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BOLETIM ASTRONÓMICO - EDIÇÃO N.º 389
De 16/02 a 19/02/2008
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  O IMPACTO DA ACTIVIDADE HUMANA NOS OCEANOS DA TERRA
   

Se precisávamos de mais provas que nós, como raça, estamos a destruir os oceanos, então pela primeira vez, o nosso impacto foi mapeado pelo novo estudo publicado na revista Science. É algo desconfortável. Tendo em conta 17 tipos conhecidos de impacto humano nos ecosistemas marinhos, esta nova pesquisa sugere que apenas 4% dos oceanos estão relativamente intocados, enquanto 40% estão fortemente sofrendo o impacto da actividade humana. Os ecosistemas marinhos mais afectados são o Mar do Norte, os Mares Sul e Norte da parte Este da China, o mar das Caraíbas, o Mediterrâneo, o Mar Vermelho, o Mar de Bering, a costa Este da América do Norte e em grande parte do Pacífico Oeste.


Mapa do impacto global que 17 diferentes actividades humanas estão a ter nos ecosistemas marinhos. As ampliações mostram 3 das regiões mais afectadas, e uma das menos afectadas.
Crédito: B. S. Halpern
(clique na imagem para ver versão maior)

O novo mapa de alta-resolução, de regiões predominantemente amarelas e de pontos vermelhos, pode ser facilmente confundido com um mapa da temperatura global. No entanto, este mapa é o primeiro do seu género, mapeando como a actividade humana afecta os oceanos da Terra. À primeira vista é óbvio que a maioria dos oceanos já foi afectado, de uma ou outra maneira, pela contínua e destruidora actividade humana, com apenas as regiões polares contendo alguns dos mares mais pristinos e intocados. Estas são praticamente as únicas porções do mapa onde o alcance da actividade humana não consegue ainda chegar, mas à medida que o aquecimento global aumenta, as calotes polares poderão revelar mais mares para a Humanidade explorar.

Esta nova pesquisa foi anunciada no passado dia 14 na reunião anual da AAAS (American Association for the Advancement of Science), e foi publicada na edição de 15 de Fevereiro da revista Science. Embora este trabalho saliente as preocupações acerca dos estragos nos oceanos, pode também ajudar os futuros esforços na preservação de áreas de baixo impacto humano e irá ajudar-nos a identificar as regiões mais afectadas.

O mapa foi criado através da divisão dos oceanos da Terra numa grelha com quadrados de 1 por 1km. Os 17 factores humanos (estes incluem a pesca, o desenvolvimento costeiro, a fuga de fertilizantes e a poluição de tráfego marítimo) que mais contribuem para a destruição dos oceanos foram identificados e a amplitude em cada dos pontos da grelha foi influenciado pelo cálculo da contribuição de cada factor. Um "ponto de impacto" foi então alocado em cada local para pontuar como 20 tipos diferentes de ecosistemas estão sendo afectados por cada factor. Descobriu-se que, surpreendentemente, 41% dos oceanos da Terra tinham pontuações médias-altas e altas. 0,5% têm pontuações muito altas, representando 2,2 milhões de quilómetros quadrados.

Embora estes resultados pareçam terríveis, é a primeira oportunidade que os cientistas tiveram para avaliar quais os oceanos mais afectados, e muitos parecem mais dipostos em melhor gerir os oceanos, preservando o que resta dos nossos mares "virgens".

"Os nossos resultados mostram que quando estes e outros impactos individuais são somados, o panorama geral parece muito pior do que eu e a maioria das pessoas poderia imaginar. Foi certamente uma surpresa para mim. [...] Com um maior esforço, é possível proteger os locais dos oceanos que permanecem relativamente intocados, e temos boas hipóteses de preservar essas áreas em boas condições," disse Ben Halpern, cientista da Universidade de Califórnia, líder da pesquisa.

Links:

Notícias relacionadas:
Science (requer subscrição)
AAAS
The Guardian
New Scientist
The Register
Washington Post
National Geographic
BBC News
MSNBC
LiveScience.com
ScienceDaily

Reportagem do novo mapa:
BBC News (formato Windows Media Player)

 
  QUÍMICOS ORGÂNICOS À SUPERFÍCIE DE TITÃ ULTRAPASSAM RESERVAS DE PETRÓLEO DA TERRA
   

 

De acordo com novos dados da sonda Cassini, a lua laranja de Saturno, Titã, tem centenas de vezes mais hidrocarbonetos líquidos que todas as reservas de petróleo e gás natural conhecidas na Terra. Os hidrocarbonetos chovem do céu, sendo recolhidos em vastos depósitos que formam lagos e dunas.

As novas descobertas do estudo liderado por Ralph Lorenz, membro da equipa de radar da Cassini, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, EUA, são descritas na edição de 29 de Janeiro de 2008 da Geophysical Research Letters.

Impressão de artista de piscinas de hidrocarbonetos, terreno rochoso e gelado na superfície da maior lua de Saturno, Titã.
Crédito: Steven Hobbs
(clique na imagem para ver versão maior)

"Titã está coberto por material composto por carbono - é uma fábrica gigante de químicos orgânicos," disse Lorenz. "Este vasto inventário de carbono é uma janela importante para a geologia e história climática de Titã."

A uns frios -179º C, Titã não é nada semelhante à Terra. Em vez de água, hidrocarbonetos líquidos sob a forma de metano e etano estão presentes na superfície da lua, e "tholins" provavelmente constituem as suas dunas. O termo "tholins" foi inventado por Carl Sagan em 1979 para descrever moléculas orgânicas complexas no coração da química prebiótica.

