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BOLETIM ASTRONÓMICO - EDIÇÃO N.º 379
De 05/01 a 08/01/2008
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  POSSÍVEL IMPACTO EM MARTE RELEMBRA RISCO PARA A TERRA
   

De acordo com os mais recentes cálculos, um asteróide que viaja na direcção de Marte tem uma probabilidade, entre 28, de colidir com o Planeta Vermelho no dia 30 de Janeiro. A descoberta da rocha apenas um par de meses antes do possível impacto levanta novamente a questão do que aconteceria se, ao invés, estivesse dirigindo-se para a Terra. Os astrónomos dizem que, com tão pouco tempo de aviso, a única opção seria evacuar quaisquer áreas habitadas onde pudesse impactar.

O asteróide, chamado 2007 WD5, foi descoberto a 20 de Novembro através de um telescópio com 1,5 metros, perto de Tucson, Arizona, EUA, que percorre os céus como parte dos esforços da NASA para detectar asteróides com probabilidades de atingir a Terra. Estima-se que tenha 50 metros de diâmetro, o que o põe na mesma classe que o objecto de Tunguska, que explodiu por cima da Sibéria em 1908, arrasando árvores numa área com muitos quilómetros por cima da explosão.


Esta impressão de artista usa uma seta para mostrar o percurso previsto do asteróide a 30 de Janeiro de 2008, e a zona a laranja indica a área que se espera que o asteróide atravesse. Marte pode ou não estar no seu caminho.
Crédito: NASA/JPL
(clique na imagem para ver versão maior)

O caso de 2007 WD5 mostra que a Terra é vulnerável a pequenos objectos que podem escapar à detecção até que seja demasiado tarde para os deflectir, diz Don Yeomans, líder do Programa Near Earth Object no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. O Congresso Americano pediu à NASA para encontrar 90% dos asteróides até um tamanho mínimo de 140 metros, mas fazer baixar este limite até aos 50 metros pode tornar-se demasiado caro, diz.

Yeomans estima que a construção de uma nave que pudesse deflectir um asteróide e assim prevenir que atingisse a Terra, demoraria meses ou até anos. Os cientistas estão ainda debatendo o melhor método para deflectir os asteróides, considerando tudo, entre o disparo de lasers até à alteração da sua rota com um "reboque de gravidade".

Mas se um objecto num cenário semelhante ao de 2007 WD5 fosse descoberto a apenas umas semanas de uma colisão potencial com a Terra, não haveria tempo suficiente para organizar uma missão deste calibre. "Aí só nos poderíamos preocupar com a evacuação," disse Yeomans. "Seríamos capazes de prever onde o objecto atingiria a Terra e tentaríamos evacuar as regiões habitadas dentro dessa zona."

Os cálculos iniciais davam ao asteróide 1 chance entre 75 de colidir com Marte no dia 30 de Janeiro de 2008.

Seguidamente, observações adicionais do asteróide a 8 de Novembro foram descobertas em imagens de arquivo do telescópio de 2,5 metros no Observatório de Apache Point perto de Cloudcroft, Novo México, EUA. Como resultado, o Programa Near Earth Object anunciou a 28 de Dezembro que a probabilidade impacto tinha aumentado até 3,9%, ou aproximadamente 1 em 25.


Imagem individual de uma animação que mostra os possíveis percursos do asteróide 2007 WD5. A 30 de Janeiro de 2008, o asteróide poderá passar por um dos quaisquer pontos a amarelo.
Crédito: NASA/JPL
(clique na imagem para ver a animação em formato Quicktime)

Mas novas observações levadas a cabo entre 29 de Dezembro de 2 Janeiro, usando o telescópio de 2,4 metros no Observatório de Magdalena Ridge no Novo México, refinaram novamente a probabilidade de colisão, diminuindo-a ligeiramente até 3,6%, ou 1 entre 28.

Não é normal para a probabilidade de um impacto aumentar temporariamente com novas observações, apenas diminuir novamente com o maior número de observações. A probabilidade de um impacto com a Terra em 2036 por um asteróide de 250 metros de nome Apophis aumentou de 1 em 5000 até 1 em 37 em 2004, antes de baixar até 1 em 45.000, de acordo com as observações mais recentes.

Normalmente, com mais observações, as hipóteses de impacto desaparecem - que parece ser o cenário mais provável para 2007 WD5, de acordo com Yeomans. O asteróide está diminuindo de brilho à medida que se afasta da Terra, o que o torna mais difícil de observar. Mas os cientistas esperam ainda obter novas medições ao longo do fim-de-semana e da próxima semana.

