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Edição n.º 1521
05/10 a 08/10/2018
 
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12/10/18 - VIAGEM INTERESTELAR

No âmbito da Semana Mundial do Espaço, irá realizar-se uma Observação Astronómica em Carvoeiro - "Viagem Interestelar", no anfiteatro do Forte da N.ª Sr.ª da Encarnação, às 20h00 de dia 12 de outubro. A atividade, em formato de aula de astronomia interativa, contará com projeção dos astros observados no Forte da N.ª Sr.ª da Encarnação (em Carvoeiro). Esta ação, de carácter gratuito, tem a coordenação do Município de Lagoa e do Centro Ciência Viva do Algarve, e será dinamizada pelo Eng.º Filipe Dias.

Inscrições e informações
Telefone: 282 380 456
E-mail: jose.vieira@cm-lagoa.pt

 
EFEMÉRIDES

Dia 05/10: 278.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1882 nasce Robert Goddard, pioneiro no desenvolvimento dos foguetões.

Em 1923, Edwin Hubble descobre a primeira variável de Cefeida em M31, a Galáxia de Andrómeda, estabelecendo que as "nebulosas" espirais são independentes e são sistemas estelares externos, tal como a Via Láctea.
Em 1958, nasce Neil deGrasse Tyson, astrofísico, cosmólogo, autor e comunicador científico americano.
Em 1984, Marc Garneau torna-se no primeiro canadiano no espaço, a bordo do vaivém Challenger
Em 2000, astrónomos espanhóis e alemães publicam na revista Science a sua descoberta de planetas gigantes gasosos isolados, sem estrelas, a serem formados na região de Orionte. Estes "super-júpiteres" flutuam livremente dentro de um enxame estelar, mas a distâncias suficientemente grandes para permitir escapar à atração gravitacional das outras estrelas.
Observações: O Grande Quadrado de Pégaso anda alto no céu a este por estas noites, ainda apoiado num canto. É um pouco maior do que o seu punho à distância do braço esticado.
Do seu canto esquerdo corre uma linha de três estrelas igualmente brilhantes, assinalando a linha principal de Andrómeda.
À medida que a noite passa, o lado superior direito de Pégaso aponta para baixo até Fomalhaut, que está a nascer (a quatro ou cinco punhos à distância do braço esticado).

Dia 06/10: 279.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1903, nascia Ernest Walton, físico irlandês que ganhou o prémio Nobel por ter sido a primeira pessoa na história a dividir artificialmente o átomo, dando início à era nuclear.
Em 1990 é lançado o observatório solar da ESA e da NASAUlysses, a partir do vaivém Discovery. Em fevereiro de 1992, levou um puxão gravitacional de Júpiter, forçando-o a sair do plano da eclíptica.

Completou a sua missão principal de vigiar os dois pólos do Sol, enviando resultados inesperados. Sabe-se que o pólo magnético sul é muito mais dinâmico e sem localização fixa. A missão duraria até 2007.
Em 1995, é descoberto em 51 Pegasi o primeiro planeta a orbitar outra estrela que não o Sol.
Observações: Vega é a estrela mais brilhante muito alta a oeste logo após o anoitecer. Arcturo, de brilho idêntico, está cada vez mais baixo a oeste-noroeste. A estrela mais brilhante na vasta área entre as duas estrelas, a aproximadamente um-terço do caminho de Arcturo a Vega, é Alphecca, de magnitude 2,2 - a jóia da Coroa Boreal. Alphecca é um binário eclipsante de 17 dias, mas as suas quedas de brilho são demaisado fracas para serem observadas confiavelmente a olho nu.

Dia 07/10: 271.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1885, nascia Niels Bohr, físico que fez contribuições fundamentais na compreensão da estrutura atómica e da mecânica quântica, pela qual ganhou o prémio Nobel da Física.

