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Edição n.º 1480
15/05 a 17/05/2018
 
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EFEMÉRIDES

Dia 15/05: 135.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1618, Johannes Kepler confirma a sua descoberta, previamente rejeitada, da terceira lei do movimento planetário (descobriu-a primeiro a 8 de março mas rejeitou a ideia após ter feito alguns cálculos iniciais).
Em 1836, Francis Baily, um explorador e corretor de bolsa Britânico virado para a Astronomia aos 50 anos, observa na Escócia um eclipse total do Sol, no qual explica o fenómeno que ocorre no princípio e no fim da totalidade, agora conhecido como Contas de Baily. Baily ajudou a fundar a Real Sociedade de Astronomia em Londres, reviu catálogos estelares e estudou meteorologia. Morreu a 30 de agosto de 1844.
Em 1857, nascia Williamina Fleming, astrónoma escocesa que ajudou a desenvolver uma designação comum para as estrelas e catalogou milhares de estrelas e outros fenómenos astronómicos.

É especialmente famosa pela sua descoberta da Nebulosa Cabeça de Cavalo em 1888. 
Em 1859, nascia Pierre Curie, físico francês, pioneiro na cristalografiamagnetismo,
piezoelectricidade e radioatividade. Em 1903, recebeu o Prémio Nobel da Física, juntamente com a sua mulher (Marie Curie) e Henri Becquerel.
Em 1958, lançamento do Sputnik 3.
Em 1960, a União Soviética lança o Sputnik 4
Em 1963, lançamento da última missão do programa Mercury, o Mercury-Atlas 9 com o astronauta L. Gordon Cooper a bordo. Torna-se no primeiro americano a ficar mais de um dia no espaço.
Observações: Lua Nova, pleas 12:48.
Para o resto desta primavera e verão, Júpter fica a menos de 2 ou 3 graus da estrela de terceira magnitude, Alpha Librae (Zubenelgenubi): um binário bonito e largo para binóculos. Os seus dois componentes, de magnitudes 2,8 e 5,1, estão separados por 231 segundos de arco. No entanto, formam um par real ligado gravitacionalmente; encontram-se a 77 anos-luz de distância.

Dia 16/05: 136.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1925, nascia Nancy Roman, astrónoma americana. Ao longo da sua carreira, foi oradora pública, educadora e defensora das mulheres nas ciências. É tida como a "mãe" do Telescópio Hubble.
Em 1969, a sonda soviética, Venera 5, aterra em Vénus.
Em 1992, o vaivém espacial Endeavour aterra em segurança após o seu voo inaugural
Em 1997, a STS-84 atraca com a MIR para a sexta missão STS-MIR.

É o 122.º dia de Jerry Linenger como membro da tripulação da MIR.
No mesmo ano, imagens de todo o mundo do Cometa Halle-Bopp são colocadas online.
Em 2011, a STS-134 (sequência ULF6 da construção da ISS) é lançada a partir do Centro Espacial Kennedy, o 25.º e último voo do vaivém Endeavour.
Observações: Vega é a estrela mais brilhante a este-nordeste depois do anoitecer. Cerca de 14º (punho e meio à distância do braço esticado) para cima e para a esquerda de Vega está Eltanin, o nariz do Dragão. A uma distância menor, mas para cima e para a esquerda de Eltanin, estão as três estrelas mais ténues da cabeça de Dragão, também chamada Lozenge. O nariz de Dragão aponta sempre para Vega. Parece despertar-lhe alguma curiosidade.

Dia 17/05: 137.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1836 nascia J. Norman Lockyer, descobridor do elemento hélio em 1868. J. N. L. fazia estudos espectrais do Sol quando atribuíu linhas desconhecidas de absorção ao novo elemento, só "descoberto" na Terra em 1891. 

