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  Arquivo | CCVAlg - Astronomia
Com o apoio do Centro Ciência de Tavira
   
 
 
  Astroboletim #1923  
  12/08 a 15/08/2022  
     
 
Astronomia no Verão pelo Centro Ciência Viva de Tavira

Observação noturna do céu em Tavira
Local: Forte do Rato
17/08/2022, 21:30 - Data esgotada - lista de espera
30/08/2022, 21:00 - Data esgotada - lista de espera

Observação da Lua em Tavira
(não é necessário inscrição)
Local: Praça da República
05/08/2022, 21:30
06/09/2022, 21:00

 
Astronomia no Verão pelo Centro Ciência Viva do Algarve

Observação astronómica no Vale do Álamo (Penina)
17/08/2022, 21:00 - Data esgotada - lista de espera

Observação astronómica no Miradouro do Alto da Ameixeira (S. Brás de Alportel)
19/08/2022, 21:00 - Data esgotada - Lista de espera

Observação astronómica na praia dos Salgados (Galé/Albufeira)
21/08/2022, 20:45 - Data esgotada - lista de espera

Observação astronómica junto ao moinho de maré da Quinta de Marim (Olhão)
30/08/2022, 20:00 - Data esgotada - lista de espera

Lua durante o dia no Centro Náutico da Praia de Faro
(não é necessário inscrição)
Data:
02/09/2022
Horários: 17:30, 17:45, 18:00, 18:15 e 18:45

Lua durante o dia no Parque Municipal de Loulé
(não é necessário inscrição)
Data:
03/09/2022
Horários: 17:30, 17:45, 18:00, 18:15 e 18:45

Programa em atualização
Consulte sempre a página das atividades para informações mais detalhadas como o itinerário, ponto de encontro, coordenadas GPS, etc., e para fazer a sua inscrição caso seja obrigatória.
Todas as atividades estão dependentes de condições meteorológicas favoráveis.
Não dispensa a consulta do FAQ no site da Ciência Viva no Verão

 
     
 
Efemérides

Dia 12/08: 224.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1877 era feita a primeira observação do satélite de MarteDeimos, por Asaph Hall do Observatório Naval dos EUA

Descobriu Fobos, a maior das duas luas, seis noites depois.
Em 1887 nascia Erwin Schrödinger, físico austríaco e laureado com o Prémio Nobel, que desenvolveu um número de resultados fundamentais no campo da teoria quântica. Foi o autor de muitos outros trabalhos em vários campos da física.
Em 1960 era lançado o Echo 1A, o primeiro satélite experimental de comunicações, que é usado para redirecionar chamadas telefónicas transcontinentais e intercontinentais, rádio e sinais de televisão.
Em 1962, lançamento da Vostok 4, um dia depois da Vostok 3. As Vostok 3 e 4 passaram a 6,5 km entre si no espaço, a primeira vez que duas naves estavam em órbita à mesma altura.
Em 1977, primeiro voo livre do vaivém espacial Enterprise. No mesmo ano, lançamento do HEAO-1, que estudou o céu em raios-X.
Em 1978, lançamento do ISEE-3, a primeira nave espacial a encontrar-se com um cometa. Depois de completar a sua missão original, foi reativada e dirigiu-se para passar pela cauda do Cometa Giacobini-Zinner no dia 11 de setembro de 1985. Também observou o Cometa Halley a uma distância de 28 milhões de quilómetros em março de 1986. 
Em 1999, a porta do Observatório de Raios-X Chandra, que protege os seus espelhos, abre-se e o Chandra começa a sua exploração do Universo de alta energia.
Em 2005, lançamento da sonda MRO (Mars Reconnaissance Orbiter).
Observações: Pico da chuva de meteoros das Perseídas. No entanto, o luar vai interferir com as observações. Somente as estrelas cadentes mais brilhantes vão poder ser vistas. A chuva é mais ativa a partir das 23:00, e até ao amanhecer de dia 13.

