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  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
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  Astroboletim #1750  
  15/12 a 17/12/2020  
     
 
 

Jogo dos seis-em-linha

O início da noite nesta semana tem vários astros no céu; Júpiter e Saturno tentam competir pelo lugar mais próximo da Lua, mas não são os únicos! Tentaremos "caçá-los" a todos, fotograficamente.

O AstroClube tem por objetivo desenvolver uma componente didática mais importante que durante as observações das apresentações às estrelas, que são mais lúdicas. Pretende-se que o AstroClube funcione como um "laboratório experimental" temático de astronomia. Assim, enquadra-se nesta filosofia uma certa replicação do processo científico de descobertas na Astronomia, ou de exploração prática e "Hands-On" dos conceitos de astronomia.

Data: 17 ou 21 de dezembro
Hora: 18:00 horas
Local:
Centro Ciência Viva do Algarve
Público-alvo:
Jovens e Adultos
Preço: 30€ (5 sessões)

INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA - seguir este link
Telefone: 289 890 920
E-mail: info@ccvalg.pt

 
     
 
Efemérides

Dia 15/12: 350.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1852, nascia Henri Becquerel, físico que, juntamente com Marie e Pierre Curie, recebeu o prémio Nobel da Física pela sua descoberta da radioatividade. A unidade SI da radioativade, o becquerel (Bq), tem o seu nome.
Em 1911, Roald Amundsen escreve no seu diário o estranho comportamento do Sol no céu ao chegar ao polo sul (possivelmente o primeiro grupo a alcançar qualquer um dos polos).  
Em 1965 as Gemini 6 e 7 realizam o seu primeiro encontro entre duas naves em órbita da Terra.

Os astronautas da Gemini 6 eram Walter Schirra e Thomas Stafford, e os da Gemini 7 Frank Borman e James A. Lovell Jr
Em 1970, a sonda soviética Venera 7 aterra em Vénus e torna-se na primeira sonda a transmitir dados da superfície de outro planeta. Embora esta transmissão tivesse durado apenas 23 minutos, possivelmente devido à sonda ter aterrado de lado por causa de uma avaria no seu para-quedas, os sensores de temperatura e pressão confirmaram que a pressão à superfície do planeta era noventa vezes maior que na Terra e a temperatura era de mais de 475 graus centígrados. 
Em 1984 era lançada a Vega 1 (missão para o planeta Vénus e Cometa Halley).
Observações: Esta é a altura do ano em que M31, a Galáxia de Andrómeda, passa perto do zénite ao início da noite (caso viva a latitudes médias norte). A hora depende da longitude do observador. Os binóculos mostram M31 logo ao lado do joelho de Andrómeda.

Dia 16/12: 351.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1857 nascia Edward Emerson Barnard, astrónomo americano.

É mais conhecido pela sua descoberta da estrela de Barnard em 1916, com este nome em sua honra.
Em 1917 nascia Arthur C. Clarke, proponente de longa data das viagens espaciais, autor, futurista, inventor, explorador dos oceanos e apresentador de televisão. 
Em 1965 a Pioneer 6 foi lançada para uma órbita solar entre Vénus e a Terra
Em 1969 nascia Adam Riess, astrofísico americano, que partilhou com Saul Perlmutter e Brian P. Schmidt, em 2011, o Prémio Nobel da Física por fornecer evidências da aceleração da expansão do Universo.
Em 2000, usando dados científicos registados pela sonda em Júpiter, Galileu, a 20 de maio, os cientistas do JPL anunciam provas de um oceano salgado por baixo da superfície de Ganimedes, a maior lua do Sistema Solar. Junta-se a Calisto e a Europa como luas de Júpiter com prováveis oceanos de água líquida por baixo do gelo.
Em 2015, o Hubble divulga a imagem da primeira explosão, prevista, de uma supernova.
Observações: Assim que as estrelas começarem a ficar visíveis, o padrão em forma de "W" de Cassiopeia apoia-se de lado (no seu lado mais fraco) alto a nordeste. Observe a constelação a rodar para se tornar num "M" achatado, mais alto a norte, com o passar da noite.

Dia 17/12: 352.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1957, os EUA lançam com sucesso o primeiro missil balístico intercontinental Atlas em Cabo Canaveral, Flórida.

