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Edição n.º 1406
29/08 a 31/08/2017
 
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EFEMÉRIDES

Dia 29/08: 241.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1965, a nave Gemini V regressa à Terra, aterrando no Oceano Atlântico.

Em 1975, o japonês Kentaro Osada descobre V1500 Cygni, uma das mais rápidas novas de que há registo. 
Observações: Lua em Quarto Crescente, pelas 09:13. À noite, consegue ver que a Lua já está um "niquinho" mais do que 1/4 iluminada? Forma um triângulo com Saturno para a sua esquerda e Antares, mais distante mas para baixo.
Trânsito de Io, entre as 19:39 e as 21:56.
Trânsito da sombra de Io, entre as 20:34 e as 22:48.

Dia 30/08: 242.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1983, missão STS-8 do vaivém Challenger. Foi o primeiro lançamento noturno do programa do vaivém espacial.
Em 1984, o vaivém Discovery fazia a sua viagem inaugural, a missão STS-41-D.

Em 1991, lançamento do observatório espacial solar Yohkoh do Japão.
Em 2012, lançamento das sondas gémeas Van Allen da NASA, a bordo de um foguetão Atlas V. O seu propósito é recolher dados sobre as duas cinturas de radiação que rodeiam a Terra e revelar detalhes da influência do Sol sobre o nosso planeta. 
Observações: A Lua está hoje um pouco para cima e para a esquerda de Saturno. Mais para baixo e para a direita do par, está Antares.

Dia 31/08: 243.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1913 nascia Bernard Lovell, físico e radioastrónomo inglês. Foi o primeiro diretor do Observatório Jodrell Bank, desde 1945 até 1980.
Em 1998, a Coreia do Norte lança, alegadamente, o seu 1.º satélite, chamado Kwangmyŏngsŏng-1.

Observações: Vénus e o Presépio: antes do amanhecer de hoje, sexta e sábado, aviste Vénus brilhar baixo a norte-nordeste. Os binóculos mostram que está acompanhado do enxame do Presépio (M44), entre 1 e 2 graus para a sua esquerda, dependendo do dia.
A Lua forma hoje uma linha diagonal com Saturno e Antares para baixo e para a sua direita.

 
CURIOSIDADES


O primeiro astrónomo moderno a identificar uma estrela variável foi Johannes Holwarda em 1638, que notou que Omicron Ceti (mais tarde chamada Mira) pulsava num ciclo de 11 meses. No entanto, o documento histórico, preservado, mais antigo da descoberta da variabilidade de uma estrela - Algol - é um calendário egípcio de dias de sorte e de azar com mais ou menos 3200 anos.

 
VLA REVELA CAMPO MAGNÉTICO DE GALÁXIA DISTANTE

Com a ajuda de uma gigantesca lente cósmica, astrónomos mediram o campo magnético de uma galáxia a quase cinco mil milhões de anos-luz de distância. Este marco astronómico está a fornecer pistas importantes sobre um problema nas fronteiras da cosmologia - a natureza e origem dos campos magnéticos que desempenham um papel importante na forma como as galáxias se desenvolvem ao longo do tempo.

Os cientistas usaram o VLA (Karl G. Jansky Very Large Array) do NSF (National Science Foundation) para estudar uma galáxia que forma estrelas situada diretamente entre um quasar mais distante e a Terra. A gravidade da galáxia atua como uma lente gigante, dividindo a imagem do quasar em duas imagens separadas a partir do ponto de vista da Terra. Mais importante, as ondas de rádio provenientes deste quasar, situado a quase 8 mil milhões de anos-luz de distância, estão preferencialmente alinhadas, ou polarizadas.

Esquerda: imagem, pelo Telescópio Espacial Hubble, do sistema de lente gravitacional CLASS B1152+199. O quasar de fundo sofre o efeito de lente graças a uma galáxia em frente, que produz duas imagens A e B. Direita: rotação de Faraday das imagens da lente. A imagem A deriva de uma linha de visão através dos arredores menos densos da galáxia que atua como lente com um campo magnético mais fraco, enquanto a imagem B deriva de uma linha de visão mais próxima do centro da galáxia, com mais densidade gasosa e um campo magnético mais forte.
Crédito: Sui Ann Mao; Arquivo do Hubble (Rusin et al.)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"A polarização das ondas provenientes do quasar de fundo, combinada com o facto de que as ondas que produzem as duas imagens de lente viajaram através de partes diferentes da galáxia interveniente, permitiu-nos aprender alguns factos importantes sobre o campo magnético da galáxia," comenta Sui Ann Mao, Líder do Grupo de Investigação Minerva para o Instituto Max Planck de Radioastronomia em Bona, Alemanha.

Os campos magnéticos afetam as ondas de rádio que viajam através deles. A análise das imagens do VLA mostrou uma diferença significativa entre as duas imagens de lente gravitacional no que toca ao modo como a polarização das ondas mudou. Isto significa, dizem os cientistas, que as diferentes regiões da galáxia interveniente afetaram as ondas de forma diferente.

