NOVAS DESCOBERTAS DA NEW HORIZONS MOLDAM O CONHECIMENTO DE PLUTÃO E DAS SUAS LUAS
22 de dezembro de 2015
Cinco meses depois da New Horizons da NASA ter passado por Plutão e de ter captado as primeiras imagens e medições deste mundo gelado e do seu sistema de satélites, o conhecimento sobre este distante sistema continua a evoluir.
Os membros da equipa científica da New Horizons destacaram os achados mais recentes da passagem rasante por Plutão na reunião da União Geofísica Americana que teve lugar a semana passada em São Francisco, EUA. Estes são: mais informações sobre a composição e geologia de Plutão, bem como novos detalhes sobre a neblina inesperada na atmosfera de Plutão e a sua interação com o vento solar.
"Estamos a muito menos de metade da transmissão de dados sobre o sistema de Plutão até à Terra, mas já surgiu uma grande variedade de resultados científicos," afirma Alan Stern, investigador principal da New Horizons, do SwRI (Southwest Research Institute) em Boulder, no estado americano do Colorado.
Descobriram-se evidências geológicas de atividade glacial generalizada, presente e passada, incluindo a formação de redes de vales erodidos, alguns dos quais são "vales de suspensão", parecidos com aqueles no Parque Nacional de Yellowstone, no estado americano de Wyoming. "Plutão excedeu largamente as nossas expetativas na diversidade de formas de relevo e processos - processos que continuam no presente," explica Alan Howard, da Universidade da Virgínia, em Charlottesville, colaborador científico da equipa GGI (Geology, Geophysics and Imaging) da New Horizons.
Uma das chaves para compreender a atividade em Plutão é o papel da camada profunda de azoto (ou nitrogénio) sólido e outros gelos voláteis que preenchem o lado esquerdo do "coração" de Plutão - uma vasta bacia com 1000 quilómetros de largura, informalmente chamada Sputnik Planum. Novos modelos numéricos de convecção térmica dentro desta camada gelada não só explicam as inúmeras características geladas vistas à superfície de Sputnik Planum, como também indicam que esta camada pode ter alguns quilómetros de espessura. A evaporação e a condensação deste azoto em terrenos vizinhos mais altos levam fluxos glaciais em direção à bacia; modelos numéricos adicionais do fluxo de azoto gelado mostram como a paisagem de Plutão foi e ainda está sendo transformada.
Nos últimos meses, a New Horizons também transmitiu dados de cores e ângulos de fase da notável neblina atmosférica que rodeia Plutão, subindo centenas de quilómetros acima da superfície. Além de avaliar as suas propriedades óticas, a equipa científica está a examinar várias questões importantes sobre a extensa neblina de Plutão: de onde é originária, porque é que forma camadas e como varia espacialmente em torno de Plutão.
"Como quase tudo em Plutão, a neblina é muito mais complicada do que pensávamos," afirma Andy Cheng, co-investigador da New Horizons e do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins em Laurel, Maryland, EUA. "Mas com os excelentes dados atualmente nas mãos da New Horizons, esperamos em breve ter uma compreensão muito melhor."
A New Horizons também descobriu novos e mais rigorosos limites para uma atmosfera na maior lua de Plutão, Caronte. Além disso, os cientistas que estudam observações espectrais infravermelhas de Caronte recolhidas pelo instrumento LEISA (Linear Etalon Imaging Spectral Array) divulgaram evidências da ocorrência de um nível baixo de absorção de amónia (NH3) em grande parte da superfície de Caronte, não apenas as altas concentrações locais anteriormente detetadas em alguns locais. Um deles, a informalmente denominada Cratera Organa, tinha sido observada como especialmente rica em NH3. Não se sabe ainda o que controla a distribuição de NH3 em Caronte, ou se vem do interior de Caronte ou de uma fonte externa.
Os cientistas da New Horizons também apresentaram resultados sobre o modo como Plutão e as suas luas interagem com o vento solar, o fluxo constante de partículas e plasma oriundo do Sol e que à distância de Plutão ainda viaja a 1,4 milhões de quilómetros por hora. A atmosfera de Plutão fornece uma fonte de átomos neutros que podem trocar eletrões com os átomos carregados positivamente de oxigénio, carbono e azoto do vento solar. Observações com o Observatório de raios-X Chandra da NASA, durante a maior aproximação, contribuíram para o conhecimento dos cientistas acerca dos processos em trabalho. Os membros da equipa procuraram emissões de raios-X perto de Plutão para ajudar a determinar a taxa de escape da atmosfera de Plutão para o espaço, método este muito parecido à forma como as emissões de raios-X são usadas para caracterizar o fluxo de material cometário.