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MARES SALGADOS COBRIRAM PARTE DE MARTE
24 de Março de 2004
 

Um mar salgado outrora cobriu as planícies de Marte. No local de aterragem da Opportunity foi criado um ambiente favorável à vida mais parecido com o da Terra do que em qualquer outro mundo conhecido, anunciaram os cientistas da NASA (19:00 GMT do dia 23).

O rover encontrou provas que indicam a existência de praias, limitadas por um grande corpo de água superficial que conteve correntes que deixaram as suas marcas em rochas que se desenvolveram no fundo do mar. A Opportunity encontrou um traço químico distinto nas rochas e padrões sedimentares únicos que devem ter sido gerados por água em movimento lento num mar em evaporação, de acordo com os pesquisadores.


As curvas sinuosas na face desta rocha são provas definitivas de que a água se movia na superfície marciana. A imagem é um mosaico de muitas imagens mais pequenas tiradas pela Opportunity.
Crédito: NASA/JPL


As linhas azuis do mosaico mostram os potenciais limites deixados nas rochas sedimentares pelo que os cientistas acreditam ser água que fluia na superfície marciana no seu passado.
Crédito: NASA/JPL

A descoberta fornece uma nova luz sobre a possibilidade de a vida ter começado a formar-se quando o planeta vermelho era mais jovem, quente e molhado. Os cientistas ainda não sabem quão profundo era o oceano, quando existiu e por quanto tempo.

Estas descobertas vêm no seguimento do anúncio de 2 de Março (ver edição n..º 0 do boletim) que Meridiani Planum, lar da Opportunity, teve há muito tempo ensopado em água. Os geólogos não conseguiam dizer desses resultados iniciais se a água estava à superfície ou se era apenas subterrânea.

"Nós pensamos que a Opportunity está agora estacionada no que parece ser uma linha costeira de um mar salgado de Marte", diz Steve Squryes, da Universidade de Cornell, investigador científico principal para a missão.

As rochas seriam excelentes fontes da indicação de sinais biológicos, se a vida tiver existido em Marte, diz Squryes. Isso de Meridiani Planum um alvo para missões futuras que procurarão provas da existência de vida passada.

Um antigo mar também implica que o jovem Marte tivesse sido mais quente do que é hoje, disse o geólogo Bruce Jakosky, da Universidade do Colorado, que não estava envolvido directamente no achado. Disse também que sugere que alguns possíveis micróbios em Marte não teriam de contar apenas com energia geoquímica subterrânea relativamente ineficiente, mas que possam também ter usado a luz solar directamente como fonte de energia. "Se a água tivesse estado à superfície, isto permitiria a possibilidade de organismos fotossintéticos. Uma vez que podemos contar com a luz solar, isto deixa em aberto a hipótese de uma maior abundância de vida, se é que alguma vez tenha existido." No entanto, até agora os cientistas não têm nenhuma prova firme que Marte já tenha sido habitado.

As pistas cruciais descobertas nos últimos dias incluíram a detecção de cloro e bromo, indicando um mar salgado que foi lentamente evaporado, dizem os cientistas. Também foram reveladas importantes camadas de sedimentos cruzadas na rocha, que prova que se formaram por baixo de correntes de água.

Interpretações anteriores das mesmas linhas de pesquisa levaram à descoberta que as rochas estavam mergulhadas em água, mas não era claro se a água estava presente quando as rochas se formaram, ou se água veio depois. Os achados de bromo vieram aumentar a confiança do argumento que as partículas que formaram as rochas foram precipitadas de água à superfície, quando as concentrações dos sais aumentaram à medida que a água evaporava.

Algumas camadas nas rochas estão em ângulos significativos em comparação às principais. Os cientistas chamam a estes padrões "crossbedding". Outras características, chamadas "camadas grinalda", envolvem curvas em forma de sorriso produzidas pelo movimento de sedimentos soltos debaixo de uma corrente de água.

Os padrões indicam sedimentos do tamanho de grãos de areia que se juntaram em ondulações na água que era de pelo menos cinco centímetros de profundidade -- e talvez muito mais fundo, disse John Grotzinger, membro da equipa científica do Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A água fluia a uma velocidade na ordem dos 10 a 50 centímetros por segundo. Isso é por volta de quilómetro e meio por hora.

"As ondulações formadas pelo vento parecem diferentes das ondulações formadas em água", disse Grotzinger.

As rochas podem ter-se situado num ambiente que era alternadamente molhado e seco, acrescentou Grotzinger. Ambientes similares na Terra, nas fronteiras de oceanos ou em bacias desérticas, por vezes têm correntes de água que produzem o tipo de ondulações vistas nas rochas marcianas.

Os pesquisadores avisaram que os seus resultados até agora não permitem determinar se o mar era profundo e se lá permaneceu durante muito tempo, ou se era pouco fundo e se se retirou rapidamente. No entanto, Squyres disse que haviam encontrado algo "em que se podia nadar", em oposição ao tipo de água que pode ser retirada de um poço.