Sir Lockyer também é conhecido como o Pai da Arqueoastronomia. Foi um dos primeiros a propôr cientificamente que Stonehenge era um observatório astronómico e que as pirâmides do Egipto e as grandes catedrais Cristãs medievais foram construídas ao longo de orientações astronómicas importantes.
Em 1882 foi descoberto um cometa em fotografias da coroa solar tiradas durante um eclipse total; o cometa nunca mais foi visto. Provavelmente era um "suicida", em rota de colisão com o Sol.
Em 1969, a soviética Venera 6 começa a sua descida pela atmosfera de Vénus, enviando dados atmosféricos antes de ser destruída pela pressão.
Observações: Procure a fina Lua Crescente para a esquerda de Vénus ao lusco-fusco. Estão separados por 4 ou 5 graus.
Consegue dizer adeus a Betelgeuse, que desaparece durante alguns meses? Binóculos ajudam.
Eclipse de Io, entre as 21:24 e as 23:39.

 
CURIOSIDADES

Sabemos da existência dos anéis de Saturno desde o século XVII, mas as sondas e telescópios construídos nos últimos 50 anos conseguiram revelar que todos os planetas do Sistema Solar exterior - Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno - têm sistemas de anéis. No entanto, os anéis não estão limitados a planetas. Em 2014, astrónomos descobriram anéis em torno do asteroide Chariklo.
 
DADOS ANTIGOS REVELAM EVIDÊNCIAS NOVAS SOBRE AS PLUMAS DE EUROPA
Impressão de artista de Júpiter e de Europa (no plano da frente) com a sonda Galileo depois de passar pela pluma expelida da superfície da lua. Uma nova simulação de computador dá-nos uma ideia de como o campo magnético interagiu com a pluma. As linhas do campo magnético (em azul) mostram como a pluma interage com o fluxo ambiente de plasma joviano. As cores vermelhas das linhas mostram áreas mais densas de plasma.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade de Michigan
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Cientistas que reexaminavam dados de uma antiga missão desenterraram novas informações acerca da tentadora questão da habitabilidade da lua de Júpiter, Europa. Os dados fornecem evidências independentes de que o reservatório de água líquida à subsuperfície da lua pode estar a libertar plumas de vapor de água acima da sua camada de gelo.

Dados recolhidos pela sonda Galileo da NASA em 1997 foram submetidos a modelos computacionais novos e avançados para desvendar um mistério - uma breve curva localizada no campo magnético - que até agora não tinha explicação. Imagens ultravioletas anteriores pelo Telescópio Espacial Hubble em 2012 haviam sugerido a presença de plumas, mas esta nova análise usou dados recolhidos muito mais perto da fonte e é considerada um forte suporte que corrobora as plumas. Os achados foram publicados na edição de ontem da revista Nature Astronomy.

A investigação foi liderada por Xianzhe Jia, físico espacial da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, EUA, autor principal do artigo científico. Jia é também coinvestigador de dois instrumentos que viajarão a bordo da Europa Clipper, a próxima missão da NASA a explorar a potencial habitabilidade da lua.

"Os dados estavam lá, mas precisávamos de modelagem sofisticada para dar sentido à observação," comenta Jia.

A equipa de Jia foi inspirada a mergulhar de volta nos dados da Galileo por Melissa McGrath do Instituto SETI em Mountain View, no estado norte-americano da Califórnia. Membro da equipa científica da Europa Clipper, McGrath fez uma apresentação aos cientistas da equipa, destacando outras observações de Europa pelo Hubble.

"Um dos locais que mencionou lembrou-me algo. A Galileo realmente fez um 'flyby' por esse local, e foi o mais próximo que já tivemos. Percebemos que tínhamos que voltar," realça Jia. "Precisávamos ver se havia alguma coisa nos dados que nos pudesse dizer se havia ou não uma pluma."

Aquando da passagem rasante de 1997, cerca de 200 km acima da superfície de Europa, a equipa da Galileo não suspeitava que a nave pudesse estar a raspar uma pluma emanada pela lua gelada. Agora, Jia e a sua equipa pensam que o seu percurso foi fortuito.

Quando examinaram a informação recolhida durante esse "flyby" há 21 anos atrás, os dados do magnetómetro de alta resolução decerto mostravam algo estranho. Com base no que os cientistas aprenderam ao explorar as plumas da lua de Saturno, Encélado - o material nas plumas fica ionizado e deixa um sinal característico no campo magnético - eles sabiam que o procurar. E lá estava em Europa - uma curva breve e localizada no campo magnético que nunca havia sido explicada.

