícias relacionadas:
Universidade de Cambridge (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Astronomy & Astrophysics
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EBLM J0555-57Ab:
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TRAPPIST-1:
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WASP:
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ESTRELAS ESCONDIDAS PODEM FAZER COM QUE OS PLANETAS PAREÇAM MAIS PEQUENOS
Este "cartoon" explica porque é que os tamanhos relatados de alguns exoplanetas precisam de ser corrigidos em casos onde existe uma segunda estrela no sistema.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Na busca por planetas parecidos com o nosso, um importante ponto de comparação é a densidade do planeta. Uma densidade baixa diz-nos que o planeta é provavelmente gasoso como Júpiter, e uma densidade alta está associada com planetas rochosos como a Terra. Mas um novo estudo sugere que alguns são menos densos do que se pensava anteriormente devido a uma segunda estrela escondida nos seus sistemas.

À medida que os telescópios olham fixamente para zonas particulares do céu, nem sempre conseguem diferenciar entre uma estrela e duas. Um sistema composto por duas estrelas em órbita íntima pode aparecer em imagens como um único ponto de luz, mesmo através de observatórios sofisticados como o telescópio espacial Kepler da NASA. Isto pode ter consequências importantes na determinação dos tamanhos dos planetas que orbitam apenas uma dessas estrelas, realça um estudo que será publicado na revista The Astronomical Journal, liderado por Elise Furlan de Caltech/IPAC-NExScI em Pasadena, no estado norte-americano da Califórnia, e por Steve Howell do Centro de Pesquisa Ames da NASA em Silicon Valley.

"A nossa compreensão de quantos planetas são pequenos como a Terra, e quantos são grandes como Júpiter, pode mudar à medida que obtemos mais informações sobre as estrelas que orbitam," afirma Furlan. "Temos mesmo que conhecer bem a estrela a fim de obter um bom controlo sobre as propriedades dos seus planetas."

Sabe-se que alguns dos planetas mais bem estudados para lá do nosso Sistema Solar - ou exoplanetas - orbitam estrelas individuais. Conhecemos Kepler-186f, um planeta do tamanho da Terra na zona habitável, que orbita uma estrela sem companheira (a zona habitável é a distância a que um planeta rochoso pode suportar água líquida à superfície). TRAPPIST-1, a anã ultrafria que abriga sete planetas do tamanho da Terra, também não tem uma companheira. Isso significa que não existe uma segunda estrela para complicar as estimativas dos diâmetros dos planetas e, por conseguinte, as suas densidades.

Mas imagens recentes de alta resolução revelaram que outras estrelas têm uma companheira nas proximidades. David Ciardi, cientista-chefe do NExScI (NASA Exoplanet Science Institute) em Caltech, liderou um grande esforço para acompanhar as estrelas que o Kepler estudou usando uma variedade de telescópios terrestres. Este, em combinação com outras investigações, confirmou que muitas das estrelas onde o Kepler encontrou planetas são estrelas duplas. Em alguns casos, os diâmetros dos planetas em órbita dessas estrelas foram calculados sem levar em consideração a estrela companheira. Isto significa que as estimativas dos seus tamanhos devem ser mais pequenas, e as suas densidades mais elevadas, do que os valores verdadeiros.

Os estudos anteriores determinaram que aproximadamente metade de todas as estrelas semelhantes ao Sol, na nossa vizinhança estelar, têm uma companheira até 10.000 UA (uma UA, ou unidade astronómica, é equivalente à distância média entre o Sol e a Terra, cerca de 150 milhões de quilómetros). Com base nisto, cerca de 15% das estrelas no campo de visão do Kepler têm uma companheira brilhante e próxima - o que significa que os planetas em redor dessas estrelas podem ser menos densos do que se pensava anteriormente.

O Problema do Trânsito para Binários

Quando um telescópio deteta um planeta a passar em frente da sua estrela - um evento chamado "trânsito" - os astrónomos medem a diminuição aparente no brilho estelar. A quantidade de luz bloqueada durante um trânsito depende do tamanho do planeta - quanto maior é, mais luz bloqueia e maior a queda de luz observada. Os cientistas usam esta informação para determinar o raio - metade do diâmetro - do planeta.

Caso existam duas estrelas no sistema, o telescópio mede a luz combinada de ambas as estrelas. Mas um planeta em órbita de apenas uma dessas estrelas só provoca a diminuição de brilho numa delas. Portanto, se não soubermos da existência de uma segunda estrela, estamos a subestimar o tamanho do planeta.

Por exemplo, caso um telescópio observe uma estrela que diminui 5% de brilho, os cientistas podem determinar o tamanho do planeta em trânsito relativamente a essa estrela. Mas se uma segunda estrela acrescenta luz, o planeta deverá ser maior para provocar a mesma quantidade de escurecimento.

Se o planeta orbita a estrela mais brilhante do binário, a maioria da luz no sistema vem dessa estrela de qualquer maneira, de modo que a segunda estrela não terá um efeito tão grande no tamanho calculado do planeta. Mas se o planeta orbita a estrela mais ténue, a maior estrela primária contribui mais luz para o sistema e a correção do raio calculado do planeta pode ser grande - pode duplicar, triplicar ou aumentar ainda mais. Isto afetará a forma como se calcula a distância orbital do planeta, o que pode fazer com que este se situe - ou não - na zona habitável.

