NOTÍCIAS ASTRONÓMICAS - N.º 80
03 de Dezembro de 2004
ORIGEM DO SISTEMA SOLAR REVISTA

O limite exterior do nosso sistema solar pode ter sido delimitado há muito tempo pelo contacto com outra estrela, o que terá quebrado a estrutura inicial dos dois sistemas planetários em formação, o que a ter ocorrido poderá inclusivamente ter colocado planetas estranhos no nosso sistema.

Este cenário foi criado para descrever determinados fenómenos estranhos que se observam no sistema solar, mas assenta na especulação sobre observações reais. As modelações em computador sugerem uma gama bastante grande de possíveis resultados para uma tal interacção que terá ocorrido pouco depois do início da formação, há 4500 milhões de anos.


Imagens do modelo da interacção
Crédito: S. Kenyon, CfA

Este estudo foi apresentado à revista Nature que a publicou na edição de 2 de Dezembro (Vol.432, pp.592-602), num artigo de Scott Kenyon e Benjamin Bromley intitulado "Stellar encounters as the origin of distant Solar System objects in highly eccentric orbits " .

"É possível que alguns objectos do nosso sistema solar tenham, de facto, sido formados à volta de uma outra estrela", disse Scott Kenyon do Smithsonian Astrophysical Observatory.

Caos inicial

Não existe qualquer evidência firme de que o Sol tenha interagido inicialmente com outra estrela, mas muitos astrónomos pensam que o Sol terá nascido num enxame compacto de estrelas que nasceram da mesma nuvem molecular. O Sol terá sido uma das primeiras estrelas expulsas do enxame logo que se começou a verificar a relaxação do mesmo .

Durante o início caótico da formação do sistema solar é concebível que o Sol tenha passado muito próximo de uma das companheiras do enxame. Diversos estudos têm usado esta interacção para explicar o sistema solar e a forma como os planetas se formam.

O novo modelo computacional mostra como os novos planetas de órbita quase circular em torno do Sol poderão ter sido puxados para órbitas elongadas colocando-os tão longe do Sol que não podem ser visualizados com os actuais telescópios. Esta interação terá também provocado a quase inexistência de objectos entre a Cintura de Kuiper e a Nuvem de Oort.

Um aspecto que reforça o modelo proposto foi a descoberta de Sedna durante o ano passado. Tem uma órbita tão elongada que projecta o planeta completamente para fora da Cintura de Kuiper. Embora não se saiba exactamente o que criou aquele traçado de órbita, suspeita-se agora que existirão outros com órbitas similares ou até mais excêntricas que poderão ter resultado da interacção com outra estrela passando próximo.

Kenyon e o seu colega, Benjamin Bromley da Universidade do Utah, expressam a ideia com alguns números. Pensam que a interacção terá ocorrido quando o Sol tinha pelo menos 30 milhões de anos de idade, mas não mais de 200 milhões de anos. A estela vizinha aproximou-se a uma distância entre 22,5 e 50,5 mil milhões de quilómetros (150 a 200 UA) o que terá provocado a disrupção da Cintura de Kuiper sem afectar significativamente os planetas interiores.

Troca de materiais rochosos

A gravidade da estrela que passava terá puxado para ela algumas pedras do nosso sistema solar, o mesmo acontecendo em sentido oposto. Esta explicação resolve dois mistérios de uma vez. Por um lado explica órbita do planeta Sedna e por outro, o fim abrupto da Cintura de Kuiper.

Mas outras formas de colocar o Sedna naquela órbita, alerta Mike Brown, o astrónomo do Caltech que coordenou a descoberta de Sedna. Também é possível que o Sedna tenha sido posto naquela órbita por um planeta de tamanho terrestre que agora já não se encontre na Cintura de Kuiper.

"The difficulty, of course, is that with but one single object we can come up with a large number of plausible ways to get it there, but we have no way of proving any one of them," Brown said. "The solution is to go out and find more of these distant objects."

A animação simulada da interacção do Sol com outra estrela pode ser vista nesta animação.

Links:

Press Release do Smithsonian Astrophysical Observatory:
http://cfa-www.harvard.edu/previous/latest.html

 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
     
 

I Zwicky 18: Young Galaxy - Crédito: Y. Izotov ), T. Thuan , ESA , NASA
A via Láctea é uma velha galáxia espiral com cerca de 12 mil milhões de anos de idade e o nosso Sol de meia-idade tem 4,5 mil milhões de anos. Mas todas as estrelas da galáxia anã I Zwicky 18 São muito mais jovens. De facto, de acordo com esta imagem do Telescópio Espacial Hubble, as estrelas destas galáxia foram formadas há apenas 500 milhões de anos, o que faz dela a galáxia mais jovem conhecida.. Nesta imagem os nós mais brilhantes são duas grandes regiões de formação de estrelas embebidas em filamentos de gás interestelar. Por trás são visíveis galáxias muito mais velhas de cor avermelhada. Esta galáxia que se pensa ser semelhante às primeiras galáxias que se formaram encontra-se a 45 milhões de anos de distância e tem apenas 3000 anos-luz de diâmetro.
Ver imagem em alta-resolução

     
 
  ESPAÇO ABERTO  
 

Observação astronómica, dia 11 de Dezembro, na açoteia do CCVAlg, às 21:30. Observação dependente das condições atmosféricas.

 
 
  EFEMÉRIDES:  
 

Dia 03/12: 338º dia do  calendário gregoriano.
História: 
Em 1973, a Pioneer 10 enviava para a Terra as primeiras imagens de Júpiter.
Em 1999, a NASA perdia o contacto com a Mars Polar Lander, minutos antes da entrada na atmosfera de Marte.
Observações: Às 23h00 a Lua está 4,1º NNE da estrela Régulo (a Leonis).

Dia 04/12: 339º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1978, a sonda americana Pioneer/Venus torna-se na primeira a orbitar Vénus.
Em 1996, é lançada a Mars Pathfinder .
Observações: Aproveite para fazer umas fotografias de longa exposição centradas na estrela Polar.

Dia 05/12: 340º dia do  calendário gregoriano.
História: Em 1990, A primeira fotografia (galáxia NGC 1232 em Erídano) tirada com o telescópio Keck é publicada no Los Angeles Times
Observações: Às 12h54 (hora local, a Lua atinge o Quarto Minguante.

Dia 06/12: 341º dia do calendário gregoriano.
Observações: Às 23h00 (hora local Vénus está 1,2º NNE de Marte.

 
 
  CURIOSIDADES:  
 
Cerca de 60% das galáxias são espirais. As restantes são elípticas ou irregulares.
 
 
 
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