Em 1958, o programa de voo espacial tripulado dos EUA muda de nome, para Projeto Mercury
Em 1959 o sistema televisivo a bordo da Luna 3 obtém uma série de 29 fotografias ao longo de 40 minutos, cobrindo 70% da superfície da Lua.
Em 2008, o asteroide 2008 TC3 colide com a Terra, por cima do Sudão. 
Observações: O "W" de Cassiopeia está agora na vertical (apoiado na sua extremidade mais ténue), alto a nordeste pelas 22 ou 23 horas, dependendo da sua localização. Nessa altura, já a Ursa Maior está na horizontal muito perto do horizonte norte-noroeste - caso esteja a latitudes médias norte.

Dia 08/10: 272.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1873, nascia Ejnar Hertzsprung, astrónomo e químico dinamarquês que, na primeira década do século XX, provou pela primeira vez a existência de estrelas gigantes e estrelas anãs.

Juntamente com Henry Norris Russell, desenvolveu o diagrama Hertzsprung-Russell.
Observações: Agora que outubro vai quase a meio, Deneb substitui Vega como a estrela no zénite depois do anoitecer (para observadores a latitudes médias norte). Consequentemente, Capricórnio substitui Sagitário como a constelação mais a sul.

 
CURIOSIDADES

A altitude que define o fim da atmosfera da Terra e o começo do espaço, a 100 km, tem o nome de linha de Kármán.
 
ASTRÓNOMOS DESCOBREM PRIMEIRAS EVIDÊNCIAS DE POSSÍVEL LUA PARA LÁ DO NOSSO SISTEMA SOLAR

Usando os telescópios espaciais da NASA, Hubble e Kepler, os astrónomos descobriram evidências tentadoras do que poderá ser a primeira descoberta de uma lua em órbita de um planeta para lá do nosso Sistema Solar.

Este candidato a lua, que está a 8000 anos-luz da Terra na direção da constelação de Cisne, orbita um gigante gasoso que, por sua vez, orbita uma estrela chamada Kepler-1625. Os investigadores alertam que a hipótese de lua é experimental e tem que ser confirmada pelas observações de acompanhamento do Hubble.

"Este achado intrigante mostra como as missões da NASA trabalham juntas para descobrir mistérios incríveis no nosso cosmos," comenta Thomas Zurbuchen, administrador associado do Diretorado de Missões Científicas da NASA na sede da agência espacial em Washington. "Se confirmada, esta descoberta poderá abanar completamente a nossa compreensão de como as luas são formadas e a sua composição."

Dado que as luas para lá do nosso Sistema Solar - conhecidas como exoluas - não podem ser fotografadas diretamente, a sua presença é inferida quando passam em frente de uma estrela, diminuindo momentaneamente a sua luz. Tal evento é chamado de trânsito, e tem sido usado para detetar muitos dos exoplanetas catalogados até à data.

Os telescópios espaciais Hubble e Kepler da NASA encontraram o que poderá ser a primeira lua já encontrada para lá do nosso Sistema Solar. São precisas mais observações para confirmar esta descoberta.
Crédito: NASA/ESA/L. Hustak
(clique na imagem para ver versão maior)
 

No entanto, as exoluas são mais difíceis de detetar do que os exoplanetas porque são mais pequenas do que o seu planeta companheiro, de modo que o seu sinal de trânsito é mais fraco quando representado numa curva de luz que mede a duração do cruzamento do planeta e a quantidade de escurecimento momentâneo. As exoluas também mudam de posição a cada trânsito porque orbitam em redor do planeta.

Na procura por exoluas, Alex Teachey e David Kipping, astrónomos da Universidade de Columbia em Nova Iorque, analisaram dados de 284 planetas descobertos pelo Kepler que estão em órbitas comparativamente largas, maiores do que 30 dias, em redor da sua estrela hospedeira. Os investigadores descobriram uma instância, no planeta Kepler-1625b, de uma assinatura de trânsito com anomalias intrigantes, sugerindo a presença de uma lua.

"Vimos pequenos desvios e oscilações na curva de luz que chamou a nossa atenção," realça Kipping.

