O rover Opportunity da NASA está com os olhos postos numa cratera mais de 20 vezes maior que o seu lar durante os últimos dois anos.
Para alcançar a cratera que a equipa científica do rover chama de Endeavour, o Opportunity necessita percorrer aproximadamente 12 quilómetros para sudeste, igualando a distância total que já percorreu desde que aterrou em Marte no começo de 2004. O rover saíu da cratera Victória no princípio do mês passado.
"Podemos não lá chegar, mas é a direcção cientificamente correcta a seguir," disse Steve Squyres da Universidade de Cornell, investigador principal dos instrumentos científicos do Opportunity e do seu gémeo, Spirit. "Esta cratera é espantosamente grande quando comparada com tudo o que já vimos até agora."
A equipa científica que opera o rover Opportunity da NASA escolheu Sudeste como a direcção da sua próxima viagem prolongada, na direcção de uma cratera mais de 20 vezes maior que a Cratera Victória.
Crédito: NASA/JPL/ASU
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Alcançar esta meta daria uma imagem de dentro de uma bacia com 22 quilómetros de diâmetro. Os cientistas esperam ver muitas mais camadas de sedimentos que os examinados previamente na Cratera Victória.
"Gostaria muito de ver a vista desse rebordo," disse Squyres. "Mas mesmo que nunca lá cheguemos, à medida que nos movemos para Sul, esperamos ver camadas de rochas à superfície cada vez mais jovens. Também existem grandes crateras para o sul que pensamos serem boas fontes de pedras que queremos estudar na planície. Algumas das pedras podem ser amostras de camadas mais profundas que a Opportunity alguma vez verá, e nós esperamos descobrir mais pedras à medida que nos dirigimos para Sul."
O Opportunity terá que acelerar o passo para lá chegar. A equipa do rover estima que o Opportunity possa percorrer cerca de 100 metros por cada dia que se dirija para a cratera Endeavour. Mesmo a esse ritmo, a viagem pode demorar dois anos.
"Este é o objectivo mais arrojado e agressivo que já enfrentámos," disse John Callas, gestor do projecto dos dois rovers no JPL da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA. "É tremendamente excitante. É nova ciência. É o próximo grande desafio para estes exploradores robóticos."
O Opportunity, tal como o Spirit, já há muito que ultrapassou o seu tempo de vida esperado em Marte, e pode não continuar a trabalhar o suficiente para alcançar a cratera. No entanto, dois novos recursos não disponíveis durante a viagem até à Cratera Victória em 2005 e 2006 são esperados ajudar neste novo percurso.
Um é a observação orbital de detalhes mais pequenos até que o próprio rover, usando a câmara HiRISE (High Resolution Imaging Science Experiment) a bordo da sonda Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, que chegou ao Planeta Vermelho em 2006. "A HiRISE permite-nos identificar caminhos e potenciais perigos à escala do rover durante o percurso," disse Callas.
Outras vantagens derivam de uma versão de software de voo enviada para o Opportunity e para o Spirit em 2006, aumentando a sua capacidade para autonomamente escolher caminhos e evitar perigos como dunas de areia.
Durante o seu primeiro ano em Marte, o Opportunity descobriu provas geológicas que a área onde aterrou teve água subterrânea e à superfície no seu passado distante. As explorações do rover desde aí acrescentaram informações sobre como esse ambiente mudou com o tempo. A descoberta de camadas rochosas por cima e por baixo das camadas já examinadas adicionam janelas para períodos mais antigos e recentes da história de Marte.
Links:
Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
Universe Today
PHYSORG.com
Reuters
BBC News
MSNBC
UPI
Rovers marcianos da NASA:
Página oficial
Wikipedia
Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Google Mars
Vídeo sobre a presença de água em Marte (formato Quicktime)
As descobertas em Marte |