A sonda Cassini mapeou já cerca de 20% da superfície de Titã com radar. Já foram observados algumas centenas de lagos e mares, nos quais se estimam que várias dúzias contenham mais hidrocarbonetos líquidos que as reservas de óleo e gás natural da Terra. As dunas escuras que percorrem o equador contêm um volume orgânico várias centenas de vezes superior que as reservas de carvão da Terra.

As reservas conhecidas de gás natural na Terra totalizam as 130 mil milhões de toneladas, suficientes para providenciar 300 vezes a quantidade anual necessária de energia que os EUA utilizam para o aquecimento, arrefecimento e luz residenciais. Dúzias de lagos individuais em Titã têm o equivalente de pelo menos esta energia sobre a forma de metano e etano.

"Esta estimativa global tem maioritariamente por base os lagos observados nas regiões polares norte. Assumimos que o pólo sul de Titã seja similar, mas na realidade ainda não sabemos a quantidade exacta de líquido," disse Lorenz. O radar da Cassini observou a região polar sul apenas uma vez, e viu apenas dois pequenos lagos. Estão planeadas observações futuras dessa área durante a proposta missão extendida da Cassini.

Os cientistas estimaram a profundidade dos lagos de Titã usando algumas suposições gerais com base nos lagos da Terra. Utilizaram a área e profundidade médias dos lagos na Terra, tendo em conta as áreas vizinhas, como montanhas. Na Terra, a profundidade dos lagos é normalmente dez vezes menor que a altura do terreno em volta.

Lagos e mares em Titã.
Crédito: NASA/JPL
(clique na imagem para ver versão maior)

"Também sabemos que alguns lagos têm mais ou menos 10m de profundidade porque aparecem literalmente negros no radar. Se fossem mais superficiais, veríamos o chão do lago, mas não vemos," diz Lorenz.

A questão de quanto deste líquido se encontra à superfície é importante porque o metano é um forte gás no efeito de estufa em Titã, bem como na Terra, só que existe muito mais na lua de Saturno. Se todo o líquido observado em Titã é metano, duraria apenas uns quantos milhões de anos, porque à medida que o metano se transporta para a atmosfera de Titã, é quebrado e escapa-se para o espaço. Se o metano acabasse, Titã tornar-se-ia bem mais frio. Os cientistas acreditam que o metano possa ser fornecido à atmosfera através de ventilação do interior em erupções criovulcânicas. Se tal for o caso, a quantidade de metano, e a temperatura em Titã, pode ter flutuado dramaticamente no passado.

"Nós somos formas de vida com base no carbono, e conhecer o estado da complexidade dessa cadeia num ambiente como Titã na direcção da vida, é importante para a compreensão das origens da vida pela Universo," acrescentou Lorenz.

O próximo voo rasante da Cassini por Titã será no dia 22 de Fevereiro de 2008, quando o instrumento de radar observar o local de aterragem da sonda Huygens da ESA.

Links:

Notícias relacionadas:
ESA (comunicado de imprensa)
NASA (comunicado de imprensa)
Universe Today
SPACE.com
SpaceRef
PHYSORG.com
Discovery Channel
Wired
Slashdot

Titã:
Solarviews
Wikipedia

Vídeo de radar dos lagos em titã (formato Quicktime)

Saturno:
Solarviews
Wikipedia

Cassini:
Página oficial (NASA)
Wikipedia

Huygens:
Página oficial (ESA)
Wikipedia

 
 
 
EFEMÉRIDES:

Dia 16/02: 47.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1786 nascia François Arago, cientista pioneiro na natureza da onda da luz e o inventor do polarómetro e outros instrumentos ópticos. A sua teoria da luz previa que a velocidade da luz decresceria ao passar por um meio mais denso.
Em 1948 é descoberta a lua de Urano Miranda, por Gerard Kuiper.

Observações: Com o Outono já bem longe, o Grande Quadrado de Pégaso está agora a pôr-se a Oeste-Noroeste. Procure-o ao caír da noite.

Dia 17/02: 48.º dia do calendário gregoriano.
Observações: Aproveite para tentar fotografar a Nebulosa de Orionte.

Dia 18/02: 49.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1977, fazia-se o voo inaugural do Space Shuttle Enterprise a partir do topo de um Boeing 747.

Dia 19/02: 50.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 2002, a sonda Mars Odyssey começava a mapear a superfície de Marte.

Observações: Aproveite a noite para observar com binóculos o planeta Saturno.

 
 
CURIOSIDADES:
Vistas no outro Hemisfério que não o de residência, muitas constelações parecem estar "de cabeça para baixo".
 
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS:

Foto

Estrelas jovens na nuvem Rho Ophiuchi
Crédito:
NASA JPL-Caltech, Harvard-Smithsonian CfA

Nuvens cósmicas de poeira e estrelas recém-nascidas brilham no infravermelho, nesta tantalizante imagem em cores-falsas obtida pelo Telescópio Espacial Spitzer. Na imagem está uma das mais próximas regiões de formação estelar, parte do complexo de nuvens Rho Ophiuchi a uns 400 anos-luz de distância, perto do limite sul da constelação de Ofiúco. A imagem cobre uma área de aproximadamente 5 anos-luz a essa distância estimada. Depois de se formarem ao longo de uma grande nuvem fria de hidrogénio molecular, as jovens estrelas aquecem a poeira em redor e produzem o brilho infravermelho. Uma exploração da região pelo penetrante infravermelho detectou cerca de 300 estrelas recém-nascidas cuja idade média está estimada em apenas 300.000 anos -- extremamente jovens quando comparadas com os 5 mil milhões de anos do nosso Sol.
Ver imagem em alta-resolução

 
 
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