Usando uma rede de telescópios que incluiu o telescópio dinamarquês na estação do ESO de La Silla (Chile), os astrónomos descobriram um novo planeta extraterrestre de pequenas dimensões, que com apenas cinco massas terrestres, é o de dimensão mais próxima do nosso planeta descoberto até agora.
O planeta tem uma órbita com um período de 10 anos e para além de ser o planeta menos massivo descoberto até agora, é também o mais frio e tem por certo uma superfície rochosa/gelada, constituindo por isso um marco na busca de planetas que possam albergar vida.
Impressão de artista do planeta extrassolar agora descoberto.
Crédito: ESO
O novo planeta que recebeu a designação de OGLE-2005-BLG-390Lb, orbita uma estrela vermelha de massa cinco vezes menor que a do Sol e está localizado a cerca de 20,000 anos-luz de nós, nas proximidades do centro da Via Láctea.
A estrela é relativamente fria, pelo que a sua órbita distante implica que a temperatura da superfície seja de cerca de 220 graus negativos na escala Celsius. É provável que tenha uma atmosfera fina como a da Terra, mas a sua superficie rochosa estará provavelmente por baixo de oceanos gelados.
"Este planeta é na realidade o primeiro e único planeta descoberto até agora que está de acordo com as teorias vigentes para a formação do nosso Sistema Solar", disse Uffe Gråe Jørgensen (Niels Bohr Institute, Copenhaga, Dinamarca), membro da equipa de investigação.
A explicação teórica actualmente aceite acredita que os planetas se terão formado por acreção de planetesimais nos núcleos planetários que agregam depois gás da nuvem molecular. Neste modelo, as anãs vermelhas formariam planetas com massas entre a da Terra e a de Neptuno e com órbitas entre 1 e 10 vezes a distância da Terra ao Sol.
"OGLE-2005-BLG-390Lb é apenas o terceiro planeta extrassolar descoberto até agora através da busca pela técnica de microlente", said Jean-Philippe Beaulieu (Institut d'Astrophysique de Paris, França), autor principal do trabalho. "Enquanto os outros dois planetas descobertos por esta técnica têm massas de várias vezes a massa de Júpiter, a descoberta deste planeta muito mais difícil de detectar permite fazer crer que estes objectos sejam bastante comuns."
A técnica de microlente proposta por Einstein em 1912 é provavelmente a única técnica capaz de detectar planetas semelhantes à Terra. "A busca de uma segunda Terra é a força motriz por detrás da nossa investigação e esta descoberta constitui um avanço enorme ", disse o co-autor Daniel Kubas, do ESO.
O trabalho foi publicado na edição de 26 de Janeiro da revista Nature ("Discovery of a cool planet of 5.5 Earth masses through gravitational microlensing" by J.-P. Beaulieu, D. P. Bennett, P. Fouqué, A. Williams, M. Dominik, U. G. Jørgensen, D. Kubas et al.).
Curva de luz da estrela e do seu planeta.
Crédito: ESO
LINKS:
Notícias relacionadas:
ESO (Press release)
SPACE.COM
Nature |