A sonda europeia Mars Express descobriu mais provas da existência de auroras no lado nocturno de Marte, especialmente sobre áreas da superfície onde foram detectadas variações nas propriedades magnéticas da crosta.
Impressão de artista de como as auroras "verdes" poderão parecer a um observador orbitando o lado nocturno de Marte.
Crédito: M. Holmström (IRF)
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Observações pelo instrumento ASPERA a bordo da sonda da ESA mostraram estruturas (características em V-invertido) de electrões e iões acelerados acima do lado nocturno de Marte, que são quase idênticas àquelas que ocorrem nas auroras da Terra.
As auroras são verdadeiros espectáculos da Natureza, regularmente observados a grandes latitudes na Terra. No nosso planeta, bem como nos gigantes gasosos Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno, ocorrem na base das linhas do campo magnético planetário perto dos pólos, e são produzidos por partículas carregadas - electrões, protões ou iões - que se precipitam ao longo destas linhas.
"As auroras são criadas quandos as partículas energéticas carregadas colidem com a atmosfera superior," diz Rickard Lundin, investigador principal do ASPERA, do Instituto Sueco de Física Espacial (IRF), em Kiruna, Suécia.
"Quando são desaceleradas, a energia é libertada sobre a forma de emissões de luz - as auroras. Durante fortes auroras, as partículas em precipitação são aceleradas e ganham energia, o que gera uma luz mais intensa," disse Lundin.
Uma aurora vista da Terra.
Crédito: ESA
Os cientistas descobriram que o fluxo de energia das partículas em precipitação é grande o suficiente para levar a auroras comparáveis àquelas de fraca ou média intensidade da Terra.
"Marte não possui um forte campo magnético ou dipólo instrísenco, e por isso não temos tido razão para acreditar que as auroras pudessem aí ocorrer," disse Lundin.
Há uns anos atrás foi sugerido que os fenómenos aurorais poderiam também existir em Marte. Esta hipótese foi reforçada pela descoberta da Mars Global Surveyor de "anomalias magnéticas crustais", muito provavelmente os restos de um antigo campo magnético planetário.
Esta descoberta despoletou a especulação de que as auroras também poderiam ocorrer em Marte. Em 2004, o instrumento SPICAM a bordo da Mars Express observou emissões de luz durante uma investigação acerca de anomalias magnéticas - emissões que poderiam ser devidas a partículas energéticas em precipitação.
Os cientistas do ASPERA descobriram agora que as estruturas das partículas aceleradas são de facto associadas com as "anomalias magnéticas crustais" em Marte, mas que a forte aceleração ocorre principalmente numa região perto da meia-noite local.
As emissões precisas de luz que ocorrem ainda têm que ser estudadas, dado que a composição da atmosfera superior no lado nocturno não é ainda bem conhecida. Com base nos modelos atmosféricos, os cientistas especulam que as clássicas linhas de emissão "verdes" do oxigénio poderão estar presentes.
"Mas, dado que vemos Marte sempre iluminado, as auroras no lado nocturno de Marte não podem ser observadas a partir da Terra," acrescentou Lundin.
Links:
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ESA (press release)
Universe Today
Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Mars Express:
ESA
Wikipedia
Auroras:
Wikipedia |