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OS NOVE PLANETAS IRÃO TORNAR-SE DOZE COM A NOVA DEFINIÇÃO
18 de Agosto de 2006
 

O conjunto de planetas do Sistema Solar está prestes a passar instantaneamente de nove para doze como consequência da nova definição, altamente controversa, que foi proposta à Assembleia Geral da União Astronómica Internacional (IAU) pela Divisão I do Grupo de Trabalho em “Nomenclatura para a Astronomia Fundamental" (NFA).

Eventualmente haverá centenas de planetas à medida que mais objectos trans-neptunianos redondos forem sendo descobertos.

Assumindo uma ruptura com as ideias vigentes, assente na ideia original de que um planeta é "errante", ou seja, uma luz que se move relativamente ao fundo do céu nocturno, a proposta inclui os seguintes quatro pontos fundamentais, em que o primeiro resume em dois pontos a definição de planeta:

(1) Um planeta é um corpo celeste que reuna conjuntamente a seguintes duas condições:

(a) tem massa suficiente para que a sua auto-gravitação o transforme num corpo rígido de tal modo que assume uma condição de equilíbrio hidrostático, ou seja, uma forma de equilíbrio hidrostático. Isto aplica-se a objectos com massa superior a 5x1020 kg e diâmetro superior a 800 km. A IAU irá estabelecer um procedimento para a avaliação de candidatos que se encontrem muito próximo dos limites da definição.

(b) Esteja em órbita em torno de uma estrela e não seja nem estrela, nem satélite de um planeta. Para dois ou mais objectos que constituam um sistema múltiplo, o objecto primário recebe imediatamente a designação de planeta desde que satisfaça cumulativamente as duas condições. O objecto secundário, se reunir ambas as condições, é também chamado planeta desde que o baricentro do sistema fique fora do objecto primário. Objectos secundários que não satisfaçam este critério são chamados "satélites". De acordo com esta definição Caronte (até agora um satélite de Plutão) é um planeta, o que faz de Plutão-Caronte um planeta duplo.

(2) Distingue-se entre os oito planetas clássicos descobertos antes de 1900 que têm órbitas praticamente circulares, próximas do plano da eclíptica e outros objectos que têm órbitas em torno do Sol. Todos estes novos objectos são mais pequenos que Mercúrio. Reconhece-se que Ceres (até agora um asteróide da Cintura de Asteróides) é um planeta de acordo com a nova definição científica. Por razão históricas será possível escolher fazer uma distinção entre Ceres e os planetas clássicos chamando-lhe "planeta anão". Se vier a ser demonstrado que Pallas, Vesta e/ou Hygeia se encontram em equilíbrio hidrostático serão também designados "planetas anões".

(3) Reconhece-se Plutão com um planeta de acordo com a definição científica acima, assim como um ou mais planetas trans-neptunianos descobertos recentemente. Estes objectos têm tipicamente órbitas altamente inclinadas relativamente ao plano da eclíptica com grandes excentricidades e com períodos orbitais normalmente superiores a 200 anos. Designa-se esta categoria de objectos planetários da qual Plutão é o protótipo como "plutões".

(4) Todos os objectos não-planetários orbitando em torno do Sol serão designados colectivamente como "Pequenos Corpos do Sistema Solar". Esta classe inclui actualmente a maioria dos asteróides do Sistema Solar, os objectos troianos de Marte, Júpiter e Neptuno, a maioria dos centauros, a maioria dos objectos trans-neptunianos e os cometas. Na nova nomenclatura, o termo "planeta menor" não é usado.

De acordo com a nova nomenclatura, para além de Plutão, Caronte e Ceres, também o objecto 2003 UB313 passa a ser um planeta do tipo chamado "plutão".

Isto faria de Mike Brown, que o descobriu, o descobridor do 12º planeta. Mas ele considera que é uma má ideia.

"É sem dúvida lisonjeiro ser considerado o descobridor do 12º planeta" disse Brown. Apesar de reconhecer o esforço da Comissão, referiu que a nova definição irá implicar para já mais 53 novos planetas do Sistema Solar para além dos imensos que deverão ser descobertos em anos vindouros.

Brown e outros astrónomos consideram, como exemplo, que não faz sentido que Ceres e Caronte sejam considerados planetas e que a nossa Lua, que é muito maior que qualquer deles, não o seja.

Os membros da IAU irão votar a proposta no próximo dia 24 de Agosto. Sobre o resultado da votação ninguém quer fazer prognósticos.

Links:
Resenha da Resolução Proposta a Assembleia Geral da IAU

Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve:
Destino de Plutão como planeta com resolução para breve (15/08/2006)
Descoberto um objecto maior que Plutão, já apelidado de 10.º planeta (30/07/2005)
Debate acerca do termo "planeta" aquece (05/08/2005)
Termo "planeta" poderá brevemente ter adjectivos (27/09/2005)
2003 UB313 tem uma lua (04/10/2005)
Duas novas luas descobertas em torno de Plutão (01/11/2005)
Sistema Solar cada vez mais confuso (23/12/2005)
UB313 maior que Plutão (10/02/2006)
10.º planeta é mais pequeno do que se pensava (14/04/2006)
Novas luas de Plutão chamadas Hidra e Nix (23/06/2006)

União Astronómica Internacional:
Página oficial
Centro de Planetas Menores

Notícias Relacionadas:
SPACE
Universe Today

Plutão:
SEDS
Wikipedia

2003 UB313:
Caltech
Wikipedia
Artigo da descoberta oficial de 2003 UB313 (formato PDF)
 

Exemplo de fotografia e respectiva legenda
Os 12 planetas de acordo com a nova nomenclatura.
Crédito: IAU/Martin Kornmesser
(clique na imagem para ver versão maior)

Exemplo de fotografia e respectiva legenda
Outros candidatos de acordo com a nova nomenclatura.
Crédito: IAU/Martin Kornmesser
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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