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Edição n.º 1563
01/03 a 04/03/2019
 
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29/03/19 - Observação Noturna + palestra - MUDANÇA DA HORA
21:30 - Este evento inclui uma apresentação sobre um tema astronómico, seguida de observação astronómica noturna com telescópio no nosso maravilhoso terraço (dependente de meteorologia favorável).
Local: CCVAlg
Adultos: 2€ | Jovens: 1€
Pré-inscrição: siga este link
Telefone: 289 890 920
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EFEMÉRIDES

Dia 01/03: 60.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1870, nascia E. M. Antoniadi, astrónomo grego que ficou conhecido pelas suas observações de Marte. Foi o primeiro a apoiar a noção de canais marcianos, mas mais tarde chegou à conclusão de que era apenas uma ilusão ótica.
Em 1927, nascimento de George Abell, que catalogou 2712 enxames galáticos e determinou os números relativos de galáxias com vários brilhos intrínsecos. Morreu em 1983.
Em 1966, a sonda soviética Venera 3 colide com o planeta Vénus, tornando-se na primeira a "aterrar" na superfície de outro planeta.
Em 1980, a sonda Voyager 1 confirma a existência de Jano, uma lua de Saturno. 
Em 1982, a soviética Venera 13 envia as primeiras fotografias a cores de Vénus (a Venera 14 seguiu-a 4 dias depois).

Foi lançada a 30 de outubro de 1981 e a Venera 14 a 4 de novembro de 1981.
Em 2002, lançamento da missão STS-109, com objetivo de fazer a manutenção do Telescópio Espacial Hubble. No mesmo ano, o satélite ambiental Envisat alcança com sucesso uma órbita de 800 km por cima da Terra no seu 11.º lançamento, transportando a carga mais pesada até à data, 8500 quilogramas.
Observações: Esta é a altura do ano em que, ao anoitecer, Orionte encontra-se na vertical a sul. Mais tarde na noite, e mais tarde no mês, o Caçador começa a sua longa inclinação para oeste.

Dia 02/03: 61.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1972, é lançada a sonda americana Pioneer 10. Torna-se na primeira a passar pela cintura de asteroides e a alcançar o planeta Júpiter (em 1973).

Torna-se também na primeira sonda a navegar para lá da órbita dos planetas do Sistema Solar exterior. A Pioneer 10 transporta uma placa desenhada para identificar a sua origem caso seja encontrada à deriva pela Via Láctea. Em 2003, após 31 anos, a Pioneer 10 deixa finalmente de se ouvir.
Em 1978, o astronauta checo Vladimir Remek torna-se no primeiro não-russo ou não-americano a ir ao espaço, a bordo da Soyuz 28.
Em 1998, dados enviados pela sonda Galileu indicam que a lua de Júpiter, Europa, tem um oceano líquido por baixo de uma espessa crosta de gelo.
Observações: Antes do amanhecer, a Lua Minguante introduz Vénus para a sua esquerda, a "estrela" da manhã.

Dia 03/03: 62.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1915, é fundada a NACA, antecessora da NASA.
Em 1959, lançamento da sonda Pioneer 4, a primeira missão à Lua com êxito.

Falhou a Lua por 59.500 km em vez dos esperados 32.000 km, pelo que não conseguiu testar as câmaras, mas enviou dados excelentes sobre a radiação através dos seus contadores Geiger.
Em 1968, nascia Brian Cox, físico inglês, conhecido por apresentar vários programas televisivos de ciência. 
Em 1969, lançamento da Apollo 9, com o objetivo de testar o módulo lunar.
Em 2005, graças a observações do VLT do ESO e do XMM-Newton da ESA, astrónomos anunciam a descoberta da estrutura mais distante e mais massiva do Universo até à data. É um remoto enxame galáctico com milhares de vezes a massa da Via Láctea e está a mais de 9 mil milhões de anos-luz de distância.
Observações: A Lua deslocou-se no céu desde ontem, estando agora a nascer depois de Vénus, antes do amanhecer e a este-sudeste.

Dia 04/03: 63.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1675, John Flamsteed é nomeado o primeiro Astrónomo Real de Inglaterra.
Em 1881, nascia Richard Chace Tolman, físico americano, uma autoridade em mecânica estatística. 