"A diferença diz-nos que esta galáxia tem um campo magnético de grande escala e coerente, parecido ao que vemos em galáxias próximas no universo atual," explica Mao. A semelhança é tanto na força do campo como no seu arranjo, com linhas de campo torcidas em espirais em torno do eixo de rotação da galáxia.

Vista esquemática do sistema de lente: o distante quasar, localizado a 7,9 mil milhões de anos-luz sofre o efeito de lente gravitacional graças a uma galáxia situada a 4,6 mil milhões de anos-luz, entre este objeto e a Terra. As linhas de visão A e B derivam de diferentes campos magnéticos e condições gasosas em diferentes partes da galáxia que atua como lente.
Crédito: Sui Ann Mao
(clique na imagem para ver versão maior)

 

Uma vez que esta galáxia foi observada como era há quase cinco mil milhões de anos, quando o Universo tinha cerca de dois-terços da sua idade atual, esta descoberta fornece uma pista importante sobre como os campos magnéticos são formados e evoluem ao longo do tempo.

"Os resultados do nosso estudo suportam a ideia de que os campos magnéticos galácticos são produzidos por um efeito de dínamo rotativo, semelhante ao processo que produz o campo magnético do Sol," acrescenta Mao. "No entanto, existem outros processos que podem produzir campos magnéticos. Para determinar qual o processo em ação, precisamos ir mais longe no tempo - para galáxias mais distantes - e fazer medições parecidas dos seus campos magnéticos," realça.

"Esta medição forneceu os testes mais rigorosos, até ao momento, de como os dínamos operam nas galáxias," afirma Ellen Zweibel, da Universidade de Wisconsin-Madison.

Os campos magnéticos desempenham um papel fundamental na física do gás ténue que permeia o espaço entre as estrelas numa galáxia. A compreensão de como esses campos se formam e desenvolvem ao longo do tempo pode fornecer aos astrónomos pistas importantes sobre a evolução das próprias galáxias.

Mao e colegas divulgaram os seus resultados na revista Nature Astronomy.

Links:

Notícias relacionadas:
NRAO (comunicado de imprensa)
Instituto Max Planck de Radioastronomia (comunicado de imprensa)
Nature Astronomy
ScienceDaily
PHYSORG

Lentes gravitacionais:
Wikipedia

Quasar:
Wikipedia

VLA:
Página oficial
NRAO
Wikipedia

 
KEPLER DESCOBRE VARIABILIDADE NAS "SETE IRMÃS"

As Sete Irmãs, assim conhecidas pelos antigos gregos, são agora conhecidas pelos astrónomos modernos como M45, ou como o enxame estelar das Plêiades - um conjunto de estrelas visíveis a olho nu e estudadas há já milhares de anos por culturas espalhadas por todo o mundo. O Dr. Tim White do Centro de Astrofísica Estelar da Universidade de Aarhus, juntamente com a sua equipa de astrónomos dinamarqueses e internacionais, demonstraram uma poderosa nova técnica para observar estrelas como estas que, normalmente, são demasiado brilhantes para avistar com telescópios de alto desempenho. O seu trabalho foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

Usando um novo algoritmo para melhorar as observações do Telescópio Espacial Kepler na sua missão K2, a equipa realizou o estudo mais detalhado, até agora, da variabilidade destas estrelas. O Kepler está desenhado para procurar planetas em órbita de estrelas distantes através da deteção da diminuição do brilho quando estes passam à sua frente, e também para fazer asterossismologia (sismologia estelar), estudando a estrutura e evolução de estrelas tal como revelado pelas mudanças no seu brilho.

Tendo em conta que a missão Kepler foi desenhada para observar milhares de estrelas fracas de uma só vez, algumas das estrelas mais brilhantes são na verdade demasiado brilhantes para observar. A luz de uma estrela brilhante, apontada a um detetor, fará com que os pixéis centrais da imagem da estrela fiquem saturados, o que provoca uma perda de precisão muito significativa na medição do brilho total da estrela. Este é o mesmo processo que causa uma perda de alcance dinâmico nas câmaras digitais comuns, que não conseguem ver detalhes ténues e brilhantes na mesma exposição.

Esta imagem obtida pelo Telescópio Espacial Kepler mostra os membros do enxame das Plêiades. O enxame abrange 42 CCDs das 95 que constituem a câmara do Kepler. As estrelas mais brilhantes - Alcyone, Atlas, Electra, Maia, Merope, Taygeta e Pleione - são visíveis a olho nu. O Kepler não foi desenhado para observar estrelas assim tão brilhantes; fazem com que a câmara fique saturada, produzindo picos e outros artefactos. Apesar desta séria degradação, a nova técnica permitiu que os astrónomos medissem cuidadosamente as mudanças no brilho destas estrelas enquanto o Kepler as observava durante quase três meses.
Crédito: NASA/Universidade de Aarhus/T. White
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"A solução para a observação de estrelas brilhantes com o Kepler acabou por ser bastante simples," comenta o autor principal Tim White. "Estamos principalmente preocupados com as mudanças relativas, não absolutas, no brilho. Nós podemos medir essas alterações nos pixéis insaturados próximos e ignorar completamente as áreas saturadas."

