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Este mês terá uma oportunidade de ver todos os cinco planetas observáveis à vista desarmada - mas não ao mesmo tempo. Dois deles são objectos nocturnos, enquanto os outros três estão aglomerados, bem baixo a Este-Sudeste ao amanhecer.
Os planetas movem-se pelo nosso céu e tornam-se mais brilhantes ou ténues com o passar do tempo, dependendo da sua posição orbital em torno do Sol. Urano, Neptuno e o ex-planeta principal, Plutão, nunca são visíveis à vista desarmada (embora Urano se situe mesmo no limite do que o olho humano consegue ver).
Se alguma vez quis observar um planeta tão brilhante e intenso, capaz até de cortar a nossa respiração, esta é uma boa semana e Vénus é esse planeta. Está pendurado como uma lanterna, alto a Oeste à medida que anoitece. É agora tão brilhante que não deverá ter problemas em encontrá-lo antes do pôr-do-Sol contra um céu limpo, azul e profundo - também uma boa altura para observar o seu dramático crescente por um telescópio. Nem precisará de um mapa para observar este ponto brilhante sem rival. Vénus põe-se mais de três horas depois do Sol.
Vénus encontra-se agora no pináculo do seu brilho para esta aparição nocturna actual. Através de um telescópio durante as próximas semanas, o seu crescente irá tornar-se cada vez maior mas mais fino à medida que o planeta se aproxima da Terra, no esquema celeste das coisas, e mostrar-nos-á mais do seu lado nocturno. No final do mês, Vénus é similar, em tamanho aparente, com Júpiter - mas menos de um quarto da sua superfície está iluminada.
As marcas acinzentadas nas nuvens do planeta permanecem bastante subtis. Tente observá-lo por volta do pôr-do-Sol, quando o céu estiver ainda iluminado e o crescente de Vénus for menos brilhante do que geralmente é após o anoitecer. Também procure sinais da misteriosa «luz cinzenta» (ou luz Ashen) - uma iluminação ainda por explicar que alguns observadores ocasionalmente notam em partes do lado nocturno de Vénus.
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Conjunção entre Vénus e a Lua, dia 27 de Fevereiro.
Crédito: Miguel Montes, Starry Night |
Na noite de 27 de Fevereiro, terá a hipótese de observar uma espectacular conjunção entre Vénus e a Lua, numa fase crescente. O par persistirá desde antes do pôr-do-Sol até por volta das 21 horas. Vénus situa-se a cerca de 4º por cima do crescente lunar com 3 dias. Não perca esta bonita cena celeste!
O próximo planeta a observar é Saturno. Esta semana nasce a Este cerca de hora e meia após o pôr-do-Sol, mas quando alcançar a sua oposição ao Sol no dia 8 de Março, será visível toda a noite, desde o lusco-fusco até ao amanhecer. Duas noites depois, na noite de 10 para 11 de Março, Saturno estará a 5º da Lua Cheia.
Aumentando ligeiramente de magnitude +0,7 para +0,5, Saturno aparece duas vezes mais brilhante que a estrela azulada, Régulo, a estrela mais brilhante da constelação de Leão. Brilhando com um tom branco-amarelado, Saturno encontra-se para baixo e para a esquerda desta estrela de 1.ª magnitude.
Se possui um telescópio capaz de ampliar no mínimo 30x, será capaz de observar o seu famoso sistema anular, que agora parece uma linha brilhante que bissecta o disco de Saturno. Os anéis abrem ligeiramente até 2,3º (desde o seu limite) no final de Fevereiro, mas os anéis começarão novamente a "fechar" lá para o final da Primavera, por fim até "desaparecendo", mesmo em grandes telescópios, a meio do Verão.
Os outros três planetas são objectos matinais. Dois destes serão visíveis no final de Fevereiro mas com alguma dificuldade: Júpiter e Mercúrio.
A conjunção solar para Júpiter teve lugar no dia 24 de Janeiro; durante a última semana de Fevereiro estará já no seu caminho para boa observação, aparecendo um pouco mais alto a cada dia que passa. Para cima e para a sua direita estará o bem mais ténue Mercúrio. Traga binóculos para esta difícil observação; os dois planetas estarão muito baixos no horizonte a Este-Sudeste cerca de 30-35 minutos antes do nascer-do-Sol.
Mesmo antes do nascer-do-Sol do dia 22, procure a esplêndida e já fina Lua, a apenas dois dias e meio da sua fase Nova, perto do horizonte a Este-Sudeste. Se a encontrar, use-a como guia para localizar Mercúrio e Júpiter, a cerca de 5 ou 6 graus para a esquerda e para baixo do satélite natural. Os binóculos vão ajudar.
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Mesmo antes do nascer-do-Sol do dia 22 de Fevereiro, Júpiter e Mercúrio serão fáceis de encontrar usando a Lua como guia. Para observar Marte, precisará de binóculos.
Crédito: Miguel Montes, Starry Night |
Júpiter e Mercúrio irão estar em conjunção na manhã de dia 24 de Fevereiro, com Júpiter parecendo estar mesmo por cima de Mercúrio; estão separados por apenas 0,4 graus. Em comparação, o diâmetro aparente da Lua é 0,5 graus. Deverá olhar muito baixo perto do horizonte a Este-Sudeste. Mercúrio brilha com uma magnitude de -0,1, mas ainda aparece com um-sexto do brilho de Júpiter, aproximadamente -2.0.
O único planeta fora deste círculo de visibilidade é Marte. Brilhando a uma magnitude de +1,3 e situado dentro do brilho do amanhecer mesmo uma hora antes do nascer-do-Sol, não é ainda um objecto que os observadores a latitudes portuguesas consigam observar. No entanto, nas manhãs de 18, 19 e 20 de Fevereiro, Marte e Júpiter estarão separados por menos de grau e meio. Por isso, se conseguir localizar Júpiter, deverá ser capaz de encontrar Marte com binóculos ou com um pequeno telescópio.
E com Mercúrio não muito longe, estes três constituem um bonito trio planetário. Para os leitores a Sul do equador, estes três planetas aparecerão mais altos e contra um céu ligeiramente mais escuro; daí serem mais fáceis de observar. |
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