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Edição n.º 861
05/06 a 07/06/2012
 
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EFEMÉRIDES

Dia 05/06: 157.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1783 os irmãos Montgolfier elevavam-se pela primeira vez no ar a bordo do seu balão de ar quente. 

Em 1995, é criado pela primeira vez um concentrado Bose-Einstein.
Observações: Trânsito de Vénus pelo Sol, para a América do Sul e Norte (dia 6 para Ásia, Austrália e partes da Europa). Não é visível de Portugal. Este é o último trânsito do planeta durante as nossas vidas. O próximo será em 2117.

Dia 06/06: 158.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1971 era lançada a Soyuz 11, a primeira e única missão tripulada que acoplou com a primeira estação espacial, a Salyut 1.

A missão acabou em desastre a 30 de Junho, quando a cápsula ficou despressurizada durante a reentrada, matando os cosmonautas a bordo.
Observações: Conjunção inferior de Vénus, pelas 02:13.
Procure muito alta a Sul, após o anoitecer, a estrela Acturo. Bem para baixo, e tal vez um pouco a direita, está Saturno e (por baixo) Espiga. Ainda mais para baixo e para a direita está a constelação de Corvo.

Dia 07/06: 159.º dia do calendário gregoriano.
Observações: A brilhante e veraneante constelação de Escorpião sobe a Sul-Sudeste por estas noites. A sua estrela mais brilhante é a fogosa Antares. Tente descobrir as outras estrelas da constelação, mais esbranquiçadas, para os dois lados de Antares.

 
CURIOSIDADES


Ceres, descoberto por Piazzi a 1 de Janeiro de 1801, foi considerado durante muito tempo como o primeiro asteróide a ser descoberto. Com a reclassificação dos objectos planetários, passou a ser oficialmente o primeiro planeta anão a ser descoberto.

 
DESCOBERTA A GALÁXIA MAIS DISTANTE DA "ALVORADA CÓSMICA"

Uma equipa de astrónomos liderada por Takatoshi Shibuya (Pós-Graduação da Universidade de Estudos Avançados, Japão), Dr. Nobunary Kashikawa (Observatório Astronómico Nacional do Japão), Dr. Kazuaki Ota (Universidade de Kyoto) e Dr. Masanori Iye (Observatório Astronómico Nacional do Japão), usou os Telescópios Subaru e Keck para descobrir a galáxia mais distante até à data, SXDF-NB1006-2, a uma distância de 12,91 mil milhões de anos-luz da Terra. Esta galáxia está ligeiramente mais longe que GN-108036, que o Subaru descobriu o ano passado e que detinha o recorde de galáxia mais longínqua descoberta. Em adição, a equipa de pesquisa verificou que a proporção de hidrogénio gasoso neutro no Universo com a idade de 750 milhões de anos, era maior do que a de hoje em dia. Estes achados ajudam-nos a compreender a natureza do Universo primitivo durante a "alvorada cósmica", quando a luz de antigos objectos e estruturas celestes apareceram a partir da escuridão.

Os astrónomos pensam que o nosso Universo começou há 13,7 mil milhões de anos com o Big Bang. As extremas temperaturas e densidades desta explosão decresceram rapidamente à medida que o seu volume aumentava. Plasma cósmico quente, composto principalmente por protões e electrões, recombinaram-se para formar átomos de hidrogénio neutro 380.000 anos após o Big Bang; este foi o início da "idade das trevas" cósmicas. A partir daí, o gás continuou a arrefecer e a flutuar em densidade. Cerca de 200 a 500 milhões de anos após o Big Bang, as partes densas das nuvens de hidrogénio neutro contraíram-se sobre a sua própria gravidade, e formaram as primeiras estrelas e galáxias. A radiação desta primeira geração de estrelas começou a aquecer e a reionizar o hidrogénio no espaço à volta, eventualmente levando à reionização de todo o Universo. Esta foi a era da "reionização cósmica" ou "alvorada cósmica". A equipa científica focou o seu estudo na identificação da época exacta da alvorada cósmica num esforço de responder a grandes questões astronómicas acerca da história do Universo.

