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BOLETIM ASTRONÓMICO - EDIÇÃO N.º 332
11 de Julho de 2007
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O PRÓXIMO PASSO DA EXPLORAÇÃO MARCIANA

A próxima missão da NASA a Marte irá olhar por baixo de uma paisagem árctica em busca de condições favoráveis para a vida, tanto presente como passada.

Em vez de percorrer montes ou crateras, o Lander Phoenix da NASA irá aterrar no solo gelado das planícies Norte do Planeta Vermelho. O robot irá investigar se a água gelada perto da superfície marciana pode periodicamente derreter o suficiente para suster um ambiente habitável para micróbios. Para alcançar este e outros objectivos-chave, a Phoenix carregará um conjunto de ferramentas de pesquisa avançada, nunca antes usadas em Marte.

Primeiro, no entanto, terá que ser lançada a partir do estado da Flórida num período de três semanas a começar a 3 de Agosto, depois sobreviver uma descida arriscada e aterrar em Marte na próxima Primavera.


Concepção de artista do "lander" Phoenix em Marte.
Crédito: NASA/JPL/UA/Lockheed Martin
(clique na imagem para ver versão maior)

"A nossa estratégia de 'seguir a água' para explorar Marte já proporcionou imensas e dramáticas descobertas ao longo dos últimos anos acerca da história da água num planeta onde as semelhanças com a Terra eram muito maiores no passado do que são agora," disse Doug McCuistion, director do Programa de Exploração de Marte na sede da NASA em Washington. "A Phoenix irá complementar a nossa exploração estratégica de Marte ao ser a nossa primeira tentativa de realmente tocar e analizar a água marciana -- água na forma de gelo enterrado."

A sonda da NASA, Mars Odyssey, descobriu provas em 2002 que suportam teorias que grandes áreas de Marte, incluindo as planícies árcticas, têm água gelada a cerca do comprimento de um braço por baixo da superfície.

"A Phoenix foi desenhada para examinar a história do gelo ao medir como a água líquida modificou a química e a mineralogia do solo," disse Peter Smith, investigador principal da Phoenix, da Universidade do Arizona em Tucson.

"Em adição, os nossos instrumentos podem descobrir se este ambiente polar é uma zona habitável para micróbios primitivos. Para completar a caracterização científica do local, a Phoenix irá estudar o tempo polar e a interacção da atmosfera com a superfície."


Vista da Phoenix durante o começo das operações à superfície
Crédito: NASA/JPL/UA/Lockheed Martin
(clique na imagem para ver versão maior)

Com os seus painéis solares laterais expostos, o "lander" mede cerca de 2.5 metros de largura e 1.5 de comprimento. Um braço robótico com 2.3 metros irá escavar o solo até alcançar a camada gelada, que se espera estar a umas meras polegadas da superfície. Uma câmara e uma sonda de condutividade no braço irão examinar o solo e qualquer gelo aí presente. O braço transportará amostras para outros dois instrumentos no "lander". Um usará o calor para procurar substâncias voláteis, tais como água e químicos com base em carbono, essenciais para a vida. O outro irá analizar a química do solo.

Uma estação meteorológica, com um laser para aceder à água e poeira na atmosfera, irá estudar o tempo durante o tempo de duração planeado da missão, três meses, durante a Primavera e Verão de Marte. A caixa de ferramentas do robot também inclui uma câmara stereo acoplada a um mastro para observar o local de aterragem, uma câmara descida para observar o local num contexto alargado e dois microscópios.

Para o estágio final de aterragem, a Phoenix está equipada com um método de desaceleração composta de um motor de pulso. O sistema usa um sistema de aterragem ultra-leve que permite à sonda transportar mais instrumentos científicos. Tal como nas missões passadas, a Phoenix usará um escudo térmico para diminuir a sua velocidade durante a entrada na atmosfera, seguida de um pára-quedas supersónico que a reduz ainda mais, até cerca dos 210 km/h. O "lander" depois separa-se do pára-quedas e liga os seus motores de descida para travar até aos 9 km/h antes de aterrar sobre as suas três pernas.