Com base nas suas descobertas, a equipa passou 40 horas a fazer observações com o Hubble a fim de estudar o planeta intensivamente - também usando o método de trânsito - obtendo dados mais precisos sobre as quedas de luz. Os cientistas monitorizaram o planeta antes e depois do seu trânsito de 19 horas pela face da estrela. Depois do trânsito terminar, o Hubble detetou uma segunda diminuição, muito mais pequena, no brilho estelar, aproximadamente 3,5 horas depois. Esta pequena diminuição é consistente com uma lua gravitacionalmente ligada ao planeta, como um cão que segue o seu dono. Infelizmente, as observações agendadas do Hubble terminaram antes que o trânsito completo da lua candidata pudesse ser medido e a sua existência confirmada.

Em adição a esta queda na luz, o Hubble forneceu evidências de apoio à hipótese de exolua, descobrindo que o trânsito exoplanetário ocorreu mais de uma hora antes do previsto. Isto é consistente com um planeta e lua em órbita de um centro comum de gravidade, que faria com que o planeta oscilasse da sua posição prevista, da mesma forma que a Terra oscila quando a nossa Lua a orbita.

Os investigadores observam que a oscilação planetária pode ser provocada pela atração gravitacional de um segundo planeta hipotético no sistema, em vez de uma lua. Embora o Kepler não tenha detetado um segundo planeta no sistema, o planeta pode estar lá, mas não ser detetável usando as técnicas do Kepler.

"A lua companheira é a explicação mais simples e natural para a segunda queda na curva de luz e no desvio do tempo da órbita," explicou Kipping. "Foi definitivamente um momento chocante, ver aquela curva de luz do Hubble, o meu coração começou a bater um pouco mais depressa enquanto olhava para aquela assinatura. Mas sabíamos que no nosso trabalho temos que nos manter calmos e essencialmente assumir que era falso, testando todos os meios concebíveis pelos quais os dados nos podem enganar."

Num artigo publicado na revista Science Advances, os cientistas relatam que a lua candidata é invulgarmente grande - potencialmente comparável a Neptuno. No nosso Sistema Solar não existem luas tão grandes. Os investigadores dizem que a confirmação poderá fornecer mais informações sobre o desenvolvimento de sistemas planetários e pode fazer com que os especialistas revisitem teorias sobre como as luas se formam em torno dos planetas.

Estima-se que o candidato a lua tenha apenas 1,5% da massa do planeta que acompanha, e estima-se que o planeta tenha várias vezes a massa de Júpiter. Esta relação de massa é semelhante àquela entre a Terra e a Lua. No caso do sistema Terra-Lua e do sistema Plutão-Caronte, pensa-se que as luas sejam criadas a partir de detritos remanescentes após colisões planetárias entre corpos rochosos. No entanto, Kepler-1625b e o seu possível satélite são gasosos e não rochosos, pelo que a lua pode ter-se formado através de um processo diferente.

Os cientistas observam que, caso seja realmente uma lua, tanto o objeto como o planeta hospedeiro estão situados dentro da zona habitável da sua estrela, onde as temperaturas amenas permitem a existência de água líquida em qualquer superfície planetária sólida. No entanto, ambos os corpos são considerados gasosos e, portanto, inadequados para a vida como a conhecemos.

No geral, as pesquisas futuras por exoluas terão como alvos planetas do tamanho de Júpiter que estão mais distantes da sua estrela do que a Terra está do Sol. Os planetas candidatos ideais que hospedem luas estão em órbitas amplas, com tempos de trânsito longos e pouco frequentes. Nesta pesquisa, uma lua teria estaria entre as mais fáceis de detetar devido ao seu grande tamanho. Atualmente, existem apenas alguns desses planetas na base de dados do Kepler. Caso as observações futuras confirmem a existência da lua de Kepler-1625b, o Telescópio Espacial James Webb da NASA poderá ser usado para encontrar luas candidatas em torno de outros planetas, em muito mais detalhe do que o Kepler.