Em 2003, voo 11P do SpaceShipOne, pilotado por Brian Binnie, o seu primeiro voo supersónico.
Observações: Antes do máximo da espetacular conjunção entre Júpiter e Saturno, de dia 21 de dezembro, aproveite o cair da noite de hoje para observar os planetas já bastante perto um do outro - menos de 0,27º - que hoje se fazem acompanhar de uma fina Lua Crescente, situada a mais ou menos 6º para a esquerda e um pouco para cima. É uma boa oportunidade fotográfica!!

 
 
   
eROSITA encontra bolhas enormes no halo da Via Láctea

O primeiro levantamento de todo o céu realizado pelo telescópio de raios-X eROSITA a bordo do observatório SRG (Spektrum-Roentgen-Gamma) revelou uma grande estrutura em forma de ampulheta na Via Láctea. Estas "bolhas eROSITA" mostram uma semelhança impressionante com as bolhas de Fermi, detetadas há uma década a energias ainda mais altas. A explicação mais provável para estas características é uma injeção massiva de energia no Centro Galáctico no passado, levando a choques no invólucro de gás quente da nossa Galáxia.

 
O mapa de todo o céu pelo eROSITA do Observatório SRG como uma imagem em cores falsas (vermelho para energias de 0,3-0,6 keV, verde para 0,6-1,0 keV, azul para 1,0-2,3 keV). A imagem original, com uma resolução de aproximadamente 12", foi modificada a fim de gerar a foto acima.
Crédito: Universidade de Tubinga
 

Os astrónomos detetaram uma nova característica notável no primeiro mapa de todo o céu produzido pelo telescópio de raios-X eROSITA no SRG: uma enorme estrutura circular de gás quente abaixo do plano da Via Láctea ocupando a maior parte do céu do sul. Uma estrutura semelhante no céu norte, a "espora polar norte", é conhecida há muito tempo e pensava-se que fosse o vestígio de uma velha explosão de supernova. Juntas, as estruturas do norte e do sul, ao invés, são um remanescente de um único conjunto de bolhas em forma de ampulheta emergindo do Centro Galáctico.

"Graças à sua sensibilidade, resolução espectral e angular, o eROSITA foi capaz de mapear todo o céu em raios-X a uma profundidade sem precedentes, revelando a bolha do sul sem qualquer espaço para dúvidas," explica Michael Freyberg, cientista sénior que trabalha com o eROSITA no Instituto Max Planck para Física Extraterrestre. O eROSITA varre todo o céu a cada seis meses e os dados permitem que os cientistas procurem estruturas que cobrem uma parte significativa de todo o céu.

Limites acentuados

A emissão de raios-X em grande escala observada pelo eROSITA na sua banda de energia média (0,6-1,0 keV) mostra que o tamanho intrínseco das bolhas é de vários kiloparsecs (ou até 50.000 anos-luz) de diâmetro, quase tão grande quanto toda a Via Láctea. Estas "bolhas eROSITA" mostram semelhanças morfológicas impressionantes com as bem conhecidas "bolhas de Fermi" detetadas em raios-gama pelo Telescópio Fermi, mas são maiores e mais energéticas.

"Os contornos nítidos destas bolhas provavelmente traçam choques provocados pela injeção massiva de energia da parte interna da nossa Galáxia no Halo Galáctico," aponta Peter Predehl, autor principal do estudo agora publicado na revista Nature. "Tal explicação tinha sido sugerida anteriormente paras as bolhas de Fermi, e agora com o eROSITA a sua extensão completa e morfologia tornaram-se evidentes."

Esta descoberta vai ajudar os astrónomos a compreender o ciclo cósmico da matéria dentro e em torno da Via Láctea e das outras galáxias. A maior parte da matéria comum (bariónica) do Universo é invisível aos nossos olhos, com todas as estrelas e galáxias que observamos com telescópios óticos compreendendo menos de 10% da sua massa total. Pensa-se que vastas quantidades de matéria bariónica não observada residam em halos ténues enrolados como casulos em torno das galáxias e dos filamentos entre elas na teia cósmica. Estes halos são quentes, com uma temperatura de milhões de graus e, portanto, visíveis apenas com telescópios sensíveis à radiação altamente energética.

