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BOLETIM ASTRONÓMICO - EDIÇÃO N.º 342
18 de Agosto de 2007
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UMA ESTRELA COM CAUDA COMETÁRIA

Um grupo de astrónomos usando o telecópio espacial GALEX da NASA descobriram uma cauda surpreendentemente longa do tipo cometário atrás de uma estrela que viaja através do espaço. A estrela, chamada Mira, que em latim significa “maravilhosa,” foi uma das favoritas dos astrónomos durante aproximadamente 400 anos. No entanto, esta é a primeira vez que a cauda foi observada.

O telescópio Explorador da Evolução Galáctica (GALEX, do inglês Galaxy Evolution Explorer) fez um varrimento da região desta popular estrela durante seu projecto de varrimento do céu inteiro na região do ultravioleta. Os astrónomos descobriram então o que se parece com um cometa com uma cauda cometária. De facto, o material que se libertou da atracção de Mira está a esperaiar-se por 13 anos-luz , ou seja aproximadamente 20.000 vezes a distância média de Plutão ao Sol.

Nunca havia sido visto nada semelhante em torno de uma estrela.

Exemplo de fotografia e respectiva legenda
A cauda cometária da estrela MIra espraia-se ao longo de 13 anos-luz. Crédito: NASA.

(Clique na imagem para ver maior)

"Fiquei chocado quando vi pela primeira vez, esta cauda completamente inesperada, que é arrastada atrás de uma estrela bem conhecida", disse Christopher Martin do California Institute of Technology. “Era surpreendente como a cauda de Mira reproduzia a uma escala interestelar muito mais vasta, os fenómenos familiares do de um jacto ou da turbulência de uma lancha rápida.”

Os astrónomos dizem que fenómenos como a cauda de Mira constituem oportunidades únicas de estudar a forma como estrelas como o nosso Sol morrem e em última análise semeiam sistemas solares novos. Mira é uma estrela muito velha do tipo gigante vermelha que está a perder quantidades maciças do material da sua superfície. Enquanto a Mira se desloca a sua cauda vai semeando carbono, oxigénio e outros elementos importantes para a formação de estrelas novas e planetas capazes de originar vida. O material da cauda, visível agora pela primeira vez, foi libertado ao longo dos últimos 30.000 anos.

“Este é um fenómeno totalmente novo para nós e estamos ainda no processo de compreender a física envolvida,” diz Mark Seibert, co-autor pertencente aos Observatórios da Instituição de Carnegie de Washington em Pasadena. “Nós esperamos ler a cauda de Mira como uma fita registadora para aprender sobre as alterações ocorridas ao longo da vida da estrela.”

Há milhares de milhões de anos, Mira era semelhante ao nosso Sol. Com o tempo começou a expandir-se até formar o que é conhecido como uma gigante vermelha variável de pulsação, uma estrela que se torna suficientemente grande para ser visível à vista desarmada mesmo a grandes distâncias. Mira eventualmente ejectará todo o seu gás remanescente para o espaço, dando forma a um invólucro protector chamada nebulosa planetária. Com o tempo, a nebulosa vai-se desvanecendo ficando apenas um remanescente do núcleo "queimado" da estrela original que recebe o nome de anã branca.

Exemplo de fotografia e respectiva legenda
Impressão de artista da formação da cauda de Mira. Crédito: NASA.
(Clique na imagem para fazer download de filme Quicktime)

Comparada com outras gigantes vermelhas a estrela Mira desloca-se a uma velocidade invulgarmente grande, provavelmente devido a interacções gravitacionais com outras estrelas que passaram próximo ao longo do tempo. A seu lado segue uma companheira muito pequena que se pensa seja uma anã branca. As duas estrelas do par, também conhecidas por Mira A (a gigante vermelha) e Mira B (a anã branca), orbitam lentamente em torno uma da outra através da constelação da Baleia (Cetus) a 350 anos-luz da Terra.

Para além da cauda, o GALEX também descobriu um "bow shock", que é uma estrutura que se forma devido à colisão com o meio à frente da estrela a uma velocidade supersónica. Os astrónomos pensam que este "bow shock" está a aquecer o material que se liberta da estrela o que faz com que fluoresça no ultravioleta. Este material espirala para trás da estrela criando a cauda.

O facto da cauda da Mira só ser visível no ultravioleta é a razão para os telescópios não a terem visto no passado. O GALEX é muito sensível no ultravioleta e tem também um campo muito largo, o que permite o varrimento do céu que permitiu esta descoberta invulgar.

O artigo foi publicado na revista Nature.

Links:

Notícias relacionadas:
Nota de imprensa (NASA)

 
  ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
       
  Foto  
Chuva de Perseidas - Crédito: Fred Bruenjes
A 12 de Agosto decorreram as Perseidas, à medida que a Terra atravessava a região do espaço onde ficaram alguns detritos da cauda do cometa Swift-Tuttle com alguns dos meteoros a serem bastante fascinantes. Em 2004, Fred Bruenjes produziu esta imagem a partir da sobreposição de várias exposições de 30 segundos obtidas ao longo de 6 horas. Existem 51 meteoros da "chuva de estrelas" na imagem.
Ver imagem em alta-resolução
 
  ESPAÇO ABERTO 2007:  
 
Desde 15 de Julho, todos os dias excepto às segundas-feiras, na açoteia do Centro Ciência Viva do Algarve.
Observações dependentes das condições atmosféricas.
 
 
  EFEMÉRIDES:  
 

Dia 18/08: 230º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1985 era lançado o Suisei, a segunda missão japonesa a estudar o cometa Halley. Detectou água cometária, monóxido de carbono e iões de dióxido de carbono.
Em 1868 Norman Lockyer observa pela primeira vez hélio no espectro do Sol.
Observações: Vénus encontra-se em conjunção inferior às 05h00 (hora local).

Dia 19/08: 231º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1960, os cães espaciais russos Belka ("Squirrel") e Strelka ("Little Arrow") começaram a orbitar a Terra a bordo do satélite Korabl-Sputnik-2. Iam também na missão 40 ratos brancos, 2 ratos de esgoto e diversas qualidades de plantas. No dia seguinte todos foram recuperados em perfeitas condições.
Observações: A Lua encontra-se no apogeu às 04h00 (hora local). O grande olho vermelho de Júpiter atravessa o meridiano central cerca das 04h30 (hora local). Depois da meia noite eclipse de Ganimedes em Jupiter.

Dia 20/08: 232º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1975, os Estados Unidos lançavam a sonda Viking 1 para Marte.
Em 1977, os Estados Unidos lançavam a sonda Voyager 2.
Observações: Entre as 0h30 e as 5h00 Ganimedes projecta a sua pequena sombra sobre a superfície de Júpiter.

Dia 21/08: 233º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1993, a NASA perdia o contacto com a sonda Mars Observer.
Observações: Às 0h54 a Lua encontra-se em Quarto Crescente.

 
 
  CURIOSIDADES:  
 

A estrela que possui o movimento aparente mais rápido conhecido chama-se estrela de Barnard. Descoberta em 1916 por Edward Emerson Barnard tem um movimento aparente de 10,3 arcsec por ano.
É a estrela mais próxima do Sol depois de Alfa Centauri 3, e está a aproximar-se do Sol a 140 km/s.

 
 
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