"Podemos esperar ver luas realmente pequenas com o Webb," acrescenta Teachey.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Hubble/ESA (comunicado de imprensa)
Universidade de Columbia (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Science Advances)
Será que o Hubble confirmou a primeira exolua? (NASA Goddard via YouTube)
Hubblesite
Nature
Science
Astronomy
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Kepler-1625b:
NASA
Wikipedia
Kepler-1625 (Wikipedia)

Exoluas:
Wikipedia

Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Telescópio Espacial Kepler:
NASA (página oficial)
K2 (NASA)
Arquivo de dados do Kepler
Arquivo de dados da missão K2

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

 
DESCOBERTO NOVO OBJETO EXTREMAMENTE DISTANTE NA PROCURA DO PLANETA NOVE

Scott Shepard de Carnegie e colegas Chad Trujillo (Universidade do Norte do Arizona) e David Tholen (Universidade do Hawaii) estão uma vez mais a redefinir a orla do nosso Sistema Solar. Descobriram um novo objeto extremamente distante, bem para lá de Plutão, com uma órbita que suporta a presença de uma super-Terra ou Planeta X ainda mais distante.

O objeto recém-descoberto, denominado 2015 TG387, foi anunciado na passada terça-feira pelo Centro de Planetas Menores da União Astronómica Internacional. O artigo com os detalhes da descoberta foi submetido à revista The Astronomical Journal.

2015 TG387 foi descoberto a cerca de 80 UA (1 UA é ou unidade astronómica é a distância média Terra-Sol, cerca de 150 milhões de quilómetros). Para contexto, Plutão encontra-se de momento a mais ou menos 34 UA, de modo que 2015 TG287 está duas vezes e meia mais longe do Sol do que Plutão está agora.

As órbitas do novo planeta anão extremamente distante, 2015 TG387, e dos seus homólogos da Cintura de Kuiper Interior, 2012 VP113 e Sedna, comparadas com o resto do Sistema Solar. 2015 TG387 recebeu a alcunha de "The Goblin" pelos descobridores, já que a sua designação temporária contém TG e o objeto foi visto pela primeira vez perto do Halloween. 2015 TG387 tem um semieixo maior superior ao de 2012 VP113 ou Sedna, o que significa que viaja para muito mais longe do Sol no seu ponto orbital mais distante, cerca de 2300 UA.
Crédito: ilustração por Roberto Molar Candanosa e Scott Sheppard, cortesia do Instituto Carnegie para Ciência
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O novo objeto está numa órbita muito alongada e nunca se aproxima mais do Sol, no ponto a que chamamos periélio, do que aproximadamente 65 UA. Só 2012 VP113 e Sedna, a 80 e 76 UA, respetivamente, têm periélios mais distantes do que 2015 TG387. Embora 2015 TG387 tenha o terceiro periélio mais distante conhecido, o seu semieixo maior é maior do que o de 2012 VP113 e Sedna, o que significa que viaja para muito mais longe do Sol do que esses dois astros. No seu ponto orbital mais distante (afélio), alcança as 2300 UA. 2015 TG387 é um dos poucos objetos conhecidos que nunca chega perto o suficiente dos planetas gigantes, como Neptuno e Júpiter, para ter interações gravitacionais significativas com eles.

"Estes denominados objetos da Cintura de Oort Interior, como 2015 TG387, 2012 VP113 e Sedna, estão isolados da maioria da massa conhecida do Sistema Solar, o que os torna imensamente interessantes," explicou Sheppard. "Podem ser usados como sondas para entender o que está a acontecer no limite do nosso Sistema Solar."

O objeto com a distância periélica mais distante, 2012 VP113, foi também descoberto por Sheppard e Trujillo, que anunciaram o achado em 2014. A descoberta de 2012 VP113 levou Sheppard e Trujillo a notar semelhanças nas órbitas de vários objetos extremamente distantes do Sistema Solar e propuseram a presença de um planeta desconhecido com várias vezes o tamanho da Terra - por vezes chamado Planeta X ou Planeta Nove - em órbita do Sol bem para lá de Plutão, a centenas de UA.

Comparação de 2015 TG387 a 65 UA com os planetas conhecidos do Sistema Solar. Saturno pode ser visto a 10 UA e a Terra está, claro a 1 UA, como a medição definida pela distância entre o Sol e o nosso planeta.
Crédito: Roberto Molar Candanosa e Scott Sheppard, cortesia do Instituto Carnegie para Ciência
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Nós pensamos que podem existir milhares de corpos pequenos como 2015 TG387 nos limites do Sistema Solar, mas a sua distância torna-os muito difíceis de encontrar," afirma Tholen. "Atualmente, só detetamos 2015 TG387 quando está perto da sua maior aproximação ao Sol. Para cerca de 99% da sua órbita de 40.000 anos, é demasiado ténue para ser observado."

