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Hubble celebra 35.º ano em órbita
25 de abril de 2025
 

Estas são uma combinação de imagens de Marte tiradas pelo Telescópio Espacial Hubble de 28 a 30 de dezembro de 2024. No ponto médio das observações, Marte estava a aproximadamente 98 milhões de quilómetros da Terra. As nuvens finas de água gelada que são aparentes na luz ultravioleta dão ao "Planeta Vermelho" uma aparência gelada. A calote polar norte estava a experienciar o início da primavera marciana.
Crédito: NASA, ESA, STScI
 
     
 
 
 

Para comemorar os 35 anos do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA em órbita da Terra, foram divulgadas várias imagens recentemente captadas pelo Hubble. Estas vão desde o planeta Marte a imagens do nascimento e morte de estrelas e de uma magnífica galáxia vizinha. Após mais de três décadas a analisar o nosso Universo, o Hubble continua a ser o telescópio mais conhecido da história da ciência.

Os astrónomos sabiam que colocar um telescópio acima da atmosfera turva da Terra lhes permitiria ver o Universo como nunca antes. A visão do Hubble seria dez vezes mais nítida do que a dos telescópios terrestres convencionais da altura. A sua elevada sensibilidade permitiria descobrir objetos extremamente mais fracos do que as estrelas mais ténues vistas pelo olho humano. Não filtrada pela atmosfera terrestre, a sua ampla cobertura de comprimentos de onda estender-se-ia desde o ultravioleta até ao infravermelho próximo. Gloriosas maravilhas celestes tornar-se-iam visíveis. Além disso, o Hubble seria um audacioso salto em frente na imaginação humana, nas capacidades de engenharia e na curiosidade sem limites.

Antes do Hubble, nenhuma geração tinha tido acesso a vistas inimaginavelmente vibrantes do espaço, que se estendiam quase até ao início dos tempos. Durante a maior parte da história, a complexidade e a extensão do vasto cosmos foram deixadas em grande parte à imaginação humana. Mas o Hubble entrou no sprint final da corrida até ao limite do Universo visível. No início da década de 1920, o homónimo do telescópio, o astrónomo Edwin Hubble, começou esta maratona com a descoberta de galáxias fora da nossa Via Láctea.

Atualmente, o Hubble está no auge do seu retorno científico graças à dedicação, perseverança e competências de engenheiros, cientistas e operadores da missão. As tripulações dos vaivéns espaciais perseguiram e encontraram-se com o Hubble em cinco missões de manutenção, de 1993 a 2009. Os astronautas atualizaram as câmaras, os computadores e outros sistemas de apoio do Hubble.

 
Nebulosa planetária NGC 2899: Este objeto tem um fluxo de gás diagonal, bipolar e cilíndrico. Este é impulsionado pela radiação e pelos ventos estelares de uma anã branca no centro, com uma temperatura de cerca de 22.000 graus Celsius. De facto, pode haver duas estrelas companheiras que estão a interagir e a esculpir a nebulosa, que é "apertada" no meio por um anel ou toro fragmentado - parecendo um donut meio comido. Tem uma floresta de "pilares" gasosos que apontam para a fonte de radiação e ventos estelares. As cores provêm do hidrogénio e do oxigénio incandescentes. A nebulosa encontra-se a cerca de 4500 anos-luz de distância, na constelação austral de Vela.
Crédito: NASA, ESA, STScI
 

Ao prolongar a vida operacional do Hubble, o telescópio fez cerca de 1,7 milhões de observações, olhando para aproximadamente 55.000 alvos astronómicos. As descobertas do Hubble deram origem a mais de 22.000 artigos científicos e a mais de 1,3 milhões de citações até fevereiro de 2025. Todos os dados recolhidos pelo Hubble estão arquivados e totalizam atualmente mais de 400 terabytes. A procura por tempo de observação continua a ser muito elevada, com um excesso de subscrições de 6:1, o que faz dele um dos observatórios mais procurados atualmente.

A longa vida operacional do Hubble permitiu aos astrónomos observar mudanças astronómicas que abrangem mais de três décadas: a variabilidade sazonal nos planetas do nosso Sistema Solar, jatos de buracos negros que viajam quase à velocidade da luz, convulsões estelares, colisões de asteroides, bolhas de supernovas em expansão e muito mais.

 

Um legado duradouro

O legado do Hubble é a ponte entre o nosso conhecimento passado e futuro de um Universo que é incrivelmente glorioso, bem como turbulento - com galáxias em colisão, buracos negros vorazes e implacáveis fogos de artifício estelares. O Hubble, mais do que qualquer outro telescópio, vê o Universo através dos olhos de Einstein: microlentes, a dilatação do tempo, a constante cosmológica, matéria que desaparece num buraco negro e uma fonte de ondas gravitacionais.

