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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 500
De 18/02 a 19/02/2009
 
Para comemorar a edição n.º 500 do Astroboletim do Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve, decidimos renovar um pouco a sua aparência, mas ao mesmo tempo mantendo o conteúdo habitual e as secções já existentes. Se quiser fornecer-nos algum feedback, sejam opiniões, críticas ou até sugestões (por exemplo, de secções que gostaria de ver adicionadas), contacte-nos!
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Dia 18/02: 49.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1930, enquanto estudava fotografias tiradas em Janeiro, Clyde Tombaugh descobre Plutão. Na altura foi designado como o nono planeta do Sistema Solar e o mais afastado. Desde aí, descobrimos também quão "não parecido com um planeta" realmente é. Finalmente, em 2006 deixa de ser planeta principal para passar a ser classificado como planeta anão.
Em 1977, fazia-se o voo inaugural do vaivém espacial Enterprise a partir do topo de um Boeing 747.

Em 2001, astrónomos lêm a luz espectral das estruturas mais antigas do Universo: o quasar RD J030117+002025 na constelação de Baleia. A luz do quasar viajou 13 mil milhões de anos. Isto significa que existiu numa altura em que o Universo tinha cerca de 8% da sua idade actual.
Em 2003, o cometa C/2002 V1 (NEAT) atinge o periélio, visto pela SOHO.
Observações: Aproveite a noite para observar com binóculos o planeta Saturno.

Dia 19/02: 50.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1473, nascia Nicolau Copérnico, conhecido como o fundador da Astronomia Moderna.

No ano de 1530, completa e anuncia ao mundo o seu grande trabalho "De Revolutionibus", que explica que a Terra roda sobre o seu próprio eixo uma vez por dia e viaja à volta do Sol anualmente.
Em 1924, Edwin Hubble escreve a Harlow Shapley: "Estará interessado em saber que encontrei uma variável Cefeida na Nebulosa de Andrómeda" (a actualmente conhecida «Galáxia de Andrómeda»).
Em 1986, a União Soviética lança a estação espacial Mir.
Em 2002, a sonda Mars Odyssey começava a mapear a superfície de Marte.
Observações: O planeta Vénus encontra-se na sua maior face iluminada (o maior número de arco-segundos quadrados iluminados).

 
 
 
Um veículo espacial tem que se mover a uma velocidade mínima de 11,2 km/s para escapar à gravidade da Terra.
 
 
 
AIA 2009
 
 
  OBSERVE CINCO PLANETAS  
 

Este mês terá uma oportunidade de ver todos os cinco planetas observáveis à vista desarmada - mas não ao mesmo tempo. Dois deles são objectos nocturnos, enquanto os outros três estão aglomerados, bem baixo a Este-Sudeste ao amanhecer.

Os planetas movem-se pelo nosso céu e tornam-se mais brilhantes ou ténues com o passar do tempo, dependendo da sua posição orbital em torno do Sol. Urano, Neptuno e o ex-planeta principal, Plutão, nunca são visíveis à vista desarmada (embora Urano se situe mesmo no limite do que o olho humano consegue ver).

Se alguma vez quis observar um planeta tão brilhante e intenso, capaz até de cortar a nossa respiração, esta é uma boa semana e Vénus é esse planeta. Está pendurado como uma lanterna, alto a Oeste à medida que anoitece. É agora tão brilhante que não deverá ter problemas em encontrá-lo antes do pôr-do-Sol contra um céu limpo, azul e profundo - também uma boa altura para observar o seu dramático crescente por um telescópio. Nem precisará de um mapa para observar este ponto brilhante sem rival. Vénus põe-se mais de três horas depois do Sol.

Vénus encontra-se agora no pináculo do seu brilho para esta aparição nocturna actual. Através de um telescópio durante as próximas semanas, o seu crescente irá tornar-se cada vez maior mas mais fino à medida que o planeta se aproxima da Terra, no esquema celeste das coisas, e mostrar-nos-á mais do seu lado nocturno. No final do mês, Vénus é similar, em tamanho aparente, com Júpiter - mas menos de um quarto da sua superfície está iluminada.

As marcas acinzentadas nas nuvens do planeta permanecem bastante subtis. Tente observá-lo por volta do pôr-do-Sol, quando o céu estiver ainda iluminado e o crescente de Vénus for menos brilhante do que geralmente é após o anoitecer. Também procure sinais da misteriosa «luz cinzenta» (ou luz Ashen) - uma iluminação ainda por explicar que alguns observadores ocasionalmente notam em partes do lado nocturno de Vénus.

Conjunção entre Vénus e a Lua, dia 27 de Fevereiro.
Crédito: Miguel Montes, Starry Night

Na noite de 27 de Fevereiro, terá a hipótese de observar uma espectacular conjunção entre Vénus e a Lua, numa fase crescente. O par persistirá desde antes do pôr-do-Sol até por volta das 21 horas. Vénus situa-se a cerca de 4º por cima do crescente lunar com 3 dias. Não perca esta bonita cena celeste!