O objeto foi descoberto como parte da busca contínua da equipa por planetas anões desconhecidos e pelo Planeta Nove. É o maior e o mais profundo levantamento já realizado para objetos distantes do Sistema Solar.

"Estes objetos distantes são como migalhas de pão, levando-nos ao Planeta X. Quantos mais encontrarmos, melhor podemos entender o Sistema Solar exterior e o possível planeta que pensamos estar a moldar as suas órbitas - uma descoberta que redefiniria o nosso conhecimento sobre a evolução do Sistema Solar," comenta Sheppard.

Imagens da descoberta de 2015 TG387, captadas pelo telescópio Subaru de 8 metros em Mauna Kea, Hawaii, no dia 13 de outubro de 2015 (topo). As imagens foram obtidas com 3 horas de diferença. 2015 TG387 pode ser visto a mover-se entre imagens perto do centro, enquanto as mais distantes estrelas e galáxias de fundo permanecem estacionárias.
Crédito: Scott Sheppard
 

Foram necessários alguns anos de observações para que a equipa obtivesse uma órbita para 2015 TG387, dado que se move tão lentamente e tem um período orbital tão longo. Observaram 2015 TG387 pela primeira vez em outubro de 2015 com o telescópio japonês Subaru de 8 metros, localizado no topo do Mauna Kea, Hawaii. Foram obtidas observações de acompanhamento com o telescópio Magalhães no Observatório Las Campanas de Carnegie, no Chile, e com o Telescópio do Discovery Channel no estado norte-americano do Arizona em 2015, 2016, 2017 e 2018 para determinar a órbita de 2015 TG387.

2015 TG387 está provavelmente na gama mais pequena da categoria de planeta anão, dado que o seu diâmetro não excede os 300 quilómetros. A posição de 2015 TG387 no céu, onde atinge o periélio, é parecida com a de 2012 VP113, Sedna e da maioria dos outros objetos trans-neptunianos conhecidos e extremamente distantes, sugerindo que algo os está a empurrar para tipos semelhantes de órbitas.

Impressão de artista de um distante Planeta X, que pode estar a moldar as órbitas de objetos mais pequenos do Sistema Solar extremamente distantes como 2015 TG387, descoberto por uma equipa de astrónomos.
Crédito: Roberto Molar Candanosa e Scott Sheppard, cortesia do Instituto Carnegie para Ciência
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Trujillo e Nathan Kaib, da Universidade de Oklahoma, correram simulações de computador sobre como diferentes órbitas hipotéticas do Planeta Nove afetariam a órbita de 2015 TG387. As simulações incluíram uma super-Terra a várias centenas de UA numa órbita alongada como proposto por Konstantin Batygin do Caltech e Michael Brown em 2016. A maioria das simulações mostrou que não só a órbita de 2015 TG387 era estável para a idade do Sistema Solar, como na verdade era "pastoreada" pela gravidade do Planeta X, que mantém o mais pequeno 2015 TG387 longe do enorme planeta. Este pastoreio gravitacional pode explicar por que os objetos mais distantes do nosso Sistema Solar têm órbitas parecidas. Estas órbitas impedem com que se aproximem demasiado do planeta proposto, o que é semelhante a como Plutão nunca chega muito perto de Neptuno, apesar das suas órbitas se cruzarem.

"O que torna este resultado realmente interessante é que o Planeta X parece afetar 2015 TG387 da mesma forma que todos os outros objetos extremamente distantes do Sistema Solar. Estas simulações não provam a existência de outro planeta massivo no nosso Sistema Solar, mas são mais uma evidência de que algo grande pode andar por lá," conclui Trujillo.