A Galileo transportava o poderoso instrumento PWS (Plasma Wave Spectrometer) para medir ondas de plasma provocadas por partículas carregadas em gases situados em torno da atmosfera de Europa. A equipa de Jia também estudou esses dados, e também pareciam apoiar a teoria de uma pluma.

Mas os números, por si só, não conseguiam pintar a imagem completa. Jia colocou as assinaturas de magnetometria e de ondas de plasma num novo modelo 3D desenvolvido pela sua equipa da Universidade de Michigan, que simulou as interações do plasma com corpos do Sistema Solar. O ingrediente final eram os dados do Hubble que sugeriam dimensões de potenciais plumas.

O resultado que emergiu, com uma pluma simulada, correspondia ao campo magnético e às assinaturas de plasma que a equipa retirou dos dados da Galileo.

"Agora parecem haver demasiadas linhas de evidência para descartar plumas em Europa," comenta Robert Pappalardo, cientista do projeto Europa Clipper no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. "Este resultado torna as plumas muito mais reais e, para mim, é um ponto de inflexão. Estes já não são sinais incertos numa imagem distante."

Os resultados são uma boa notícia para a missão Europa Clipper, que pode ser lançada em junho de 2022. Da sua órbita em torno de Júpiter, a Europa Clipper vai passar perto da lua em vários voos rápidos e de baixa altitude. Se as plumas estiverem a expelir vapor do oceano ou de lagos subsuperficiais de Europa, a Europa Clipper poderá recolher amostras de líquido gelado e de partículas de poeira. A equipa da missão está a preparar-se para examinar possíveis percursos orbitais, e a nova investigação terá lugar nessas discussões.

"Se as plumas existirem, e se pudermos 'saborear' diretamente o que vem do interior de Europa, podemos saber mais facilmente se Europa tem os ingredientes para a vida," comenta Pappalardo. "É o grande objetivo da missão."

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
14/04/2017 - Missões da NASA fornecem novas informações sobre "mundos oceânicos" no nosso Sistema Solar
27/09/2016 - Hubble avista possíveis plumas de água em Europa
13/12/2013 - Hubble vê evidências de plumas de vapor de água em lua de Júpiter

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Nature Astronomy
Science
Sky & Telescope
SPACE.com
New Scientist
Popular Science
PHYSORG
Popular Mechanics
National Geographic
ars technica
Gizmodo
The Verge

Europa:
NASA
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Júpiter:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Galileo:
NASA
Wikipedia

Europa Clipper:
NASA
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

 
NASA PLANEIA LEVAR UM HELICÓPTERO ATÉ MARTE

A NASA vai enviar um helicóptero até Marte.

O Mars Helicopter, uma pequena aeronave rotativa autónoma, viajará com a missão do rover Mars 2020 da agência espacial, com lançamento atualmente previsto para julho de 2020, a fim de demonstrar a viabilidade e o potencial de veículos mais pesados que o ar no Planeta Vermelho.

"A NASA tem uma orgulhosa história de primeiros," disse o administrador da NASA, Jim Bridenstine. "A ideia de um helicóptero a voar pelos céus de outro planeta é emocionante. O Mars Helicopter é muito promissor para as nossas futuras missões científicas, de descoberta e exploração de Marte."

Iniciado em agosto de 2013 como um projeto de desenvolvimento de tecnologia no JPL (Jet Propulsion Laboratory) da NASA, o Mars Helicopter tinha que provar que grandes coisas podem vir em pequenas embalagens. O resultado dos quatro anos de projeto, teste e redesenho pesa um pouco menos que 1,8 kg. A sua fuselagem é aproximadamente do tamanho de uma bola de softbol e as pás dos seus rotores gémeos "morderão" a fina atmosfera marciana a quase 3000 rpm - cerca de 10 vezes a rotação dos rotores de um helicóptero na Terra.

