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ÚRANO PODE TER DUAS LUAS POR DESCOBRIR
25 de outubro de 2016

 


Úrano, visto aqui em cores falsas nesta imagem obtida pelo Hubble em agosto de 2003. O brilho dos ténues anéis do planeta e das luas escuras foi melhorado para dar mais visibilidade.
Crédito: NASA/Erich Karkoschka (Universidade do Arizona)
(clique na imagem para ver versão maior)

 

A sonda Voyager 2 da NASA passou por Úrano há 30 anos atrás, mas os investigadores ainda estão fazendo descobertas a partir dos dados que recolheu na altura. Um novo estudo liderado por cientistas da Universidade do Idaho, EUA, sugere a existência de duas pequenas luas anteriormente desconhecidas que orbitam perto de dois dos anéis do planeta.

Rob Chancia, doutorando da Universidade do Idaho, avistou padrões-chave nos anéis enquanto examinava imagens antigas dos anéis gelados de Úrano captadas pela Voyager 2 em 1986. Ele notou que a quantidade de material na orla do anel alfa - um dos mais brilhantes anéis de Úrano - variava periodicamente. Um padrão parecido, mas ainda mais promissor, ocorria na mesma parte do vizinho anel beta.

"Quando olhamos para este padrão em locais diferentes ao redor do anel, o comprimento de onda é diferente - isso aponta para algo a mudar à medida que dá a volta ao anel. Há algo a quebrar a simetria," comenta Matt Hedman, professor assistente de física da Universidade do Idaho, que trabalhou com Chancia para investigar o achado. Os seus resultados serão publicados na revista The Astronomical Journal e estão disponíveis online.

Chancia e Hedman são bem versados na física dos anéis planetários: ambos estudam os anéis de Saturno usando dados da sonda Cassini da NASA, atualmente em órbita do "Senhor dos Anéis". Os dados da Cassini produziram novas ideias sobre o comportamento dos anéis e uma bolsa da NASA permitiu com que Chancia e Hedman examinassem, sob nova luz, os dados de Úrano recolhidos pela Voyager 2. Especificamente, analisaram ocultações de rádio - feitas quando a Voyager 2 enviou ondas rádio através dos anéis para serem detetados cá na Terra - e ocultações estelares, feitas quando a nave mediu a luz de estrelas de fundo brilhando através dos anéis, o que ajuda a revelar quanto material eles contêm.

Eles descobriram que o padrão nos anéis de Úrano era parecido com estruturas relacionadas com luas nos anéis de Saturno.

Os investigadores estimam que as pequenas luas teorizadas nos anéis de Úrano têm entre 4 e 14 quilómetros em diâmetro - tão pequenas quanto algumas das luas identificadas em Saturno, mas mais pequenas do que as luas conhecidas de Úrano. As luas uranianas são especialmente difíceis de avistar porque as suas superfícies estão cobertas de material escuro.

"Nós ainda não vimos as luas, mas a ideia é que o tamanho das luas, necessário para produzir estas características, é muito pequeno, de modo que podem ter sido facilmente negligenciadas," acrescenta Hedman. "As imagens da Voyager não eram sensíveis o suficiente para ver facilmente estas luas."

Hedman disse que os seus achados podem ajudar a explicar algumas características nos anéis de Úrano, que são estranhamente estreitos em comparação com os de Saturno. As pequenas luas, a existirem, podem estar a agir como satélites "pastores", ajudando a manter a forma dos anéis. Duas das 27 luas conhecidas de Úrano, Ofélia e Cordélia, atuam como pastores do anel épsilon de Úrano.

"O problema de manter os anéis estreitos subsiste desde a descoberta do sistema de anéis de Úrano em 1977 e tem sido trabalhado por muitos dinamicistas ao longo dos anos," comenta Chancia. "Ficaria muito satisfeito se se confirmasse a existência destas luas propostas e podíamos até usá-las para alcançar uma solução."

A confirmação ou refutação da existência das pequenas luas com o auxílio a telescópios ou imagens obtidas por sondas será deixada para outros investigadores, afirmam Chancia e Hedman. Eles vão continuar a examinar padrões e estruturas nos anéis de Úrano, ajudando a descobrir mais dos muitos segredos do planeta.

"É emocionante ver a histórica exploração de Úrano pela Voyager 2 ainda a contribuir com novos conhecimentos sobre os planetas," comenta Ed Stone, cientista do projeto Voyager, com base no Caltech, Pasadena, Califórnia.

A Voyager 2 e a sua gémea, Voyager 1, foram lançadas em 1977 com 16 dias de diferença. Ambas as naves passaram por Júpiter e Saturno, e a Voyager 2 também passou por Úrano e Neptuno. A Voyager 2 é a sonda espacial operada continuamente há mais tempo. Espera-se que entre no espaço interestelar daqui a alguns anos, juntando-se à Voyager 1, que o cruzou em 2012. Embora muito além dos planetas, a missão continua a enviar observações sem precedentes do ambiente espacial no Sistema Solar, fornecendo informações cruciais sobre o ambiente que rodeia a sonda à medida que exploramos cada vez mais longe de casa.

 


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Úrano:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Luas de Úrano (Wikipedia)

Voyager 2:
NASA
Wikipedia

 
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