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
08/06/2018 - A gravidade coletiva, não o Planeta Nove, pode explicar as órbitas de "objetos isolados"
18/07/2017 - Novas evidências em suporte da hipótese do Planeta Nove
04/04/2017 - Estão a ser investigados quatro objetos desconhecidos na pesquisa pelo Planeta Nove
24/02/2017 - Novos dados sobre dois asteroides distantes dão pistas sobre possível "Planeta Nove"
21/10/2016 - Inclinação curiosa do Sol atribuída ao Planeta Nove
30/08/2016 - Caça ao Planeta Nove revela novos objetos extremamente distantes no Sistema Solar
06/05/2016 - Planeta Nove: um mundo que não devia existir
12/04/2016 - Planeta 9 toma forma; Cassini não é afetada
26/02/2016 - Procurando o Planeta Nove
22/01/2016 - Cientistas encontram evidências teóricas de um nono planeta

Notícias relacionadas:
Carnegie Science (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Astronomy
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2015 TG387:
Wikipedia
Centro de Planetas Menores da União Astronómica Internacional
SSD (NASA)

Sedna:
NASA
Wikipedia
Página de Mike Brown

2012 VP113:
Página de Scott Sheppard 
UAI - Centro de Planetas Menores
Wikipedia
NASA

Planeta Nove:
Wikipedia

Sistema Solar:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

Telescópio Subaru:
Página oficial
Wikipedia

Telescópio Magalhães:
Observatório Las Campanas
Instituto Carnegie
Universidade do Arizona
Wikipedia

 
GAIA AVISTA ESTRELAS A VOAR ENTRE GALÁXIAS
As posições e órbitas reconstruídas de 20 estrelas de hipervelocidade, representadas no topo de uma impressão de artista da nossa Galáxia, a Via Láctea. Estas estrelas foram identificadas usando dados do segundo catálogo da missão Gaia da ESA.
As sete estrelas vistas em vermelho estão a "correr" para longe da Galáxia e podem estar a viajar depressa o suficiente para eventualmente escapar à sua gravidade. Surpreendentemente, o estudo revelou também treze estrelas, vistas em laranja, que estão a deslocar-se para a Via Láctea: estas podem ser estrelas de outra galáxia, atravessando a nossa.
Crédito: ESA (impressão de artista e composição); Marchetti et al. 2018 (posições estelares e trajetórias); NASA/ESA/Hubble (galáxias de fundo)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Uma equipa de astrónomos, ao utilizar o mais recente conjunto de dados da missão Gaia da ESA para procurar estrelas em alta velocidade a ser expulsas da Via Láctea, ficaram surpresos.

Em abril, o topógrafo estelar da ESA, Gaia, lançou um catálogo sem precedentes de mais de mil milhões de estrelas. Astrónomos em todo o mundo têm trabalhado incessantemente, nos últimos meses, para explorar este extraordinário conjunto de dados, examinando as propriedades e movimentos das estrelas na nossa Galáxia e mais além, com uma precisão nunca antes alcançada, dando origem a uma infinidade de novos e intrigantes estudos.

A Via Láctea contém mais de cem mil milhões de estrelas. A maioria está localizada num disco com um centro denso e abaulado, no meio do qual se encontra um buraco negro supermassivo. O resto encontra-se espalhada num halo esférico muito maior.

As estrelas circundam a Via Láctea a centenas de quilómetros por segundo e os seus movimentos contêm uma riqueza de informações sobre a história passada da Galáxia. A classe mais rápida de estrelas na nossa galáxia denomina-se de estrelas de hipervelocidade, que supostamente começam a sua vida perto do Centro Galáctico, para depois serem lançadas em direção à borda da Via Láctea, através de interações com o buraco negro.

Apenas foi descoberto um pequeno número de estrelas de hipervelocidade, e o segundo lançamento de dados, recentemente publicado por Gaia, oferece uma oportunidade única de procurar mais.

Vários grupos de astrónomos entraram no novíssimo conjunto de dados em busca de estrelas de hipervelocidade, imediatamente após o lançamento. Entre eles, três cientistas da Universidade de Leiden, Holanda, tiveram uma grande surpresa.