Sumário de eventos durante a descida.
Crédito: NASA/JPL/UA/Lockheed Martin
(clique na imagem para ver versão maior)

"Aterrar em segurança em Marte é difícil, independemente do método que usemos," disse Barry Goldstein, gestor do projecto Phoenix no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. "A nossa equipa tem testado o sistema implacavelmente desde 2003, identificando e resolvendo quaisquer vulnerabilidades que possam existir."

Os cientistas avaliando os possíveis locais de aterragem usaram observações de outros "orbiters" em torno de Marte de modo a descobrir os lugares mais seguros onde os objectivos da missão possam ser alcançados. O candidato principal é um grande vale com algumas rochas a uma latitude equivalente ao Norte da Finlândia.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
ABC Science Online
Space Ref
The Register
The New York Times
New Scientist
SPACE.com
EARTHtimes.org
Sky & Telescope

Lander Phoenix:
Página oficial
Wikipedia
Kit de lançamento para a imprensa (formato PDF)
Vídeo da aterragem e funcionamento da Phoenix (formato Quicktime)

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Google Mars
Vídeo sobre a presença de água em Marte (formato Quicktime)

 
 

CASSINI DESCOBRE HIDROCARBONETOS EM HIPERION

A sonda Cassini (NASA) revelou pela primeira vez detalhes da superfície da lua de Saturno, Hiperion, incluindo crateras tipo-taça cheias de hidrocarbonetos que podem indicar uma presença mais alargada no nosso Sistema Solar dos elementos básicos necessários para a vida.

Hiperion rendeu alguns dos seus segredos ao exército de instrumentos a bordo da Cassini à medida que a sonda passava perto do satélite em Setembro de 2005. Gelos de água e dióxido de carbono foram descobertos, bem como material escuro que encaixa no perfil espectral dos hidrocarbonetos.


Este mapa mostra a composição de uma porção da superfície de Hiperion. O azul mostra a exposição máxima de água gelada, o vermelho denota dióxido de carbono gelado, o magenta regiões de água e dióxido de carbono, o amarelo uma mistura de dióxido de carbono e um outro material ainda por identificar.
Crédito: NASA/JPL/Universidade do Arizona/Ames/Space Sciente Institute
(clique na imagem para ver versão maior)

Um artigo que apareceu na edição de 5 de Julho da revista Nature explica em detalhe as crateras à superfície de Hiperion e a composição observada durante este voo rasante, incluindo pontos-chave para melhor compreender a origem da lua e a sua evolução ao longo de 4.5 mil milhões de anos. Foi a primeira vez que os cientistas foram capazes de mapear o material à superfície de Hiperion.

"De interesse especial é a presença em Hiperion de hidrocarbonetos - combinações de átomos de carbono e hidrogénio que se encontram em cometas, meteoritos e na poeira da nossa galáxia," disse Dale Cuikshank, cientista planetário no Centro de Pesquisa Ames da NASA, em Moffett Field, Califórnia, e autor principal do artigo. "Estas moléculas, quando embebidas em gelo e expostas à luz ultravioleta, formam novas moléculas de significância biológica. Isto não quer dizer que encontrámos vida, mas é mais outra indição que a química básica necessária para a vida está espalhada pelo universo."

O espectógrafo ultravioleta e visual da Cassini capturou variações na composição da superfície de Hiperion. Estes instrumentos, capazes de mapear minerais e características químicas da lua, enviaram dados confirmando a presença de água gelada (anteriormente descoberta por observações terrestres), mas também descobriram dióxido de carbono sólido (gelo seco) misturado de maneiras inesperadas com gelo comum. Imagens das regiões mais brilhantes da superfície de Hiperion mostram água gelada com forma cristalina, tal como a encontrada na Terra.

"A maioria do gelo à superfície de Hiperion é uma mistura de água gelada e poeira orgânica, mas o dióxido de carbono é também proeminente. O dióxido de carbono não é puro, mas está de algum modo quimicamente ligado às outras moléculas," explicou Cruikshank.

