NOTÍCIAS ASTRONÓMICAS - N.º 8
23 de Março de 2004
ASTERÓIDE 2004 FH PASSA PELA TERRA
 

A maioria dos observadores celestes não tiveram a hipótese de observar o asteróide 2004 FH quando passou, esta Quinta-feira passada, mais perto da Terra do que qualquer outro registado. Mas astrónomos de muitas partes do mundo conseguiram observar o evento.

O asteróide, com aproximadamente 30 metros de comprimento, passou a cerca de 43,000 quilómetros acima do Oceano Atlântico Sul às 22:08 GMT, tal como previsto. Esta altitude é um pouco acima dos satélites meteorológicos estacionários, que orbitam a 36,000 quilómetros.


O asteróide 2004 FH é o traço quase horizontal ao meio. Os outros dois são rastos de satélites.
Crédito: Robert Hutsebaut

A rocha espacial moveu-se rapidamente, cruzando a órbita da Lua em apenas 31 horas. Os cientistas dizem que 2004 FH teria sido visível de binóculos se os observadores fossem capazes de o localizar.

Embora este asteróide não tivesse qualquer hipótese de atingir a Terra, se a atingisse, provavelmente quebrar-se-ia ou explodiria na atmosfera, dizem os astrónomos. O resultado poderia provocar alguns estragos locais. Uma coisa ligeiramente maior poderia sobreviver até à superfície e destruir uma cidade.

A maioria dos asteróides residem numa cintura entre Marte e Júpiter, orbitando o Sol por gerações sem sair da sua região geral. Mas as interacções gravitacionais podem puxar alguns para o sistema solar interior. Não é incomum para os asteróides passarem perto da Terra. O que é invulgar é nós os detectarmos.

Anterior a este evento, o asteróide conhecido que passou mais próximo da Terra foi no dia 27 de Setembro do ano passado, quando outra pequena rocha chamada 2003 SQ22 chegou a 88,000 quilómetros da Terra. Só foi detectado depois de ter passado pelo nosso planeta. Os cientistas dizem que rochas espaciais com o mesmo tamanho passam perto da Terra uma ou duas vezes por ano, mas não são detectados.

Pedaços de rocha mais pequenos rotinamente mergulham na atmosfera e vaporizam-se ou explodem, por vezes deixando fragmentos na superfície ou provocando fogos ou até medo entre a população.

No princípio deste mês, os astrónomos juntaram-se para ponderar o risco de pequenas rochas espaciais que habitualmente não são detectadas até que estejam a poucas horas do impacto. As detecções de asteróides têm aumentado brutalmente em anos recentes. No entanto, à medida que novas câmaras electrónicas se tornam cada vez mais sensíveis e os telescópios automáticos pesquisam o céu por qualquer coisa que se mova em relação às estrelas de fundo, os cientistas dizem que é preciso gastar mais dinheiro para encontrar e monitorizar asteróides mais pequenos que 1 km.

Entretanto, os caçadores de asteróides têm, na década passada, procurado encontrar asteróides maiores, aqueles que podem causar danos globais. Claro que não conseguem encontrar todos os objectos mais pequenos que habitam o mesmo espaço que a Terra. Podem existir milhões.

O novo asteróide foi detectado na Segunda-feira. Orbita o Sol em cada 9 meses, de acordo com os cálculos dos astrónomos. Situa-se entre a órbita de Vénus e o afélio situa-se um pouco para lá da Terra, movendo-se praticamente no mesmo plano do espaço que os planetas.

É ainda desconhecido se o asteróide encontrará ou não a Terra no futuro à medida que orbita o Sol.

Asteróides não são as únicas maravilhas que frequentam o sistema solar interior. Esta Primavera, dois cometas recentemente descobertos deverão ficar visíveis a olho nu para os observadores em todo o mundo.

Links:

Passagem do asteróide 2004 FH:
http://antwrp.gsfc.nasa.gov/apod/image/0403/2004fh_sposetti_big.gif
http://www.space.com/images/040319_asteroid_flyby_03.gif

Outros:
http://neo.jpl.nasa.gov/
http://cfa-www.harvard.edu/cfa/ps/mpc.html

 
 
ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS
       
 

O Sol.., verde?: Pekka Parviainen ( Polar Image )
Muitos pensam que é apenas um mito. Outros acham ser verdade mas que a causa é desconhecida. Poucos podem congratular-se em já terem visto. É um raio de Sol verde. A verdade é que existe e a sua causa é bem conhecida. O efeito é habitualmente visível apenas de locais com um horizonte baixo e distante, e dura apenas uns segundos. Também é possível observar ao nascer-do-Sol, mas é preciso um melhor "timing". Esta foto foi registada na Finlândia em 1992. Não é o Sol que fica parcialmente verde, o efeito é causado pelas camadas da atmosfera da Terra que actuam como um prisma.
Ver imagem em alta-resolução

 
       
 
 
EFEMÉRIDES:
 

Dia 23/03: 83 º dia do calendário gregoriano. Em 1840 era tirada a primeira foto da Lua.

Dia 24/03: 84º dia do calendário gregoriano. Em 1893 nascia Walter Beade, o primeiro astrónomo a distinguir as companheiras da galáxia de Andrómeda em estrelas individuais e o criador do conceito de população estelar nas galáxias. Aproveite a noite para observar uma passagem entre a Lua e Vénus (21:00). O evento é visível até às 22:00, altura em que a Lua se põe a Oeste-Nordeste. O brilhante Vénus encontra-se a menos de 2º da Lua Crescente. Marte encontra-se entre a Lua e Aldebaran, o olho vermelho de raiva do Touro.

Dia 25/03: 85º dia do calendário gregoriano. Em 1655, Titã, a maior lua de Saturno, foi descoberta por Christian Huygens. C.H. descobriu os anéis de Saturno neste mesmo ano. Em 1951, foi feita a primeira detecção de radiação com um comprimento de onda de 21cm de hidrogénio atómico da Via Láctea; estudos na frequência de 1420 MHz continuam a formar a base da maioria da radioastronomia moderna. Aproveite a noite para observar a Lua e Marte, próximos entre si.

 
 
CURIOSIDADES:
 
Se tentasse contar as estrelas da nossa Galáxia à velocidade de uma por segundo, levaria cerca de 3 000 anos a contá-las todas.
 
 
VIAGEM AO ASTRO-CIBERESPAÇO:

 
Que saber o que se diz mal ao falar de Astronomia? Este sítio tem explicações detalhadas acerca dos erros que muitas pessoas fazem, quer seja na televisão, no cinema ou até em conversas do dia-a-dia. Carregue aqui.
 
 
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Publicado por: Miguel Montes e Alexandre Costa
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