Terá sido este o aspecto de um Marte jovem?
Crédito: Kees Veenenbos
(carregue na imagem para ver versão maior)

As descobertas foram apresentadas por seis cientistas não pertecentes à missão do rover. Certos geólogos a assistir ao comunicado ficaram espantados ao encontrar estruturas sedimentares iguais às que existem na Terra. Acresentam ainda que não existe nenhum processo melhor para explicar o que as imagens mostram. É simplesmente o argumento mais plausível que existe para a origem destes factos.

Estas descobertas reafirmam o entusiasmo de uma fonte biológica de estudo em Marte, pelo menos no passado (os cientistas estão inseguros se qualquer forma de vida em Marte -- se existiu -- possa ter durado até ao presente, com Marte sendo agora frio e seco). "Este tipo particular de rocha, com sedimentos de água evaporante, oferece uma excelente capacidade para preservar provas de qualquer material bioquímico ou biológico que possa ter existido na água", disse Squyres, o líder científico da missão dos rovers.

Esta descoberta aumenta também as hipóteses de vida passada de uma outra importante maneira. Se a água for apenas subsuperficial, a vida teria que se basear em energia geoquímica, tal como o decaimento de rochas em metano. Na Terra, a dependência na energia geoquímica é factor limitante para os micróbios subterrâneos, disse Jakosky, o geólogo da Universidade do Colorado que é também director do Centro de Astrobiologia patrocinado pela NASA. Ele ajudou a escolher os locais de aterragem dos rovers mas não esteve directamente envolvido nas explorações científicas. Os organismos que dependem da energia geoquímica são menos diversos e com uma menor esfera de acção do que a vida que floresce com a luz solar, explicou Jakosky. No entanto, os resultados são espectaculares e dão impulso ao programa de exploração de Marte, não só para saber se já lá viveram micróbios ou não, mas também para saber se nós lá podemos habitar. Se houver interesse em procurar fósseis em Marte, este é o primeiro lugar onde se pode começar. Estes fósseis serão de certeza microbianos e não detectáveis pelos rovers actuais.

A maioria dos cientistas concorda que encontrar sinais de vida passada ou presente requererá sem dúvida enviar geólogos humanos, ou, em termos mais próximos, o envio de um robot para retornar amostras para estudo em laboratórios terrestres. Meridiani Planum é, por agora, o melhor destino para tal missão, que a NASA planeia enviar na próxima década.

Encontrar um mar em Marte também aponta para o clima passado. Os cientistas têm discutido durante décadas se Marte foi ou não já quente e molhado, ou se foi ainda mais molhado e frio. Os cientistas pensam que isto aponta para Marte ter sido quente e molhado o suficiente para permitir água à superfície no seu passado distante. Mas com estes achados é ainda muito difícil saber alguma coisa sobre o clima. Squyres diz que é possível que um mar tenha existido por baixo de gelo num clima frio.

Jakosky também explicou que o anúncio significa que a água estava presente aquando da formação das rochas sedimentares. Sabe-se que as mesmas são de épocas da história de Marte, e por isso é provável que a água esteja muito distante, há cerca de 4.5 mil milhões de anos atrás. Se as provas apontassem apenas para água subterrânea alterando a composição das rochas, essa água poderia ter corrido durante qualquer altura da história do planeta, incluíndo muito tempo depois das rochas se terem formado.

A Opportunity passou o seu tempo todo em Marte, desde que aterrou no fim de Janeiro, dentro de uma pequena cratera, estudando o solo e o leito exposto. As observações mais recentes e importantes vieram de 152 imagens microscópicas de uma rocha chamada "Última Possibilidade" (Last Chance). Estas descobertas são adicionadas às anteriores de hematite, um mineral tipicamente formado em água, e que as rochas sedimentares estão carregadas de sais, que levaram os cientistas a concluir que a região foi pelo menos encharcada por água subterrânea.

Outras investigações das sondas orbitais têm também revelado possíveis linhas costeiras algures em Marte, mas medições ainda não confirmaram estes achados, pelo que alguns cientistas permancecem cépticos de que Marte alguma vez tenha tido água abundantemente à superfície. Os cientistas dizem que não vêm linhas visíveis à volta de Meridiani Planum, outra razão pela qual não conseguem ainda deduzir o tamanho do antigo corpo de água. E Squyres ainda acrescenta que a linha costeira aparente que a Opportunity detectou pode ter sido parte de um fenómeno em movimento -- o que significa que muitas linhas costeiras possam ter sido desenvolvidas ao longo do tempo à medida que a água se evaporava.

O rover deixou a cratera esta semana e irá agora examinar o que os cientistas pensam que seja um afloramento rochoso a quase 700 metros, na cratera Endeavor. Para lá chegar, o robot irá percorrer uma planície vasta que tem à volta de 400 quilómetros.


Vista panorâmica da cratera onde a Opportunity tem explorado.
Crédito: NASA/JPL/Cornell
(carregue na imagem para ver versão maior)

Aí, os cientistas esperam encontrar camadas mais extensas e lê-las como páginas de um livro de história, para aprender mais sobre o oceano que há tanto tempo embelezou o planeta vermelho.

Links:

Sobre a notícia:
http://www.nasa.gov/vision/universe/solarsystem/Mars-more-water-clues.html
http://skyandtelescope.com/news/article_1225_1.asp

NASA:
http://www.nasa.gov
http://marsrovers.jpl.nasa.gov/
http://athena.cornell.edu/

 
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