Dados mais antigos de outras luas de Saturno, bem como de luas de Júpiter, Ganimedes e Calisto, sugerem que a molécula de dióxido de carbono é "complexada", ou ligada com outro material da superfície de várias maneiras. "Pensamos que o comum dióxido de carbono irá evaporar-se das luas de saturno durante longos períodos de tempo," disse Cuikshank, "mas parece ser muito mais estável quando está ligado a outras moléculas."

"O voo rasante por Hiperion é um bom exemplo das capacidades em vários comprimentos de onda da Cassini. Nesta primeira observação ultravioleta de Hiperion, a detecção de água gelada diz-nos mais sobre as diferenças na composição deste corpo bizarro," disse Amanda Hendriz, cientista do espectógrafo ultravioleta da Cassini no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia.

Hiperion, a oitava maior lua de Saturno, tem uma rotação caótica e orbita Saturno a cada 21 dias. A edição de 5 de Julho da Nature também inclui novas descobertas sobre a estranha aparência esponjosa de Hiperion.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Science Daily
The Register
Scientific American
PHYSORG.com
Discovery Channel
New Scientist
MSNBC
Sky & Telescope
Nature

Hiperion:
Solarviews
Wikipedia

Saturno:
Solarviews
Wikipedia

Cassini:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

     
 
  ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
       
  Foto  
NGC 4449 - Crédito: NASA, ESA, A. Aloisi (STScI / ESA), Hubble Heritage (STScI / AURA) - ESA/Hubble Collaboration
As grandes galáxias espirais regularmente ficam com toda a fama. Os seus jovens, brilhantes e azuis enxames estelares, como também os seus majestosos e simétricos braços espirais, são uma garantia de atracção. Mas as pequenas galáxias irregulares também formam estrelas, tal como NGC 4449, localizada a cerca de 12 milhões de anos-luz de distância. De facto, esta espectacular imagem do Hubble da bem-estudada galáxia claramente demonstra que as regiões avermelhadas de formação estelar e os jovens e azuis enxames estelares estão bem espalhados. Com menos de 20,000 anos-luz de diâmetro, o pequeno universo-ilha é similar em tamanho, e muitas vezes comparado com a galáxia-satélite da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães. NGC 4449 é membro de um grupo de galáxias na constelação de Cães de Caça.
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A partir de 15 de Julho, todos os dias excepto às segundas-feiras, na açoteia do Centro Ciência Viva do Algarve.
Observações dependentes das condições atmosféricas.
 
 
  EFEMÉRIDES:  
 

Dia 11/07: 192º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1962 o cosmonauta Micolaev fica em órbita quatro dias, um recorde naquela época.
Em 1979, a Skylab regressa à Terra. A área de detritos situa-se entre o Oceano Índico Sudeste e uma secção pouco populada da parte Oeste da Austrália.
Observações: Já alguma vez monitorizou um binário eclipsante durante o seu eclipse? Esta noite, pode observar SZ Herculis bem alta no céu a descer de magnitude 10.5 para 12 e vice-versa.

Dia 12/07: 193º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1988 era lançada a sonda soviética Phobos 2. Após o envio de dados da sonda, esta perdeu-se em Janeiro de 1989.
Em 1999, maior aproximação do cometa Tempel 2 pela Terra (0.654 UA).
Observações: Hoje e amanhã à noite, Vénus passa a 1.4º por baixo de Régulo. Olhe para Oeste ao caír da noite. Saturno está 6º para a direita.
Vénus está no seu brilho máximo.

Dia 13/07: 194º dia do  calendário gregoriano.
Observações: Aproveite a noite para observar o planeta Vénus. Consegue discernir que tem fases?

 
 
  CURIOSIDADES:  
 
O colapso de uma nuvem molecular que dá origem a uma estrela é muito rápido comparado com o seu tempo de vida. Para uma estrela como Sol, que durará cerca de 10 mil milhões de anos, o colapso dura entre 10.000 anos e 1.000.000 de anos.
 
 
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