O Mars Helicopter, um pequeno veículo autónomo que vai viajar com o rover de 2020 da NASA, atualmente com lançamento previsto para julho de 2020, a fim de demonstrar a viabilidade e o potencial de veículos mais pesados que o ar no Planeta Vermelho.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"A exploração do Planeta Vermelho com o Mars Helicopter da NASA exemplifica um casamento bem-sucedido de inovação científica e tecnológica e é uma oportunidade única para avançar a exploração de Marte para o futuro," comenta Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretorado de Missões Científicas da NASA na sede da agência em Washington, EUA. "Depois dos irmãos Wright terem provado, há 117 anos, que o voo controlado e sustentado era possível aqui na Terra, outro grupo de pioneiros americanos pode provar que o mesmo pode ser feito noutro mundo."

O helicóptero também contém as capacidades internas necessárias para operar em Marte, incluindo células solares para carregar as suas baterias de iões de lítio e um mecanismo de aquecimento para as frias noites marcianas. Mas antes que um helicóptero possa voar em Marte, tem que lá chegar. Será acoplado à "barriga" do rover Mars 2020.

"O recorde de altitude para um helicóptero em voo aqui na Terra é cerca de 12.000 metros. A atmosfera de Marte corresponde a apenas 1% da da Terra, de modo que quando o nosso helicóptero estiver na superfície marciana, já está no equivalente terrestre dos 12.000 metros," comenta Mimi Aung, gerente do projeto Mars Helicopter no JPL. "Para fazê-lo voar com essa baixa densidade atmosférica, tivemos que examinar tudo, torná-lo o mais leve possível, ao mesmo tempo sendo tão forte e tão poderoso quanto possível."

Assim que o rover esteja à superfície do planeta, será encontrado um local adequado para desdobrar, separar o helicóptero do veículo e colocá-lo no chão. O rover afastar-se-á então para uma distância segura da qual transmitirá comandos. Depois das suas baterias carregadas e de uma miríade de testes, os controladores na Terra comandarão o Mars Helicopter para fazer o seu primeiro voo autónomo da História.

Animação do Mars Helicopter e do rover Mars 2020.
Crédito: NASA/JPL-Caltech
 

"Nós não temos um piloto e a Terra estará a vários minutos de distância, de modo que não existe nenhum joystick em tempo real," comenta Aung. "Em vez disso, temos uma capacidade autónoma de receber e interpretar comandos do solo, e depois voar a missão por conta própria."

A campanha completa de testes de voo, com a duração de 30 dias, incluirá até cinco voos a distâncias cada vez maiores, até algumas centenas de metros, e durações mais longas, até 90 segundos, durante algum tempo. No seu primeiro voo, o helicóptero fará uma breve subida vertical até 3 metros, onde pairará por cerca de 30 segundos.

Como demonstração tecnológica, o Mars Helicopter é considerado um projeto de alto risco e alto retorno. Se não funcionar, a missão do rover Mars 2020 não será afetada. Se funcionar, os helicópteros podem ter um futuro real como batedores de baixa altitude e veículos aéreos para aceder locais não acessíveis por viagens terrestres.

"A capacidade para ver claramente o que está além da próxima colina é crucial para futuros exploradores," acrescenta Zurbuchen. "Já temos ótimas visões de Marte, tanto da superfície como de órbita. Com a dimensão adicional de uma visão panorâmica de um helicóptero marciano, só podemos imaginar o que futuras missões alcançarão."

O rover Mars 2020 vai ser lançado a bordo de um foguetão Atlas V a partir do Complexo de Lançamentos Espaciais 41 na Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral, no estado norte-americano da Califórnia, com chegada prevista a Marte em fevereiro de 2021.

