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BOLETIM ASTRONÓMICO - EDIÇÃO N.º 476
De 17/12 a 19/12/2008
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  ENERGIA ESCURA RESTRINGE DESENVOLVIMENTO DO UNIVERSO
   


A imagem à esquerda é o enxame galáctico Abell 85, localizado a uns 740 milhões de anos-luz de distância. Este enxame é um dos 86 observados pelo Chandra para estudar como a energia escura reprimiu o crescimento destas estruturas massivas ao longo dos últimos 7 mil milhões de anos. A imagem da direita mostra retratros de uma simulação por Volker Springel, representado o crescimento de estruturas cósmicas quando o Universo tinha 0,9 mil milhões, 3,2 mil milhões e 13,7 mil milhões de anos (agora). Isto mostra como o Universo evoluíu a partir de um estado macio até um contendo uma vasta rede estrutural. O crescimento destas estruturas foi inicialmente conduzido pela força atractiva da gravidade, mas mais tarde houve uma competição com a força repulsiva da energia escura.
Crédito: Raios-X (NASA/CXC/SAO/A. Vikhlinin et al.); Óptico (SDSS); Ilustração (MPE/V. Springel)
(clique na imagem para ver versão maior)

Pela primeira vez, usando o Observatório de raios-X Chandra da NASA, os astrónomos observaram claramente os efeitos da "energia escura" nos objectos colapsados mais massivos do Universo. Ao estudar como a energia escura reprimiu o crescimento dos enxames galácticos, e em combinação com outros estudos anteriores, os cientistas obtiveram as melhores pistas sobre o que é a energia escura e qual poderá ser o destino do Universo.

Este trabalho, que demorou anos a ser feito, é diferente de outros métodos de pesquisa de energia escura como as supernovas. Estes novos resultados em raios-X providenciam um teste independente e crucial da energia escura, há muito perseguida pelos cientistas, que depende sobre como a gravidade compete com a expansão acelerada no crescimento das estruturas cósmicas. Técnicas baseadas em medições de distâncias, tais como os trabalhos em supernovas, não têm esta sensibilidade especial.

Os investigadores pensam que a energia escura é uma forma de gravidade repulsiva que agora domina o Universo, embora não tenham nenhuma ideia clara do que na realidade é. Compreender a natureza da energia escura é um dos maiores problemas da Ciência. As várias possibilidades incluem a constante cosmológica, que é equivalente à energia do espaço vazio. Outras incluem uma modificação da relatividade geral nas maiores escalas, ou um campo físico mais geral.

Para ajudar a decidir entre estas opções, é necessária uma nova maneira de olhar para esta energia escura. É alcançada ao observar como a aceleração cósmica afecta o crescimento de enxames galácticos com o passar do tempo.

"Este resultado pode ser descrito como um 'desenvolvimento restrito do Universo'," disse Alexeu Vikhlinin do Observatório Astrofísico do Smithsonian em Cambridge, Massachusetts, que liderou a pesquisa. "O que quer que esteja a forçar a expansão acelerada do Universo, está também a forçar uma diminuição na velocidade do seu desenvolvimento."

Vikhlinin e seus colegas usaram o Chandra para observar o gás quente em dúzias de enxames de galáxias, que são os maiores objectos colapsados do Universo. Alguns destes enxames estão relativamente perto e outros estão a mais de metade do caminho até ao "limite" conhecido do Universo.

Os resultados mostram que o aumento na massa dos enxames galácticos com o passar do tempo está em linha com um Universo dominado pela energia escura. É mais difícil, para objectos como os enxames galácticos, crescerem quando o espaço está esticado, como é o provocado pela energia escura. Vikhlinin e a sua equipa vêm claramente este efeito nos seus dados. Os resultados são notavelmente consistentes com aqueles das medições de distâncias, revelando que a relatividade geral se aplica, como esperado, em grandes escalas.

"Durante anos, os cientistas quiseram começar a testar como funciona a gravidade em grandes escalas e agora finalmente começámos," disse William Forman, co-autor do estudo do Observatório Astrofísico do Smithsonian. "Este é um teste que a relatividade geral bem podia ter falhado."

