NOTÍCIAS ASTRONÓMICAS - N.º 41
13 de Julho de 2004
CASSINI ATINGIDA POR TEMPESTADE DE MICRO-PARTÍCULAS

A sonda Cassini foi atingida duas vezes por uma tempestade de pó à medida que passava pelos anéis de Saturno, mesmo antes de entrar em órbita a 30 de Junho.


Imagem computorizada da sonda Cassini durante a Inserção Orbital de Saturno.
Crédito: JPL/NASA
(clique na imagem para ver versão maior)

A Cassini passou por conhecidas aberturas nos anéis para que não fosse destruída por grandes bocados de gelo. No entanto, estas brechas não estão completamente vazias.

A Cassini foi polvilhada por pedacinhos microscópicos de pó que embateram a uma velocidade de 20 quilómetros por segundo. No pico da actividade, 680 partículas colidiram com a sonda a cada segundo, de acordo com o site Science.NASA.gov.

Os impactos foram registados e convertidos num ficheiro de som que está disponível na Internet.

"Quando atravessámos o plano dos anéis, tínhamos aproximadamente 100,000 impactos de micro-partículas em menos de 5 minutos," disse o membro de equipa da Cassini Don Gurnett, da Universidade de Iowa. Gurnett afirmou que estes pedaços tinham aproximadamente o tamanho de partículas presentes no fumo de um cigarro.


Embora os anéis de Saturno sejam facilmente visíveis através de um pequeno telescópio, têm menos de um quilómetro de espessura.
Crédito: Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve

A maioria dos impactos teve lugar na antena de alto-ganho da sonda, que foi desenhada para aguentar tais embates. Aparentemente não há danos.

Cada partícula gerou uma bafurada de supercalor, um gás ionizado chamado plasma. O instrumento da Cassini Radio and Plasma Wave Science (RPWS) registou este acontecimento.

"Convertemos os dados em sons audíveis que se parecem com granizo a cair em cima de um telhado de lata", disse Gurnett, que é o principal investigador do instrumento.

Em outras observações, a sonda aprofundou o nosso conhecimento da composição dos anéis gelados e sujos de Saturno. A Cassini começou agora o seu trabalho de 4 anos, com vista a estudar os anéis e luas em vários voos rasantes.

Links:

Ouça o som da tempestade de pó (ficheiro Quicktime):
http://science.nasa.gov/headlines/y2004/images/hailstorm/61980main_PIA06410-Sounds-movie.mov

Os anéis de Saturno pela Cassini:
http://www.space.com/scienceastronomy/saturn_rings_040708.html
http://www.newscientist.com/news/news.jsp?id=ns99996131

Cassini ouve uma tempestade solar:
http://www.space.com/scienceastronomy/mystery_monday_031103.html
http://www-pw.physics.uiowa.edu/space-audio/cassini/ksc_110503_flare.ram (ficheiro Real)

Saturno:
http://www.ccvalg.pt/astronomia/astronline/saturno.htm

 
EDIÇÃO DE IMAGENS DO HUBBLE DISPONÍVEL AO PÚBLICO

Os astrónomos que trabalham com o Telescópio Espacial Hubble obtêm muitas vezes espectaculares imagens com base em dados brutos tirados pelo instrumento orbital. Mas graças a um novo software, esse poder pode agora chegar às mãos de qualquer pessoa e não só cientistas, quando equipados com um computador e um programa de edição de imagem.

O software, chamado FITS Liberator, é na realidade um plugin para o software Adobe Photoshop e está disponível gratuitamente no site europeu do Hubble. O plugin permite aos entusiastas de imagens espaciais trabalhar esses dados que eram antigamente apenas reservados aos astrónomos com ferramentas altamente especializadas.


