NOTÍCIAS ASTRONÓMICAS - N.º 71
2 de Novembro de 2004
PESQUISA DE 432 ANOS DÁ RESULTADO


À esquerda, a supernova. Uma ampliação (à direita) mostra a estrela, perto do centro da bolha mas movendo-se três vezes mais rapidamente que as outras estrelas na área.
Crédito: NASA/ESA, CXO e P. Ruiz-Lapuente (Universidade de Barcelona)

O astrónomo dinamarquês Tycho Brahe avistou uma nova estrela no céu a 11 de Novembro de 1572, e desde aí os astrónomos têm tentado encontrá-la para saber exactamente o que aconteceu. O caso parece ter sido resolvido a semana passada.

Foi descoberta uma estrela que se afasta da cena explosiva. Movimenta-se pelo espaço três vezes mais depressa que as outras na sua vizinhança, uma prova irrefutável que foi disparada como uma bola de canhão desde o local da supernova.

A supernova de Tycho, como é chamada, foi um dos eventos mais importantes da Ciência, usado para refutar as visões seculares de Aristóteles de que os céus eram estáticos.

Os astrónomos pensam que uma estrela velha, quente e densa chamada anã branca estava a puxar imenso material de uma estrela companheira normal. A anã branca condensou-se, dando início a uma explosão termonuclear cujo brilho temporariamente excedeu mil milhões de Sóis.

A companheira foi atingida pela explosão e atirada num novo percurso em relação à sua órbita anterior.

A luz visível diminui com o tempo, mas a região ainda emite intensos raios-X e ondas de rádio, tal como uma bolha de matéria em expansão colidindo com o gás interestelar. Há muito tempo que os astrónomos a estudam na esperança de aprender se o cenário que utilizam para descrever o cataclismo é preciso ou não.

Uma equipa liderada por Pilar Ruiz-Lapuente da Universidade de Barcelona encontrou os restos algo gastos da companheira. O seu caminho, velocidade e o facto de não estar longe do centro da explosão, sugerem que esteve na realidade envolvida na supernova.

"A estrela salta à vista," diz Ruiz-Lapuente. "Tem uma velocidade muito maior do que as [outras] estrelas nesse local."

O evento está a cerca de 10,000 anos-luz da Terra. Um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano, mais ou menos 10 biliões de quilómetros. Por isso a explosão ocorreu há cerca de 10,432 anos atrás, e a sua luz primeiramente alcançou os olhos de Tycho há 432 anos.

O novo estudo baseou-se em dados do Telescópio Espacial Hubble e de outros observatórios. O achado foi explicado na semana passada na revista Nature.

Esta descoberta irá ajudar os cientistas a melhor entender as condições sob as quais um certo tipo de explosão estelar ocorre. Alguns astrónomos sugeriram que as supernovas tipo 1a -- a variedade aparentemente observada por Tycho Brahe -- podem ser o resultado de colisões estelares entre duas anãs brancas, em vez da teoria da transferência de massa.

"Se aceitarmos que a companheira foi identificada, então agora sabemos pela primeira vez que nem todas as supernovas tipo-Ia são produzidas pela coalescência das anãs brancas," escreve o físico David Branch da Universidade de Oklahoma numa análise do trabalho publicado na revista.

Tudo isto é importante em parte porque as supernovas tipo 1a são raras na nossa galáxia mas comuns no Universo como um todo. Todas elas alcançam um brilho máximo idêntico, e extinguem-se numa proporção quase igual. Por isso os astrónomos usam-nas como "velas padrão" para medir a distância de galáxias distantes.

No final dos anos 90, estudos destas supernovas revelaram que o Universo está misteriosamente a expandir a um ritmo acelerado. Uma força desconhecida, chamada energia escura, pensa-se que esteja por trás da expansão.

"Estas profundas implicações cosmológicas são a motivação dos astrónomos para melhor perceber esta classe de supernova," diz Branch.

Com os avanços tecnológicos dos telescópios, os astrónomos caçam as supernovas cada vez mais longe no espaço e no tempo, num esforço de saber com mais detalhes as propridades da energia escura, um primeiro passo crucial para a sua percepção.

Os astrónomos dizem que em média aparece uma supernova a cada 100 anos numa galáxia parecida à Via Láctea. Uma outra, com o nome do astrónomo alemão Johannes Kepler alemão, apareceu em 1604. Mas desde aí mais nenhuma foi encontrada. A supernova vizinha mais recente, de nome 1987A, foi descoberta em 1987 no nosso vizinho galáctico, a Grande Nuvem de Magalhães.