História cósmica desde o Big Bang até ao presente.
Crédito: NAOJ
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Como é que os investigadores desenharam este estudo para explorar uma altura tão antiga e extremamente distante? Os seus primeiros passos foram o estudo de galáxias distantes e a medição dos seus números e brilhos. Dado que a luz do Universo distante demora tempo a chegar até à Terra, a identificação de galáxias mais distantes permite aos astrónomos traçarem o passado e localizarem a época da alvorada cósmica. No entanto, o hidrogénio neutro no espaço intergaláctico reduziu a luz das galáxias antes da alvorada cósmica e tornou-as mais difíceis de observar. Como a equipa necessitava de pesquisar uma vasta área em busca de objectos do Universo muito distante, usaram o foco principal do Telescópio Subaru (Suprime-Cam) para as suas observações iniciais. A Suprime-Cam captura imagens de objectos num campo de visão largo com o espelho principal de 8,2 metros do Telescópio, famoso por descobrir galáxias ténues e muito distantes, medindo posteriormente a quantidade de hidrogénio neutro no Universo jovem. A utilização da Suprime-Cam ficou ainda mais apelativa com a instalação, em 2008, de novos detectores com uma sensibilidade aproximadamente duas vezes maior que a dos seus antecessores, particularmente em desvios para o vermelho.

Armados com os olhos mais sensíveis do mundo, os cientistas levaram a cabo estudos de galáxias extremamente distantes (para lá de um desvio para o vermelho de 7, onde a maioria da libertação energética das galáxias está). Para refinar ainda mais o estudo, uma equipa liderada pelo Dr. Iye construiu um novo filtro especial com o nome de NB1006 através do qual podiam selectivamente identificar a luz de galáxias distantes a um desvio para o vermelho de quase 7,3.

A equipa usou a Suprime-Cam, juntamente com os seus novos detectores altamente sensíveis, acoplados com o filtro NB1006 para observar em detalhe duas regiões específicas do céu: o Campo Profundo do Subaru e o Campo Profundo do Subaru/XMM-Newton. Após um total de 37 horas em 7 noites de observações, a equipa processou cuidadosamente as imagens que tinham obtido. Shibuya mediu a cor de 58.733 objectos nas imagens e identificou quatro galáxias com um desvio para o vermelho de 7,3. Uma investigação cuidadosa da variação do brilho destes objectos fez com que a equipa refinasse a lista de candidatos para duas galáxias.

Seguidamente, a equipa necessitou fazer observações espectrográficas para confirmar a natureza destes candidatos. Observaram as duas galáxias com dois espectrógrafos, o FOCAS (Faint Object Camera and Spectrograph) do Telescópio Subaru e o DEIMOS (Deep Imaging Multi-Object Spectrograph) do Telescópio Keck, e identificaram o candidato para o qual a linha característica da emissão de galáxias distantes podia ser detectada.

A equipa descobriu que a proporção de hidrogénio neutro aumentava no Universo longínquo. Concluíram que cerca de 80% do hidrogénio gasoso do Universo distante, há 12,91 mil milhões de anos e com um desvio para o vermelho de 7,2, era neutro.

Em resumo, estes cuidadosos planos e procedimentos, incluindo a eliminação apropriada de contaminações que poderiam dar azo a resultados falsos, resultaram na descoberta bem sucedida e confirmação da galáxia mais distante já observada: SXDF-NB1006-2. Além disso, os achados deram à equipa confiança de que estavam a observar um objecto durante a última fase da alvorada cósmica.

