AS ESTRELAS NASCEM EM AGRUPAMENTOS SOLTOS 24 de abril de 2018
Impressão de artista do
satélite Gaia, com a Via Láctea no plano de fundo.
Crédito: ESA/ATG medialab; imagem de fundo: ESO/S.
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Com base em dados
previamente publicados da missão Gaia, investigadores da
Universidade de Heidelberg derivaram as condições sob as
quais as estrelas se formam. O satélite Gaia está a medir as
posições tridimensionais e os movimentos das estrelas na Via
Láctea com uma precisão sem precedentes. Usando esses dados,
o Dr. Jacob Ward e o Dr. Diederik Kruijssen determinaram as
posições, distâncias e velocidades de um grande número de
jovens estrelas massivas em 18 agrupamentos estelares
próximos. Os investigadores conseguiram demonstrar que não
há evidência alguma de que essas associações estejam a se
expandir. Portanto, não podem ter sido formados como um
enxame denso e, de seguida, crescido para o seu tamanho
atual.
O modelo de longa data da formação
estelar sustenta que a maioria, se não todas as estrelas, se
formam em aglomerados estelares relativamente densos. Os
especialistas referem-se a este como o modelo "monolítico"
da formação das estrelas. Com base nesse modelo, cada
agrupamento de jovens estrelas observáveis atualmente deve
ter origem num ou mais enxames densos. Depois da formação
das estrelas, estes enxames expeliram o gás molecular
restante e foram capazes de se expandir devido à perda da
massa gravitacionalmente ligada. Os aglomerados menos densos
de hoje teriam se formado dessa forma e, portanto, milhões
de anos depois, evidenciariam sinais claros de forte
expansão.
Para os Drs. Ward e Kruijssen, os resultados da sua
investigação indicam claramente que o modelo "monolítico" de
formação estelar simplesmente não é viável. Ambos os
cientistas preferem outra explicação, a saber, que apenas
uma pequena fração das estrelas nascem dentro de aglomerados
densos. Ao invés, as estrelas formam-se em gigantescas
nuvens de gás molecular numa ampla faixa de densidades. Este
modelo "hierárquico" de formação estelar explica os enxames
estelares de hoje e as associações com uma variedade de
densidades que não mostram sinais de expansão adicional.
A próxima divulgação de dados da missão
Gaia está marcada para o dia 25 de abril. Até lá, terão sido
recolhidos dados sobre mais de mil milhões de estrelas -
pelo menos 500 vezes mais do que os dois milhões de estrelas
incluídas neste estudo inicial. Jacob Ward e Diederik
Kruijssen esperam que estes novos dados os permitam expandir
o seu estudo a, potencialmente, centenas de grupos estelares
soltos, conhecidos como Associações OB, e aprofundar ainda
mais a questão de como as estrelas nascem.