Antes de 1990, os potentes telescópios óticos da Terra só conseguiam ver até metade do cosmos. As estimativas da idade do Universo eram muito divergentes. Suspeitava-se apenas que os buracos negros supermassivos fossem as potências por detrás de um raro "zoo" de fenómenos energéticos. Não se tinha visto um único planeta à volta de outra estrela.

Entre a sua longa lista de descobertas: os campos profundos do Hubble revelaram uma miríade de galáxias que remontam ao início do Universo; a medição precisa da expansão do Universo; descobriu que os buracos negros supermassivos são comuns entre as galáxias; fez as primeiras medições das atmosferas de exoplanetas; contribuiu para a descoberta da "energia escura", que está a acelerar o Universo.

 
Nebulosa Roseta: Esta é uma fotografia do Telescópio Espacial Hubble de uma pequena porção da Nebulosa Roseta, uma enorme região de formação estelar com 100 anos-luz de diâmetro e localizada a 5200 anos-luz de distância. O Hubble faz zoom numa pequena porção da nebulosa que tem apenas quatro anos-luz de diâmetro (a distância aproximada entre o nosso Sol e o vizinho sistema estelar Alpha Centauri). Nuvens escuras de hidrogénio gasoso misturado com poeira estão em silhueta na imagem. As nuvens estão a ser corroídas e moldadas pela intensa radiação do enxame de estrelas no centro da nebulosa (NGC 2440). Uma estrela incrustada, vista na ponta de uma nuvem escura na parte superior direita da imagem, está a lançar jatos de plasma que embatem na nuvem fria que a rodeia. A onda de choque resultante está a causar um brilho vermelho. As cores provêm da presença de hidrogénio, oxigénio e azoto. Ver aqui a imagem no contexto mais abrangente da Nebulosa Roseta.
Crédito: NASA, ESA, STScI
 

Após mais de três décadas, o Hubble continua a ser o instrumento científico mais reconhecido e celebrado da história da humanidade. As descobertas e imagens do Hubble foram nada menos do que transformadoras para a perceção que o público tem do cosmos. Ao contrário de qualquer outro telescópio anterior, o Hubble tornou a astronomia muito relevante, cativante e acessível a pessoas de todas as idades. O Hubble tornou-se "o telescópio do povo", tocando as mentes e as emoções de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

Uma única fotografia do Hubble pode mostrar o Universo como espantoso, misterioso e belo - e, ao mesmo tempo, caótico, avassalador e ameaçador. Estas imagens tornaram-se icónicas, seminais e intemporais. Comunicam visceralmente o valor da ciência: a admiração e a vontade de procurar compreender o nosso lugar no cosmos. Em comemoração, a NASA e a ESA divulgaram imagens de alvos astronómicos que foram selecionados para a celebração, desde planetas a nebulosas e galáxias.

O ritmo incessante das descobertas pioneiras do Hubble deu início a uma nova geração de telescópios espaciais para o século XXI. O poderoso Telescópio Espacial James Webb poderia não ter sido construído sem o Hubble, que revelou um "país por descobrir" de galáxias longínquas e aparentemente incontáveis. O Hubble forneceu as primeiras evidências observacionais de que havia muito para o Webb investigar em comprimentos de onda infravermelhos que alcançam distâncias ainda maiores para além do olhar do Hubble. Atualmente, o Hubble e o Webb são frequentemente utilizados em complemento para estudar tudo, desde exoplanetas à dinâmica de galáxias.

 
Galáxia espiral barrada NGC 5335: Este objeto é classificado como uma galáxia espiral floculante, com manchas irregulares de formação estelar ao longo do seu disco. Há uma falta notável de braços espirais bem definidos que são normalmente encontrados entre as galáxias, incluindo a nossa Via Láctea. Uma notável estrutura em forma de barra atravessa o centro da galáxia. A barra canaliza o gás para dentro em direção ao centro galáctico, alimentando a formação de estrelas. Estas barras são dinâmicas nas galáxias e podem aparecer e desaparecer em intervalos de dois mil milhões de anos. Aparecem em cerca de 30 por cento das galáxias observadas, incluindo a nossa Via Láctea.
Crédito: NASA, ESA, STScI
 

A ciência e as descobertas do Hubble nos últimos anos

Mesmo com a impressionante idade de 35 anos, não se registou qualquer abrandamento na investigação e nas novas descobertas feitas com o Hubble - antes pelo contrário. Os astrónomos europeus utilizam intensamente o telescópio, com a quota de tempo de observação atribuída a programas liderados pela Europa a ser consistentemente superior aos 15% garantidos pela participação da ESA na missão Hubble, graças às suas muitas propostas com forte mérito científico.

