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A SEMANA DOS "FLYBYS"
28 de Fevereiro de 2007
 

Rosetta passa por Marte

Uma sonda europeia executou, no passado Domingo, um voo rasante por Marte. Esta é uma manobra crucial da sua viagem de dez anos pelo Sistema Solar até aterrar num cometa.

A manobra foi recebida com aplausos na ESA, sede de controlo da missão Rosetta, à medida que era recebido o sinal de rádio depois de 15 minutos de silêncio enquanto a sonda passava pelo Planeta Vermelho. O "flyby", que usa a gravidade do planeta para alterar o percurso da sonda, pô-la na direcção da Terra, onde irá também fazer outros dois voos rasantes, um ainda este ano e o outro em 2009.

O momento ganho com estes voos rasantes orientará a sonda até ao seu encontro final com o cometa 67/Churyumov-Gerasimenko em 2014. O irregular pedaço de gelo, com 4.83 km de comprimento, gases gelados e poeira, partilha o nome dos seus descobridores, os astrónomos soviéticos Klim Churyumov e Svetlana Gerasimenko.

A sonda passou a uns meros 240 km de Marte. A navegação teve que ser precisa, pois se houvesse qualquer erro, este não poderia ser corrigido.

Foi uma manobra que a sonda não estava originalmente desenhada para fazer, levando-a até à sombra de Marte, onde os seus painéis solares não puderam gerar electricidade para a permanecer viva. A missão original da Rosetta tinha um percurso onde não passava pela sombra, mas um atraso no seu lançamento forçou a alteração do seu alvo cometário.

Os cientistas da ESA resolveram o problema desligando muitos dos instrumentos da sonda e usando as suas baterias, não testadas desde o seu lançamento há quase três anos atrás.

A Rosetta saíu da sombra para um nascer-do-Sol marciano às 03:40 de Domingo e recuperou energia solar e sinal de rádio.

Um "flyby" com sucesso é "fundamental para a missão," disse o gestor de operações da sonda, Andrea Accomazzo. "Se não fazemos isto, não temos uma missão."

Está planeado a sonda orbitar o cometa à medida que gira em torno do Sol e libertar um pequeno "lander" que irá tentar fazer a primeira aterragem num cometa. O "lander" tentará escavar a superfície e enviar via rádio uma análise da sua constituição.

Devido à gravidade do cometa ser tão fraca, este terá que usar harpões para se ancorar à superfície. Os cientistas esperam que o robot explorador seja capaz de fotografar o aparecimento da cauda do cometa, uma corrente de gases e poeira que aparece quando o corpo gelado aquece à medida que se aproxima do Sol.

Os cometas estão entre os objectos mais primitivos do Sistema Solar, já com 4.6 mil milhões de anos, e as análises das suas composições poderão lançar alguma luz sobre o princípio do Sistema Solar.

Em 2004, a missão Stardust da NASA passou por um cometa, recolheu milhares de partículas que saíam da sua superfície e enviou-as para a Terra.

Um ano depois, a Deep Impact, também da NASA, lançou uma sonda do tamanho de uma mesa de café que atingiu o cometa Tempel 1 com uma força tremenda, escavando material de bem fundo do seu interior. Os instrumentos a bordo da sonda-mãe analizaram os detritos daí resultantes.

O "lander" da Rosetta está desenhado para estudar a superfície do cometa durante pelo menos 65 horas, mas pode continuar a trabalhar durante meses.

Links:

Notícias relacionadas:
Comunicado de imprensa (ESA)
Discovery Channel
Reuters
BBC News
FOXNews
Mars Today
PHYSORG.com
Nature
New Scientist
The Register
ABC Science Online
Spaceflight Now

Sonda Rosetta:
ESA
Wikipedia

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Google Mars

Cometa 67/Churyumov-Gerasimenko:
Wikipedia
Gary W. Kronk's Cometography


 

New Horizons passa por Júpiter

Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, recebeu há pouco tempo um visitante robótico.

A sonda da NASA, New Horizons, acaba de fazer a sua maior aproximação do gigante gasoso, pelas 05:45 GMT desta Quarta (dia 28), numa espécie de paragem cósmica, da sua longa viagem até ao distante Plutão e Cintura de Kuiper. O voo rasante planetário veio apenas 13 meses depois do lançamento da sonda, com a sonda a viajar pelo espaço a uma velocidade de 75639 km/h, o que a NASA apelida da mais rápida missão até ao limite do Sistema Solar.

"Temos uma muito pequena janela de espaço que temos que atingir," disse o investigador principal da New Horizons, Alan Stern, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste (SwRI) em Boulder, Colorado, acerca do encontro. "Tem cerca de 804 km de diâmetro e temos que acertar nela a 804 milhões de quilómetros de distância, a partir da Terra." É o equivalente a fazer tiro aos pratos, estando o prato a 55 km de distância (ver vídeo).

Na sua maior aproximação, espera-se que a New Horizons passe a 2.3 milhões de quilómetros de Júpiter. Os primeiros dados desta passagem poderão chegar à Terra via Deep Space Network por volta das 17:00 GMT de Quarta. É a primeira sonda a visitar Júpiter desde que a sonda Galileu da NASA mergulhou na sua atmosfera, ao fim de 14 anos servindo a Ciência, em 2003. A Cassini, actualmente em órbita de Saturno, passou por Júpiter em Dezembro de 2000.

