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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 527
De 22/04 a 23/04/2009
 
 
 

Dia 22/04: 112.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1500, Pedro Álvares Cabral chegava pela primeira vez ao Brasil, numa viagem épica em que o Oceano era o equivalente actual do Espaço.

Em 1970 comemorava-se pela primeira vez o Dia da Terra.
Observações: A Ursa Maior flutua numa posição diagonal a Nordeste quando se começam a ver as estrelas à noite. Em apenas uma hora, a Ursa Maior fica na horizontal (se olhar para Norte-Nordeste). Quanto mais longe do Norte estiver, mais depressa esta transição ocorre.

Dia 23/04: 113.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1967, era lançada a missão Soyuz 1 com o Coronel Valentim Komarov a bordo, que viria a morrer no dia seguinte quando a nave na reentrada se despenhou contra o solo.

Observações: Aproveite a noite para observar Saturno e os seus satélites. Quantos consegue observar com o seu telescópio?

 
 
 
O Cometa Hale-Bopp só passará pela Terra novamente no ano 4937.
 
 
 
AIA 2009
 
 
  DESCOBERTO O PLANETA EXTRASOLAR MAIS LEVE (E PEQUENO) ATÉ AGORA  
 

O famoso investigador de planetas extrasolares, Michel Mayor, anunciou ontem a descoberta do planeta extrasolar mais leve até agora. O planeta, "e", encontra-se no também famoso sistema Gliese 581 e tem apenas o dobro da massa da Terra. A equipa também refinou a órbita do planeta Gliese 581d, descoberto em 2007, colocando-o bem dentro da zona habitável, onde oceanos de água líquida podem existir. Estas espectaculares descobertas são o resultado de mais de quatro anos de observações usando o melhor caçador de planetas extrasolares de baixa massa do mundo, o espectógrafo HARPS acoplado ao telescópio de 3,6 metros em La Silla, Chile.

"O Santo Graal da investigação exoplanetária actual é a detecção de um planeta rochoso, tipo-Terra na 'zona habitável' - uma região em torno de uma estrela com as condições ideais para a água existir no estado líquido à superfície de um planeta", diz Michel Mayor, do Observatório de Genebra, que liderou a equipa europeia nesta magnífica descoberta.

Impressão de artista de Gliese 581e.
Crédito: ESO
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O planeta Gliese 581e orbita a sua estrela-mãe - localizada a apenas 20,5 anos-luz na direcção da constelação de Balança - a cada 3,15 dias. "Com apenas 1,9 massas terrestres, é o exoplaneta mais leve até agora descoberto e é, muito provavelmente, um planeta rochoso," diz o co-autor, Xavier Bonfils do Observatório de Grenoble.

Estando tão perto da sua estrela-mãe, o planeta não se encontra na zona habitável. Mas outro planeta neste sistema parece estar. A partir de observações anteriores - também obtidas com o espectógrafo HARPS no Observatório La Silla do ESO e anunciadas há dois anos atrás - descobriu-se que esta estrela tinha um sistema com um planeta do tamanho de Neptuno e duas super-Terras. Com a descoberta de Gliese 581e, o sistema planetário conta agora com quatro planetas conhecidos, com massas de cerca de 1,9 (planeta e), 16 (planeta b), 5 (planeta c) e 7 massas terrestres (planeta d). O planeta mais longínquo, Gliese 581d, orbita a sua estrela a cada 66,8 dias. "Gliese 581d é provavelmente demasiado massivo para ser constituído por apenas material rochoso, mas nós podemos especular que é um planeta gelado que migrou para mais perto da estrela," diz o membro da equipa Stephane Udry. As novas observações revelaram que este planeta encontra-se na zona habitável, onde pode existir água líquida. "O 'd' pode até estar coberto por um grande e profundo oceano - é o primeiro sério candidato a 'mundo aquático'," continuou Udry.

Um planeta na zona habitável.
Crédito: ESO
(clique na imagem para ver versão maior)
 

O puxo gentil de um exoplaneta à medida que orbita a sua estrela introduz uma pequena oscilação no movimento da estrela - de apenas 7 km/h, correspondente à velocidade de um passeio em passo acelerado - que pode só agora ser detectado na Terra usando as tecnologias mais avançadas. As anãs vermelhas de baixa-massa como Gliese 581 são potenciais bons sítios de pesquisa por planetas extrasolares de pequena massa na zona habitável. Tais estrelas frias são relativamente ténues e as suas zonas habitáveis situam-se bastante perto, onde o puxo gravitacional de um planeta aí em órbita será mais forte, tornando a tantalizante oscilação mais pronunciada. Mesmo assim, a detecção destes pequenos sinais é ainda um desafio, e a descoberta de Gliese 581e e dos aprimoramentos da órbita de Gliese 581d foram apenas possíveis graças à incomparável precisão e estabilidade do HARPS.

"É incrível ver quão longe chegámos desde a descoberta do primeiro exoplaneta em torno de uma estrela normal em 1995 - em torno de 51 Pegasi," diz Mayor. "A massa de Gliese 581e é 80 vezes menor que a de 51 Pegasi b. É um progresso tremendo em apenas 14 anos."

Os astrónomos estão confiantes que conseguem fazer ainda melhor. "Com condições observacionais semelhantes, pode ser possível detectar planetas tipo-Terra no meio da zona habitável de uma anã vermelha," diz Bonfils. "A caça continua."

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
SPACE.com
Science Daily
PHYSORG.com
BBC News

Sistema Gliese 581:
ESOcast (vídeo em vários formatos)
Wikipedia

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Wikipedia (lista)
Wikipedia (lista de extremos)
Catálogo de planetas extrasolares vizinhos (PDF)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net
Extrasolar Visions

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

 
     
 
 
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Mais problemas para o Spirit (via Universe Today)
Coitado do rover Spirit. Está a ficar velho, com artrite e com perda de memória. O mais "velho" dos dois rovers actualmente em Marte teve outra série de problemas que os engenheiros estão a apelidar de "amnésia". Há cerca de um semana, teve problemas ao fazer vários "reboots". Depois, durante três dias seguidos, completou as suas actividades sem qualquer tipo de problema. Mas nos dias 17 e 18 de Abril, começou a esquecer-se - não registou dados na sua memória "flash" (onde a informação é preservada quando o Spirit se desliga) e reiniciou-se outra vez. O último "reboot" colocou o Spirit em operação autónoma, no qual o próprio rover toma conta de si próprio, e os engenheiros estão a correr diagnósticos para tentar restabelecer controlo do rover. [Ler fonte]

 
     
 
     
  Previsões do aquecimento global - Crédito: Robert A. Rohde, Global Warming Art  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Quanto irá aumentar a temperatura da superfície da Terra no decurso da vida das nossas crianças? Ninguém tem a certeza. Comparada com os últimos 100 milhões de anos, a Terra está na realidade relativamente mais fria, possivelmente cerca de quatro graus Celsius abaixo da média. Ao longo dos últimos 100 anos, no entanto, os dados indicam que a temperatura média global da Terra aumentou por quase 1º C. Poucos discordam que o aquecimento global está a acontecer, e o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) concluíu que nós, humanos, criámos um aquecimento que muito provavelmente vai continuar. Um aumento de temperatura no futuro, visto na imagem, pode provocar o aumento do nível do mar, a mudança dos padrões de precipitação, e que grande parte das calotes polares derretam. O resultado pode impactar muitas agriculturas locais e a economia global. Projectos de geoengenharia, incluíndo criação de nuvens artificiais, podem reduzir a quantidade de luz solar quente que alcança a superfície da Terra.

 


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