O rover levará a cabo avaliações geológicas do seu local de pouso em Marte, determinará a habitabilidade do ambiente, procurará sinais de vida marciana antiga e avaliará recursos naturais e riscos para futuros exploradores humanos. Os cientistas vão usar os instrumentos a bordo do rover para identificar e recolher amostras de rocha e solo, guardá-las em tubos selados e deixá-las à superfície do planeta para um possível retorno à Terra numa futura missão a Marte.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Demonstração Tecnológica do Mars Helicopter da NASA (NASA JPL via YouTube)
SPACE.com
Astrobiology Magazine
Universe Today
Astronomy Now
PHYSORG
New Scientist
Inverse
BBC News
CNN
TIME
Forbes
Engadget
The Verge
SIC Notícias
Expresso
Observador
ZAP.aeiou

Mars 2020:
NASA
NASA - 2
Wikipedia
Mars Helicopter (Wikipedia)

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 
MISSÃO NICER DA NASA DESCOBRE PULSAR DE RAIOS-X EM ÓRBITA RECORDE

Cientistas que analisavam os primeiros dados da missão NICER (Neutron star Interior Composition Explorer) encontraram duas estrelas que giram em torno uma da outra a cada 38 minutos. Uma das estrelas do sistema chamado IGR J17062–6143 (J17062, abreviado) é uma estrela superdensa e de rápida rotação a que chamamos pulsar. A descoberta confere ao par estelar o recorde do período orbital mais curto para uma determinada classe de sistema binário de pulsares.

Os dados do NICER também mostram que as estrelas do par J17062 estão apenas separadas por 300.000 quilómetros, menos do que a distância entre a Terra e a Lua. Com base no rapidíssimo período orbital e na separação do par, os cientistas envolvidos num novo estudo do sistema pensam que a segunda estrela é uma anã branca pobre em hidrogénio.

"Não é possível para uma estrela rica em hidrogénio, como o nosso Sol, ser a companheira do pulsar," comenta Tod Strohmayer, astrofísico de Goddard e autor principal do artigo. "Não conseguimos fazer encaixar uma estrela como essa numa órbita tão pequena."

Uma observação prévia de 20 minutos pelo RXTE (Rossi X-ray Timing Explorer) em 2008 só conseguiu estabelecer um limite inferior para o período orbital de J17062. O NICER, instalado a bordo da Estação Espacial Internacional em junho passado, pôde observar o sistema por períodos muito mais longos. Em agosto, o instrumento focou-se em J17062 por mais de sete horas ao longo de 5,3 dias. Combinando observações adicionais em outubro e novembro, a equipa de cientistas foi capaz de confirmar o período orbital recorde para um sistema binário contendo o que os astrónomos chamam de AMXP (accreting millisecond X-ray pulsar).

As estrelas de IGR J17062–6143, aqui ilustradas, orbitam-se uma à outra a cada 38 minutos, a órbita mais rápida conhecida para um sistema binário que contém um pulsar de raios-X de millissegundo com acreção. Enquanto giram, um pulsar superdenso puxa gás de uma anã branca leve. As duas estrelas estão tão perto que cabiam entre a Terra e a Lua.
Crédito: Centro de Voo Espacial Goddard da NASA
(clique na imagem para ver o vídeo no YouTube)
 

Quando uma estrela massiva passa a supernova, o seu núcleo colapsa num buraco negro ou numa estrela de neutrões, pequena e superdensa - do tamanho de uma cidade, mas com mais massa do que o Sol. As estrelas de neutrões são tão quentes que a luz que irradiam passa a porção incandescente do espetro visível e ultravioleta até aos raios-X. Um pulsar é uma estrela de neutrões que gira rapidamente.

A observação de J17062 levada a cabo em 2008 pelo RXTE descobriu pulsos recorrentes de raios-X 163 vezes por segundo. Estes pulsos marcam a localização de pontos quentes em redor dos polos magnéticos do pulsar, o que permitiu que os astrónomos determinassem quão rapidamente gira. O pulsar de J17062 gira a cerca de 9800 rotações por minuto.

Pontos quentes formam-se quando o intenso campo gravitacional de uma estrela de neutrões retira material de uma companheira estelar - em J17062, da anã branca - e é colocado num disco de acreção. A matéria no disco espirala para dentro, eventualmente chegando à superfície. As estrelas de neutrões têm campos magnéticos fortes, de modo que o material aterra na superfície de forma desigual, viajando ao longo do campo magnético até aos polos onde produz os pontos quentes.