Dia 13/08: 225.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1814 nascia Anders Ângström, físico sueco e um dos pioneiros da espectroscopia.
Em 1898, Carl Gustav Witt encontra 433 Eros, o primeiro asteroide descoberto perto da Terra.

Observações: A estrela mais brilhante alta a sudeste por estas noites é Altair, com a pequena e alaranjada Tarazed por cima a um dedo à distância do braço esticado. A um pouco mais de um punho à distância do braço esticado, para a esquerda de Altair, encontra-se a delicada constelação de Golfinho, saltando para a esquerda.
Por cima de Altair, embora menos distante, está a ainda mais pequena e ténue constelação de Flecha ou Seta. Também ela está a apontar para a esquerda.

Dia 14/08: 226.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1846, um meteorito com 2,3 kg, do tipo condrito, colide com a superfície da Terra perto da cidade de Cape Girardeau, no estado do Missouri, EUA.

Observações: Saturno em oposição. Isto é, Saturno encontra-se na direção oposta à do Sol. Assim sendo, está o mais alto no céu a meio da noite.
Observe a Lua, baixa a este, pelas 23:00. O ponto brilhante para a sua esquerda é o planeta Júpiter.

Dia 15/08: 227.º dia do calendário gregoriano.
História:
Em 1977, o The Big Ear, um radiotelescópio operado pela Universidade Estatal do Ohio, como parte do projeto SETI, recebe um sinal de rádio do espaço profundo; o evento é denominado de "sinal Wow!", a partir de uma anotação feita por um voluntário do projeto.

Em 2006, a sonda Voyager 1, o mais distante objeto feito pelo Homem, alcança as 100 UA do Sol. Isto significa que a sonda, lançada no dia 20 de agosto de 1977, estava 100 vezes mais distante do Sol que a Terra.
Observações: Observe novamente a Lua, baixa a este, desta vez mais perto da meia-noite. Devido à viagem do nosso satélite natural em torno da Terra, o planeta Júpiter está agora situado para a sua direita e um pouco para cima.

 
 
   
ALMA faz a primeira deteção de gás num disco circumplanetário

Cientistas que usavam o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) para estudar a formação de planetas fizeram a primeira deteção de gás num disco circumplanetário. Além disso, a deteção também sugere a presença de um exoplaneta muito jovem. Os resultados da investigação foram publicados na revista The Astrophysical Journal Letters.

 
Os cientistas que estudam a jovem estrela AS 209 detetaram pela primeira vez gás num disco circumplanetário, o que sugere que o sistema estelar pode estar a abrigar um planeta muito jovem com a massa de Júpiter. As imagens científicas da investigação mostram (à direita) emissões em forma de bolha, provenientes de espaços vazios no disco, altamente estruturado, com sete anéis (à esquerda).
Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), J. Bae (U. Flórida)
 

Os discos circumplanetários são aglomerados de gás, poeira e detritos em torno de planetas jovens. Estes discos dão origem a luas e outros objetos pequenos e rochosos, e controlam o crescimento de planetas jovens e gigantes. O estudo destes discos nas suas fases iniciais pode ajudar a lançar luz sobre a formação do nosso próprio Sistema Solar, incluindo a formação das luas galileanas de Júpiter, que os cientistas pensam ter sido formadas num disco circumplanetário em torno do planeta gigante há cerca de 4,5 mil milhões de anos.

Ao estudar AS 209 - uma jovem estrela localizada a cerca de 395 anos-luz da Terra na direção da constelação de Ofiúco - os cientistas observaram uma mancha de luz emitida no meio de um espaço vazio no gás que rodeava a estrela. Isso levou à deteção do disco circumplanetário em torno de um potencial planeta da massa de Júpiter. Os cientistas estão a observar o sistema atentamente, quer devido à distância do planeta à estrela, quer devido à idade da estrela. O exoplaneta está localizado a mais de 200 UA da estrela hospedeira, desafiando as teorias atualmente aceites sobre formação planetária. E se a idade estimada da estrela hospedeira, 1,6 milhões de anos, estiver correta, este exoplaneta poderá ser um dos mais jovens já detetados. São necessários mais estudos e os cientistas esperam que as próximas observações com o Telescópio Espacial James Webb confirmem a presença do planeta.

