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Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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ASTROBOLETIM N.º 697
De 09/11 a 11/11/2010
 
 
 

Dia 09/11: 313.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1934 nascia Carl Sagan.

Carl Sagan começou a sua carreira na ciência da vida no Universo como assistente do prémio Nobel da medicina H. J. Muller nos anos 50. Conhecedor, tanto de Astronomia como de Biologia, as suas contribuições para o estudo da ciência planetária são a fundação da pesquisa actual. "Cosmos", a série televisiva, ganhou vários prémios Emmy e Peabody. O livro, foi o livro científico mais vendido de sempre. O seu romance "Contacto" foi trazido para o cinema através da Warner Bros. Teve um papel fundamental nas sondas MarinerViking e Voyager, pelas quais recebeu a medalha de Feito Científico Excepcional da NASA (duas vezes) e a medalha de Notável Seviço Público. Co-fundador da Sociedade Planetária. Dr. Sagan recebeu o prémio Pulitzer, a medalha Oersted e muitos outros prémios - incluíndo dezoito graduações de colégios e Universidades americanas - pelas suas contribuições à Ciência, literatura, educação e conservação do ambiente. Sagan teve o título de Professor David Duncan de Astronomia e Ciências Espaciais e foi director do Laboratório de Estudos Planetários na Universidade de Cornell. O prémio Masursky da Sociedade Astronómica Americana cita "as suas extraordinárias contribuições no desenvolvimento da ciência planetária". Morreu a 20 de Dezembro de 1996. Faria 73 anos.
Em 1967, a NASA lança a nave não-tripulada Apollo 4, no topo do primeiro foguetão Saturno V.
Em 2005, lançamento da missão europeia Venus Express.
Observações: Se tem um telescópio de 10 polegadas ou maior, já tentou observar as maiores luas de Urano e Neptuno? Não são fáceis.

Dia 10/11: 314.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1970 era lançada a sonda lunar Lunokhod 1.

Observações: Sim, é possível observar o "Bule de Chá" de Sagitário em Novembro. Esta noite a Lua dá uma ajuda. Encontre um local com uma vista do horizonte a Sudoeste desimpedida, e mesmo assim que o lusco-fusco acaba, olhe para baixo da Lua e encontrará a constelação.

Dia 11/11: 315.º dia do calendário gregoriano.
História: Em 1572 Tycho Braheobserva uma nova no céu. Isto é uma prova contra a teoria de Aristóteles que os céus são imutáveis.
Em 1966, lançamento da Gemini 12.

Observações: Aproveite a noite para observar telescopicamente ou com binóculos o pequeno enxame estelar M29, perto do centro de Cisne.

 
 
 
Na semana passada foi detectado um novo cometa, visível em pequenos telescópios. O Ikeya-Murakami (C/2010 V1) encontra-se actualmente em Virgem.
 
 
  ANTIGO 10.º PLANETA PODE SER MAIS PEQUENO QUE PLUTÃO  
 

Este fim-de-semana passado teve lugar um evento que pode perturbar os reis do espaço trans-neptuniano. Se os resultados preliminares estiverem correctos, desta vez é o planeta-anão Éris que sofre as consequências, e Plutão recupera o seu estatuto de maior objecto da Cintura de Kuiper.

Este drama passa-se bem alto nos Andes do Chile, onde há poucos dias três equipas de astrónomos apanharam Éris a passar directamente em frente de uma estrela de magnitude 17 na constelação de Baleia. Os astrónomos há algum tempo que sabiam desta ocultação, mas o percurso previsto era diferente ao longo da América do Sul, deixando os astrónomos na dúvida acerca da visibilidade do evento.

Bem, a notícia do Chile é que três equipas, todas usando telescópios relativamente modestos, viram a estrela piscar.

Percurso da sombra de Éris. A América do Sul foi o melhor local candidato a uma boa detecção, tendo em conta a incerteza na posição de Éris.
Crédito: Michael Brown
(clique na imagem para ver versão maior)
 

De acordo com Emmanuël Jehin (Universidade de Liège, Bélgica), que observou o evento com o telescópio de 24-polegadas (60 cm), TRAPPIST, do Observatório de La Silla: "obtivemos sete 'frames' onde a luz da estrela desaparece." Dado que as imagens foram capturadas com intervalos de 4,5 segundos, Jehin diz que a ocultação durou cerca de 27 segundos.

Depois veio a notícia que a ocultação também tinha sido observada por outros dois telescópios 740 km para Norte. Sebastian Saravia, Alain Maury e Caisey Harlingten viram a estrela desaparecer por 76 segundos através do telescópio PlaneWave de 20-polegadas (50 cm) de Harlingten, no Observatório de Explorações Celestes em San Pedro de Atacama.

A ocultação também foi registada por um telescópio de 16-polegadas (40 cm), operado remotamente, sob o controlo de Jose-Luiz Ortiz (Instituto de Astrofísica da Andaluzia, Espanha).

