Top thingy left
 
METEOROS, METEORITOS E IMPACTOS

Meteoros vs. Meteoritos

Dá-se a queda de um meteoro quando poeiras do Sistema Solar entram na atmosfera terrestre deixando no céu um rasto luminoso à sua passagem.
Se o meteoro possui uma grande dimensão e atinge o solo sem ser vaporizado, chama-se então meteorito.

As partículas que dão origem aos meteoros e meteoritos chamam-se meteoróides. Os meteoróides são partículas de material que se encontra no interior do Sistema Solar e que são demasiado pequenas para serem chamadas de asteróides ou cometas.

O fenómeno da formação do rasto luminoso do meteoro ou meteorito deve-se à fricção do meteoróide com a atmosfera, o que cria uma incandescência temporária no material que o constitui.

Esta fricção torna-se significativa a altitudes da ordem dos 80 a 110 km.

Leónida
Figura 1 - Fotografia de um meteoro da chuva Leónidas, de 17 de Novembro de 1998.
Crédito: Lorenzo Novato
 
Outra leónida
Figura 2 - Outra imagem de um meteoro das Leónidas, desta vez do ano 2001. A nuvem aqui visível é parte do rasto de detritos deixados pela sua passagem, resultante um compósite de duas imagens separadas, uma do meteoro e outra da nuvem.
Crédito: John Pane

O termo meteoro vem do termo grego meteoron que significa "fenómeno no céu". Em linguagem corrente é vulgar chamar estrela cadente a este fenómeno.

Num local escuro, é possível observar ao longo de uma noite normal a queda de duas ou três estrelas cadentes. Numa das chuvas de meteoros que ocorrem anualmente podem ser observadas cadências de queda da ordem das centenas por hora.

Ocasionalmente, ocorrem meteoritos que são mais brilhantes que qualquer estrela ou planeta visível no céu nocturno.

Estes objectos são chamados "bolas de fogo" (fireballs) e dão normalmente origem a meteoritos.

Quem veja uma fireball poderá fazer o relato da sua observação no site http://www.imo.net/fireball/index.html, de modo a poder fazer-se o rastreio da sua trajectória e tentar encontrar-se o seu local de impacto provável no solo.

Quando os meteoróides ocupam órbitas fixas e que podem ser claramente determinadas, são chamados componentes de fluxo, sendo os restantes chamados de componentes esporádicos.

 

A maior parte dos componentes de fluxo foi libertada pela cauda de cometas, pelo que poderão ser encontrados na órbita do cometa.

Quando a Terra intercepta a órbita de um cometa numa região do espaço, embate violentamente contra os meteoróides que ficaram da passagem do cometa.

A violência do embate, mais que devido à velocidade dos meteoróides, é devida à velocidade a que a Terra se desloca. Recorde-se que a Terra se desloca com uma velocidade linear de 29 km/s (ou seja, 104,400 km/h).

Quando a Terra intercepta a órbita de um cometa, existe a formação de uma grande quantidade de meteoros, resultando na ocorrência de uma chuva de meteoros.

Uma chuva de meteoros tipicamente dura vários dias, com um máximo no dia em que a Terra atravessa a região central do feixe de meteoróides deixado pelo cometa.

Chuva de meteoros

 

O máximo da chuva de meteoros apenas poderá ser visualizada pelo observador que esteja virado à noite para a região do espaço onde ocorre o choque da Terra com os componentes de fluxo.

Por vezes as pessoas dizem que os cientistas previram uma chuva de estrelas, mas apenas viram alguns meteoros.
Isso deve-se ao facto de não ser exacta a previsão da hora a que a Terra passará sobre a região de maior densidade de componentes de fluxo, por que o fluxo se movimenta de ano para ano; assim, a passagem por essa região pode dar-se a uma hora que em Portugal seja de dia sendo noite nos antípodas, o que inviabiliza a observação do máximo no nosso país.

Durante uma chuva de meteoros a maior parte dos meteoros parece vir da mesma região do céu, recebendo essa região o nome de radiante. Veja quais são e quando ocorrem as principais chuvas de meteoros na tabela do lado.

Tipos de Meteoritos

Como já referimos, quando um meteoróide não é totalmente desintegrado pela atmosfera, a componente que atinge o solo chama-se meteorito.

Chuva
Data
Meteoros
por hora
Cometa
Responsável
Quadrântidas
3/01
Até 100
---
Liridas
22/04
15
Thatcher
Eta Aquáridas
5/05
20
Halley
Delta Aquáridas
28/07
35
---
Perseídas
12/08
65
Swift-Tuttle
Oriónidas
22/10
35
Halley
Tauridas
3/11
15
Enke
Leónidas
17/11
15
(muitovariável)
Temple-Tuttle
Geminidas
14/12
50
Asteróide
3200 Phaeton
Ursidas
23/12
20
Tuttle
Tabela 1 - As principais chuvas de meteoros anuais. Os valores apresentados para a intensidade podem variar consoante a escuridão do céu e a intensidade da chuva que depende da forma como se dá o impacto entre a Terra e os componentes de fluxo. Têm sido relatados valores até quatro vezes maiores.
 

Os meteoritos são principalmente de três tipos: Ferrosos, Ferro-Rochosos e Rochosos.

Dentro dos rochosos é comum fazer uma separação em condrites, condrites carbonáceas e acondrites.

