O telescópio WISE da NASA (Wide-field Infrared Survey Explorer) descobriu o seu primeiro cometa, um dos muitos que se espera que a missão encontre por entre os milhões de outros objectos durante o seu estudo de todo o céu no infravermelho.
Oficialmente com o nome "P/2010 B2 (WISE)," mas simplesmente conhecido como WISE, o cometa é um corpo de gelo com mais de 2 km em diâmetro. Provavelmente foi formado por volta da mesma altura que o nosso Sistema Solar, há cerca de 4,5 mil milhões de anos atrás. O cometa WISE nasceu nos recantos mais longínquos e frios do Sistema Solar, mas após uma longa história de ser empurrado pelas forças gravitacionais de Júpiter, assentou numa órbita bem mais próxima do Sol. De momento, o cometa está a afastar-se do Sol e está a cerca de 175 milhões de quilómetros da Terra.
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A nódoa avermelhada no centro desta imagem é o primeiro cometa descoberto pelo telescópio WISE da NASA.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/UCLA
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"Os cometas são antigos reservatórios de água. São dos poucos lugares além da Terra no Sistema Solar interior onde se sabe que existe água," afirma Amy Mainzer do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. Mainzer é a investigadora principal do NEOWISE, um projecto para descobrir e catalogar novos asteróides e cometas avistados pelo WISE (o acrónimo combina WISE com NEO, NEO sendo "near-Earth object").
"Com o WISE, temos uma ferramenta poderosa para descobrir novos cometas e aprender mais sobre esta população como um todo. A água é necessária para a vida como a conhecemos, e os cometas podem dizer-nos quanta água existe no nosso Sistema Solar."
Espera-se que o telescópio WISE, lançado para uma órbita polar em torno da Terra a 14 de Dezembro de 2009, descubra entre alguns e até dúzias de novos cometas, além de centenas de milhares de asteróides. Os cometas são mais difíceis de descobrir do que os asteróides porque são muito mais raros no Sistema Solar interior. Ao passo que os asteróides viajam na "cintura principal" entre as órbitas de Marte e Júpiter, a maioria dos cometas orbitam muito mais longe, nos recantos mais gelados do nosso Sistema Solar.
Tanto os asteróides como os cometas podem "caír" para órbitas que os aproximam do percurso da Terra em torno do Sol. A maioria destes objectos são asteróides mas alguns são cometas. Espera-se que o WISE descubra novos cometas vizinhos, e isto dar-nos-á uma melhor ideia de quão perigosos podem ser para a Terra.
"É muito improvável que um cometa atinja a Terra," realça James Bauer, cientista do JPL que trabalho no projecto WISE, "Mas, na rara hipótese que aconteça, pode ser muito perigoso. As novas descobertas do WISE vão dar-nos estatísticas mais precisas acerca da probabilidade de tal evento, e quão poderoso seria um destes impactos."
O telescópio espacial avistou o cometa durante o seu estudo rotineiro do céu no dia 22 de Janeiro. O seu software topo-de-gama "arrancou" o cometa da torrente de imagens enviadas do espaço ao observar objectos que se movem relativamente às estrelas de fundo. A descoberta do cometa foi seguida por uma combinação de astrónomos profissionais e amadores usando telescópios nos EUA.
Todos os dados são catalogados no Centro de Planetas Menores, em Cambridge, Massachusetts, o "escritório" global para todas as observações e órbitas de planetas menores e cometas.
O cometa WISE demora 4,7 anos a orbitar o Sol, estando o seu afélio a cerca de 4 UA de distância, e o seu periélio a 1,6 UA (perto da órbita de Marte). Uma UA (unidade astronómica) é a distância entre a Terra e o Sol. O calor do Sol faz com que os gases e poeiras sejam libertados do cometa, resultando numa cabeleira poeirenta e numa cauda.
Embora este corpo em particular esteja a libertar material activamente, o WISE também será capaz de descobrir cometas inactivos ou mortos. Nos cometas que já orbitaram muitas vezes o Sol, os seus componentes gelados sofrem erosão, deixando para trás apenas um núcleo escuro e rochoso. Não se sabe muito acerca destes objectos porque são difíceis de observar no visível. O olho infravermelho do WISE deverá ser capaz de observar o ténue brilho de alguns destes cometas escuros, respondendo a questões como onde e como se formam.
"Os cometas mortos podem ser mais escuros que o carvão," afirma Mainzer. "Mas no infravermelho, saltam à vista. Uma questão que esperamos ver respondida com o WISE é quantos cometas mortos constituem a população de NEOs."
A missão passará os próximos oito meses a mapear o céu uma vez e meia. A primeira parte dos seus dados estará disponível para o público na Primavera de 2011, e o catálogo final um ano depois. Imagens e descobertas importantes serão anunciadas durante a missão.
Links:
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NASA (comunicado de imprensa)
JPL (comunicado de imprensa)
UCLA (comunicado de imprensa)
Killer Asteroid Project
Universe Today
SPACE.com
Cometas:
Wikipedia
Cometography.com
WISE:
NASA
Universidade de Berkeley
Wikipedia |