DESCOBERTA GALÁXIA DE MATÉRIA ESCURA
Uma equipa internacional de astrónomos tem novas evidências que lhes permite concluir que uma galáxia escura recentemente descoberta é, de facto, do tamanho de uma galáxia e completamente constituída de matéria escura.
Embora o objecto chamado VIRGOHI21, tenha sido observado desde 2000, os astrónomos têm vindo lentamente a excluir todas as outras explicações para o que é observado.
Num novo artigo de investigação intitulado 21-cm synthesis observations of VIRGOHI 21 – a possible dark galaxy in the Virgo Cluster, os investigadores fornecem dados actualizados sobre esta galáxia misteriosa.
A galáxia escura VIRGOHI21
Crédito: NAIC
(clique na imagem para ver com maior resolução)
Fizeram uma série de observações usando o Westerbork Synthesis Radio Telescope (WSRT), de forma a poderem quantificar as densidades de coluna do hidrogénio, tendo complementado essas observações no rádio com observações com o Telescópio Espacial Hubble (HST), com o qual tentaram confirmar a existência de estrelas na galáxia.
Os astrónomos começaram a suspeitar de que se trataria de uma galáxia invisível quando começaram a estudar a galáxia NGC 4254. Esta galáxia de aspecto pouco habitual parece ser sua parceira numa colisão cósmica. Todas as evidências habituais estão lá: o gás está a ser retirado numa corrente ténue e um dos braços espirais está a ficar alongado.
Mas o outro parceiro da colisão não é visível.
Os investigadores haviam calculado que um objecto com cerca de 100 mil milhões de massas solares haveria de ter passado junto à NGC 4254 nos últimos 100 milhões de anos criando a corrente de gás. Como não existe nada visível nas vizinhanças, isto foi a pista de que uma galáxia invisível poderia estar presente.
Uma busca detalhada revelou um objecto misterioso chamado VIRGOHI21, localizado a cerca de 50 milhões de anos luz da Terra. Se fosse uma galáxia normal seria possível observá-la com um bom telescópio amador. Mas não há lá nada. Nem o Telescópio Espacial Hubble consegue ver lá uma única estrela a brilhar.
Apenas é visível nos radiotelescópios devido às emissões rádio do hidrogénio gasoso.
Quando esta equipa apresentou os primeiros resultados, a comunidade de astrofísicos ficou extremamente céptica e propôs diversas alternativas explicativas para o objecto.
Por exemplo, poderia haver massa adicional associada a VIRGOHI21, e não apenas matéria escura. A ocorrência de gigantes vermelhas teria dado a indicação de uma interacção mais normal. Mas o Hubble não observou quaisquer estrelas.
É possível que a VIRGOHI21 tenha sido sempre assim, formada do gás primordial e matéria escura que se formaram nos eventos logo após o Big Bang. Parece ter andado livremente desde o Big Bang.
No entanto, parece existirem formas das galáxias e a sua matéria escura poderem ser separadas. Ainda há poucos meses um disco de matéria escura foi descoberto em torno de um grupo de galáxias em colisão pelo Telescópio Espacial Hubble. Uma parte da matéria escura escapou-se para o Espaço a partir das galáxias.
Um novo estudo feito com o radiotelescópio de 305 metros de Arecibo em Porto Rico deverá evidenciar mais objectos deste tipo no futuro. O rastreio vai receber o nome de Arecibo Galaxy Environment Survey (AGES).
Este artigo recente foi aceite para publicação no Astrophysical Journal.
Links:
Universe Today
Draft enviado ao Astrophysical Journal
|