A New Horizons já enviou novas imagens e filmes das luas de Júpiter, embora a interacção do vento solar com a vasta magnetosfera do planeta tenha lugar central para alguns cientistas.

Júpiter tem a maior magnetosfera do Sistema Solar, que aponta na direcção oposta à do Sol - conhecida como a magnetocauda - e que se estica até à órbita de Saturno. Os instrumentos da New Horizons já detectaram uma densa região de ventos solares conhecidos como "choque", que se desenvolve como uma rápida camada de partículas do vento solar e que comprimem uma camada mais lenta tal como um limpa-neves.

"Penso que a parte mais excitante dos próximos dias será as medições de Júpiter," disse David McComas, do SwRI, investigador principal para o instrumento SWAP (Solar Wind Around at Pluto) a bordo da New Horizons.

As observações do campo magnético de Júpiter pela New Horizons irão ajudar os cientistas a determinar quais os processos - tal como o vento solar ou a rotação planetária - que desenvolvem as auroras e outros fenómenos. Os resultados irão depois ser comparados com aqueles do Hubble e outros observatórios espaciais e terrestres, disse McComas.

A sonda, com destino Plutão, irá também ser a primeira a percorrer a magnetocauda de Júpiter, uma viagem que poderá levar entre 45 e 70 dias, dependendo do campo magnético do planeta, à medida que se extende a partir do planeta gigante.

"É como uma espécie de meia-de-vento," porque o vento solar não flui exactamente para fora radialmente," disse McComas acerca da magnetocauda, que pode extender-se entre 1000 e 1500 vezes o raio de Júpiter. Este mede 70000 quilómetros.

Os estudos magnetosféricos jovianos da New Horizons fazem parte das não menos de 700 observações separadas durante o "flyby" por Júpiter, que serve como um período de testes para os sete instrumentos a bordo da sonda. Esta irá também sofrer um impulso gravitacional da passagem planetária, retirando três anos da sua viagem para uma chegada em Julho de 2015 a Plutão.

"Aqui no chão ainda não recebemos muitos dados, mas os dados de engenharia que já de facto recebemos mostram que o encontro está progredindo normalmente e que as várias observações estão de acordo com o planeado," disse Stern.

A New Horizons começou a estudar Júpiter e as suas luas no passado dia 24 de Fevereiro, e leva a cabo entre 15 e 20 observaçõs por dia, disse Stern. Na Segunda passada, a sonda tinha a tarefa de mapear as superfície das luas jovianas Ganimedes e Europa, estudar as atmosferas dos satélites Io e Calisto, bem como fotografar a Pequena Mancha Vermelha de Júpiter, as plumas vulcânicas de Io e os ténues anéis do gigante gasoso, adicionou.

De acordo com a descrição da missão, demora cerca de 45 minutos para um sinal da New Horizons alcançar a Terra a partir da vizinhança de Júpiter.

Muitas das instrucções do voo rasante da New Horizons por Júpiter já foram enviadas para a sonda, dado que esta estará fora de contacto com a Terra enquanto estuda o sistema joviano.

Estas instrucções incluem um desligar automático do instrumento SWAP, no caso da magnetosfera próxima de Júpiter for demasiado forte para a ferramenta, que foi desenhada principalmente para o ambiente em Plutão, disse McComas. Se isso ocorrer, a SWAP deverá reiniciar-se automaticamente uma vez que a New Horizons passe Júpiter.

"Trabalhamos nestas coisas durante muitos anos, desenhando e desenvolvendo, passando por um lançamento e metendo a coisa no espaço," disse McComas. "É uma altura extremamente excitante para a minha equipa e para mim."

Links:

Notícias relacionadas:
Comunicado de imprensa (NASA)
SpaceRef.com
PHYSORG.com
USA Today
New York Times
Times Online

New Horizons:
NASA
Wikipedia

Júpiter:
Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
Wikipedia

Plutão:
SEDS
Wikipedia

Cintura de Kuiper:
Wikipedia

 


Imagens em cores reais de Marte, tirada pelo instrumento OSIRIS a bordo da Rosetta.
Crédito: ESA © 2007 MPS for OSIRIS Team MPS/UPD/LAM/IAA/RSSD/INTA/UPM/DASP/IDA
(clique na imagem para ver versão maior; aqui para versão legendada)


Espectacular imagem da Rosetta acima de Marte tirada pela câmara do "lander" Philae.
Crédito: CIVA / Philae / ESA Rosetta
(clique na imagem para ver versão maior)


Impressão de artista da sonda Rosetta, do seu "lander" e cometa.
Crédito: ESA
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem de Júpiter, pela sonda New Horizons.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute
(clique na imagem para ver versão maior)


Imagem de Júpiter, com as luas Io (baixo) e Ganimedes.
Crédito: NASA/JHU/APL/SwRI
(clique na imagem para ver versão maior)


Diagrama da magnetocauda de Júpiter, com o percurso definido da New Horizons.
Crédito: NASA/JHU/APL
(clique para ver versão maior)


Detalhes da trajectória da New Horizons até alcançar o seu destino.
Crédito: APL
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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