Enorme libertação de energia

As bolhas agora observadas com o eROSITA traçam perturbações neste invólucro de gás quente em torno da nossa Via Láctea, provocadas por um surto de formação estelar ou por uma explosão do buraco negro supermassivo no Centro Galáctico. Embora agora dormente, o buraco negro pode muito bem ter estado ativo no passado, ligando-o a núcleos galácticos ativos (NGAs) com buracos negros de crescimento rápido vistos em galáxias distantes. Em qualquer caso, a energia necessária para alimentar a formação destas bolhas gigantescas deve ter sido enorme a 10^56 ergs, o equivalente à libertação energética de 100.000 supernovas, e semelhante às estimativas de explosões dos NGAs.

 
Vista esquemática das bolhas eROSITA (a amarelo) e das bolhas Femi (a roxo). O disco galáctico é indicado com os braços espirais e a posição do Sistema Solar está assinalada. As bolhas eROSITA são consideravelmente maiores do que as bolhas de Fermi, indicando que estas estruturas são comparáveis em tamanho com toda a Galáxia.
Crédito: Universidade de Tubinga
 

"As cicatrizes deixadas por estas explosões levam muito tempo a 'curar' nestes halos," acrescenta Andrea Merloni, investigador principal do eROSITA. "Os cientistas têm procurado no passado impressões digitais gigantescas deste tipo de atividades violentas em torno de muitas galáxias". As bolhas eROSITA fornecem agora forte suporte para interações em grande escala entre o núcleo da nossa Galáxia e o halo em seu redor, que são energéticas o suficiente para perturbar a estrutura, o conteúdo energético e o enriquecimento químico do meio circumgaláctico da Via Láctea.

"O eROSITA está atualmente a concluir a segunda varredura de todo o céu, duplicando o número de fotões de raios-X provenientes das bolhas que descobrimos," aponta Rashid Sunyaev, cientista-chefe do Observatório SRG na Rússia. "Temos muito trabalho pela frente, porque os dados do eROSITA tornam possível destacar muitas linhas espectrais de raios-X emitidas por gás altamente ionizado. Isto significa que a porta está aberta para o estudo da abundância de elementos químicos, o grau da sua ionização, a densidade e temperatura do gás emitente nas bolhas, para identificar os locais das ondas de choque e estimar escalas de tempo características."

O IAAT (Institute for Astronomy and Astrophysics) da Universidade de Tubinga, Alemanha, é uma das instituições centrais do consórcio alemão eROSITA; esteve envolvido no desenvolvimento das sete câmaras do telescópio e noutras atividades pré-lançamento, incluindo a avaliação do fundo em órbita e simulações do observatório em ação. Desde o início do levantamento, os cientistas de Tubinga têm trabalhado na análise dos dados à medida que chegam, com foco em objetos galácticos como estrelas de neutrões em acreção, buracos negros, remanescentes de supernova e, claro, as recém-descobertas bolhas eROSITA.

 
Ilustração de como as bolhas eROSITA e Fermi (a azul/verde e laranja, respetivamente) pareceriam no nosso céu, caso o olho humano a pudesse observar - e caso Tubinga estivesse localizada perto do equador. Na verdade, só a parte norte das bolhas é visível a partir de Tubinga.
Crédito: Universidade de Tubinga
 

"Estamos apenas a começar a estudar esta estrutura gigantesca em detalhe e todos os dias recebemos mais luz que transporta informação. Em breve seremos capazes de estudar as condições físicas em várias partes da bolha. Isto é algo que apenas o eROSITA pode fazer, e algo que esperançosamente nos permitirá entender melhor o presente e o passado da nossa própria Galáxia e de outras galáxias onde são observadas várias formas de atividade no núcleo," diz Victor Doroshenko, cientista sénior do IAAT. "O que mais me impressiona nesta estrutura é a sua vasta extensão, e que permaneceu por descobrir durante a maior parte da nossa história. Isto porque só um levantamento de todo o céu em raios-X poderia revelar uma estrutura tão grande e isto é realmente complexo e envolve enormes desafios técnicos que não puderam ser superados até recentemente. Mesmo agora, projetos a esta escala exigem um esforço conjunto de muitas instituições e nações, e estou feliz que o IAAT possa manter-se competitivo," acrescenta Doroshenko.

