Um planeta pode ter sido destruído por uma anã branca no centro de uma nebulosa planetária - a primeira vez que tal se verifica. Isto explicaria um misterioso sinal de raios X que os astrónomos já detetam na Nebulosa da Hélice há mais de 40 anos. A Nebulosa da Hélice é uma nebulosa planetária, uma estrela como o nosso Sol, mas numa fase mais avançada, que libertou as suas camadas exteriores, deixando no seu centro uma pequena estrela ténue chamada anã branca.
Eventualmente, os detritos do planeta formaram um disco à volta da anã branca e caíram na superfície da estrela, criando o misterioso sinal em raios X que os astrónomos têm detetado durante décadas.
Desde 1980, missões de raios X, como o Observatório Einstein e o telescópio ROSAT, detetaram uma leitura invulgar no centro da Nebulosa da Hélice. Detetaram raios X altamente energéticos provenientes da anã branca no centro da Nebulosa da Hélice, chamada WD 2226-210, localizada a apenas 650 anos-luz da Terra. As anãs brancas como WD 2226-210 não emitem normalmente raios X muito intensos.
Um novo estudo com dados do Chandra e do XMM-Newton pode ter finalmente resolvido a questão do que está a causar estes raios X de WD 2226-210: este sinal de raios X pode ser os detritos de um planeta destruído a serem puxados para a anã branca. Se confirmado, este seria o primeiro caso de um planeta visto a ser destruído pela estrela central numa nebulosa planetária.
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Esta impressão artística mostra um planeta (à esquerda) que se aproximou demasiado de uma anã branca (à direita) e está a ser destruído pelas forças de maré da estrela. A anã branca está no centro de uma nebulosa planetária representada pelo gás azul no plano de fundo. O planeta faz parte de um sistema planetário, que inclui um planeta no canto superior esquerdo e outro no canto inferior direito. O planeta dizimado pode ter estado inicialmente a uma distância considerável da anã branca, mas depois migrou para o interior, interagindo com a gravidade dos outros planetas do sistema.
Crédito: CXC/SAO/M. Weiss |
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Observações efetuadas pelo ROSAT, Chandra e XMM-Newton entre 1992 e 2002 mostram que o sinal de raios-X da anã branca permaneceu aproximadamente constante em termos de brilho durante esse tempo. Os dados, no entanto, sugerem que pode haver uma mudança subtil e regular no sinal de raios-X a cada 2,9 horas, fornecendo evidências da existência de um planeta excecionalmente próximo da anã branca.
Anteriormente, os cientistas determinaram que um planeta do tamanho de Neptuno está numa órbita muito próxima da anã branca - completando uma órbita em menos de três dias. Os investigadores deste último estudo concluem que poderia ter existido um planeta como Júpiter ainda mais próximo da estrela. O planeta dizimado poderia ter estado inicialmente a uma distância considerável da anã branca, mas depois migrou para o interior, interagindo com a gravidade de outros planetas do sistema. Assim que se aproximou o suficiente da anã branca, a gravidade da estrela teria parcial ou completamente despedaçado o planeta.
WD 2226-210 tem algumas semelhanças, no que toca ao seu comportamento em raios-X, com duas outras anãs brancas que não estão no interior de nebulosas planetárias. Uma delas está possivelmente a retirar material de um planeta companheiro, mas de uma forma mais calma, sem que o planeta seja rapidamente destruído. A outra anã branca está provavelmente a arrastar material dos vestígios de um planeta para a sua superfície. Estas três anãs brancas podem constituir uma nova classe de objetos variáveis, ou em mudança.
O artigo científico que descreve estes resultados foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e está disponível online.
// NASA (comunicado de imprensa)
// Chandra/Harvard (comunicado de imprensa)
// Artigo científico (Monthly Notices of the Royal Astronomical Society)
Quer saber mais?
Nebulosa da Hélice:
SEDS
Wikipedia
Nebulosa planetária:
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
Anã branca:
NASA
Wikipedia
Exoplanetas:
Wikipedia
Lista de planetas (Wikipedia)
Lista de exoplanetas potencialmente habitáveis (Wikipedia)
Lista de exoplanetas mais próximos (Wikipedia)
Lista de extremos (Wikipedia)
Lista de exoplanetas candidatos a albergar água líquida (Wikipedia)
Open Exoplanet Catalogue
NASA
Exoplanet.eu
Observatório de raios X Chandra:
NASA
Universidade de Harvard
Wikipedia |