A visão total do céu (Via Láctea e galáxias vizinhas) do Gaia, com base em medições de aproximadamente 1,7 mil milhões de estrelas. O mapa mostra o brilho total e a cor das estrelas observadas pelo satélite da ESA em cada parte do céu entre julho de 2014 e maio de 2016.
As regiões mais claras indicam concentrações mais densas de estrelas especialmente brilhantes, enquanto regiões mais escuras correspondem a zonas do céu onde são observadas menos estrelas. A representação de cores é obtida através da combinação da quantidade total de luz com a quantidade de luz azul e vermelha registada pelo Gaia em cada área do céu.
A estrutura brilhante horizontal que domina a imagem é o plano Galáctico, o disco achatado que hospeda a maioria das estrelas da Via Láctea. No meio da imagem, o Centro Galáctico parece vívido e repleto de estrelas.
As regiões mais escuras no plano Galáctico correspondem a nuvens de gás interestelar e poeira em primeiro plano, que absorvem a luz das estrelas mais distantes, atrás das nuvens. Muitas destas ocultam berçários estelares onde estão a nascer novas gerações de estrelas.
Espalhados pela imagem estão também muitos enxames globulares e abertos - agrupamentos de estrelas unidas pela sua gravidade mútua, bem como galáxias inteiras para lá da nossa.
Os dois objetos brilhantes perto do cano inferior direito da imagem são a Grande e a Pequena Nuvem de Magalhães, duas galáxias anãs que orbitam a Via Láctea.
Para as pequenas áreas da imagem em que não havia informação de cor - para baixo e para a esquerda do centro Galáctico, para cima e para a esquerda da Pequena Nuvem de Magalhães, e na parte superior do mapa - foi atribuído um valor de escala de cinza equivalente.
Uma imagem complementar que mostra o mapa de densidade das estrelas do Gaia está disponível aqui.
Crédito: ESA/Gaia/DPAC; reconhecimento: Consórcio de Processamento e Análise de Dados do Gaia (DPAC); A. Moitinho/A. F. Silva/M. Barros/C. Barata, Universidade de Lisboa, Portugal; H. Savietto, Fork Research, Portugal
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Para 1,3 mil milhões de estrelas, Gaia mediu posições, paralaxes - um indicador da sua distância - e movimentos 2D no plano do céu. Para sete milhões das mais brilhantes, também mediu a rapidez com que estas se movem na nossa direção ou para longe de nós.

"Dos sete milhões de estrelas de Gaia com medições de velocidade 3D, encontramos vinte que poderiam estar a viajar rápido o suficiente para eventualmente escapar da Via Láctea, " explica Elena Maria Rossi, uma das autoras do novo estudo.

Elena e seus colegas, que já haviam descoberto um punhado de estrelas de hipervelocidade no ano passado, num estudo exploratório baseado em dados do primeiro lançamento de Gaia, ficaram agradavelmente surpresos, pois esperavam encontrar no máximo uma estrela a soltar-se da Galáxia entre esses sete milhões. Mas ainda há mais.

"Em vez de voar para longe do Centro Galáctico, a maioria das estrelas de alta velocidade que vimos parece estar a voar em direção a ele,” acrescenta o coautor Tommaso Marchetti.

"Estas podem ser estrelas de outra galáxia, a passar através da Via Láctea. "

É possível que estes intrusos intergalácticos venham da Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia relativamente pequena que orbita a Via Láctea, ou podem ter origem numa galáxia ainda mais longe. Se for esse o caso, estas contêm a marca do seu local de origem e estudá-las a distâncias muito mais próximas que da sua galáxia-mãe, poderia fornecer informações sem precedentes sobre a natureza das estrelas noutra galáxia - semelhante a estudar material marciano trazido para o nosso planeta por meteoritos.

A Grande Nuvem de Magalhães, uma das galáxias mais próximas da nossa Via Láctea, pelo satélite Gaia da ESA usando informações do segundo catálogo de dados da missão.
Esta imagem não é uma fotografia, foi compilada ao mapear a quantidade total de radiação detetada pelo Gaia em cada pixel, combinada com medições da radiação obtidas através de diferentes filtros na nave para gerar informações de cor.
A imagem é dominada pelas estrelas mais massivas e brilhantes, que ofuscam em muito as suas homólogas mais pequenas e ténues. Nesta composição, a barra da Grande Nuvem de Magalhães é realçada em grande detalhe, juntamente com regiões individuais de formação estelar como a gigante 30 Doradus, visível logo acima do centro da galáxia.
Crédito: ESA/Gaia/DPAC; reconhecimento: Consórcio de Processamento e Análise de Dados do Gaia (DPAC); A. Moitinho/A. F. Silva/M. Barros/C. Barata, Universidade de Lisboa, Portugal; H. Savietto, Fork Research, Portugal
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"As estrelas podem ser aceleradas a altas velocidades quando interagem com um buraco negro supermassivo," explica Elena.