Além do telescópio de Magdalena Ridge, os cientistas estão também utilizando o telescópio de 2,2 metros em Mauna Kea, Hawaii, que pertence à Universidade do Hawaii e o telescópio de 6,5 metros do Observatório MMT em Mount Hopkins, perto de Tucson, Arizona, EUA.

Links:

Notícias relacionadas:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg - 26/12/07
Núcleo de Astronomia do CCVAlg - 02/01/08
NASA (comunicado de imprensa)
SPACE.com
Discovery Channel
United Press International
AHN

Asteróide 2007 WD5:
Wikipedia
Órbita de 2007 WD5 (SSD)

 
  4 ANOS EM MARTE: ROVERS CONTINUAM A SURPREENDER
   

A dois robots com o tamanho de carrinhos de golfe foram dados 90 dias para fazer o maior número possível de observações e estudos científicos, no terreno árido de Marte. Depois disso, os cientistas não esperavam mais deles senão a morte. Quase quatro anos depois das suas garantias terem expirado, no entanto, os rovers marcianos "Spirit" e "Opportunity" continuam a desempenhar funções sobre o solo enferrujado de Marte.

A Spirit celebrou o seu quarto aniversário a 4 de Janeiro, o dia em que aterrou em 2004, e será seguido pela Opportunity no dia 25. Estes quatro anos terrestres desde a aterragem convertem-se em 2,25 anos marcianos, ou 1422 dias marcianos chamados "sols".


Um modelo de um dos Rovers de Exploração Marciana atravessando uma zona de simulação do Planeta Vermelho.
Crédito: NASA/JPL

"Nunca pensámos que estaríamos ainda a conduzir estes robots por Marte," disse Mark Lemmon, cientista planetário da Universidade A&M do Texas e membro da equipa dos rovers. "Quando falámos em conduzir a Opportunity na Cratera Victória, estávamos a brincar, mas agora que estamos lá, estamos já à procura de novos objectivos. Cada dia em que ainda trabalham é um dia espectacular."

Desde que os rovers saltitaram na superfície de Marte, percorreram colectivamente mais de 19,1 quilómetros e capturaram mais de 210.000 imagens, o equivalente a 55 DVD's de dados sem compressão. Os cientistas há anos que usam estas informações para desenvolver os mais de 100 estudos sobre o passado geológico do planeta, "com mais a caminho," disse Lemmon.

"Tem sido um grande ano para os rovers e estamos indo cada vez fundo na história de Marte do que alguma vez fomos," disse Lemmon. "Estes robots mudaram completamente a maneira que vemos Marte." Estas visões incluem o suporte para a existência da água em Marte, pelo menos no seu passado, sob a forma de sílica e meteoritos.

Em adição a estas evidências, o ano de 2007 veio com uma tempestade global de areia. Embora a luz solar indirecta tenha alimentado os rovers durante estas duras condições, mais de 96% da luz solar directa foi bloqueada. "Foi assustador durante algum tempo," disse Lemmon sobre as pobres condições de iluminação que quase mataram os rovers. Apesar da stressante tarefa de manter ambos os rovers vivos - e de prevenir que os seus circuitos electrónicos estalassem devido ao frio marciano - Lemmon explicou que os novos dados científicos continuam a "pingar" de Marte como resultado deste evento meteorológico.


O rover Spirit festeja o seu quarto aniversário no limite norte de uma planície baixa. Note os painéis solares totalmente sujos, que já não têm o brilho que costumavam ter.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade de Cornell
(clique na imagem para ver versão maior)

"As sondas em órbita de Marte observaram a tempestade à medida que acontecia, mas não mediram mudanças à superfície como os rovers," disse. "Os rovers estão realmente ajudando-nos a melhor compreender estas tempestades." Agora que o poeirento Verão marciano de cinco a seis meses está acabando e o inverno está chegando, os operadores terrestres encontraram um bom local para estacionar o rover Spirit. O rover sofreu falhas de software bem cedo na missão, e agora só pode viajar em marcha-trás pois a sua roda dianteira direita está presa indefinidamente. Tornando esta situação ainda pior, estão as poeiras que ainda caem derivadas da recente tempestade de areia.

"Neste momento, estamos a trabalhar com o rover mais sujo que já tivémos," disse Lemmon, que não espera que esta camada de poeira em cima dos painéis solares seja limpa pelos "diabos marcianos" tão cedo. "Como resultado, estamos considerando a Spirit como estacionada para manutenção."


