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OS BLOCOS DA VIDA SÃO ABUNDANTES NO UNIVERSO
21 de Outubro de 2005
 

A ideia de que cometas e meteoritos poderão ter fornecido à Terra as sementes para criar vida ganhou um novo impulso com recentes observações de alguns desses blocos que flutuam através do cosmos.

Cientistas que observavam uma galáxia a 12 milhões de anos-luz de distância com o Telescópio Espacial Spitzer da NASA detectaram quantidades abundantes de hidrocarbonetos poliaromáticos azotados (HPA) (das quais as mais conhecidas são as porfirinas), moléculas que são críticas para a existência de todas as formas de vida conhecidas.

Os HPA's transportam informação para o ADN e ARN e, por exemplo, são componentes importantes da hemoglobina, a molécula que transporta oxigénio através do corpo. Também fazem parte da clorofila e são os principais componentes da cafeína e do chocolate.

"Houve em tempos a presunção de que a vida teria toda ela sido desenvolvida na Terra, desde os compostos mais simples aos mais complexos," disse Doug Hudgins do Ames Research Center. "Descobrimos , no entanto, que algumas moléculas biologicamente muito interessantes podem ser formadas fora da Terra e serem trazidas para cá."

Embora os compostos orgânicos tenham vindo a ser descobertos em meteoritos, esta é a primeira evidência directa de moléculas orgânicas complexas com interesse biológico no espaço. Até agora as evidências parecem indicar que os HPA's são formados nos ventos de estrelas moribundas e espalhados por todo o espaço interestelar.

"Esta matéria contém os blocos fundamentais da vida e podemos agora afirmar que são abundantes em todo o espaço.," disse Hudgins. "E onde quer exista um planeta, sabemos que estas coisas estarão a chover sobre ele. Aconteceu aqui e acontecerá em qualquer outro lado."

Usando o Telescópio Espacial Spitzer, Hudgins e os seus colegas detectaram a presença destes compostos na galáxia M81.

"Havia algumas irregularidades no espectro de M81 que não conseguíamos explicar," disse Hudgins. Os investigadores compararam os registos com as impressões digitais no infravermelho de alguns compostos conhecidos, o que os levou a concluir que os hidrocarbonetos eram azotados.

Os HPA's não são os primeiros blocos a ser descobertos no espaço, porque também já foram descobertos aminoácidos na cauda dos cometas e os meteoritos descobertos na Antárctida também possuíam aminoácidos e HPA's.

"Isto diz-nos, no entanto, que moléculas que vemos no espaço podem resistir ao meio interestelar e serem depositados com sucesso na superfície de um planeta," disse Hudgins.

Embora agora se saiba que os HPA's são abundantes, segundo Hudgins, isto não prova que a vida tenha origens extraterrestres.

"Isto não prova que foram usadas, mas que é uma presunção aceitável," disse Hudgins. "Estiveram presentes no início dos tempos e poderão ter sido úteis para o aparecimento da primeira forma de vida."

Os resultados foram publicados na revista Astrophysical Journal de 10 de Outubro.


Um hidrocarboneto poliaromático azotado (HPA).
Crédito: NASA

(clique na imagem para ver versão maior)


Galáxia M81.
Crédito: NASA

(clique na imagem para ver versão maior)

 
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