Os novos dados da sonda Cassini indicam que os anéis de Saturno têm a sua própria atmosfera, separada do gás que circula em torno do planeta.
Espectro dos anéis que revela a existência de uma atmosfera.
Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/SWRI/UCL
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Durante os vôos de aproximação aos anéis, os instrumentos da sonda Cassini detectaram um ambiente gasoso em torno dos anéis. Curiosamente, e o que torna tudo mais interessante, este ambiente é rico em oxigénio molecular - dois átomos de oxigénio ligados covalentemente entre si - a mesma substância que existe na atmosfera da Terra e que permite a respiração dos animais.
O gelo que constitui os anéis de Saturno é também a fonte donde provém esta atmosfera.
"À medida que a água se liberta dos anéis, as suas ligações são partidas pelos raios solares; o hidrogénio e oxigénio atómicos resultantes são então perdidos, daí resultando oxigénio molecular," disse o investigador da missão Cassini Andrew Coates, que pertence ao Mullard Space Science Laboratory da University College de Londres.
Os anéis de Saturno são feitos sobretudo de água gelada misturada com pequenas quantidades de poeiras e pedras. Os raios ultravioleta do Sol incidem sobre as moléculas de água libertadas pelos anéis, provocam a sua fotólise, reduzindo-as aos seus blocos constituíntes, o hidrogénio e duas formas de oxigénio.
A atmosfera dos anéis é provavelmente mantida devido às forças gravitacionais, diz Coates. O balanço de massas entre o que é formado e o que é perdido também ajuda à sua manutenção em torno dos anéis.
Embora os anéis tenham cerca de 250,000 quilómetros de diâmetro, têm uma espessura muito fina, de menos de 1.5 quilómetros. E embora pareçam gigantescos eles não constituem uma quantidade de matéria apreciável comparada com a massa de Saturno. Na realidade se os anéis fosse totalmente comprimidos de forma a obter-se um asteróide totalmente sólido, este asteróide não teria mais de 100 km de diâmetro.
Os astrónomos amadores têm observado os anéis de Saturno desde há séculos, ma a origem dos anéis é ainda um mistério por desvendar. Inicialmente os cientistas pensavam que os anéis se teriam formado a partir de nuvens geladas de gás que rodavam em torno do planeta gigante em formação, há cerca de 4 mil e quinhentos milhões de anos. A crença actual é de que terão apenas algumas centenas de milhões de anos. Outra teoria sugere que os anéis são formados pelas colisões de asteróides com as luas de Saturno.
Sabe-se, no entanto, que os anéis não são estáveis e que estão constantemente a ser regenerados, provavelmente devido a rupturas nos satélites de Saturno.
O sistema atmosférico rico em oxigénio difere drasticamente da própria atmosfera de Saturno que contém mais de 91% em massa de hidrogénio.
Os instrumentos a bordo da Cassini que registaram a atmosfera dos anéis estavam montados no Espectrómetro de Massa Neutro e Iónico que é operado pelos Estados Unidos e pela Alemanha, e ainda pelo Espectrómetro de Plasma Cassini que é operado pelos Estados Unidos, Finlândia, França, Hungria, Noruega e pelo Reino Unido. Links:
Space.com:
http://www.space.com/scienceastronomy/050817_ring_atmosphere.html
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