Composição a cores do Campo Profundo do Subaru/XMM Newton. A galáxia vermelha no centro da imagem é a galáxia SXDF-NB1006-2.
Crédito: NAOJ
(clique na imagem para ver versão maior)
 

 

Espectro uni e bi-dimensional de SXDF-NB1006-2 obtido com o espectrógrafo DEIMOS acoplado ao Telescópio Keck. A seta vermelha aponta para uma linha espectral (a linha Lyman-alpha assimétrica) que suporta fortemente a identificação da galáxia no Universo antigo. A área cinzenta cobre o espectro altamente contaminado pelas linhas de emissão nocturna do hidróxilo (OH).
Crédito: NAOJ
(clique na imagem para ver versão maior)
 

Embora a descoberta de uma galáxia nesta época crítica é só por si excitante, não é uma amostra suficiente para a sua caracterização. A medição precisa do número de galáxias durante a alvorada cósmica requer estudos ainda mais sensíveis. A instalação, planeada para 2012, do novo instrumento do Subaru, o Hyper Suprime-Cam (HSC) permitirá aos investigadores observar um campo de visão sete vezes maior do que o que a Suprime-Cam permite e abrirá a porta a uma grande amostra de galáxias para lá do desvio para o vermelho de 7. As observações com o HSC são passos em frente na descoberta dos períodos negros do Universo e na compreensão das propriedades físicas e formação das primeiras estrelas e galáxias. Shibuya resumiu os objectivos seguintes e as esperanças da equipa: "ao fazermos estudos com o HSC em busca de galáxias distantes para lá do desvio para o vermelho 7, conseguiremos descobrir os mecanismos da reionização cósmica de vários modos, não só ao investigar os seus números e brilho." O Dr. Iye, líder do projecto TMT (Thirty Meter Telescope) do Observatório Astronómico Nacional do Japão (NAOJ), acrescenta: "temos estado a esticar os limites de um telescópio de classe 8-10 m para detectar galáxias distantes. O espelho de 30 metros do TMT será capaz de recolher dez vezes mais luz do que os maiores telescópios actuais e detectar a ténue luz de galáxias até um desvio para o vermelho de 14. Não está longe o dia em que os mistérios da idade das trevas do Universo e que as propriedades físicas das primeiras galáxias sejam reveladas."

Estes resultados serão publicados na edição de 20 de Junho da revista Astrophysical Journal.

Links:

Notícias relacionadas:
Telescópio Subaru (comunicado de imprensa)
Artigo científico (formato PDF)
PHYSORG

Universo:
Universo (Wikipedia)
Cronologia do Universo (Wikipedia)
Desvio para o Vermelho (Wikipedia)
Idade do Universo (Wikipedia)
Estrutura a grande-escala do Universo (Wikipedia)
Big Bang (Wikipedia)

Telescópio Subaru:
Página oficial
Wikipedia

 
TAMBÉM EM DESTAQUE
 

Telescópio Hobby-Eberly mede duas estrelas com um planeta em órbita (via PennState))
Uma equipa de astrónomos obteve medições muito precisas de um par de estrelas que são orbitadas por um planeta -- como o sistema estelar do planeta fictício Tatooine no filme "Guerra das Estrelas". As órbitas das estrelas e do planeta no sistema, denominado Kepler-16, estão alinhadas para eclipsar ou transitarem-se umas às outras quando observadas da Terra. Estas novas medições vão ajudar os astrónomos a compreender melhor a formação das estrelas e de sistemas planetários.
Ler fonte

 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS - Tripleto de Sagitário
(clique na imagem para ver versão maior)
Crédito: Martin Pugh
 

Estas três nebulosas brilhantes são normalmente observadas em visitas telescópicas pelas regiões carregadas de estrelas da constelação de Sagitário, no centro da Via Láctea. De facto, o astrónomo do século XVIII, Charles Messier, catalogou duas delas: M8 é a nebulosa por baixo e à direita do centro e a colorida M20 encontra-se no lado superior direito. A terceira nebulosa, a NGC 6559, mais ténue, encontra-se por cima de M8, separada desta por uma região escura. Todas elas são berços estelares a cerca de 5000 anos-luz de nós. A grande M8, com mais de cem anos-luz de diâmetro, é também conhecida como a Nebulosa da Lagoa. O nome popular de M20 é Trífida. Hidrogénio gasoso brilhante cria a cor vermelha dominante das nebulosas de emissão, com tons azulados contrastantes, mais notáveis em M20, devido à poeira que reflecte luz estelar. Esta larga paisagem celeste inclui também um dos enxames abertos do catálogo de Messier, M21, mesmo por cima e para a direita da Nebulosa da Trífida.

 

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