O próximo planeta a observar é Saturno. Esta semana nasce a Este cerca de hora e meia após o pôr-do-Sol, mas quando alcançar a sua oposição ao Sol no dia 8 de Março, será visível toda a noite, desde o lusco-fusco até ao amanhecer. Duas noites depois, na noite de 10 para 11 de Março, Saturno estará a 5º da Lua Cheia.

Aumentando ligeiramente de magnitude +0,7 para +0,5, Saturno aparece duas vezes mais brilhante que a estrela azulada, Régulo, a estrela mais brilhante da constelação de Leão. Brilhando com um tom branco-amarelado, Saturno encontra-se para baixo e para a esquerda desta estrela de 1.ª magnitude.

Se possui um telescópio capaz de ampliar no mínimo 30x, será capaz de observar o seu famoso sistema anular, que agora parece uma linha brilhante que bissecta o disco de Saturno. Os anéis abrem ligeiramente até 2,3º (desde o seu limite) no final de Fevereiro, mas os anéis começarão novamente a "fechar" lá para o final da Primavera, por fim até "desaparecendo", mesmo em grandes telescópios, a meio do Verão.

Os outros três planetas são objectos matinais. Dois destes serão visíveis no final de Fevereiro mas com alguma dificuldade: Júpiter e Mercúrio.

A conjunção solar para Júpiter teve lugar no dia 24 de Janeiro; durante a última semana de Fevereiro estará já no seu caminho para boa observação, aparecendo um pouco mais alto a cada dia que passa. Para cima e para a sua direita estará o bem mais ténue Mercúrio. Traga binóculos para esta difícil observação; os dois planetas estarão muito baixos no horizonte a Este-Sudeste cerca de 30-35 minutos antes do nascer-do-Sol.

Mesmo antes do nascer-do-Sol do dia 22, procure a esplêndida e já fina Lua, a apenas dois dias e meio da sua fase Nova, perto do horizonte a Este-Sudeste. Se a encontrar, use-a como guia para localizar Mercúrio e Júpiter, a cerca de 5 ou 6 graus para a esquerda e para baixo do satélite natural. Os binóculos vão ajudar.

Mesmo antes do nascer-do-Sol do dia 22 de Fevereiro, Júpiter e Mercúrio serão fáceis de encontrar usando a Lua como guia. Para observar Marte, precisará de binóculos.
Crédito: Miguel Montes, Starry Night

Júpiter e Mercúrio irão estar em conjunção na manhã de dia 24 de Fevereiro, com Júpiter parecendo estar mesmo por cima de Mercúrio; estão separados por apenas 0,4 graus. Em comparação, o diâmetro aparente da Lua é 0,5 graus. Deverá olhar muito baixo perto do horizonte a Este-Sudeste. Mercúrio brilha com uma magnitude de -0,1, mas ainda aparece com um-sexto do brilho de Júpiter, aproximadamente -2.0.

O único planeta fora deste círculo de visibilidade é Marte. Brilhando a uma magnitude de +1,3 e situado dentro do brilho do amanhecer mesmo uma hora antes do nascer-do-Sol, não é ainda um objecto que os observadores a latitudes portuguesas consigam observar. No entanto, nas manhãs de 18, 19 e 20 de Fevereiro, Marte e Júpiter estarão separados por menos de grau e meio. Por isso, se conseguir localizar Júpiter, deverá ser capaz de encontrar Marte com binóculos ou com um pequeno telescópio.

E com Mercúrio não muito longe, estes três constituem um bonito trio planetário. Para os leitores a Sul do equador, estes três planetas aparecerão mais altos e contra um céu ligeiramente mais escuro; daí serem mais fáceis de observar.

 
     
     
  VIA LÁCTEA PODERÁ TER MILHARES DE MILHÕES DE 'TERRAS'  
 

Com o futuro lançamento em Março da missão Kepler, cujo objectivo é descobrir planetas extrasolares, vem uma grande expectativa acerca da possibilidade de encontrar planetas habitáveis fora do nosso Sistema Solar. O Kepler será o primeiro telescópio espacial com a capacidade de descobrir planetas com o tamanho da Terra e até mais pequenos. Na mais recente reunião da AAAS (American Association for the Advancement of Science) em Chicago, EUA, o Dr. Alan Boss afirma que podem existir milhares de milhões de planetas tipo-Terra só na nossa Via Láctea, e que podemos descobrir um planeta tipo-Terra em órbita de uma grande proporção de estrelas no Universo.

Impressão de artista do Telescópio Espacial Kepler no espaço.
Crédito: NASA
(clique na imagem para ver versão maior)

"Existem qualquer coisa como várias dúzias de estrelas tipo-Sol até cerca de 30 anos-luz da nossa estrela, e penso que um bom número delas - talvez metade - pode ter planetas tipo-Terra. Por isso, sou da opinião que existem muito boas hipóteses de descobrir planetas deste género até 10, 20 ou 30 anos-luz do Sol," afirmou Bodd num podcast.