 
AS 209 é uma jovem estrela na direção da constelação de Ofiúco que os cientistas determinaram agora ser hospedeira do que poderá ser um dos exoplanetas mais jovens de sempre.
Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), A. Sierra (U. Chile)
 

"A melhor maneira de estudar a formação planetária é observar os planetas enquanto se estão a formar. Estamos a viver numa época muito excitante graças a telescópios poderosos como o ALMA e o JWST", disse Jaehan Bae, professor de astronomia na Universidade da Flórida e autor principal do artigo científico.

AS 209 é uma jovem estrela localizada a mais ou menos 395 anos-luz da Terra na direção da constelação de Ofiúco. O sistema estelar tem sido de interesse para os cientistas que trabalham no MAPS (Molecules with ALMA at Planet-forming Scales) do ALMA há já mais de cinco anos devido à presença de sete anéis aninhados, que os cientistas pensam estar associados à formação planetária. Os novos resultados fornecem mais evidências da formação de planetas em torno da jovem estrela.

 
Impressão artística do disco circumplanetário descoberto em 2021 em torno de um jovem planeta no sistema estelar PDS 70.
Crédito: ALMA (ESO/NAOJ/NRAO), S. Dagnello (NRAO/AUI/NSF)
 

Os cientistas há muito que suspeitam da presença de discos circumplanetários em torno de exoplanetas, mas até há pouco tempo não o conseguiam provar. Em 2019, os cientistas do ALMA fizeram a primeira deteção de um disco circumplanetário, formador de luas, enquanto observavam o jovem exoplaneta PDS 70c, e confirmaram o achado em 2021. As novas observações de gás num disco circumplanetário em AS 209 podem lançar mais luz sobre o desenvolvimento das atmosferas planetárias e sobre os processos pelos quais as luas são formadas.

// Observatório ALMA (comunicado de imprensa)
// NRAO (comunicado de imprensa)
// Universidade da Flórida (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (The Astrophysical Journal Letters)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Saiba mais

Disco circumplanetário:
Wikipedia

Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
NASA
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares

ALMA:
Página principal
ALMA (NRAO)
ALMA (NAOJ)
ALMA (ESO)
Wikipedia

MAPS:
Página oficial

 
   
Fermi da NASA confirma "destroço" estelar como fonte de partículas cósmicas extremas

Os astrónomos há muito que procuram os locais de lançamento de alguns dos protões mais energéticos da nossa Galáxia. Agora, um estudo utilizando 12 anos de dados do Telescópio Espacial Fermi da NASA confirma um remanescente de supernova que é exatamente um desses locais.

O Fermi mostrou que as ondas de choque de estrelas que explodiram impulsionam as partículas a velocidades comparáveis às da luz. Chamados raios cósmicos, estas partículas assumem principalmente a forma de protões, mas podem incluir núcleos atómicos e eletrões. Dado que transportam uma carga elétrica, os seus percursos tornam-se confusos à medida que atravessam o campo magnético da nossa Galáxia. Uma vez que já não podemos dizer de que direção tiveram origem, isto mascara o seu local de nascimento. Mas quando estas partículas colidem com gás interestelar perto do remanescente de supernova, produzem um brilho em raios-gama - a forma mais energética de luz que existe.

 
Esta sequência compara os resultados do Fermi em três gamas de energia. O pulsar J2229+6114 é a fonte brilhante no topo, a ponta norte do remanescente da supernova G106.3+2.7 (delineado a verde). Em cada gama de energia, a sequência mostra primeiro o número de raios-gama e depois as quantidades em excesso em comparação com as expetativas de um modelo de fundo. Cores mais brilhantes indicam números maiores de raios-gama ou quantidades em excesso. Nas energias mais elevadas, surge uma nova fonte de raios-gama, produzida quando os protões acelerados pela onda de choque da supernova atingem uma nuvem de gás próxima. Crédito: NASA/Fermi/Fang et al. 2022
 

"Os teóricos pensam que os protões mais energéticos dos raios cósmicos na Via Láctea atingem 1x10^15 eV (mil biliões eletrões-volt), ou energias PeV", disse Ke Fang, professora assistente de física na Universidade de Wisconsin, Madison. "A natureza precisa das suas fontes, fontes estas que chamamos 'PeVatrons', tem sido difícil de localizar".