Se as estrelas têm aproximadamente o mesmo brilho, o "novo" raio do planeta é aproximadamente 40% maior caso se assumisse que a luz era proveniente de uma única estrela. Dado que a densidade é calculada usando, em parte, o raio ao cubo, isto significaria uma diminuição de densidade por um fator de quase 3. O impacto desta correção é mais importante para planetas pequenos porque significa que um planeta anteriormente considerado rochoso pode ser, na verdade, gasoso.

O Novo Estudo

No novo estudo, Furlan e Howell focaram-se em 50 planetas do campo de visão do observatório Kepler cujas massas e raios foram previamente estimados. Estes planetas orbitam todos estrelas com companheiras até cerca 1700 UA. Para 43 desses 50 exoplanetas, as estimativas anteriores dos seus tamanhos não tiveram em conta a contribuição da luz de uma segunda estrela. Isto significa que é necessária uma revisão dos tamanhos relatados.

Na maioria dos casos, a alteração dos tamanhos dos planetas será pequena. Investigações anteriores mostraram que 24 dos 50 planetas orbitam a maior e mais brilhante estrela do sistema. Além disso, Furlan e Howell determinaram que 11 desses planetas seriam demasiado grandes para serem considerados planetas caso orbitassem a companheira mais ténue e pequena. Assim, para 35 dos 50 exoplanetas, os tamanhos publicados não mudarão substancialmente.

Mas para 15 dos planetas, os cientistas não conseguiram determinar se orbitam a estrela mais fraca ou a estrela mais brilhante do par. Para cinco dos 15, as estrelas em questão têm aproximadamente o mesmo brilho, e as suas densidades vão diminuir substancialmente, independentemente da estrela que orbitam.

Este efeito das estrelas companheiras é importante para os astrónomos que caracterizam planetas descobertos pelo Kepler, que encontrou milhares de exoplanetas. Também será importante para a futura missão TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, que procurará planetas pequenos em torno de estrelas próximas, brilhantes, pequenas e frias.

"Em estudos futuros, queremos ter a certeza de que estamos a determinar o tipo certo e o tamanho certo do planeta ," comenta Howell. "Os tamanhos e as densidades corretas dos planetas são fundamentais para as observações futuras de planetas de alto valor pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA. No quadro geral, o conhecimento de quais os planetas pequenos e rochosos vai ajudar-nos a entender a probabilidade de encontrar planetas do tamanho da Terra noutros cantos da Via Láctea."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
PHYSORG

Planetas extrasolares:
Wikipedia
NASA Exoplanet Arquive
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Kepler-186f:
Wikipedia
Kepler-186 (Wikipedia)

TRAPPIST-1:
Wikipedia
Open Exoplanet Catalogue
TRAPPIST-1b (Wikipedia)
TRAPPIST-1b (Exoplanet.eu) 
TRAPPIST-1c (Wikipedia) 
TRAPPIST-1c (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1d (Wikipedia)
TRAPPIST-1d (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1e (Wikipedia)
TRAPPIST-1e (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1f (Wikipedia)
TRAPPIST-1f (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1g (Wikipedia)
TRAPPIST-1g (Exoplanet.eu)
TRAPPIST-1h (Wikipedia)
TRAPPIST-1h (Exoplanet.eu)

Telescópio Espacial Kepler:
NASA (página oficial)
K2 (NASA)
Arquivo de dados do Kepler
Arquivo de dados da missão K2
Descobertas planetárias do Kepler

TESS:
NASA/Goddard
Wikipedia
Wikipedia

JWST (Telescópio Espacial James Webb):
NASA
STScI
ESA
Wikipedia
"Into the Unknown" (documentário via YouTube)

 
TAMBÉM EM DESTAQUE
  Coração de uma estrela explodida observado em 3D (via Observatório ALMA)
No interior do remanescente de uma estrela explodida encontra-se um nó entrelaçado de moléculas recém-formadas e poeira forjado numa supernova em arrefecimento detetada pela primeira vez em 1987. Usando o ALMA, astrónomos mapearam a localização dessas novas moléculas para criar uma imagem tridimensional desta "fábrica de poeira". Ler fonte
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - M63: A Galáxia do Girassol
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Dados - Arquivo do HubbleTelescópio Subaru (NAOJ), Don Goldman; Processamento - Robert GendlerRoberto ColombariDon Goldman
 
Uma brilhante galáxia espiral no céu do hemisfério norte, Messier 63 encontra-se a cerca de 25 milhões de anos-luz de distância na direção da leal constelação de Cães de Caça. Também catalogada como NGC 5055, o majestoso universo-ilha mede quase 100.000 anos-luz em diâmetro. É aproximadamente do tamanho da nossa própria Via Láctea. Conhecida pela sua alcunha popular de Galáxia do Girassol, M63 apresenta um núcleo brilhante e amarelado nesta nítida composição de imagens obtidas por telescópios terrestres e espaciais. Os seus vastos braços espirais azuis estão manchados com correntes de poeira cósmica e salpicados com regiões de formação estelar. Um membro dominante de um conhecido grupo de galáxias, M63 tem características ténues e prolongadas que são provavelmente fluxos estelares de galáxias satélites perturbadas devido ao efeito de força de maré. M63 brilha em todo o espectro eletromagnético e pensa-se que terá sofrido intensos episódios de formação estelar.
 

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