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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 619
De 09/02 a 11/02/2010
 
 
 

Dia 09/02: 40.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1986, dá-se a reaparição do Cometa Halley.
Crédito: NASA
Em 1971, o módulo lunar da missão Apollo 14 faz a sua aterragem após ter colocado homens na Lua pela 3ª vez.
Alan Shepard em Fra Mauro (Crédito: NASA)
Em 1975, a Soyuz 17 regressa à Terra.
Observações: Aproveite a noite para observar Marte. Mais tarde, nasce Saturno.

Dia 10/02: 41.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1992, a sonda espacial Ulysses usa a gravidade de Júpiter para poder explorar os pólos do Sol.
Crédito: NASA

Observações: Antes do nascer-do-Sol, observe a fina Lua baixa a Sudeste. Se ela fosse uma espécie de seta, estava a apontar exactamente para Mercúrio, o ponto mais para baixo e para a esquerda.

Dia 11/02: 42.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1997, o vaivém espacial Discovery é lançado numa missão com o objectivo de reparar o Hubble.

Observações: Por volta das 22 horas, a Ursa Maior estará mais ou menos à mesma altura a Nordeste que a Cassiopeia a Noroeste. Entre as duas constelações está a Estrela Polar.

 
 
 
A missão actual do vaivém espacial, STS-130 do Endeavour, é a última a ter um lançamento nocturno.
 
 
 
  FORMANDO AS GALÁXIAS ESPIRAIS DE HOJE EM DIA  
 

Usando dados do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, os astrónomos criaram pela primeira vez um censo demográfico dos tipos e formas de galáxias desde um tempo anterior ao Sol e à Terra, até ao presente dia. Os resultados mostram que, contrariamente ao pensamento contemporâneo, mais de metade das galáxias espirais de hoje em dia tinham formas peculiares há apenas 6 mil milhões de anos atrás, o que, a ser confirmado, realça a importância das colisões e fusões no passado recente de muitas galáxias. Também fornece pistas para o estado invulgar da nossa Galáxia, a Via Láctea.

A morfologia galáctica, ou o estudo das formas e da formação das galáxias, é um tópico importante e muito debatido na Astronomia. Uma ferramenta importante deste tema é a Classificação de Hubble, um esquema inventado em 1926 pelo próprio Edwin Hubble. O famoso telescópio espacial tem a honra de ter o seu nome.

Uma equipa de astrónomos europeus, liderada por François Hammer do Observatório de Paris, completou pela primeira vez um censo demográfico dos tipos de galáxias em dois pontos diferentes na história do Universo - em efeito, criando duas sequências de Hubble - que ajuda a explicar a formação das galáxias. Neste estudo, os investigadores estudaram 116 galáxias locais e 148 galáxias distantes.

Contrariamente ao que se pensava, os astrónomos mostraram que a sequência de Hubble há seis mil milhões de anos era muito diferente da que os astrónomos observam actualmente.

A sequência de Hubble há seis mil milhões de anos era muito diferente da que os astrónomos vêm hoje em dia. As duas secções mostram muitas mais galáxias peculiares (marcadas Pec) no conjunto de galáxias mais distantes, do que dentro do grupo de galáxias locais. A organização dos dados segue a classificação inventada por Edwin Hubble em 1926. A imagem do topo representa o Universo actual - ou local. A imagem de baixo representa a composição das galáxias distantes (há seis mil milhões de anos), e mostra uma fracção muito maior de galáxias peculiares. Isto implica que muitas das galáxias peculiares acabam por se tornar grandes espirais.
Crédito: NASA, ESA, SDSS, R. Delgado-Serrano e F. Hammer (Observatório de Paris)
(clique na imagem para ver versão maior)
 

"Há seis mil milhões de anos atrás, haviam muitas mais galáxias peculiares - um resultado surpreendente," afirma Rodney Delgado-Serrano, autor principal do trabalho recentemente publicado e que é capa da Astronomy & Astrophysics. "Isto significa que nos últimos seis mil milhões de anos, estas galáxias peculiares devem ter-se tornado em galáxias espirais normais, dando-nos uma imagem [do Universo recente] mais dramática do que tínhamos anteriormente."