Fez importantes contribuições para a cosmologia teórica nos anos após a descoberta da relatividade geral por Einstein. 
Em 1979, a sonda Voyager 1 descobre os anéis de Júpiter
Em 1986, a sonda soviética Vega 1 começa a enviar imagens do Cometa Halley, as primeiras imagens de sempre do seu núcleo. 
Em 1994, a missão STS-62 do vaivém espacial (Columbia 16) é lançada para órbita. 
Em 1999, voo rasante do asteroide 1998 VD35 pela Terra (0,169 UA).
Em 2004, a Rosetta completa o seu primeiro "flyby" pela Terra. 
Em 2006, última tentativa de contacto com a Pioneer 10, pela Deep Space Network. Nenhuma resposta foi recebida.
Observações: Na divisão tradicional entre o céu de inverno e o de primavera encontra-se a ténue constelação de Caranguejo. Está entre Gémeos para oeste e Leão para este. Caranguejo tem uma característica única: o enxame do Presépio, ou M44. É visível a olho nu só em céus com pouca poluição luminosa. Procure o enxame estelar a pouco menos do caminho entre Pollux e Régulo. Binóculos ajudam.

 
CURIOSIDADES

O asteroide Vesta foi descoberto por Heinrich Wilhelm Olbers no dia 29 de março de 1807 e tem o nome da deusa romana do fogo sagrado, da pira doméstica e da cidade.
 
MAIS SUPORTE PARA O PLANETA NOVE

Correspondendo ao terceiro aniversário do seu anúncio teorizando a existência de um nono planeta no Sistema Solar, Mike Brown e Konstantin Batygin do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) publicaram um par de artigos que analisam as evidências da existência do Planeta Nove.

Os artigos fornecem novos detalhes sobre a natureza e localização suspeita do planeta, que tem sido objeto de uma intensa busca internacional desde o anúncio de Batygin e Brown em 2016.

O primeiro artigo foi publicado no dia 22 de janeiro na revista The Astronomical Journal. A hipótese do Planeta Nove é baseada em evidências que sugerem que o agrupamento de objetos na Cintura de Kuiper, um campo de corpos gelados para lá de Neptuno, é influenciado pela atração gravitacional de um planeta ainda por avistar.

A questão da ocorrência desse agrupamento ainda está em aberto, ou se é meramente um artefacto resultante de um viés em como e onde os objetos da Cintura de Kuiper são observados.

Esta ilustração mostra as órbitas dos distantes objetos da Cintura de Kuiper e do Planeta Nove. As órbitas renderizadas a roxo são controladas principalmente pela gravidade do Planeta Nove e exibem um agrupamento orbital íntimo. As órbitas verdes, por outro lado, estão ligadas a Neptuno e exibem uma dispersão orbital maior.
Crédito: James Tuttle Keane/Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Para avaliar se o viés de observação está realmente por trás do aparente agrupamento, Brown e Batygin desenvolveram um método para quantificar a quantidade de viés em cada observação individual, e depois calcularam a probabilidade do agrupamento não ser genuíno. Essa probabilidade, descobriram, é de aproximadamente uma em 500.

"Embora esta análise não diga nada, diretamente, sobre a existência do Planeta Nove, indica que a hipótese tem uma base sólida," diz Brown, professor de Astronomia Planetária.

O segundo artigo será publicado na próxima edição da revista Physics Reports. Fornece milhares de modelos computacionais da evolução dinâmica do Sistema Solar distante e uma visão atualizada da natureza do Planeta Nove, incluindo uma estimativa de que é menor e está mais próximo do Sol do que se suspeitava anteriormente. Com base nos novos modelos, Batygin e Brown - juntamente com Fred Adams e Juliette Becker da Universidade de Michigan - concluíram que o Planeta Nove tem uma massa aproximadamente cinco vezes a da Terra e um eixo orbital semi-maior na casa das 400 UA (Unidade Astronómica), tornando-o também potencialmente mais brilhante. Cada unidade astronómica é equivalente à distância entre o centro da Terra e o centro do Sol, cerca de 149,6 milhões de quilómetros.

"Com cinco vezes a massa da Terra, o Planeta Nove é provavelmente muito reminiscente de uma típica super-Terra exosolar," explica Batygin, professor assistente de ciência planetária. As super-Terras são planetas com uma massa maior que a da Terra, mas substancialmente menor que a de um gigante gasoso. "É o elo perdido da formação planetária do Sistema Solar. Ao longo da última década, os levantamentos exoplanetários revelaram que planetas de tamanho similar são muito comuns em torno de outras estrelas parecidas com o Sol. O Planeta Nove será o astro homólogo mais acessível para estudar as propriedades de um planeta típico da nossa Galáxia."