Presas por campos magnéticos caóticos, as partículas atravessam repetidamente a onda de choque da supernova, ganhando velocidade e energia com cada passagem. Eventualmente, o remanescente já não consegue segurá-las e deslocam-se velozmente para o espaço interestelar.

Aceleradas até cerca de 10 vezes a energia reunida pelo acelerador de partículas mais poderoso do mundo, o LHC (Large Hadron Collider), os protões PeV estão à beira de escapar por completo da nossa Galáxia.

Os astrónomos identificaram alguns PeVatrons suspeitos, incluindo um no centro da nossa Galáxia. Naturalmente, os remanescentes de supernova encabeçam a lista de candidatos. No entanto, dos cerca de 300 remanescentes conhecidos, apenas alguns foram encontrados a emitir raios-gama com energias suficientemente elevadas.

Um "destroço" estelar em particular tem merecido muita atenção por parte dos astrónomos de raios-gama. De nome G106.3+2.7, é uma nuvem em forma de cometa localizada a cerca de 2600 anos-luz de distância na direção da constelação de Cefeu. Um pulsar brilhante cobre a extremidade norte do remanescente de supernova e os astrónomos pensam que ambos os objetos se formaram na mesma explosão.

O LAT (Large Area Telescope) do Fermi, o seu instrumento primário, detetou raios-gama na faixa de energias GeV (milhares de milhões eletrões-volt) oriundos da cauda estendida do remanescente (para comparação, a energia da luz visível mede entre 2 e 3 eletrões-volt). O VERITAS (Very Energetic Radiation Imaging Telescope Array System) no Observatório Fred Lawrence Whipple, no sul do estado norte-americano do Arizona, registou raios-gama ainda mais energéticos da mesma região. E tanto o HAWC (High-Altitude Water Cherenkov Gamma-Ray Observatory) no México como a Tibet AS-Gamma Experiment na China detetaram fotões com energias de 100 TeV (100 biliões eletrões-volt) da área estudada pelo Fermi e pelo VERITAS.

"Este objeto tem sido uma fonte de interesse considerável já há algum tempo, mas para o coroar como PeVatron, temos que provar que está a acelerar protões", explicou o coautor Henrike Fleischhack da Universidade Católica da América em Washington e do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado norte-americano de Maryland. "O senão é que os eletrões acelerados para algumas centenas de TeV podem produzir a mesma emissão. Agora, com a ajuda de 12 anos de dados Fermi, pensamos ter argumentos suficientes para dizer que G106.3+2.7 é, de facto, um PeVatron".

Um artigo científico que detalha as conclusões, liderado por Fang, foi publicado dia 10 de agosto na revista Physical Review Letters.

O pulsar, J2229+6114, emite os seus próprios raios-gama num feixe parecido ao de um farol enquanto gira, e este brilho domina a região a energias de alguns GeV. A maior parte desta emissão ocorre na primeira metade da rotação do pulsar. A equipa efetivamente desligou o pulsar ao analisar apenas os raios-gama que chegam da última parte do ciclo. Abaixo dos 10 GeV, não há emissão significativa da cauda do remanescente.

Acima desta energia, a interferência do pulsar é insignificante e a fonte adicional torna-se facilmente aparente. A análise detalhada da equipa favorece esmagadoramente os protões PeV como as partículas que conduzem esta emissão de raios-gama.

"Até agora, G106.3+2.7 é único, mas pode revelar-se o membro mais brilhante de uma nova população de remanescentes de supernova que emitem raios-gama e que atingem energias na faixa dos TeV", realça Fang. "Fontes adicionais poderão ser reveladas através de observações futuras pelo Fermi e por observatórios de raios-gama a energias muito altas".

