E-mail em HTML com imagens e propriedades CSS. Caso não o consiga visualizar correctamente, clique aqui.
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Página PrincipalRSS Sindicação RSSRemover da lista

ASTROBOLETIM N.º 623
De 23/02 a 25/02/2010
 
A Comissão Nacional do AIA está a recolher informação para a avaliação do Ano Internacional da Astronomia 2009. A sua participação é fundamental para o sucesso da avaliação e para a implementação futura de novas actividades do mesmo género.
Foi preparado um inquérito de avaliação, que pode ser respondido online por todos aqueles que participaram nas actividades, e pode ser encontrado em:

http://avaliacaoaia2009.questionpro.com

As respostas aos inquéritos devem ser dadas até ao dia 28 de Fevereiro. Obrigado pela sua participação.
 
 
 

Dia 23/02: 54.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1950, descoberta do asteróide (29075) 1950 DA. Foi observado durante 17 dias e depois diminuiu de brilho até não poder ser visto durante meio século. No fim do ano 2000 (31 de Dezembro), um objecto foi reconhecido como sendo o há muito perdido 1950 DA. Observações do objecto descrevem a rocha como tendo 1,1 km de diâmetro e uma rotação de 2,1 horas, a rocha com o período de rotação mais rápido já encontrada no nosso Sistema Solar.
Em 1987, supernova na Grande Nuvem de Magalhães visível a olho nu, resultado de uma explosão da supergigante azul Sanduleak 69. Conhecida como SN1987A, foi a primeira supernova "próxima" dos últimos três séculos.
SN1987A. Crédito: HST
Em 1999, conjunção de Júpiter com Vénus. As conjunções não são eventos raros. Mas as conjunções planetárias são raramente tão próximas e Vénus e Júpiter são os objectos astronómicos mais brilhantes do céu, a seguir ao Sol e à Lua (no geral, o terceiro é agora a ISS).
Observações: Nesta altura do ano, Orionte situa-se na sua posição mais alta a Sul após o pôr-do-Sol. A sua estrela de topo à esquerda é a laranja-avermelhada Betelgeuse. Forma o Triângulo de Inverno (quase equilátero) com Procyon para a esquerda e a branca Sirius por baixo das duas.

Dia 24/02: 55.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1968 foi descoberto o primeiro pulsar, por Jocelyn Bell Burnell, numa pesquisa em rádio. Hewish e Ryle, co-directores do projecto, receberam o prémio Nobel da Física em 1974 por conjugar as observações com um modelo duma estrela de neutrões em rotação.
Jocelyn Bell
Em 1969 a sonda americana Mariner 6 era lançada. A 31 de Julho de 1969, passou a 3330 km de Marte e enviou de volta 74 imagens.
Em 1979, lançamento da sonda Solwind P78-1.
Em 1996 a sonda Polar foi lançada para estudar a região dos pólos da Terra, uma região activa do geoespaço.
Observações: Pollux e Castor estão para a esquerda da Lua esta noite.

Dia 25/02: 56.º dia do calendário gregoriano.
Observações: A "estrela" brilhante e alaranjada perto da Lua esta noite é Marte.

 
 
 
O primeiro homem no espaço foi o cosmonauta Yuri Gagarin, a 12 de Abril de 1961, 25 dias antes do americano Alan Shepard.
 
 
 
  SEM LUGAR PARA SE ESCONDEREM: DESCOBERTAS ESTRELAS PRIMITIVAS DESAPARECIDAS EXTERIORES À VIA LÁCTEA  
 

Durante anos as estrelas mais primitivas residentes fora da Via Láctea conseguiram esconder-se mas agora foram finalmente desmascaradas. Novas observações utilizando o Very Large Telescope do ESO solucionaram um importante problema astrofísico relativo às estrelas mais antigas na nossa vizinhança galáctica - o qual é crucial para compreender as estrelas que se formaram muito cedo no Universo.

"Na realidade, descobrimos uma falha nos métodos forenses utilizados até agora," diz Else Starkenburg, autora principal do artigo que apresenta este trabalho. "O nosso método mais desenvolvido permitiu-nos descobrir as estrelas primitivas escondidas no meio de todas as outras estrelas mais comuns."

A galáxia anã de Fornax é uma das galáxias vizinhas da nossa Via Láctea.
Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Pensa-se que as estrelas primitivas se formaram a partir de matéria forjada pouco depois do Big Bang, há 13,7 mil milhões de anos. Estas estrelas têm, tipicamente, menos que uma milésima parte da quantidade de elementos químicos mais pesados que o hidrogénio e o hélio, encontrados no Sol, e são chamadas "estrelas extremamente pobres em metais". Pertencem a uma das primeiras gerações de estrelas no Universo próximo. Tais estrelas, extremamente raras, são observadas principalmente na Via Láctea.