// Universidade de Tubinga (comunicado de imprensa)
// Instituto Max Planck para Física Extraterrestre (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Nature)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
09/06/2020 - Primeiras medições óticas das Bolhas de Fermi sondam a sua origem
05/06/2020 - Flash intenso do buraco negro da Via Láctea iluminou gás bem para lá da nossa Galáxia
26/03/2019 - "Chaminés" gigantes libertam raios-X do núcleo da Via Láctea
10/03/2017 - Hubble data última grande refeição do buraco negro da Via Láctea

Notícias relacionadas:
New Scientist
Science alert
PHYSORG

Via Láctea:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
SEDS

Sagitário A*:
Wikipedia

Bolhas de Fermi:
NASA
Wikipedia

eROSITA:
Instituto Max Planck para Física Extraterrestre
Wikipedia

Observatório SRG:
Wikipedia

 
   
Hubble identifica estranho exoplaneta que se comporta como o tão procurado "Planeta Nove"

O exoplaneta HD 106906 b, com 11 vezes a massa de Júpiter, ocupa uma órbita improvável em torno de uma estrela dupla a 336 anos-luz de distância e pode estar a fornecer pistas para algo que pode estar muito mais perto de casa: um membro distante hipotético do nosso sistema Solar apelidado de "Planeta Nove". Esta é a primeira vez que os astrónomos foram capazes de medir o movimento de um enorme planeta semelhante a Júpiter que está a orbitar muito longe das suas estrelas hospedeiras e do disco visível de detritos.

O exoplaneta HD 106906 b foi descoberto em 2013 com os Telescópios Magalhães no Observatório de Las Campanas, no deserto do Atacama, Chile. No entanto, os astrónomos não sabiam nada sobre a órbita do planeta. Isto exigia algo que apenas o Telescópio Espacial Hubble podia fazer: recolher medições muito precisas do movimento do vagabundo ao longo de 14 anos com uma exatidão extraordinária.

O exoplaneta reside extremamente longe do seu par de estrelas jovens e brilhantes - mais de 730 vezes a distância da Terra ao Sol. Esta enorme separação tornou um desafio a determinação da órbita de 15.000 anos num período de tempo tão curto de observações do Hubble. O planeta desloca-se muito lentamente ao longo da sua órbita, devido à fraca atração gravitacional das suas distantes estrelas-mãe.

 
Este exoplaneta com 11 vezes a massa de Júpiter, chamado HD 106906 b, ocupa uma órbita invulgar em torno de uma estrela dupla a 336 anos-luz de distância e pode estar a fornecer pistas para algo muito mais perto de casa: um membro distante e hipotético do nosso Sistema Solar, apelidado "Planeta Nove". Esta é a primeira vez que os astrónomos foram capazes de medir o movimento de um massivo planeta parecido com Júpiter que orbita muito longe das suas estrelas-mãe e do visível disco de detritos.
Crédito: ESA/Hubble, M. Kornmesser
 

A equipa do Hubble por trás deste novo resultado ficou surpresa ao descobrir que o mundo remoto tem uma órbita extrema que é muito inclinada, alongada e externa a um disco de detritos empoeirado que rodeia as estrelas gémeas do exoplaneta. O disco de destroços propriamente dito é deveras extraordinário, talvez devido ao puxo gravitacional do planeta rebelde. Este estudo foi realizado por Meiji Nguyen da Universidade da Califórnia, Berkeley, EUA.

"Para explicar porque é que isto é estranho, podemos apenas olhar para o nosso próprio Sistema Solar e ver que todos os planetas estão aproximadamente no mesmo plano", explicou Nguyen. "Seria bizarro se, digamos, Júpiter tivesse uma inclinação de 30 graus em relação ao plano em que todos os outros planetas orbitam. Isto levanta muitas questões sobre como HD 106906 b acabou tão longe numa órbita tão inclinada."

A teoria prevalente para explicar como o exoplaneta chegou a uma órbita tão distante e estranhamente inclinada é que se formou muito mais perto das suas estrelas, cerca de três vezes a distância Terra-Sol. No entanto, o arrasto dentro do disco de gás do sistema fez com que a órbita do planeta decaísse, forçando-o a emigrar para dentro em direção às suas hospedeiras estelares. As forças gravitacionais das estrelas gémeas giratórias então "chutaram-no" para uma órbita excêntrica que quase o jogou para fora do sistema e para o vazio do espaço interestelar. De seguida, uma estrela passou muito perto deste sistema, estabilizando a órbita do exoplaneta e impedindo-o de deixar o seu sistema natal. As estrelas rasantes candidatas já foram previamente identificadas usando medições precisas de distância e movimento do satélite Gaia da ESA.