Esta imagem capturada pelo rover Opportunity revela quão inteligente estes rovers se têm tornado. As marcas revelam uma condução executada pelo computador, a mais autónoma levada a cabo por qualquer um dos dois rovers.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade de Cornell
(clique na imagem para ver versão maior)

Lemmon disse que a Opportunity, no entanto, está em boa forma para continuar a explorar e a equipa não tem uma data definitiva para estacionar a máquina aventureira. "A Opportunity tem os painéis solares bem mais limpos que os da Spirit," disse Lemmon, "por isso ainda não existe uma discussão de o levar para uma encosta a Norte durante o inverno." Os cientistas já usaram este truque de inclinar os rovers na direcção Norte no passado, que ajuda a maximizar a luz solar directamente para os painéis solares durante o ténue inverno marciano.

Enquanto a Opportunity continua a estudar a Cratera Victória, a Spirit está actualmente descansando numa vertente de Home Plate - um afloramento de rochas sedimentares com a forma de uma base de baseball. "Ficará aqui durante muito tempo, mas ainda seremos capazes de fazer alguma ciência," disse Lemmon. Esta ciência inclui observar o céu em busca de nuvens de água cristalina e a obtenção de medições atmosféricas, mas o rover também poderá observar um potencial impacto de asteróide no final de Janeiro.

"Não tenho muitas esperanças que os rovers observem alguma coisa... [mas] temos esperanças de observar a nuvem de impacto à medida que se dispersa em torno do planeta," disse Lemmon. "Gosto da ideia deste presente de aniversário oferecido por Marte. Certamente trará mais excitação à missão."

Links:

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Google Mars
Vídeo sobre a presença de água em Marte (formato Quicktime)
As descobertas em Marte

Rovers marcianos da NASA:
Página oficial
Wikipedia

 
EFEMÉRIDES:

Dia 05/01: 5.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1969, lançamento da sonda soviética Venera 5.

Chega a Vénus em 16 de Maio de 1969. Depois, antes de se fragmentar na atmosfera, a cápsula foi suspensa por um pára-quedas durante 53 minutos enquanto recolhia dados da atmosfera venusiana. A sonda também transportava um medalhão com os símbolos da antiga União Soviética.
Observações: O Cometa Tuttle (8P) encontra-se na constelaçao de Peixes, com uma magitude de 5,7, brilhante o suficiente para ser visto a olho nu sob condições excelentes.

Dia 06/01: 6.º dia do calendário gregoriano.
Observações: O enxame do Presépio, também conhecido com M44, é um espectacular enxame aberto situado na constelação de Caranguejo. É facilmente visível de binóculos e contém algumas centenas de estrelas.

Dia 07/01: 7.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1610, Galileu Galilei observava pela primeira vez as quatro grandes luas de Júpiter.

Observações: Aproveite a noite para observar Marte, actualmente o ponto mais brilhante na constelação de Touro.

Dia 08/01: 8.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1977 era lançada a missão espacial soviética Luna 21.
Em 1994, o cosmonaut russo Valeri Polyakov na Soyuz TM-18 parte para a Mir.

Permanecerá na estação espacial até 22 de Março de 1995, completando um recorde de 437 dias no espaço.
Observações: Se é um tanto ou quanto madrugador, pode observar, pelas 06:00, o nascer de Vénus a Sudeste, e com ele a constelação de Escorpião.

 
 
CURIOSIDADES:

O Sistema Solar estende-se muito para além de Plutão. Considera-se que o limite do Sistema Solar será um conjunto de gases e poeiras, na sua maior parte sob a forma de cometas, que recebe o nome de nuvem de Oort, situada a cerca de 50.000 unidades astronómicas da Terra. Pensa-se que as nuvens de Oort são a proveniência dos cometas de período longo e que a massa cometária destas nuvens será superior a 40 massas terrestres.
 
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS:

Foto

Via Láctea a 5000 metros
Crédito:
Serge Brunier

Suba até 5000 metros acima do nível do mar, perto de Cerro Chajnantor no Norte dos Andes Chilenos, e o seu céu nocturno deverá parecer-se com esta paisagem cósmica. Registada a partir desse local alto e seco, esta espectacular imagem olho-de-peixe contém uma míriade de estrelas e esplêndidas nuvens de poeira da nossa Via Láctea. A direcção para o centro da Galáxia encontra-se perto do zénite e no centro da imagem, mas o Centro Galáctico propriamente dito, está escondido, localizado por trás da poeira. O brilhante Júpiter domina a cena mesmo por cima do bojo central da Via Láctea com a bem mais ténue, amarelada e gigante Antares para a sua direita. Pequena e ténue, perto do limite direito da imagem, está uma das muitas galáxias-satélite da Via Láctea, a Pequena Nuvem de Magalhães.
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