// NASA (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Physical Review Letters)
// Artigo científico (arXiv.org)
// Encontrado: um PeVatron (NASA Goddard via YouTube)

 


Saiba mais

Raios cósmicos:
Wikipedia

Supernovas:
Wikipedia 
Remanescente de supernova (Wikipedia)

Pulsares:
Wikipedia
Catálogo ATNF de Pulsares

J2229+6114:
Simbad

Telescópio Espacial Fermi:
NASA
Wikipedia

VERITAS (Very Energetic Radiation Imaging Telescope Array System):
Página principal (Universidade do Arizona)
Wikipedia

HAWC (High-Altitude Water Cherenkov Gamma-Ray Observatory):
Página principal
Wikipedia

 
   
As estrelas determinam as suas próprias massas

No ano passado, uma equipa de astrofísicos lançou o STARFORGE, um projeto que produz as simulações 3D mais realistas e de maior resolução de formação estelar até à data. Agora, os cientistas utilizaram estas simulações altamente detalhadas para descobrir o que determina as massas das estrelas, um mistério que tem cativado os astrofísicos durante décadas.

Num novo estudo, a equipa descobriu que a formação estelar é um processo autorregulador. Por outras palavras, as próprias estrelas estabelecem as suas próprias massas. Isto ajuda a explicar porque é que as estrelas formadas em ambientes díspares ainda têm massas semelhantes. A nova descoberta pode permitir aos investigadores compreender melhor a formação das estrelas dentro da nossa própria Via Láctea e noutras galáxias.

 
Simulação de uma região de formação estelar, onde estrelas massivas destroem a sua nuvem natal.
Crédito: STARFORGE
 

O estudo foi publicado a semana passada na revista Monthly Notice of the Royal Astronomical Society. A colaboração inclui especialistas da Universidade Northwestern, da Universidade do Texas em Austin, dos Observatórios Carnegie, da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia da Califórnia. O autor principal do novo estudo é Dávid Guszejnov, pós-doutorado na Universidade do Texas em Austin.

"Compreender a função de massa inicial estelar é um problema tão importante porque tem um impacto astrofísico transversal - desde planetas próximos a galáxias distantes", disse Claude-André Faucher-Giguère, da Universidade Northwestern, coautor do estudo. "Isto porque as estrelas têm um 'ADN' relativamente simples. Se soubermos a massa de uma estrela, então sabemos a maioria das coisas sobre a estrela: quanta luz emite, quanto tempo viverá e o que lhe irá acontecer quando morrer. A distribuição das massas estelares é, portanto, crítica para saber se os planetas que orbitam as estrelas podem potencialmente sustentar vida, bem como o aspeto das galáxias distantes".

Faucher-Giguère é professor associado de física e astronomia na Faculdade de Artes e Ciências da Northwestern e membro do CIERA (Center for Interdisciplinary Exploration and Research in Astrophysics).

O espaço está repleto de nuvens gigantes, constituídas por gás frio e poeira. Lentamente, a gravidade atrai e junta estes gases e poeiras, formando aglomerados densos. Os materiais destes aglomerados caem para o interior, colidindo e provocando calor para criar uma estrela recém-nascida.

Em redor de cada uma destas "protoestrelas" está um disco giratório de gás e poeira. Todos os planetas no nosso Sistema Solar foram, outrora, aglomerados num tal disco em torno do nosso Sol recém-nascido. A determinação de quais os planetas que podem - ou não - hospedar vida depende da massa das estrelas e de como estas se formaram. Portanto, a compreensão da formação estelar é crucial para determinar onde a vida se pode formar no Universo.

"As estrelas são os átomos da galáxia", disse Stella Offner, professora associada de astronomia na Universidade do Texas em Austin. "A sua distribuição de massa dita se os planetas irão nascer e se a vida poderá desenvolver-se".