Alan Boss é astrónomo do Instituto Carnegie do Departamento de Magnetismo Terrestre de Washington, e é o autor do livro "The Crowded Universe", acerca da possibilidade de descobrir vida e planetas habitáveis fora do nosso Sistema Solar.

"Não só são provavelmente habitáveis, como provavelmente também serão habitados. Mas penso que a grande maioria das 'Terras' vizinhas irão ser habitadas por coisas que talvez sejam mais parecidas à vida na Terra de há três ou quatro mil milhões de anos," afirma o Dr. Boss. Por outras palavras, é mais provável que sejam formas de vida bacterianas, em vez de vida extraterrestre mais avançada.

Este tipo de postulado acerca da existência de vida (e inteligência) extraterrestre recai no paradigma da Equação de Drake, cujo nome honra o astrónomo Frank Drake. A Equação de Drake incorpora todas as variáveis que se deverá ter em conta quando se tenta calcular o número de civilizações tecnologicamente avançadas no Universo. Dependendo dos números que se insere na equação, a resposta deverá variar entre zero e biliões (tecnicamente, não poderá ser zero, mas sim igual ou superior a um, devido à existência da Humanidade na Terra). Esta especulação acerca da existência de vida noutros recantos do Universo continua a crescer.

Até à data, o planeta tipo-Terra mais parecido com o nosso, descoberto para lá do nosso Sistema Solar, é CoRot-Exo-7b, com um diâmetro de menos do dobro do da Terra.

A especulação do Dr. Boss e outros irá ser testada ainda este ano quando o satélite Kepler entrar em funcionamento. Com data de lançamento prevista para 9 de Março de 2009, a missão Kepler utilizará um telescópio de 0,95 metros para observar uma secção do céu que contém mais de 100.000 estrelas durante a totalidade da missão, que durará pelo menos 3,5 anos.

A possibilidade de vida noutros astros que não a Terra é excitante. Ficaremos por isso atentos quando algum dos potencialmente milhares de milhões de planetas tipo-Terra for descoberto!

Links:

Notícias relacionadas:
PHYSORG.com
New Scientist
Universe Today
BBC News
Science Mode
EurekAlert!
The Register
Telegraph
Tech Herald

Telescópio Espacial Kepler:
NASA (página oficial)
Mapa das zonas de estudo do Kepler (formato PDF)
Wikipedia

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Wikipedia (lista)
Wikipedia (lista de extremos)
Catálogo de planetas extrasolares vizinhos (PDF)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net
Extrasolar Visions

COROT:
Página oficial
ESA
Wikipedia

Equação de Drake:
Wikipedia
Para lá da Equação de Drake
Podcast acerca da Equação de Drake
Painel interactivo da Equação de Drake (PBS)

 
     
 
 
TAMBÉM EM DESTAQUE
 

Primeiro mapa gravitacional detalhado da outra face da Lua (via New Scientist)
O primeiro mapa dos campos gravitacionais da face oculta da Lua mostra que as crateras aí são diferentes das da face sempre visível. O novo mapa gravitacional foi recolhido pelo satélite japonês Kaguya, que libertou duas pequenas sondas em órbita da Lua em 2007. Os resultados podem revelar mais acerca do nosso satélite natural, como era há milhares de milhões de anos, quando magma percorria ainda a sua superfície. [Ler fonte]

Conheça o Axel: o rover 'marsupial' da NASA, com o objectivo de explorar crateras (via SPACE.com)
O rover Axel da NASA é um robot desenhado para os terrenos mais difíceis da Lua e de outros corpos planetários. A NASA refere-se ao Axel como um 'rover marsupial acorrentado', porque passaria a maior parte do seu tempo ligado a um veículo maior até que fosse necessário entrar em acção. O seu grande objectivo é descer e explorar crateras. [Ler fonte]

 
     
 
     
  A Grande Nebulosa Carina - Crédito: Observatório Europeu do Sul  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Uma jóia do céu do Hemisfério Sul, a Grande Nebulosa Carina, também conhecida como NGC 3372, tem um tamanho de aproximadamente 300 anos-luz, uma das maiores regiões de formação estelar da nossa Galáxia. Tal como a mais pequena Grande Nebulosa de Orionte a Norte, a Nebulosa Carina é facilmente visível a olho nu, embora a uma distância de 7500 anos-luz, esteja 5 vezes mais distante. Esta espectacular imagem, obtida pelo telescópio de 2,2 metros ESO/MPG no Observatório La Silla no Chile, revela detalhes magníficos dos filamentos brilhantes de gás interestelar e das nuvens de poeira cósmica escura. A Nebulosa Carina é o lar de estrelas jovens e extremamente massivas, incluindo a ainda enigmática estrela variável Eta Carinae, uma estrela com mais de 100 vezes a massa do Sol. Eta Carinae é a estrela mais brilhante para a esquerda da zona central neste campo e perto da poeirenta Nebulosa Buraco de Fechadura (NGC 3324).

 


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