Os cosmólogos pensam que as galáxias maiores, como a Via Láctea, se formaram a partir da fusão de galáxias mais pequenas. A população de estrelas extremamente pobres em metais ou "primitivas" da Via Láctea deveria estar já presente nas galáxias anãs que lhe deram origem, e por isso, populações similares deveriam estar igualmente presentes noutras galáxias anãs. "Até agora, evidências destas populações têm sido escassas," diz a co-autora Giuseppina Battaglia. "Enormes levantamentos feitos nos últimos anos mostraram continuamente que as populações estelares mais antigas da Via Láctea e de galáxias anãs não coincidem, facto que não é de todo esperado segundo os modelos cosmológicos."

A abundância dos elementos é medida a partir de espectros, que nos fornecem as impressões digitais químicas das estrelas. A Equipa de Abundâncias e Velocidades Radiais de Galáxias Anãs utilizou o instrumento FLAMES montado no Very Large Telescope do ESO para medir o espectro de cerca de 2000 estrelas gigantes individuais em quatro das nossas vizinhas galáxias anãs: Fornax, Escultor, Sextante e Carina. Uma vez que as galáxias anãs estão a distâncias típicas de 300.000 anos-luz - o que corresponde a cerca de três vezes o tamanho da Via Láctea - apenas riscas e bandas intensas no espectro puderam ser medidas, e mesmo estas aparecem como uma impressão digital ténue e esborratada. A equipa descobriu que, de entre a sua grande colecção, nenhuma das impressões digitais espectrais parecia pertencer à classe de estrelas que procuravam, as raras estrelas extremamente pobres em metais encontradas na Via Láctea.

A galáxia anã Escultor.
Crédito: ESO/Digitized Sky Survey 2
(clique na imagem para ver versão maior)
 

A equipa de astrónomos liderada por Starkenburg conseguiu agora resultados interessantes ao comparar cuidadosamente os espectros com modelos computacionais. Esta equipa descobriu que apenas diferenças muito subtis distinguem a impressão digital química de uma estrela pobre em metais normal e de uma estrela extremamente pobre em metais, e explica porque é que os métodos anteriores não foram bem sucedidos na identificação destas estrelas.

Os astrónomos confirmaram também o quase imaculado estado de várias estrelas extremamente pobres em metais, graças aos espectros muito detalhados obtidos pelo instrumento UVES montado no Very Large Telescope do ESO. "Comparadas com as impressões digitais muito ténues que tínhamos anteriormente, estas assemelham-se à impressão digital vista ao microscópio," explica Vanessa Hill, membro da equipa. "Infelizmente, apenas um pequeno número de estrelas pode ser observado desta maneira devido a esta ser uma observação que demora muito tempo".

"Entre as novas estrelas extremamente pobres em metais descobertas nestas galáxias anãs, três têm uma quantidade relativa de elementos químicos entre apenas 1/3000 e 1/10 000 da que é observada no Sol, incluindo assim a estrela que detém o actual recorde da mais primitiva encontrada fora da Via Láctea," diz Martin Tafelmeyer, membro da equipa.

"O nosso trabalho não só revelou algumas das muito interessantes primeiras estrelas destas galáxias, como ainda fornece uma nova e poderosa técnica de detecção de estrelas deste tipo," conclui Starkenburg. "A partir de agora as estrelas já não têm sítio onde se esconder!"

Links:

Notícias relacionadas:
ESO (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
Science Daily

Via Láctea:
Wikipedia
Absolute Astronomy
SEDS

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

 
     
 
 
     
  Grupo Galáctico Hickson 31 - Crédito: NASA, ESA, J. English (U. Manitoba), e a Hubble Heritage Team (STScI/AURA); S. Gallagher (U. Western Ontario)  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Será o resultado destas colisões galácticas uma grande galáxia elíptica? Muito possivelmente, mas só daqui a mil milhões de anos. Na imagem, algumas das galáxias anãs no Grupo Compacto Hickson 31 estão lentamente em fusão. Duas das galáxias mais brilhantes estão em colisão à esquerda, enquanto uma galáxia elongada acima está ligada a elas por uma ponte invulgar de estrelas. Uma observação mais íntima da imagem revela também que o duo brilhante trilha uma corrente estelar na direcção da galáxia espiral à sua direita. Com um grande grau de probabilidade, as galáxias do Grupo Compacto Hickson 31 passarão uma pela outra, o que resultará na formação e destruição de milhões de estrelas, na formação e dissipação de milhares de nebulosas, até que a "poeira assenta" e a galáxia final emerge daqui a mil milhões de anos. A imagem é uma composição de várias imagens obtidas no infravermelho pelo Telescópio Espacial Spitzer, no ultravioleta pelo GALEX e no visível pelo Hubble. O Grupo Compacto Hickson 31 cobre uma área de aproximadamente 150.000 anos-luz e situa-se a cerca de 150 milhões de anos-luz de distância na direcção da constelação de Erídano.

 


Centro Ciência Viva do Algarve
Arquivo de Astroboletins Observações Astronómicas Fórum de discussão CCVAlg.pt