"Portanto, a presença destas estrelas pode ser um sinal de tais buracos negros em galáxias próximas. Mas as estrelas também podem ter sido parte de um sistema binário, lançado em direção à Via Láctea quando a sua estrela companheira explodiu como uma supernova. De qualquer forma, estudá-las poderia dizer-nos mais sobre esse tipo de processos em galáxias próximas."

Uma explicação alternativa é que estas estrelas recentemente identificadas poderiam ser nativas ao halo da nossa Galáxia, aceleradas e empurradas para dentro através de interações com uma das galáxias anãs que caíram em direção à Via Láctea durante o seu histórico de construção. Informações adicionais sobre a idade e a composição das estrelas poderiam ajudar os astrónomos a esclarecer sua origem.

"É provável que uma estrela do halo da Via Láctea seja razoavelmente velha e feita principalmente de hidrogénio, enquanto estrelas de outras galáxias poderiam conter muitos elementos mais pesados," diz Tommaso.

"Olhar para as cores das estrelas dir-nos-á mais sobre a sua constituição. "

Impressão de artista do Gaia, que está a mapear as estrelas da Via Láctea.
Crédito: ESA/ATG medialab; fundo: ESO/S. Brunier
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Os novos dados ajudarão a determinar a natureza e a origem dessas estrelas com mais precisão, e a equipa usará telescópios terrestres para descobrir mais sobre elas. Enquanto isso, Gaia continua a fazer observações do céu por inteiro, incluindo as estrelas analisadas neste estudo.

Ao investigar a natureza destes possíveis intrusos estelares, a equipa também está a pesquisar o conjunto completo de dados do segundo lançamento de Gaia, procurando por mais estrelas de alta velocidade e aguardando o futuro. Pelo menos mais dois lançamentos de dados de Gaia estão previstos para 2020 e cada um fornecerá informações novas e mais precisas sobre um conjunto maior de estrelas.

"Esperamos medições de velocidade total em 3D para até 150 milhões de estrelas, " explica o coautor Anthony Brown, presidente do Consórcio Executivo de Processamento e Análise dos Dados de Gaia.

"Isto ajudará a encontrar centenas ou milhares de estrelas de hipervelocidade, a compreender a sua origem com muito mais detalhes e a usá-las para investigar o ambiente do Centro Galáctico, bem como a história da nossa Galáxia, " acrescenta.

"Este resultado emocionante mostra que Gaia é uma verdadeira máquina do descobrimento, fornecendo o terreno para descobertas completamente inesperadas sobre a nossa Galáxia," conclui Timo Prusti, cientista do projeto Gaia da ESA.

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Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (arXiv.org)
Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
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ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Opportunity Depois da Tempestade
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Crédito: HiRISEMROLPL (U. Arizona)NASA
 
Em Marte, as tempestades de areia não podem fazer tombar os rovers ou os veículos de aterragem, mas podem tapar o Sol. Há mais três meses, uma tempestade de poeira global provocou uma grave falta de luz solar para o rover marciano Opportunity na sua posição perto da orla oeste da cratera Endeavour. A falta de luz solar enviou o rover movido a energia solar para o estado de hibernação e durante mais de 115 sols os controladores não receberam nenhuma comunicação. No entanto, a tempestade está a acabar e a poeira a clarear. No dia 20 de setembro, quando esta imagem foi obtida pela câmara HiRISE a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter, cerca de 25% da luz solar já chegava novamente à superfície. A caixa branca assinala uma área com 47 metros de largura centrada num pontinho identificado como o por enquanto silencioso rover Opportunity.
 

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