Mas as mudanças no movimento do satélite e ligeiras imperfeições no detetor podem ainda ocultar o sinal de variabilidade estelar. Para superar este facto, os autores desenvolveram uma nova técnica para "pesar" a contribuição de cada pixel a fim de encontrar o equilíbrio certo onde os efeitos instrumentais são cancelados, revelando a verdadeira variabilidade estelar. Este novo método foi denominado fotometria halo, um algoritmo simples e rápido que os autores lançaram como software livre de código aberto.

A maioria das sete estrelas são estrelas B de pulsação lenta, uma classe de estrela variável em que o brilho estelar muda com períodos razoavelmente longos (poucos dias). As frequências destas pulsações são fundamentais para explorar alguns dos processos mal compreendidos no núcleo destas estrelas.

A sétima estrela, Maia, é diferente: varia com um período regular de 10 dias. Estudos anteriores mostraram que Maia pertence a uma classe de estrelas com concentrações superficiais anormais de alguns elementos químicos, como o manganês. Para saber se estes elementos estavam relacionados, foram realizadas várias observações espectroscópicas com o Telescópio Hertzsprung SONG.

As flutuações no brilho de cada estrela revelam pistas sobre as suas propriedades físicas como o tamanho e rotação. A maioria das estrelas mais brilhantes de M45 são de um tipo de variável chamado variável B de pulsação lenta, mas Maia é diferente e mostra evidências de uma grande mancha química que atravessa a sua superfície à medida que gira durante o período de 10 dias.
Crédito: Universidade de Aarhus/T. White
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"O que vimos foi que as mudanças de brilho observadas pelo Kepler acompanham as mudanças na força da absorção do manganês na atmosfera de Maia," comenta a Dra. Victoria Antoci, coautora do trabalho e professora assistente do Centro de Astrofísica Estelar da Universidade de Aarhus. "Nós concluímos que as variações são provocadas por uma grande mancha química à superfície da estrela, que se torna visível com a rotação da estrela ao longo do período de 10 dias."

"Há sessenta anos atrás, os astrónomos pensaram que tinham observado variabilidade em Maia com um período de algumas horas e sugeriram que esta era a primeira estrela de uma nova classe de variáveis chamadas 'Variáveis Maia'," explica White, "mas as nossas novas observações mostram que Maia não é, ela própria, uma Variável Maia!"

Não foram detetados sinais de trânsitos exoplanetários neste estudo, mas os autores mostram que o seu novo algoritmo pode alcançar a precisão necessária para o Kepler e os futuros telescópios espaciais como o TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) detetarem planetas em trânsito de estrelas tão brilhantes quanto a nossa vizinha Alpha Centauri. Estas estrelas brilhantes e próximas são os melhores alvos para futuras missões, como o Telescópio Espacial James Webb, que deverá ser lançado no final de 2018.

Links:

Notícias relacionadas:
Sociedade Astronómica Real (comunicado de imprensa)
Universidade do Hawaii (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
PHYSORG

Plêiades (M45):
SEDS
Constellation Guide
Wikipedia

Maia:
Wikipedia

Estrelas variáveis:
Wikipedia
Variáveis B de pulsação lenta (Wikipedia)

Telescópio Espacial Kepler:
NASA (página oficial)
K2 (NASA)
Arquivo de dados do Kepler
Arquivo de dados da missão K2
Descobertas planetárias do Kepler

TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite):
NASA/Goddard
Wikipedia

JWST (Telescópio Espacial James Webb):
NASA
STScI
ESA
Wikipedia

 
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  Astrónomos obtêm primeiro olhar rádio sobre a habitabilidade de planetas distantes (via Universidade de Wisconsin-Milwaukee)
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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - A Nebulosa do Coração em Hidrogénio, Oxigénio e Enxofre
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Peter Jenkins
 
A grande nebulosa de emissão IC 1805 parece, num todo, como um coração. O brilho da nebulosa - bem como a forma das nuvens de gás e poeira - é alimentado por ventos estelares e radiação de estrelas quentes e massivas no enxame estelar recém-nascido de Melotte 15. Esta imagem de céu profundo mapeia a luz penetrante das estreitas linhas de emissão dos átomos de hidrogénio, oxigénio e enxofre na nebulosa. O campo de visão abrange pouco mais de dois graus no céu, de modo que parece maior do que quatro vezes o diâmetro de uma Lua Cheia. O coração cósmico pode ser encontrado na constelação de Cassiopeia, a orgulhosa e mítica Rainha da Etiópia.
 

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