 
Figura 3
Tipo:
Ferrosos
Composição: Principalmente ferro e níquel, semelhante a alguns asteróides (tipo M).
Figura 4
Tipo:
Ferro-rochosos
Composição: Misturas de ferro e material rochoso, como em alguns tipos de asteróides (tipo S).
Figura 5
Tipo:
Condritos
Composição: São de longe os meteoritos mais abundantes; a sua composição é semelhante à do manto terrestre.
Figura 6
Tipo:
Condrites-carbonáceas
Composição: Similar à dos asteróides do tipo C.
Figura 7
Tipo:
Acondritos
Composição: Semelhante aos basaltos terrestres. Quase todos os meteoritos que se julgam originários da Lua ou de Marte são acondritos.
 

Figura 8 - O Meteorito Hoba, o maior meteorito do mundo, descoberto em 1920. Pesa cerca de 66 toneladas.

Impactos

Nem todos os meteoritos são vistos a cair; na realidade isso apenas acontece em cerca de 33% dos casos. Quando um meteorito é visto cair é identificado com uma queda. Quando é encontrado depois de cair no solo considera-se uma descoberta.

A relação entre quedas e descobertas é dada na seguinte tabela.

 
Tipo
Queda (%)
Descoberta (%)
Massa total das quedas (kg)
Massa total dos descobertos (kg)
 
Rochoso
95.0
79.8
15,200
8,300
 
 
Ferro-rochoso
1.0
1.6
525
8,600
 
 
Ferroso
4.0
18.6
27,000
435,000
 
Tabela 2 - Relação entre quedas e descobertas de meteoritos.
Crédito: Vagn F. Buchwald
 

Conhece-se perto de uma dúzia de meteoritos com massa superior a dez toneladas, o maior dos quais (66 toneladas) é o de Hoba, na Namíbia.

Quanto a eventuais riscos para a segurança de pessoas e bens, estes são bem reais. Além de alguns acidentes menores, é provável que em 1490 umas dez mil pessoas tenham morrido na China devido à colisão de um pequeno asteróide.

O maior meteorito recolhido até hoje em Portugal tinha 162 kg e foi descoberto em Moreira do Lima, localidade da margem direita do rio do mesmo nome. A descoberta, totalmente casual, foi feita em 1877 num campo coberto de mato, a mais de um metro de profundidade, desconhecendo-se há quanto tempo ocorreu a queda.

Muito mais recentemente, tivémos o meteorito de Ourique, que caiu no dia 28 de Dezembro de 1998 e pesava perto de 20 quilogramas, e o do Sabugal, cuja queda se deu a 27 de Novembro do ano seguinte, mas de que se recolheram apenas pequenos fragmentos.

Os maiores meteoritos são o resultado de asteróides que na sua órbita se cruzam com a órbita do planeta Terra.

 

Existem provavelmente mais de 1000 asteróides com mais de 1 km de diâmetro que cruzam a órbita do planeta Terra. Pensa-se que a Terra é atingida por um destes asteróides, em media uma vez em cada milhão de anos.

Os asteróides de maiores dimensões são menos numerosos e os impactos menos frequentes, mas quando ocorrem têm consequências devastadoras como terá ocorrido há 65 milhões de anos com a extinção dos dinossauros.

Asteróides destas dimensões como o que deu origem à cratera de 180 km que agora se encontra coberta de floresta próximo de Chicxulub na Península do Yucatão são muito mais raros sendo de prever que ocorra um impacto por cada 100 milhões de anos em média.

O impacto de asteróides na superficie terrestre tem sido alvo de estudos. A partir destes é possível apresentar algumas estimativas das consequências dos impactos de várias dimensões.


Figura 9 - Ilustração de artista de um impacto de um meteorito na Terra.
Crédito: Don Davis
 
Diâmetro no impacto (metros)
Massa (x109 kg)
Recorrência (anos)
Consequências
 
< 50
 
< 10
 
< 1
 
Meteoros que atingem o cimo da atmosfera, embora a maior parte da massa não atinja o solo, desintegrando-se em fragmentos que na sua maioria são vaporizados.
 
 
75
 
10 - 100
 
1000
 
Os ferrosos fazem crateras como a Meteor Crater (Arizona); os rochosos produzem rastos de fogo como Tunguska; os impactos sobre o solo podem destruir áreas do tamanho de uma cidade.
 
 
160
 
100 - 1000
 
5000
 
Os impactos no solo destroem a área de uma grande zona urbana como Nova Iorque ou Tóquio.
 
 
350
 
entre 1000 e 10,000
 
15,000
 
Impactos em terra destroem áreas do tamanho de uma província (Beira Alta); O impacto no mar produz tsunamis pequenos.
 
 
700
 
entre 10,000 e 100,000
 

63,000

 
O impacto em terra destrói áreas do tamanho de um país pequeno (Portugal); o impacto no oceano faz grandes tsunamis.
 
 
1,700
 
entre 100,000 e 1,000,000
 
250,000
 
O impacto em terra destrói áreas do tamanho de um país médio (França); o impacto no oceano faz tsunamis gigantescos. Pode provocar extinções maciças.
 
Tabela 3 - Estimativas das consequências do impacto de um asteróide.
Crédito: Dados extraídos de "The Impact Hazard", por Morrison, Chapman e Slovic, publicado em "Hazards Due To Comets And Asteroids".
 
Top Thingy Right