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BOLETIM ASTRONÓMICO - EDIÇÃO N.º 304
14 de Fevereiro de 2007
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COMETAS EM COLISÃO NO CORAÇÃO DA NEBULOSA DA HÉLICE

Um enxame de cometas em colisão está entrelaçando um poeirento "manto de morte" para um distante corpo estelar e a providenciar aos astrónomos raras provas que certos sistemas solares podem sobreviver ao fim dos seus respectivos sóis.

Usando o telescópio espacial da NASA, Spitzer, os astrónomos avistaram uma nuvem de gás e poeira em torno de uma estrela morta, chamada anã branca, na Nebulosa da Hélice, localizada a 700 anos-luz na direcção da constelação de Aquário.


Uma anã branca brilha em vermelho no centro de uma nuvem de gás e poeira na Nebulosa da Hélice, a 700 anos-luz na direcção da constelação de Aquário.
Crédito: NASA, JPL, Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)

"Ficámos surpreendidos por ver tanta poeira em torno desta estrela," disse o membro da equipa de estudo, Kate Su, da Universidade do Arizona. "A poeira deverá estar a vir de cometas que sobreviveram a morte do seu sol."

A anã branca foi formada quando uma estrela, muito parecida com o nosso Sol, morreu e libertou as suas camadas exteriores. A radiação do ainda quente núcleo da anã branca aqueceu o material expelido, fazendo-o brilhar com vívidas cores.

O resultado é uma colorida e enorme estrutura que se parece com um olho gigante, espreitando maliciosamente através dos céus.

Os astrónomos há muito que estudam a anã branca no centro da Nebulosa da Hélice, mas nunca se tinha detectado poeira até agora. Usando os olhos infravermelhos do Spitzer, Su e sua equipa avistaram um disco de poeira em torno da estrela morta a uma distância entre 35 e 150 UA (uma unidade astronómica, UA, é a distância entre o Sol e a Terra).

A existência do disco de poeira foi uma surpresa. Os astrónomos pensavam que a estrela tinha expelido toda esta poeira do seu sistema quando morreu e libertou as suas camadas exteriores.

Os astrónomos por isso pensam que o disco foi formado a partir de poeiras libertadas durante colisões de cometas. Observações detalhadas recentes de cometas a partir de missões como a Deep Impact confirmaram que são gigantes bolas de gelo, poeira e partículas rochosas ligadas pela gravidade.

A anã branca da Nebulosa da Hélice foi provavelmente há muito tempo uma estrela como o nosso Sol, rodeada por um exército cósmico de cometas, asteróides e possivelmente planetas, pensam os astrónomos.

Quando a estrela morreu, passou primeiro por uma fase de gigante vermelha, inchando até um tamanho colossal e engolindo os seus planetas interiores (a Terra irá um dia ter o mesmo destino). Os mundos exteriores, asteróides e cometas poderiam ter sobrevivido, mas as suas órbitas, anteriormente "estáveis", teriam sido terrivelmente destabilizadas, pondo-os até em rotas de colisão uns com os outros.

Como parte do final da sua vida, a inchada estrela expeliu as suas camadas exteriores, até que apenas um núcleo, pequeno, denso e relativamente frio - a anã branca - permaneceu. Entretanto, as confusas colisões de cometas continuaram a ocorrer nos frios limites do sistema solar.

Estas descobertas são provas raras que objectos, tal como planetas, cometas e asteróides, podem sobreviver à morte das suas estrelas. Em Janeiro do ano passado, astrónomos usando o Spitzer também descobriram um disco de detritos em torno de uma distante anã branca, chamada G29-38. No entanto, esse disco era muito mais pequeno e localizado mais perto da sua estrela.


Esta ilustração demonstra um cometa sendo despedaçado em torno de uma estrela morta, ou anã branca, chamada G29-38. A observação do Spitzer foi a primeira prova observacional que os cometa podem sobreviver ao fim dos seus sóis.
Crédito: NASA, JPL, Caltech
(clique na imagem para ver versão maior)

Estas descobertas também podem ajudar a explicar o mistério que rodeia a anã branca da Nebulosa da Hélice. Observações prévias mostraram que a estrela morta estava emitindo raios-X altamente energéticos - algo que uma estrela fria e morta não deveria fazer.