Batygin e Brown apresentaram a primeira evidência da existência de um planeta gigante que traçava uma órbita bizarra e altamente alongada no Sistema Solar exterior no dia 20 de janeiro de 2016. Nesse mês, Brown e Batygin forneceram mais detalhes, incluindo restrições observacionais na localização do planeta ao longo da sua órbita.

Cálculos orbitais atualizados sugerem que o Planeta Nove tem aproximadamente cinco vezes a massa da Terra e reside numa órbita ligeiramente excêntrica com um período de mais ou menos 10.000 anos.
Crédito: James Tuttle Keane/Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Nos dois anos seguintes, desenvolveram modelos teóricos do planeta que explicavam outros fenómenos conhecidos, como por exemplo o porquê de alguns objetos da Cintura de Kuiper terem uma órbita perpendicular em relação ao plano do Sistema Solar. Os modelos resultantes aumentaram a sua confiança na existência do Planeta Nove.

Após o anúncio oficial, astrónomos de todo o mundo, incluindo Brown e Batygin, começaram a procurar evidências observacionais do novo planeta. Embora Brown e Batygin tenham sempre aceite a possibilidade de o Planeta Nove não existir, dizem que quanto mais examinam a dinâmica orbital do Sistema Solar, mais fortes parecem ser as evidências que o sustentam.

"A minha característica favorita da hipótese do Planeta Nove é que é testável observacionalmente," diz Batygin. "A perspetiva de um dia vermos imagens reais do Planeta Nove é absolutamente eletrizante. Embora a descoberta do Planeta Nove, visualmente, seja um grande desafio, estou muito otimista de que o iremos ver na próxima década."

Links:

Núcleo de Astronomia do CCVAlg:
25/01/2019 - Órbitas misteriosas nos confins do Sistema Solar podem ser explicadas sem a existência do Planeta Nove
05/10/2018 - Descoberto novo objeto extremamente distante na procura do Planeta Nove
08/06/2018 - A gravidade coletiva, não o Planeta Nove, pode explicar as órbitas de "objetos isolados"
18/07/2017 - Novas evidências em suporte da hipótese do Planeta Nove
04/04/2017 - Estão a ser investigados quatro objetos desconhecidos na pesquisa pelo Planeta Nove
24/02/2017 - Novos dados sobre dois asteroides distantes dão pistas sobre possível "Planeta Nove"
21/10/2016 - Inclinação curiosa do Sol atribuída ao Planeta Nove
30/08/2016 - Caça ao Planeta Nove revela novos objetos extremamente distantes no Sistema Solar
06/05/2016 - Planeta Nove: um mundo que não devia existir
12/04/2016 - Planeta 9 toma forma; Cassini não é afetada
26/02/2016 - Procurando o Planeta Nove
22/01/2016 - Cientistas encontram evidências teóricas de um nono planeta

Notícias relacionadas:
Caltech (comunicado de imprensa)
Universidade de Michigan (comunicado de imprensa)
Artigo científico #1 (The Astronomical Journal)
Artigo científico #1 (arXiv.org)
Artigo científico #2 (Physics Reports)
Artigo científico #2 (arXiv.org)
ScienceDaily
science alert
PHYSORG

Planeta Nove:
Wikipedia

Sistema Solar:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia

 
ALMA DIFERENCIA DOIS "GRITOS" DE NASCIMENTO DE UMA ÚNICA PROTOESTRELA

Os astrónomos revelaram as origens enigmáticas de duas correntes diferentes de gás numa estrela bebé. Usando o ALMA, descobriram que o fluxo lento e o jato veloz de uma protoestrela apresentam eixos desalinhados e que o primeiro começou a ser expelido antes do segundo. As origens destes dois fluxos têm sido um mistério, mas estas observações fornecem sinais reveladores de que estas duas correntes foram lançadas de diferentes partes do disco em redor da protoestrela.

As estrelas do Universo têm uma ampla gama de massas, variando de centenas de vezes a massa do Sol a menos de um-décimo da massa do Sol. Para entender a origem desta variedade, os astrónomos estudam o processo de formação estelar, isto é, a agregação de gases e poeira cósmica.