Isto conduziu diretamente a descobertas, incluindo evidências de um buraco negro de massa intermédia em Omega Centauri, um precursor dos primeiros buracos negros supermassivos, uma explosão bizarra de luz extraordinariamente brilhante com origem longe de qualquer galáxia hospedeira, a queima de hidrogénio em estrelas anãs brancas e a ausência de estrelas da População III tão longe no tempo quanto o Hubble pode ver. Um destaque particular, e uma demonstração das incríveis capacidades do Hubble, foi a descoberta em 2022 de Earendel. A estrela mais distante alguma vez observada, Earendel é vista 12,9 mil milhões de anos no passado, quando o Universo tinha menos de mil milhões de anos.

Beneficiando da longa vida operacional do Hubble, o programa OPAL celebrou uma década de estudo dos planetas exteriores do Sistema Solar. Descobertas como a evidência de vapor de água nas luas de Júpiter, Europa e Ganimedes, "raios anelares" nos anéis de Saturno, o tamanho da Grande Mancha Vermelha de Júpiter e as cores de Úrano e Neptuno são apenas alguns dos resultados. Os corpos mais pequenos do Sistema Solar também foram alvo da atenção do Hubble - nomeadamente o asteroide Dimorphos, alvo do teste de redireccionamento de asteroides DART. O Hubble captou imagens de Dimorphos antes e depois do impacto, juntamente com o Webb, produzindo mais tarde um filme dos detritos e detetando as rochas ejetadas. Um projeto de ciência cidadã também descobriu milhares de rastos de asteroides em mais de duas décadas de imagens arquivadas do Hubble.

Para além do Sistema Solar, o Hubble provou a sua importância contínua no campo de investigação em rápido crescimento dos exoplanetas. Estudou os padrões climáticos na atmosfera de um exoplaneta, observou a formação de uma nova atmosfera em torno de um exoplaneta rochoso semelhante à Terra e encontrou um pequeno exoplaneta com vapor de água na sua atmosfera. Em 2021, foi também concluída uma compilação de galáxias hospedeiras de supernovas a partir de 18 anos de estudo, imagens que foram utilizadas para medir a constante de Hubble com a maior precisão de sempre. Também este ano foi o culminar do maior fotomosaico de sempre da Galáxia de Andrómeda, criado a partir de dez anos de observações do Hubble da nossa vizinha próxima.

 

// ESA (comunicado de imprensa)
// ESA/Hubble (comunicado de imprensa)
// NASA (comunicado de imprensa)

 


Quer saber mais?

Algumas descobertas recentes do Hubble:
21/01/2025 - O Hubble rastreia a história oculta da Galáxia de Andrómeda
12/07/2024 - Hubble encontra fortes indícios de um buraco negro de massa intermédia em Omega Centauri
30/01/2024 - Hubble encontra vapor de água na atmosfera de um exoplaneta pequeno
09/01/2024 - Telescópio Hubble observa uma atmosfera exoplanetária em mudança
10/10/2023 - Hubble encontra uma explosão bizarra num local inesperado
03/06/2022 - Telescópios ajudam a explicar porque Úrano e Neptuno têm cores diferentes
15/04/2022 - Astrónomos detetam precursor de buraco negro supermassivo à espreita nos dados de arquivo do Hubble
01/04/2022 - Quebrado um recorde: Hubble encontra a estrela mais distante alguma vez vista
23/11/2021 - Hubble obtém o seu "grande tour" anual pelo Sistema Solar exterior
19/10/2021 - Hubble encontra evidências de atmosfera de vapor de água persistente em Europa
07/09/2021 - Hubble descobre anãs brancas que queimam hidrogénio e que envelhecem lentamente
30/07/2021 - Hubble descobre evidências de vapor de água na lua de Júpiter, Ganimedes
16/03/2021 - Hubble vê formação de nova atmosfera num exoplaneta rochoso

Telescópio Espacial Hubble:
Hubble, NASA 
ESA
STScI
Base de dados do Arquivo Mikulski para Telescópios Espaciais
Arquivo de Ciências do eHST
Wikipedia

Marte:
NASA
CCVAlg - Astronomia
Wikipedia
The Nine Planets

NGC 2899:
Wikipedia

Nebulosa Roseta:
SEDS
Wikipedia

NGC 5335:
Wikipedia

 
   
 
 
 
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