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AS GALÁXIAS DE MAIOR MASSA QUE EXISTEM ACTUALMENTE TIVERAM VIDAS MUITO ACTIVAS NO PASSADO
31 de Janeiro de 2012

 

Utilizando o telescópio APEX, uma equipa de astrónomos descobriu a melhor relação encontrada até hoje entre os mais intensos episódios de formação estelar no Universo primordial e as galáxias de maior massa que se observam actualmente. As galáxias, em pleno crescimento devido a fortes episódios de formação estelar no Universo primitivo, viram o nascimento de novas estrelas parar abruptamente, deixando-as como galáxias de elevada massa - mas passivas - com estrelas a envelhecer no Universo actual. Os astrónomos pensam ter encontrado o provável culpado desta súbita travagem na formação estelar: a emergência de buracos negros supermassivos.

Os astrónomos combinaram observações da câmara LABOCA, instalada no telescópio APEX (Atacama Pathfinder Experiment) de 12 metros, operado pelo ESO, com medições feitas com o VLT (Very Large Telescope) do ESO, o Telescópio Espacial Spitzer da NASA e outros, para observar como é que galáxias brilhantes e muito distantes se juntam para formar grupos e enxames.

Quanto mais compacto é o grupo ou enxame de galáxias, mais massa têm os seus halos de matéria escura - o material invisível que compõe a maior parte da massa da galáxia. Os novos resultados obtidos são as medições mais precisas que temos sobre o modo de formação de enxames para este tipo de galáxias.

As galáxias estão tão distantes que a sua luz demorou cerca de dez mil milhões de anos a chegar até nós, por isso estamos a observá-las tal como eram há cerca de dez mil milhões de anos atrás. Nestas fotografias do Universo primordial as galáxias estão sujeitas ao tipo de formação estelar mais intensa que se conhece, a chamada formação estelar explosiva.

Ao medir as massas dos halos de matéria escura em torno das galáxias e utilizando simulações de computador para estudar como é que estes halos crescem com o tempo, os astrónomos descobriram que estas galáxias distantes com formação explosiva de estrelas no cosmos primitivo transformam-se eventualmente em galáxias elípticas gigantes - as galáxias de maior massa existentes no Universo actual.

"Esta é a primeira vez que conseguimos mostrar de maneira clara a relação que existe entre as galáxias mais energéticas que apresentam formação estelar explosiva no Universo primordial e as galáxias de maior massa presentes no Universo actual," explica Ryan Hickox (Universidade de Darthmouth, nos EUA e Universidade Durham University, no Reino Unido), o cientista que lidera a equipa.

Adicionalmente, as novas observações indicam que a formação estelar explosiva nestas galáxias distantes durou uns meros 100 milhões de anos - um tempo muito curto em termos cosmológicos - no entanto, durante este breve período, a quantidade de estrelas nas galáxias duplicou. A paragem abrupta deste crescimento tão rápido corresponde a outro episódio na história das galáxias, o qual não se compreende ainda muito bem.

"Sabemos que as galáxias elípticas de elevada massa pararam de produzir estrelas de modo súbito há muito tempo atrás, encontrando-se agora bastante passivas. Os cientistas tentam imaginar o que poderia ser suficientemente poderoso para conseguir desligar a formação estelar explosiva duma galáxia inteira," diz Julie Wardlow (Universidade da Califórnia, em Irvine, nos EUA e da Universidade Durham, no Reino Unido), um membro da equipa.

Os resultados da equipa apontam para uma possível explicação: nessa fase da história do cosmos, as galáxias com formação estelar explosiva aglomeram-se de modo muito semelhante aos quasares, o que indica que estes últimos são encontrados nos mesmos halos de matéria escura. Os quasares estão entre os objectos mais energéticos do Universo - faróis galácticos que emitem intensa radiação, alimentados por um buraco negro supermassivo situado nos seus centros.

Existem cada vez mais evidências que sugerem que a formação estelar explosiva intensa alimenta também o quasar, com enormes quantidades de matéria a serem sugadas pelo buraco negro. O quasar, por sua vez, emite enormes quantidades de energia que se pensa que limparão o restante gás da galáxia - a matéria-prima necessária à formação de novas estrelas - travando assim de maneira eficaz a fase de formação estelar.

"Em poucas palavras, a intensa formação estelar dos dias de glória das galáxias acabou também por ser a sua perdição ao alimentar os buracos negros nos seus centros, os quais rapidamente limpam ou destroem as nuvens de formação estelar," explica David Alexander (Universidade Durham, no Reino Unido), membro da equipa.

Links:

Notícias relacionadas:
Artigo científico (formato PDF)
ESO (comunicado de imprensa)
Astronomy Now Online
Space Daily
PHYSORG.com

Matéria escura:
Wikipedia

Galáxias:
Wikipedia
CCVAlg - O que são as galáxias?
CCVAlg - A descoberta das galáxias
CCVAlg - Galáxias espirais
CCVAlg - Galáxias espiral-barradas

Universo:
Universo (Wikipedia)
Idade do Universo (Wikipedia)
Estrutura a grande-escala do Universo (Wikipedia)
Big Bang (Wikipedia)
Cronologia do Big Bang (Wikipedia)

ESO:
Página oficial
Wikipedia

VLT:
Página oficial
Wikipedia

 


Galáxias com intensa formação estelar no Universo jovem.
Crédito: ESO, APEX (MPIfR/ESO/OSO), A. Weiss et al., Centro Científico Spitzer da NASA
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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