Screenshot que mostra o programa o ESA/ESO/NASA Photoshop FITS Liberator em acção. Este tem um número de características interactivas que torna mais fácil a edição profissional de imagens de modo a produzir atractivas imagens de objectos celestes.
Crédito: ESA/ESO/NASA
(clique na imagem para ver versão maior)

O FITS Liberator permite aos utilizadores de computadores pessoais a manipulação de imagens astronómicas no formato, claro, FITS (Flexible Image Transport System), ao deixar com que o Photoshop e derivados aceitem as imagens como se fossem simples ficheiros JPEGs ou GIFs. Os cientistas no Observatório Espacial Europeu, na Agência Espacial Europeia e na NASA desenvolveram este software.

As imagens FITS propriamente ditas estão disponíveis em numerosos arquivos públicos, tal como os mantidos pelo Instituto Científico do Telescópio Espacial (STScI), que opera o Hubble para a NASA. O formato dos dados é desde há muito tempo padrão entre os astrónomos devido à sua habilidade de gravar e transferir não só uma imagem, como também informação sobre a posição e espectro de um objecto espacial em particular. Outros formatos de imagens como os JPEGs e GIFs também contêm dados informativos da imagem, tais como o número de pixéis presentes, mas não são tão flexíveis.


Esta imagem a cores da nebulosa NGC 5979 foi combinada a partir de dados de ficheiros FITS com o plugin para Photoshop da ESA/ESO/NASA FITS Liberator. As imagens a preto-e-branco são seguidas por exposições semelhantes com filtros, que foram combinados para formar esta imagem.
Crédito: ESA/ESO/NASA
(clique na imagem para ver versão maior)

De qualquer modo, há que perceber os princípios fundamentais dos dados.

Em adição ao HST, os ficheiros FITS são gerados pelo Telescópio da NASA Spitzer, o telescópio de raios-X XMM-Newton da ESA e qualquer outro instrumento (terrestre ou espacial) que pesquise o céu.

Links:

Fits Liberator:
http://www.spacetelescope.org/projects/fits_liberator/

Exemplos de dados de vários objectos:
http://www.spacetelescope.org/projects/fits_liberator/datasets.html
http://www.spacetelescope.org/projects/fits_liberator/archives.html

 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
     
 
Nebulosa do Anel - Crédito: Tony e Daphne Hallas
Tem ouvido falar recentemente acerca de planetas com anéis? Bem, considere esta esplêndida vista celestial centrada na nebulosa planetária M57, a famosa Nebulosa do Anel. A imagem é uma composição de três exposições; uma para registar os detalhes interiores e familiares da nebulosa que se estende por um ano-luz, um para captar os complexos mas ténues anéis exteriores de hidrogénio brilhante, e um outro para apanhar as numerosas mas distantes galáxias de fundo. Por acaso, uma das mesmas, IC 1296, em cima e para a esquerda, está perto o suficiente para mostrar os seus braços e estrutura espiral. Curiosamente, embora IC 1296 esteja a 200 milhões de anos-luz de distância em comparação com os 2,000 anos-luz de M57, um ténue anel é também aparente à volta dos limites da galáxia espiral distante.
Ver imagem em alta-resolução
     
 

De 1 de Julho a 15 de Setembro, todas as noites excepto às Segundas, entre as 21:00 e as 23:00, na açoteia do Centro Ciência Viva do Algarve.
 

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  EFEMÉRIDES:  
 

Dia 13/07: 195º dia do  calendário gregoriano.
Aproveite a noite para observar a sombra da lua Ganimedes sobre o planeta Júpiter.

Dia 14/07: 196º dia do calendário gregoriano.
Em 1965 era realizado o primeiro voo rasante de Marte, pela sonda Mariner 4.

Dia 15/07: 197º dia do  calendário gregoriano.
Em 1975 as naves Apollo e Soyuz descolam para a ligação americana e soviética no espaço.
Vénus encontra-se no seu brilho máximo: -4.5.

 
 
  CURIOSIDADES:  
 
A Astronomia é considerada uma ciência "passiva" comparada com as outras pois o conhecimento é baseado maoritariamente nas observações e não nas experiências.
 
 
 
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Compilado por: Miguel Montes e Alexandre Costa
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