O constante bombardeamento de gás em queda faz com que os pulsares de acreção girem mais rapidamente. Enquanto giram, os pontos quentes entram e saem da vista de instrumentos de raios-X como o NICER, que regista as flutuações. Alguns pulsares giram mais de 700 vezes por segundo. As flutuações de raios-X dos pulsares são tão previsíveis que a experiência companheira do NICER, SEXTANT (Station Explorer for X-ray Timing and Navigation Technology), já mostrou que podem servir como faróis para navegação autónoma em futuras naves espaciais.

Com o tempo, o material da estrela dadora é acumulado à superfície da estrela de neutrões. Assim que a pressão desta camada cresce até ao ponto em que os seus átomos se fundem, ocorre uma reação termonuclear descontrolada, libertando a energia equivalente a 100 bombas de 15 megatoneladas que explodem sobre cada centímetro quadrado, explicou Strohmayer. Os raios-X de tais explosões também pode ser captados pelo NICER, embora ainda não tenham sido vistas em J17062.

Os investigadores foram capazes de determinar que as estrelas de J17062 giram em torno uma da outra numa órbita circular, o que é comum para os AMXPs. A estrela dadora, anã branca, é um "peso leve", com mais ou menos 1,5% da massa do Sol. O pulsar tem muito mais massa, cerca de 1,4 massas solares, o que significa que as estrelas orbitam um ponto a cerca de 3000 km do pulsar. Strohmayer disse que é quase como se a estrela dadora orbitasse um pulsar estacionário, mas o NICER é sensível o suficiente para detetar a pequena flutuação na emissão de raios-X do pulsar devido ao puxo da anã branca.

"A distância entre nós e o pulsar não é constante," comenta Strohmayer. "Varia devido a este movimento orbital. Quando o pulsar está mais próximo, a emissão de raios-X leva um pouco menos a chegar até nós do que quando está mais distante. O atraso é pequeno, apenas cerca de 8 milissegundos para a órbita de J17062, mas está bem dentro das capacidades de uma máquina sensível como o NICER."

Os resultados do estudo foram publicados no passado dia 9 de maio na revista The Astrophysical Journal Letters.

A missão do NICER é fornecer medições de alta precisão para melhor estudar a física e o comportamento das estrelas de neutrões. Outros dados da primeira fornada de dados do instrumento forneceram resultados sobre as explosões termonucleares de um objeto e exploraram o que acontece com o disco de acreção durante estes eventos.

"As estrelas de neutrões são verdadeiros laboratórios de física nuclear, do ponto de vista terrestre," comenta Zaven Arzoumanian, astrofísico de Goddard e cientista chefe do NICER. "Não podemos recriar as condições das estrelas de neutrões em qualquer parte do nosso Sistema Solar. Um dos principais objetivos do NICER é estudar a física subatómica que não é acessível em nenhum outro lugar."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
The Astrophysical Journal Letters
SPACE.com
Science alert
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UPI

Pulsares:
Wikipedia
Pulsares de milissegundo (Wikipedia)
Lista de pulsares de milissegundo com rotação e acreção
Catálogo ATNF de Pulsares

NICER:
NASA
Wikipedia

RXTE:
Página principal
NASA
Wikipedia

 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Lua de Saturno, Hiperião, Em Cores Naturais
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: NASA/JPL/SSI; Composição: Gordan Ugarkovic
 
O que está no fundo das estranhas crateras de Hiperião? Para ajudar a descobrir, a sonda robótica Cassini, na altura em órbita de Saturno, passou pela luz texturizada em 2005 e 2010 e captou fotos com detalhes sem precedentes. Um mosaico de seis imagens do "flyby" de 2005, apresentado aqui em cores naturais, mostra um mundo notável repleto de crateras estranhas e uma superfície parecida com uma esponja. No fundo da maioria das crateras encontra-se um tipo de material avermelhado, escuro e desconhecido. Este material parece semelhante ao que cobre parte de outra das luas de Saturno, Jápeto, e pode afundar na lua gelada uma vez que absorve melhor a luz do Sol. Hiperião tem cerca de 250 quilómetros de diâmetro, gira caoticamente e tem uma densidade tão baixa que provavelmente abriga um vasto sistema de cavernas no interior.
 

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