Qualquer resultado positivo seria suficiente para celebrar - nunca antes uma ocultação tinha envolvido um objecto tão longínquo. Mas as observações em locais diferentes criam dois "acordes" para a sombra de Éris, que fornecem uma solução única para o seu diâmetro (assumindo que o objecto é esférico).

Esse número, segundo Bruno Sicardy (Observatório de Paris), é difícil de determinar com exactidão devido ao grau de incerteza na cronometragem dos três telescópios. Mesmo assim, Sicardy realça: "Quase de certeza que Éris tem um raio mais pequeno que 1170 km" - e isso torna-o ligeiramente mais pequeno que Plutão, cujo raio pensa-se que seja de 1172 (±10) km. É possível que o valor obtido ainda desça uns 50 ou 60 km.

É uma descoberta importante. E Mike Brown (Caltech), que liderou a equipa que descobriu Éris há uns anos atrás, não planeia discordar. "A maioria dos métodos que dispomos para medir os tamanhos de objectos no Sistema Solar exterior estão carregados de dificuldades," acrescenta Brown no seu website. "Mas ocultações deste género, cronometradas com precisão, conseguem dar-nos respostas incrivelmente precisas."

Éris (centro) e Disnómia (para a esquerda).
Crédito: NASA
 

Imagens obtidas em Dezembro de 2005, por Brown e outros com o Telescópio Espacial Hubble, indicavam um diâmetro de 2400 km, apenas 5% maior que Plutão. Mas o tamanho real permanecia incerto devido ao olhar super-afinado do Hubble ser capaz de mal resolver o disco de Éris (lembre-se, está a cerca de 96,7 UA do Sol, quase três vezes a distância de Plutão).

Observações feitas com o Telescópio Espacial Spitzer proporcionaram um diâmetro perto dos 2600 km, e outro grupo, usando o radiotelescópio IRAM na Espanha, elevaram o valor para perto dos 3000 km. No entanto, os astrónomos sabem agora que o eixo de rotação de Eris aponta na direcção do Sol, um aspecto que torna o hemisfério iluminado mais quente que o normal e que eleva as medições infravermelhas.

A relativamente breve ocultação (tinha sido previsto durar quase 2 minutos), combinada com as observações negativas de um par de telescópios na Argentina, sugeriu rapidamente que Éris não era tão grande como se pensava. Por isso o resultado obtido no Chile é na realidade mais nas linhas do resultado do Hubble em 2005.

A massa de Éris, determinada a partir da órbita da sua lua, Disnomia, é cerca de 125% a de Plutão - e esta mantém-se. Por isso, se os resultados da ocultação estiverem correctos, então a densidade de Éris deve ser maior, 2,5 g/cm^3 ou mais, e o seu albedo (reflectividade) é pelo menos 90%.

"Há um ano atrás tinha pensado que este resultado era totalmente ridículo," comentou Brown, "pois essa densidade seria exorbitante," - embora ele acrescente, "o albedo é já tão ridiculamente alto que um pouco mais, mal não faz." Mas no início deste ano Brown e outros descobriram que Quaoar é essencialmente uma rocha densa (com uma densidade média de pelo menos 3 g/cm^3).

Outra coisa: as ocultações são métodos muito poderosos de determinar se um objecto tem uma atmosfera, e por agora todas as equipas não sabem se Éris tem ou não. O grande albedo do objecto, combinado com a sua grande distância, sugere que a superfície deve estar a absorver muito pouca luz solar para vaporizar qualquer gelo aí presente. Mas os astrónomos ficaram chocados ao descobrir (durante uma ocultação em 1988) que Plutão tem uma pequena atmosfera - por isso fique atento!

Links:

Notícias relacionadas:
Mike Brown's Planets
New Scientist
Scientific American
Sky & Telescope
Discover
MSNBC

Éris:
Wikipedia
Michael Brown

Plutão:
SEDS
Wikipedia

 
     
 
 
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  NGC 4452: Uma Galáxia Extremamente Fina - Crédito: ESAHubbleNASA  
  Foto  
  (clique na imagem para ver versão maior)  
     
 

Porque é que existe este segmento de linha no céu? Num dos alinhamentos mais precisos do Universo conhecido, o objecto visto na imagem é na realidade o disco de uma galáxia vista perfeitamente de lado. Esta imagem do Telescópio Espacial Hubble é uma espectacular lembrança visual de quão finos os discos galácticos podem ser. NGC 4452, uma galáxia no vizinho Enxame Galáctico de Virgem, é tão fina que até é difícil determinar que tipo de galáxia é. A ausência de uma corrente de poeira indica que é uma galáxia lenticular com pouca poeira, embora fosse ainda possível que uma imagem do topo revelasse uma estrutura espiral. O invulgar segmento de linha estelar mede cerca de 35.000 anos-luz. Perto do centro de NGC 4452 está um ligeiro bojo de estrelas, enquanto são visíveis centenas de galáxias de fundo. As galáxias que aparecem assim tão finas são raras devido à Terra residir (quase) nos planos extrapolados dos seus discos galácticos. E galáxias na realidade assim tão finas são relativamente comuns -- por exemplo, pensa-se que a nossa própria Via Láctea seja muito fina.

 


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