Este cenário para explicar a bizarra órbita de HD 106906 b é semelhante em alguns aspetos ao que pode ter feito com que o hipotético Planeta Nove alcançasse os confins do nosso próprio Sistema Solar, para lá da Cintura de Kuiper. O Planeta Nove pode ter sido formado no Sistema Solar interior e depois expulso por interações com Júpiter. No entanto, Júpiter provavelmente teria lançado o Planeta Nove muito além de Plutão. As estrelas passageiras podem ter estabilizado a órbita do planeta expulso, empurrando o percurso da órbita para longe de Júpiter e dos outros planetas do Sistema Solar interior.

"É como se tivéssemos uma máquina do tempo para o nosso próprio Sistema Solar, andando 4,6 mil milhões para o passado, para ver o que pode ter acontecido quando o nosso jovem Sistema Solar estava dinamicamente ativo e tudo estava a ser empurrado e reorganizado," explicou o membro da equipa Paul Kalas da Universidade da Califórnia, Berkeley.

Até à data, os astrónomos têm apenas evidências circunstanciais da existência do Planeta Nove. Eles encontraram um aglomerado de pequenos corpos celestes para lá de Neptuno que se movem em órbitas invulgares em comparação com o resto do Sistema Solar. Esta configuração, pensam alguns astrónomos, sugere que estes objetos foram agrupados pela interação gravitacional de um enorme planeta invisível. Uma hipótese alternativa diz que não existe um único perturbador gigante, mas ao invés o desequilíbrio é devido à influência gravitacional combinada de objetos muito mais pequenos.

 
Esta imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra uma órbita possível (elipse tracejada) do exoplaneta HD 106906 b com 11 vezes a massa de Júpiter. Este mundo remoto está muito separado das suas estrelas hospedeiras, cuja brilhante luz está aqui mascarada para permitir a observação do planeta. O planeta habita para lá do disco de detritos do sistema, que é parecido à nossa própria Cintura de Kuiper de corpos pequenos e gelados para lá de Neptuno. O disco propriamente dito é assimétrico e distorcido, talvez devido à atração gravitacional do planeta distante. Os outros pontos de luz na imagem são estrelas no plano de fundo.
Crédito: NASA, ESA, M. Nguyen (Universidade da California, Berkeley), R. De Rosa (ESO) e P. Kalas (Universidade da California, Berkeley e Instituto SETI)
 

"Apesar da não-deteção do Planeta Nove até à data, a órbita do planeta pode ser inferida com base no seu efeito sobre os vários objetos do Sistema Solar exterior," explicou o membro da equipa Robert De Rosa do ESO em Santiago, Chile, que liderou a análise do estudo. "Isto sugere que se um planeta fosse realmente responsável pelo que observamos nas órbitas dos objetos transneptunianos, deverá ter uma órbita excêntrica inclinada em relação ao plano do Sistema Solar. Esta previsão da órbita do Planeta Nove é semelhante ao que vemos com HD 106906 b."

Os cientistas que vão usar o Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA planeiam obter dados adicionais para HD 106906 b a fim de melhor entender o sistema deste planeta. Os astrónomos querem saber onde e como o planeta se formou e se este tem o seu próprio sistema de detritos em órbita, entre outras questões.

"Ainda há muitas questões em aberto sobre este sistema," acrescentou De Rosa. "Por exemplo, não sabemos de forma conclusiva onde ou como o planeta se formou. Embora tenhamos feito a primeira medição do movimento orbital, ainda existem grandes incertezas no que toca aos vários parâmetros orbitais. É provável que tanto os observadores como os teóricos estudem HD 106906 nos próximos anos, desvendando os muitos mistérios deste notável sistema planetário.

// ESA/Hubble (comunicado de imprensa)
// NASA (comunicado de imprensa)
// Hubblesite (comunicado de imprensa)
// Universidade da Califórnia, Berkeley (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astronomical Journal)
// Artigo científico (arXiv.org)
// Hubblecast 132: O estranho exoplaneta que se parece com o há muito procurado Planeta Nove (HubbleESA via YouTube)

 


Saiba mais

CCVAlg - Astronomia:
10/12/2013 - Astrónomos descobrem planeta onde não devia estar
04/12/2015 - Exoplaneta exilado foi provavelmente expulso da vizinhança da estrela
05/03/2019 - Planeta exilado ligado a "flyby" estelar há 3 mil milhões de anos