Quando combinado com outras pistas -- supernovas, o estudo da radiação cósmica de fundo e a distribuição das galáxias --, este novo resultado em raios-X dá aos cientistas a melhor compreensão até à data das propriedades da energia escura.

O estudo reforça as evidências que a energia escura é a constante cosmológica. Embora seja o candidato principal para explicar a energia escura, os trabalhos teóricos sugerem que deva ser cerca de 120^10 vezes maior que a observada. Por isso, estão a ser exploradas alternativas à relatividade geral, tais como teorias que envolvem dimensões escondidas.

"Aglomerar todos estes dados dá-nos a evidência mais forte da energia escura ser a constante cosmológica, ou por outras palavras, que 'nada pesa algo'," afirma Vikhlinin. "Serão necessários muitos mais testes, mas até agora a teoria de Einstein tem-se revelado completamente fiável."

Estes resultados têm consequências na previsão do derradeiro destino do Universo. Se a energia escura for explicada pela constante cosmológica, a expansão do Universo continuará a acelerar, e a Via Láctea e a sua galáxia vizinha, Andrómeda, nunca se irão juntar com o enxame de Virgem. Nesse caso, daqui a aproximadamente 100 mil milhões de anos, todas as outras galáxias irão desaparecer do ponto de vista da Via Láctea e, eventualmente, os superenxames locais de galáxias desintegrar-se-ão.

O trabalho por Vikhlinin e seus colegas será publicado em dois artigos separados na edição de 10 de Fevereiro do Astrophysical Journal.

Links:

Notícias relacionadas:
Chandra (comunicado de imprensa)
NASA (comunicado de imprensa)
New Scientist
Universe Today
Discover
SPACE.com
Newswise Science News
AFP
Reuters
Wired
MSNBC
M&C
BBC News

Energia escura:
Wikipedia
Quando começou a aceleração cósmica? Quão rápida foi a transição (artigo em formato PDF)

Universo:
Universo (Wikipedia)
Idade do Universo (Wikipedia)
Estrutura a grande-escala do Universo (Wikipedia)
Big Bang (Wikipedia)
Cronologia do Big Bang (Wikipedia)

Chandra:
Página oficial (Harvard)
Página oficial (NASA)
Wikipedia

 
  ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
       
  Foto  
As Dumbbell - Crédito: Daniel López, IAC
Estas duas nebulosas estão catalogadas como M27 (esquerda) e M76, conhecidas popularmente como Dumbbell e Pequena Dumbbell. O seu nome popular refere-se à sua forma semelhante a uma ampulheta. Ambas são nebulosas planetárias, nuvens de gás libertadas pela morte de estrelas tipo-Sol, e são parecidas em tamanho, mais ou menos 1 anos-luz em diâmetro. Ambas as imagens foram feitas à mesma escala, por isso a diferença entre o tamanho aparente é porque uma se encontra mais perto que a outra. As estimativas sugerem 1200 anos-luz para M27 e 3000 anos-luz ou mais para M76. Estas imagens de cor-falsa de céu profundo mostram estruturas espectacularmente complexas, salientando a emissão dos átomos de hidrogénio, nitrogénio e oxigénio dentro das nuvens cósmicas.
Ver imagem em alta-resolução
 
 
 
EFEMÉRIDES:

Dia 17/12: 352.º dia do calendário gregoriano.
Observações: Aproveite a noite para fazer umas fotos da Grande Nebulosa de Orionte.

Dia 18/12: 353.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1966, foi descoberta por Richard L. Walker, a lua de Saturno Epimeteu, que depois foi "perdida" durante 12 anos.

Observações: De madrugada, perto da constelação de Leão, poderá observar o brilhante Saturno. É uma boa altura para o ver telescopicamente porque os seus anéis estão quase de lado, em relação com o nosso ponto de vista. Por isso, estarão extremamente finos.

Dia 19/12: 354.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1972, a Apollo 17, a última missão lunar tripulada, regressava à Terra.

Observações: Lua em Quarto Minguante, pelas 10:30.

 
 
CURIOSIDADES:

A Grande Nuvem de Magalhães e a Pequena Nuvem de Magalhães devem o seu nome ao facto de terem sido descobertas pelo português Fernão de Magalhães na sua viagem de circumnavegação.
 
 
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