As estrelas bebés recolhem o gás com a sua atração gravitacional, mas, no entanto, parte do material é ejetado pelas protoestrelas. Este material expelido forma um "grito" de nascimento estelar que fornece pistas para entender o processo de acumulação de massa.

Imagem ALMA da protoestrela MMS5/OMC-3. A protoestrela está localizada no centro e as correntes de gás são expelidas para este e oeste (esquerda e direita). O fluxo lento é visto em tons laranja e o jato veloz em tons de azul. É óbvio que os eixos do fluxo e do jato estão desalinhados.
Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), Matsushita et al.
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Yuko Matsushita, aluna de pós-graduação da Universidade de Kyushu e a sua equipa usaram o ALMA para observar a estrutura detalhada do grito de nascimento da estrela bebé MMS5/OMC-3 e descobriram dois fluxos gasosos diferentes: um fluxo lento e um jato rápido. Existem alguns exemplos com dois fluxos vistos no rádio, mas MMS5/OMC-3 é excecional.

"Medindo o desvio Doppler das ondas de rádio, podemos estimar a velocidade e a idade dos fluxos gasosos," disse Matsushita, autora principal do artigo científico publicado na revista The Astrophysical Journal. "Descobrimos que o jato e o fluxo foram lançados há 500 e há 1300 anos, respetivamente. Estes fluxos de gás são bem jovens."

Mais interessante, a equipa descobriu que os eixos dos dois fluxos estão desalinhados em 17 graus. O eixo dos fluxos pode ser alterado ao longo de grandes períodos de tempo devido à precessão da estrela central. Mas neste caso, tendo em conta a juventude extrema das correntes gasosas, os investigadores concluíram que o desalinhamento não é devido à precessão, mas está relacionado com o processo de lançamento.

Existem dois modelos concorrentes para o mecanismo de formação de fluxos e jatos protoestelares. Alguns investigadores assumem que as duas correntes são formadas independentemente em partes diferentes do disco de gás que rodeia a estrela bebé central, enquanto outros propõem que o jato é formado primeiro e que depois arrasta o material circundante para formar os fluxos mais lentos. Apesar de uma extensa pesquisa, os astrónomos ainda não chegaram a uma resposta conclusiva.

Impressão de artista da estrela bebé MMS5/OMC-3. Observações do ALMA identificaram dois fluxos gasosos da protoestrela, um jato veloz colimado e um fluxo lento de grande angular, descobrindo também que os eixos dos dois fluxos estão desalinhados.
Crédito: NAOJ
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Um desalinhamento nos dois fluxos pode ocorrer no "modelo independente," mas é difícil no "modelo de arrasto". Além disso, a equipa descobriu que o fluxo foi ejetado consideravelmente mais cedo do que o jato. Isto apoia claramente o "modelo independente."

"A observação combina bem com o resultado da minha simulação," disse Masahiro Machida, professor na Universidade de Kyushu. Há uma década atrás, realizou estudos pioneiros de simulação usando um supercomputador operado pelo NAOJ (National Astronomical Observatory of Japan). Na simulação, o fluxo de grande angular é expelido da área externa do disco gasoso em torno de uma protoestrela, enquanto o jato colimado é lançado independentemente a partir da área interna do disco. Machida continua: "Um desalinhamento observado entre os dois fluxos de gás pode indicar que o disco em torno da protoestrela é deformado."

"A alta sensibilidade e resolução angular do ALMA vai permitir encontrar mais sistemas jovens e com fluxos e jatos como o de MMS5/OMC-3," acrescentou Satoko Takahashi, astrónoma do NAOJ e do Observatório ALMA, coautora do artigo. "Estes vão fornecer pistas para entender os mecanismos de condução de fluxos e jatos. Além disso, o estudo destes objetos também nos vai dizer como os processos de acreção e ejeção de massa trabalham no estágio inicial de formação estelar."