Notícias relacionadas:
EurekAlert!
PHYSORG
spaceref
ScienceDaily
CNN
ZAP.aeiou

HD 106906:
Wikipedia

HD 106906 b:
HD 106906 b (Wikipedia)
Exoplanet.eu

Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

Planeta Nove:
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
SpaceTelescope.org
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais

JWST (Telescópio Espacial James Webb):
NASA
STScI
STScI (website para o público)
ESA
Wikipedia
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Estudo descobre que água em Marte não é tão global quanto se pensava

De acordo com um novo estudo por investigadores do Centro para Ciências Espaciais e Planetárias da Universidade do Arkansas, EUA, a água em Marte, na forma de salmouras, pode não estar tão espalhada pelo planeta como se pensava.

Os cientistas combinaram dados sobre as taxas de evaporação da salmoura, recolhidas por meio de experiências na câmara de simulação de Marte do centro, com um modelo de circulação do clima global do planeta para criar mapas de onde as salmouras são mais prováveis de existirem.

 
A investigadora Rachel Slank trabalha com a câmara de Marte da Universidade do Arkansas.
Crédito: Whit Pruitt, Universidade do Arkansas
 

As salmouras são misturas de água e sais mais resistentes à ebulição, ao congelamento e à evaporação do que a água pura. A sua descoberta tem implicações para onde os cientistas vão procurar vida passada ou presente em Marte e onde os humanos que eventualmente viajarem para o planeta podem procurar água.

Os cientistas levaram em consideração todas as principais mudanças de fase dos líquidos - congelamento, ebulição e evaporação - em vez de apenas uma única fase, como costumava ser a abordagem no passado, disse Vincent Chevrier, professor associado e autor principal de um estudo publicado na revista The Planetary Science Journal.

"O trabalho examina todas as propriedades ao mesmo tempo, em vez de uma de cada vez," disse Chevrier. "Então construímos mapas levando em consideração todos estes processos simultaneamente."

Isto indica que estudos anteriores podem ter sobrestimado quanto tempo as salmouras permanecem à superfície, na fria, fina e árida atmosfera marciana, disse Chevrier. "A conclusão mais importante é que, se não juntarmos todos estes processos, sobrestimamos sempre a estabilidade das salmouras. Esta é a realidade da situação."

As condições favoráveis para as salmouras estáveis à superfície do planeta são mais prováveis de estar presentes a latitudes médias a altas do norte e em grandes crateras de impacto no hemisfério sul, disse. No subsolo raso, as salmouras podem estar presentes perto do equador.

Na melhor das hipóteses, as salmouras podem estar presentes até 12 horas por dia. "Em nenhum lugar existe salmoura estável durante um dia inteiro em Marte," disse.

// Universidade do Arkansas (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Planetary Science Journal)

 


Saiba mais

Notícias relacionadas:
ScienceDaily
PHYSORG
Forbes

Marte:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
Água em Marte (Wikipedia)

 
   
Também em destaque
  Imagem direta de recém-descoberta anã castanha (via Observatório Keck)
Usando o Telescópio Subaru e o Observatório W. M. Keck, os astrónomos descobriram uma importante anã castanha em órbita de uma estrela parecida com o Sol a apenas 86 anos-luz da Terra que fornece um ponto de referência para a compreensão das propriedades dos primeiros exoplanetas observados diretamente. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - Saturno e Júpiter durante o verão de 2020
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Tunc Tezel (TWAN), Onur Durma
 
Durante o verão do hemisfério norte, Saturno e Júpiter estiveram ambos perto da oposição, opostos ao Sol no céu no planeta Terra. O seu movimento retrógrado "conjunto", visto a cada 20 anos, é seguido desde 19 de junho até 28 de agosto nesta composição panorâmica, enquanto vagueiam juntos entre as estrelas da área oeste de Capricórnio e a área este de Sagitário. Mas os céus deste mês de dezembro encontram-nos cada vez mais próximos um do outro. Júpiter e Saturno estão agora muito próximos [um do outro no céu], como faróis brilhantes no oeste ao pôr-do-Sol. No solstício de 21 de dezembro, atingirão a sua magnífica Grande Conjunção de 20 anos. Nesse dia, os dois maiores mundos do Sistema Solar aparecerão no céu da Terra separados por apenas cerca de 1/5 do diâmetro aparente de uma Lua Cheia.
 
   
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