Mas se os cometas e outros objectos estão colidindo uns com os outros em torno da anã branca, tal como as observações sugerem, então alguns destes detritos poderão caír na anã branca e despoletar libertações de raios-X.

"Os raios-X de alta energia eram um mistério por resolver," disse o membro da equipa de estudo, You-Hua Chu, da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign. "Agora, podemos ter descoberto uma resposta no infravermelho."

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Spitzer (comunicado de imprensa)
Universe Today
SpaceRef.com
MSNBC

Nebulosa da Hélice:
Wikipedia
SEDS

Spitzer:
NASA
Wikipedia

 
  ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
       
  Foto  
Restos da Supernova da Vela - Crédito: Digitized Sky Survey, ESA/ESO/NASA FITS Liberator; Composição de cor: Davide De Martin (Skyfactory)
A explosão terminou mas as consequências continuam. Há cerca de onze mil anos atrás, uma estrela na constelação de Vela poder-se-ia ter visto a explodir, criando um estranho ponto de luz brevemente visível aos humanos vivendo no começo da História registada. As camadas exteriores da estrela colidiram com o meio interestelar, conduzindo uma onda de choque, aproximadamente esférica e visível em raios-X, que é ainda visível hoje em dia. A imagem do lado captura muito desse filamentário e gigante choque na luz visível, cobrindo uma área de quase 100 anos-luz e parecendo vinte vezes o diâmetro aparente da Lua Cheia. À medida que o gás se afasta da estrela detonada, decai e reage com o meio interestelar, produzindo luz em muitas diferentes cores e bandas de energia. No centro da Supernova da Vela permanece um pulsar, uma estrela tão densa como matéria nuclear que completa uma volta em torno de si própria mais de dez vezes por segundo.
Ver imagem em alta-resolução
 
 
  EFEMÉRIDES:  
 

Dia 14/02: 45º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1898, nascia Fritz Zwick, o primeiro a identificar as supernovas como uma classe separada de objectos e a sugerir a possibilidade das estrelas de neutrões; Zwicky também catalogou galáxias em enxames e desenhou motores a jacto.
Em 1990, as câmaras da Voyager 1 apontaram para o Sol e tiraram uma série de imagens da estrela e dos planetas, fazendo o primeiro "retrato" do nosso Sistema Solar visto de fora.
Em 2000, a sonda NEAR torna-se na primeira a orbitar um asteróide, 433 Eros.

Dia 15/02: 46º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1564 nascia Galileu Galilei, um dos astrónomos mais famosos de sempre. Foi o primeiro a utilizar o telescópio para observar os céus, observando as manchas solares e também os satélites de Júpiter.
Em 1828 nascia Júlio Verne. Durante a sua vida escreveu 54 obras relacionadas com a ficção científica.
Em 1999, lançamento do IKONOS 2 Athena 2.
Observações: Um sinal que a Primavera vem a caminho: ao princípio da Noite a Ursa Maior está bem para Nordeste, estando em pé pela sua "pega".

Dia 16/02: 47º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1786 nascia François Arago, cientista pioneiro na natureza da onda da luz e o inventor do polarómetro e outros instrumentos ópticos. A sua teoria da luz previa que a velocidade da luz decresceria ao passar por um meio mais denso.
Em 1948 é descoberta a lua de Urano Miranda, por Gerard Kuiper.
Observações: Com o Outono já bem longe, o Grande Quadrado de Pégaso está agora a pôr-se a Oeste-Noroeste. Procure-o ao caír da noite.

 
 
  CURIOSIDADES:  
 
As nebulosas planetárias são bolhas de gás em expansão emitidas por uma estrela de massa solar no final da sua vida e nada têm a ver com sistemas planetários de estrelas.
 
 
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