Links:

Notícias relacionadas:
Observatório ALMA (comunicado de imprensa)
Artigo científico (The Astrophysical Journal)
Artigo científico (arXiv.org)
ScienceDaily
PHYSORG

Formação estelar:
Wikipedia
Protoestrela (Wikipedia

ALMA:
Página principal
ALMA (NRAO)
ALMA (NAOJ)
ALMA (ESO)
Wikipedia

ESO:
Página oficial
Wikipedia

 
GALÁXIA ANÉMICA REVELA DEFICIÊNCIAS NA TEORIA DA FORMAÇÃO DE GALÁXIAS ULTRA-DIFUSAS

Uma equipa de astrónomos liderada pelos Observatórios da Universidade da Califórnia estudou em grande detalhe uma galáxia tão ténue e em condições tão pristinas que age como uma cápsula do tempo, selada logo após o alvorecer do nosso Universo, apenas para ser desvendada pela mais recente tecnologia do Observatório W. M. Keck.

Usando o instrumento KCWI (Keck Cosmic Web Imager), a equipa descobriu uma galáxia ultra-difusa (UDG, "ultra-diffuse galaxy") bizarra e solitária.

Esta galáxia fantasmagórica, de nome DGSAT I, contradiz a teoria atual da formação de UDGs. Todas as UDGs estudadas anteriormente encontram-se em enxames galácticos, que informaram a base para a teoria de que já foram galáxias "normais", mas que com o tempo tornaram-se "confusões felpudas" devido a eventos violentos dentro do aglomerado.

"Parecia haver uma imagem relativamente clara das origens das galáxias, das espirais às elípticas, e das gigantes às anãs," disse o autor principal Ignacio Martín-Navarro, académico pós-doutorado dos Observatórios da Universidade da Califórnia. "No entanto, a recente descoberta de UDGs levantou novas questões sobre o quão completa é esta imagem. Todas as UDGs já estudadas em detalhe, até agora, encontravam-se em enxame de galáxias: regiões densas de interações violentas onde as características das galáxias, durante o nascimento, foram misturadas por uma adolescência difícil."

DGSAT I, uma galáxia ultra-difusa.
Crédito: Observatórios da Universidade da Califórnia/Subaru
 

Os resultados da equipa serão publicados na edição de 11 de abril de 2019 da revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e está disponível online.

Dado que DGSAT I é uma exceção rara de uma UDG descoberta longe de um enxame, pode fornecer uma janela mais clara para o passado. Não houve muita atividade em seu redor para manchar a sua composição e evolução. A fim de descobrir o que fez com que esta galáxia fosse tão esparsa no que toca à luz estelar, a equipa usou o KCWI para mapear a composição do objeto.

"A composição química de uma galáxia fornece um registo das condições ambientais aquando da sua formação, tal como os oligoelementos no corpo humano podem revelar uma vida inteira de hábitos alimentares e exposição a poluentes," disse o coautor Aaron Romanowsky, astrónomo dos Observatórios da Universidade da Califórnia e Professor Associado do Departamento de Física e Astronomia da Universidade Estatal de San José.

DGSAT I surpreendeu os investigadores com a sua composição química. As galáxias de hoje costumam ter elementos mais pesados, como ferro e magnésio, em comparação com as galáxias primitivas nascidas logo após o Big Bang. Mas o KCWI revelou que DGSAT I parece ser anémica; o teor de ferro da galáxia é notavelmente baixo, como se fosse formada a partir de uma nuvem de gás quase pristino, sem estar poluída pela morte de estrelas anteriores (supernovas). E, no entanto, os níveis de magnésio de DGSAT I são normais, consistentes com o que os astrónomos esperam encontrar nas galáxias modernas. Isto é estranho, porque ambos os elementos são libertados durante as explosões de supernova; normalmente não encontramos um sem o outro.

"Nós não compreendemos esta combinação de poluentes, mas uma das nossas ideias é que as explosões extremas das supernovas fizeram a galáxia pulsar em tamanho durante a sua adolescência, de modo que retém preferencialmente magnésio em relação ao ferro," disse Romanowsky.

As UDGs são uma classe relativamente nova de galáxias descobertas pela primeira vez em 2015. São tão grandes quanto a Via Láctea, mas têm entre 100 e 1000 vezes menos estrelas do que a nossa Galáxia, o que as torna pouco visíveis e difíceis de estudar.

DGSAT I (esquerda), uma galáxia ultra-difusa (UDG), vista ao lado de uma galáxia espiral normal (direita) para efeitos de comparação. Ambas são similares em tamanho, mas as UDGs como DGSAT I têm tão poucas estrelas, que podemos ver através delas, como por exemplo galáxias no plano de fundo.
Crédito: A. Romanowsky/Observatórios da Universidade da Califórnia/D. Martinez-Delgado/ARI
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O instrumento KCWI está construído para superar este obstáculo graças à sua extrema sensibilidade e capacidade para capturar espetros de alta-resolução dos objetos mais fracos e mais distantes do nosso Universo como as UDGs.