Os astrónomos pensam que estas galáxias peculiares realmente tornaram-se em espirais através das colisões e das fusões. O estudo da história da formação galáctica leva-nos ao estado actual do Universo. Tal como no estudo de uma vida, existem tempos caóticos e tumultuosos, e outros períodos mais calmos. E, como muitos adolescentes, as galáxias em desenvolvimento colidem amíude com aquelas no seu caminho. As colisões entre galáxias originam novas galáxias e, embora se acredite que estas fusões galácticas diminuíram significativamente há oito mil milhões de anos atrás, o novo resultado implica que as fusões ainda estavam a ocorrer frequentemente após essa altura - até há cerca de 4 mil milhões de anos atrás.

"O nosso objectivo era descobrir um cenário que fazia a ponte entre a imagem actual do Universo e as morfologias de galáxias mais distantes e antigas - descobrir uma peça que encaixava nesta intrigante visão da evolução galáctica," afirma Hammer.

Também contrariamente à opinião largamente aceite que as fusões galácticas resultam na formação de galáxias elípticas, Hammer e a sua equipa suportam um cenário no qual estas colisões cósmicas resultam em galáxias espirais. Num trabalho em paralelo publicado na mesma revista, Hammer e a sua equipa investigam mais profundamente a sua hipótese de "reconstrução espiral", que propõe que as galáxias peculiares, afectadas por colisões ricas em gás, lentamente "renascem" como espirais gigantes com discos e bojos centrais.

Embora a nossa própria Via Láctea seja uma galáxia espiral, parece ter evitado muito deste drama adolescente; a sua história tem sido deveras calma e tem evitado colisões violentas em tempos astronomicamente recentes. No entanto, a grande vizinha Galáxia de Andrómeda não teve tanta sorte e encaixa-se bem neste cenário de "reconstrução espiral". Os investigadores continuam a procurar explicações para isto.

Hammer e a sua equipa usaram dados do SDSS (Sloan Digital Sky Survey) empreendidos pelo Observatório Apache Point, no Novo México, EUA, do campo GOODS, e do UDF (Ultra Deep Field) obtido pela câmara ACS a bordo do Hubble.

Links:

Notícias relacionadas:
Site Europeu do Hubble (comunicado de imprensa)
Artigo científico acerca da sequência de Hubble há 6 mil milhões de anos (formato PDF)
Artigo científico acerca das fusões e da sequência de Hubble (formato PDF)
Artigo na Astronomy & Astrophysics (requer subscrição)
ESA
SPACE.com
New Scientist
COSMOS
Universe Today
Science Centric
Science Daily
PHYSORG.com

Classificação de Hubble:
Wikipedia

Via Láctea:
Wikipedia
Absolute Astronomy
SEDS

Galáxia de Andrómeda:
Observe a Galáxia de Andrómeda (CCVAlg)
SEDS.org
Wikipedia

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA
STScI
Wikipedia

 
     
 
 
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Iões negativos dão sinal positivo para a existência de água líquida em Encelado (via NASA)
Em passagens recentes pela pluma de água gelada em Encelado, o espectómetro da Cassini descobriu populações inesperadas de moléculas carregadas e poeira que reforçam os argumentos para a presença de água líquida e dos ingredientes para a vida dentro da lua gelada. [Ler fonte]

Novo mapa de Plutão pelo Hubble mostra mudanças à superfície (via NASA)
As imagens mostram um mundo sarapintado, gelado, que enfrenta mudanças sazonais que afectam a cor e brilho superficiais. Plutão tem-se tornado significativamente mais vermelho, enquanto o seu hemisfério norte iluminado torna-se mais brilhante. Estas mudanças são provavelmente consequências de gelos superficiais sublimando no pólo iluminado e depois congelando no outro, à medida que o planeta anão viaja na sua órbita de 248 anos. [Ler fonte]

 
     
 
     
  Lente Gravitacional da Cruz de Einstein - Crédito: J. Rhoads (ASU) et al., WIYN, AURA, NOAO, NSF  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

A maioria das galáxias têm apenas um núcleo - terá esta galáxia quatro? A estranha resposta levou os astrónomos a concluir que o núcleo desta galáxia nem é visível nesta imagem. O "trevo de quatro folhas" central é na realidade luz emitida de um quasar no fundo. O campo gravitacional da galáxia vísivel em frente quebra a luz do distante quasar em quatro imagens distintas. O quasar deverá estar bem alinhado com o centro da massiva galáxia para uma "miragem" deste tipo ser evidente. O efeito geral tem o nome de lente gravitacional, e este caso específico é conhecido como a Cruz de Einstein. Ainda mais estranho é as imagens da Cruz de Einstein variarem em brilho relativo, realçadas ocasionalmente pelo efeito adicional de microlentes gravitacionais de estrelas específicas na galáxia.

 


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