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UMA LUFADA DE VIDA EM MARTE
18 de Fevereiro de 2005
 

Um cientista da Agência Espacial Europeia diz que encontrou um gás na atmosfera marciana que acredita ser apenas explicado pela presença de vida. Mas os poucos cientistas que tiveram acesso aos factos dizem que tal conclusão é prematura.

Vittorio Formisano do Instituto de Física e Ciência Interplanetária em Roma irá falar na próxima semana na primeira conferência dedicada aos resultados da sonda Mars Express da ESA. Esta tem orbitado em volta de Marte desde Dezembro de 2003. Agustin Chicarro, cientista da Mars Express e o organizador da conferência em Noordwijk, na Holanda, diz que espera que voem faíscas. "Agendámos uma hora inteira de debate - poderá ser uma discussão acesa."


Vista de Marte a partir de órbita.
Crédito: ESA

Os cientistas estão compreensivamente cautelosos. A lista de teorias desacreditadas de vida em Marte é longa: desde canais construídos por seres inteligentes que astrónomos no passado pensavam que viam, a "fósseis de bactérias" encontrados num meteorito marciano que caíu na Antárctida. As estruturas parecidas com fósseis, que foram descobertas em 1996, pensa-se agora que tenham sido gravadas por processos químicos.

O debate reatou o ano passado quando três equipas, incluíndo a liderada por Formisano, detectaram independentemente metano em Marte - um gás que as bactérias produzem na Terra. Alguns especularam que micróbios semelhantes podem estar a produzir este metano em Marte. Mas outros argumentam que o metano às concentrações observadas pode ser explicado por processos não-biológicos, produzindo cerca de 150 toneladas de metano por ano. Um cometa que colidiu com Marte há muito tempo atrás ou uma qualquer espécie de actividade vulcânica pode também fornecer esta quantidade.

No entanto, Formisano diz que há muito mais metano em Marte. Baseia-se na detecção de um gás diferente, formaldeído, pelo Espectómetro Planetário de Fourier (PFS), um instrumento a bordo da Mars Express que dirige. Formisano calculou a média entre milhares de medições registadas pelo PFS e estimou que a atmosfera marciana tem formaldeído em concentrações de 130x10-3 ppm.

Formisano pensa que o gás está a ser produzido pela oxidação do metano e estima que 2.5 milhões de toneladas de metano por ano são necessários para o seu fabrico. "Acredito que até que se demonstre que processos não-biológicos podem produzir isto, possivelmente a única maneira de tanto metano existir é se houver vida," afirma. "A minha conclusão é que deverá haver vida no solo de Marte."

A presença de formaldeído poderá explicar o porquê de estudos anteriores terem encontrado distribuições não uniformes de metano em Marte, diz Formisano. Devido ao metano demorar centenas de anos a degradar-se, o vento deverá equilibrar a concentração do gás por todo o planeta. Mas se está a ser oxidado em certas regiões, tais como nas que são ricas em compostos de ferro, então encontrar-se-ia menos metano nessas áreas.

Outros especialistas, incluíndo os colaboradores de Formisano no PFS e outros investigadores na missão da Mars Express a quem Formisano apresentou o seu trabalho, aconselham cautela. Pode encontrar-se sozinho na perseguição do formaldeído, diz um dos seus colaboradores, Sushil Atreya da Universidade de Michigan, em Ann Arbor, EUA.

Outros avisam que Formisano está a puxar o instrumento até ao seu limite na busca do formaldeído. Para identificar os compostos, o PFS procura linhas de absorção escuras no espectro de luz reflectida por Marte. O formaldeído absorve uma quantidade razoável de comprimentos de onda no infravermelho, mas o instrumento não é sensível o suficiente para ver as linhas individuais.


Mars Express em órbita de Marte.
Crédito: ESA - ilustração por Medialab
(clique na imagem para ver versão maior)

"Não é 100% convincente," diz Therese Encrenaz, do Observatório de Paris, França, outra colega de Formisano. "Mas acho que merece um estudo mais aprofundado."

Se é mesmo confirmado que Formisano encontrou formaldeído, não está necessariamente a vir da oxidação do metano. E se existirem grandes quantidades de metano no Planeta Vermelho, podem não ter origens biológicas.

"Sinceramente, não sabemos qual será a geologia interna de Marte. Tirar conclusões acerca da sua origem biológica ou não a esta altura é muito arriscado," diz Michael Mumma do Centro Espacial Goddard em Greenbelt, Maryland, EUA, que no ano passado encontrou metano em Marte usando telescópios terrestres.

Formisano concorda que não encontrou até agora nenhuma prova conclusiva. "Não o posso demonstrar com toda a certeza," diz. "Mas estas pistas de vida que encontrei são as melhores que poderemos encontrar. O próximo passo é lá ir e procurar." Missões futuras, tais como o Laboratório Científico de Marte da NASA actualmente em planeamento, irão procurar e analisar as moléculas orgânicas no solo.

Enquanto outras provas sugerem que Marte foi e pode ainda ser um local hospitaleiro à vida, a ESA prefere jogar pelo seguro. "Se esta questão fosse um pouco menos controversa, então talvez aí estivéssemos a ter alguma espécie de conferência de imprensa," diz Chicarro. "Mas precisamos deixar a comunidade científica no seu percurso natural e debater aí." Debate na conferência da próxima semana é já certo.

Links:

Notícias relacionadas:
http://www.space.com/scienceastronomy/mars_life_050216.html
http://www.space.com/scienceastronomy/express_methane_040920.html
http://education.guardian.co.uk/higher/research/story/0,9865,1416305,00.html
http://www.ccvalg.pt/astronomia/astronline/astro_news/marte_agua_041214.htm
http://www.ccvalg.pt/astronomia/astronline/astro_news/marte_metano_041116.htm

Vitorio Formisano:
http://pfsweb.ifsi.rm.cnr.it/Formisano/Formisano/
http://www.esa.int/esaSC/SEMIU7XLDMD_people_0_iv.html

Mars Express:
http://www.esa.int/SPECIALS/Mars_Express/index.html
http://www.congrex.nl/05C05/programme.html

Marte:
http://en.wikipedia.org/wiki/Mars_%28planet%29

 
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