"Há apenas um outro instrumento no mundo com as capacidades do KCWI que nos permite medir a composição química de galáxias com baixo brilho superficial," disse o coautor Jean Brodie, Professor de Astronomia e Astrofísica dos Observatórios da Universidade da Califórnia. "Mas esse está no hemisfério sul, onde não temos uma boa vista de DGSAT I, que fica no hemisfério norte."

O KCWI realiza um tipo de observação chamada espectroscopia de campo integral, que captura dados em 3D em vez de 2D. Tradicionalmente, havia duas maneiras dos astrónomos estudarem objetos celestes, seja por meio de imagens ou por espectroscopia. Este instrumento quebra a barreira entre os dois. Numa única observação, o KCWI captura a imagem, bem como o espectro de cada pixel na imagem, o que revela as propriedades físicas do objeto, como a composição, a temperatura, a velocidade e mais.

"São para estes tipos de observações que construímos o KCWI; para continuar a empurrar a fronteira de obter o máximo de informações dos objetos mais fracos," explicou John O'Meara, cientista-chefe do Observatório Keck. "Estamos muito animados para ver quantos objetos como DGSAT I podemos estudar com o Keck e para continuar a transformar a nossa compreensão de como as galáxias se formam e mudam com o tempo."

Os cientistas planeiam usar o KCWI novamente, desta vez para levar a cabo uma observação mais profunda de outra UDG parecida com DGSAT I; planeiam extrair a sua composição em maior detalhe na esperança de desvendar mais dados que possam ajudar os astrónomos a se concentrarem na origem das UDGs.

"Foram apresentadas várias ideias, desde as mais mundanas até às mais exóticas. Uma possibilidade intrigante é que algumas destas galáxias fantasmagóricas são fósseis vivos do alvorecer do Universo, quando as estrelas e as galáxias emergiram num ambiente muito diferente do de hoje", realçou Romanowsky. "O seu nascimento é realmente um mistério fascinante que a nossa equipa está a trabalhar para resolver."

Links:

Notícias relacionadas:
Observatório W. M. Keck (comunicado de imprensa)
Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
Artigo científico (arXiv.org)
ScienceDaily
PHYSORG
Forbes

UDGs (Galáxia Ultra-difusa):
Wikipedia

Universo:
A expansão acelerada do Universo (Wikipedia)
Lei de Hubble (Wikipedia)
Universo (Wikipedia)
Idade do Universo (Wikipedia)
Estrutura a grande-escala do Universo (Wikipedia)
Big Bang (Wikipedia)
Cronologia do Big Bang (Wikipedia)

Observatório W. M. Keck:
Página oficial
Wikipedia

 
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A diferença que um "flyby" faz. A lua de Plutão, Caronte - no passado não mais do que uma mancha de pixéis ao lado de uma mancha maior - tem agora o seu primeiro mapa geológico. Foi feito com dados e imagens recolhidas pela missão New Horizons em 2015, que conseguiu mapear cerca de um-terço da superfície de Caronte. Ler fonte
     
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Crédito: NASASOFIAD. Chuss et al. & ESOM. McCaughrean et al.
 
Pode o magnetismo afetar a formação das estrelas? Uma análise recente dos dados de Orionte com o instrumento HAWC+, a bordo do observatório aéreo SOFIA, indica que, às vezes, isso pode acontecer. O HAWC+ é capaz de medir a polarização da radiação infravermelha distante, o que pode revelar o alinhamento de grãos de poeira por campos magnéticos expansivos. Na imagem em destaque, estes campos magnéticos são mostrados como linhas curvas sobrepostas numa imagem infravermelha da Nebulosa de Orionte obtida com o VLT (Very Large Telescope) no Chile. A Nebulosa de Kleinmann-Low de Orionte é visível ligeiramente para cima e para a direita do centro da imagem, enquanto as estrelas brilhantes do enxame do Trapézio são visíveis apenas para baixo e para a esquerda do centro. A Nebulosa de Orionte situa-se a mais ou menos 1300 anos-luz de distância e é a grande região de formação estelar mais próxima do Sol.
 

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