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COMETAS PODEM CONFUNDIR CAÇADORES DE PLANETAS
7 de Junho de 2005
 
Missões espaciais em busca de outras Terras podem ver planetas onde eles não existem. À primeira vista, tais planetas seriam indistinguíveis de cometas orbitando a mesma estrela, mesmo tendo um tamanho minúsculo quando comparados com os planetas.

Os cometas são "bolas-de-neve" sujas de rocha e gelo que podem variar entre 1 e 20 km de comprimento. A maioria dos astrónomos assume que, dado o seu pequeno tamanho, é impossível observar estes objectos em torno de outras estrelas. Não é bem assim, diz Mike Jura da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

À medida que um cometa se aproxima do Sol, a sua cauda cometária pode esticar-se até 50 milhões de quilómetros, reflectindo a luz solar e tendo um brilho fantasmagórico no céu nocturno. Jura afirma que, tendo em conta que a imensa distância da Terra significaria que a cauda de um cometa extrasolar não teria a forma alongada, seria à mesma observado a partir da Terra como um ponto de luz. Os seus cálculos mostram que um grande cometa, como por exemplo o Hale-Bopp, que nos fez uma visita em 1997, aparecia duas vezes mais brilhante que um planeta do tamanho da Terra orbitando a mesma estrela. "Não existe nada de contencioso acerca desta matemática, mas o resultado é surpreendente", diz Jura.

E dado que ninguém sabe se os cometas do nosso Sistema Solar são típicos, é possível que os cometas extra-solares apareçam até ainda mais brilhantes. As caudas dos nossos cometas têm grãos maiores que o pó interestelar. Se um cometa em torno de uma estrela tiver grãos de poeira do mesmo tamanho dos do espaço interestelar, a cauda espalharia mais luz e poderia aparecer cem vezes maior que um planeta do tamanho da Terra, dando a impressão de ser um planeta gigante.

Malcolm Fridlund, cientista da missão da ESA, Darwin, com o objectivo de encontrar planetas extrasolares, concorda que o achado de Jura levanta preocupações. "Isto é muito interessante," acrescenta. "Iremos utilizar estas ideias nas nossas análises de como planeamos confirmar as nossas detecções planetárias."

Ele diz que analisando a luz reflectida dos potenciais planetas a diferentes comprimentos de onda pode resolver a questão, dado que uma atmosfera planetária absorve certos comprimentos de onda e os cometas não.

Mas concorda que serão necessárias observações mais longas para identificar os planetas sem uma atmosfera. "Planeamos observar cada sistema três vezes durante a missão de cinco anos do Darwin," adianta. "Nesse tempo, os cometas irão mudar de brilho e mover-se para órbitas altamente elípticas, o que não acontecerá com os planetas. Por isso penso que não deverá haver grande confusão."

Cometas com o tamanho do Hale-Bopp atravessam o nosso Sistema Solar uma vez por século. Sendo assim, a missão Darwin deverá apenas esperar ver um ou dois exo-cometas em cada várias centenas de estrelas, a não ser que encontre uma estrela apanhada numa chuva cometária. "É possível que isto aconteça," diz Jura.

Darwin tem lançamento previsto para 2015.

Links:

Artigo de Mike Jura:
http://arxiv.org/PS_cache/astro-ph/pdf/0505/0505484.pdf
http://www.astro.ucla.edu/~jura/

Missão Darwin:
http://sci.esa.int/science-e/www/area/index.cfm?fareaid=28
http://en.wikipedia.org/wiki/Darwin_%28ESA%29
http://ast.star.rl.ac.uk/darwin/


Ilustração de artista do gás que se evapora sobre a forma de cauda de um cometa, em torno de uma estrela.
Crédito: A. Vidal et al./IAP


Darwin será constituída por seis telescópios que analisam as atmosferas de planetas do tipo da Terra.
Crédito: ESA
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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