Links:

Notícias relacionadas:
http://www.nature.com/news/2004/041025/full/041025-16.html
http://www.sciencedaily.com/releases/2004/10/041029101747.htm
http://www.universetoday.com/am/publish/tycho_supernova_survivor.html?28102004
http://addict3d.org/index.php?page=viewarticle&type=news&ID=3695
http://www.theregister.co.uk/2004/10/28/runaway_star/
http://physics.about.com/b/a/122382.htm

Supernova de Tycho:
http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/ap960623.html
http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/ap020912.html
http://www.seds.org/~spider/spider/Vars/sn1572.html
http://wave.xray.mpe.mpg.de/rosat/calendar/2002/sep

Tycho Brahe:
http://www.nada.kth.se/~fred/tycho/index.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Tycho_Brahe

Supernova de Kepler:
http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/ap041008.html

Supernovas:
http://heasarc.gsfc.nasa.gov/docs/snr.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Supernova

 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
     
 
Mosaico da Cratera Endurance - Crédito: quem fez a imagem
Onde este jipe marciano deveria explorar em seguida? Possíveis escolhas para a equipa do rover Opportunity na Terra, no ínicio de Agosto, foram enviar o robot marciano para dentro da cratera Endurance, na direcção das dunas de areia no formato de arco à esquerda, da rocha de formato raro na encosta à direita nomeada de Wopmay e das partes inferiores do Penhasco Burns no topo dos declives internos da cratera. A equipa do rover Opportunity na Terra escolheu a rocha de 1 metro de diâmetro Wopmay como o seu novo alvo e fotografias mais próximas já estão sendo enviadas. Abaixo do centro do mosaico está uma área já explorada pelo rover. O Opportunity recentemente encontrou rochas na cratera Endurance com uma cadeia de fendas potencialmente indicativas de lama seca, sustentando o caso de que Marte teve um longínquo passado húmido.
Ver imagem em alta-resolução
     
 
  ACAMPAR COM OS ASTROS  
 

CENTRO MULTIMEIOS DE ESPINHO: Nova Sessão de Planetário

Desde o dia 16 de Outubro que o Centro Multimeios de Espinho tem uma nova sessão de planetário com o nome "Acampar com os Astros".

Este programa produzido pela Fundação Navegar foi concebido para um público do 3.º Ciclo do Ensino Básico, mas poderá ser um bom programa para todos os tipos de públicos,  nomeadamente grupos familiares.

Com uma boa banda desenhada de suporte o programa abrange tópicos que vão desde a astronomia galáctica até ao sistema solar e à astrofísica rudimentar (gravitação newtoniana).

A não perder.

 
 
  EFEMÉRIDES:  
 

Dia 02/11: 307º dia do  calendário gregoriano.
História: 
Em 1885, nascimento de Harlow Shapley, pioneiro americano na determinação da distância das estrelas, enxames e do centro da Via Láctea. Corajosamente e correctamente afirmava que os enxames globulares se encontravam à volta da Galáxia, e que esta era muito maior do que inicialmente se pensava, centrada a milhares de anos-luz na direcção de Sagitário. Foi director do Observatório de Harvard durante muitos anos.
Em 1917, inauguração do telescópio de 100 polegadas do Monte Wilson.
Observações: A Lua encontra-se no apogeu, a uma distância de 404,998 km ou 63.5 raios terrestres.

Dia 03/11: 308º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1957, primeira forma de vida e morte terrestre no espaço: a cadela Laika é lançada a bordo do soviético Sputnik 2 e depois de uma semana em órbita morre.
Em 1973 era lançada a Mariner 10. Chegou a Vénus a 5 de Fevereiro de 1974, maior aproximação a 5700 km. Devolveu imagens do topo das nuvens venusianas.
Observações: A Lua encontra-se perto das estrelas da constelação de Gémeos, Pollux e Castor (02:00).

Dia 04/11: 309º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1962, a sonda soviética Mars 1962C falha a libertação da órbita da Terra.

 
 
  CURIOSIDADES:  
 
Já existiram várias constelações com o nome de: Abelha, Gato, Balão de ar quente, Coruja, Rio Tigre, Rena, Tartaruga, entre muitas outras.
 
 
 
  PERGUNTE AO ASTRÓNOMO:  
 
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