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Uma estrela recém-descoberta pode fornecer novos conhecimentos sobre a evolução estelar
9 de agosto de 2024
 

Impressão de artista de uma estrela gigante vermelha.
Crédito: Pixabay
 
     
 
 
 

Um novo estudo, publicado na revista The Astrophysical Journal, liderado pela professora assistente de astronomia Rana Ezzedine e pelo estudante Jeremy Kowkabany, ambos da Universidade da Flórida, EUA, juntamente com colaboradores, relata a descoberta de uma estrela que desafia a compreensão dos astrónomos no que toca à evolução das estrelas e à formação dos elementos químicos, e pode sugerir uma nova fase no seu ciclo de crescimento.

É amplamente aceite que, à medida que as estrelas queimam o seu combustível nuclear, perdem elementos mais leves como o lítio em troca de elementos mais pesados como o carbono e o oxigénio, mas uma análise desta nova estrela revelou que não só o seu teor de lítio era elevado para a sua idade, como era superior ao nível normal para qualquer estrela em qualquer idade.

Esta estrela, denominada J0524-0336 com base nas suas coordenadas no espaço, foi descoberta recentemente por Ezzeddine no âmbito de um outro estudo que utilizou um levantamento para procurar estrelas mais velhas na Via Láctea. É uma estrela evoluída, o que significa que está na fase final da sua "vida" e está a começar a ficar instável. Isto também significa que é muito maior e mais brilhante do que a maioria das outras estrelas do seu tipo, estimando-se que tenha cerca de 30 vezes o tamanho do Sol.

Para medir a composição elementar de J0524-0336, a equipa de Ezzeddine usou um método chamado espetroscopia. Um espetrógrafo fixa-se a um telescópio e filtra a luz da estrela nos seus arco-íris constituintes. As bandas escuras neste espetro podem ser usadas para determinar a quantidade de um elemento que constitui a estrela.

"Descobrimos que J0524-0336 contém 100.000 vezes mais lítio do que o Sol na sua idade atual", disse Ezzeddine. "Esta quantidade desafia os modelos dominantes de como as estrelas evoluem e pode sugerir um mecanismo previamente desconhecido para a produção ou retenção de lítio nas estrelas."

A equipa apresentou algumas potenciais hipóteses para explicar o elevado teor de lítio de J0524-0336. Pode estar numa fase ainda não observada do ciclo evolutivo das estrelas, ou pode ter ganho o elemento através de uma interação recente com outro corpo celeste. Foi teorizado que estrelas tão antigas e tão grandes como esta absorvem planetas próximos e estrelas vizinhas à medida que envelhecem, pelo que J0524-0336 pode simplesmente ter capturado outro corpo rico em lítio e não ter tido oportunidade de fundir a matéria. Ezzeddine pensa que, com a quantidade de lítio encontrada em J0524-0336, é provável que tenha havido contribuições de ambas as hipóteses, mas é necessário mais trabalho para chegar a conclusões.

Ezzeddine, Kowkabany e seus colaboradores planeiam realizar mais estudos sobre J0524-0336. Esperam usar um programa de monitorização contínua para seguir as mudanças na composição da estrela ao longo do tempo e observar diferentes comprimentos de onda, tais como luz infravermelha e ondas de rádio, para ver se algum material está a ser ejetado da estrela.

"Se encontrarmos uma acumulação de poeira no disco circunstelar da estrela, ou o anel de detritos e materiais que são ejetados da estrela, isso indicaria claramente um evento de perda de massa, tal como uma interação estelar", explicou Ezzeddine. "Se não observarmos esse disco, podemos concluir que o enriquecimento de lítio se deve a um processo, ainda por descobrir, que ocorre no interior da estrela."

// Universidade da Flórida (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (arXiv.org)

 


Quer saber mais?

Gigante vermelha:
Wikipedia

Evolução estelar:
Wikipedia

 
   
 
 
 
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