Cada subcampo da astronomia depende da distribuição de massa das estrelas - ou da função de massa inicial (FMI) - o que se tem revelado um desafio para os cientistas modelarem corretamente. As estrelas muito maiores do que o nosso Sol são raras, constituindo apenas 1% das estrelas recém-nascidas. E, por cada uma destas estrelas, existem até 10 estrelas semelhantes ao Sol e 30 estrelas anãs. As observações constataram que não importa onde olhemos na Via Láctea, estas proporções (ou seja, a FMI) são as mesmas, tanto para enxames estelares recém-formados como para aqueles que têm milhares de milhões de anos.

Este é o mistério da FMI. Cada população de estrelas na nossa Galáxia, e em todas as galáxias anãs que nos rodeiam, tem este mesmo equilíbrio - embora as suas estrelas tenham nascido sob condições extremamente diferentes ao longo de milhares de milhões de anos. Em teoria, a FMI deveria variar dramaticamente, mas é praticamente universal, o que tem intrigado os astrónomos durante décadas.

"Há muito tempo que nos perguntamos porquê", disse Guszejnov. "A fim de resolver este mistério, as nossas simulações seguiram as estrelas desde o nascimento até ao ponto final natural da sua formação".

Contudo, as novas simulações mostraram que o feedback estelar, num esforço para se opor à gravidade, empurra as massas estelares para a mesma distribuição de massa. Estas simulações são as primeiras a seguir a formação de estrelas individuais numa nuvem gigante em colapso, ao mesmo tempo que capturam a forma como estas estrelas recém-formadas interagem com o seu ambiente, emitindo luz e libertando massa através de jatos e ventos - um fenómeno referido como "feedback estelar".

O projeto STARFORGE é uma iniciativa multi-institucional, coliderada por Guszejnov e Michael Grudić dos Observatórios Carnegie. As simulações STARFORGE são as primeiras a modelar simultaneamente a formação estelar, a evolução e a dinâmica, ao mesmo tempo que contabilizam o feedback estelar, incluindo jatos, radiação, vento e atividade de supernovas próximas. Enquanto outras simulações incorporaram tipos individuais de feedback estelar, o STARFORGE junta-os todos para simular a forma como estes vários processos interagem para afetar a formação estelar.

// Universidade Northwestern (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
// Artigo científico (arXiv.org)
// Os Pilares da Criação no STARFORGE (Dávid Guszejnov via YouTube)

 


Saiba mais

Formação estelar:
Wikipedia

Função de massa inicial (FMI):
Wikipedia

Projeto STARFORGE:
Página principal

 
   
Também em destaque
  Nova análise mostra como as nuvens de enxofre se podem formar na atmosfera de Vénus (via PSI)
Os cientistas que utilizam técnicas sofisticadas de química computacional identificaram um novo percurso para a forma como as partículas de enxofre se podem formar na atmosfera de Vénus. Estes resultados podem ajudar a compreender a identidade há muito procurada do misterioso absorvedor ultravioleta em Vénus. Ler fonte
 
   
Álbum de fotografias - Perseídas e MAGIC

(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Urs Leutenegger

 
No dia 11 de agosto de 2021, um telescópio MAGIC de 17 metros de diâmetro refletiu este céu noturno estrelado a partir do Observatório Roque de los Muchachos do ESO na Ilha Canária de La Palma. MAGIC significa "Major Atmospheric Gamma Imaging Cherenkov". Os telescópios podem ver os breves flashes de luz visível produzida durante as chuvas de partículas no ar à medida que raios-gama altamente energéticos impactam a atmosfera superior da Terra. Para o olho adaptado à escuridão, os segmentos do espelho fornecem um reflexo tentador de estrelas e nebulosas ao longo do plano da nossa Galáxia, a Via Láctea. Mas diretamente atrás do espelho segmentado deste telescópio, baixa no horizonte, encontra-se a constelação de Perseu. E nessa data a dramática composição noturna também capturou meteoros oriundos do radiante da anual chuva de meteoros das Perseídas. Este ano a chuva de meteoros das Perseídas voltará a atingir o seu pico na noite de 12 para 13 de agosto, mas as estrelas cadentes terão de competir com a luz brilhante da Lua Cheia.
 
   
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