Observações recentes, feitas com o telescópio espacial Hubble e com o telescópio do observatório W.M. Keck no Havai, revelaram um disco de restos em torno de uma estrela, que se assemelha a uma agulha espacial azul brilhante.
Os astrónomos pensam que os restos de poeiras em torno da estrela HD 15115 estão a ser afectados por planetas extrassolares no sistema ou em estrelas próximas com órbitas muito elípticas. Uma possível culpada é a HIP 12545, uma estrela localizada a apenas 10 anos-luz da 15115.
Ao contrário dos discos protoplanetários, os discos remanescentes pensa-se que serão o que sobrou do processo de produção de planetas. Os discos de restos são semelhantes ao cinturão de Kuiper no Sistema Solar, a região para além da órbita de Neptuno que é povoada por centenas de corpos gelados (incluindo Plutão).
O disco de HD 15115 começa a aproximadamente a mesma distância da sua estrela que o Cinturão de Kuiper do Sol, mas estende-se até uma distância 10 vezes maior, até pelo menos 500 AU.
Pensa-se que os discos de restos estão cheios de poeira criada durante as colisões entre os seus membros. Da mesma forma que Neptuno poderá estar a afectar os objectos do Cinturão de Kuiper, também os planetas próximos de HD 15115 poderão estar a afectar a forma do disco.
De acordo com uma vertente da teoria de formação do Sistema Solar, Neptuno poder-se-á ter formado entre Saturno e Urano e ter sido posteriormente lançado para uma região mais exterior, em consequência de uma "dança gravitacional" entre Saturno e Júpiter. "Se esta dança de planetas estivesse a ocorrer próximo da HD 15115 isso explicaria o disco de restos altamente assimétrico," disse Paul Kalas da Universidade da California, em Berkeley, o líder da equipa que fez a investigação .
O disco em torno da HD 15115 não é apenas mais assimétrico que os que são observados em torno de outras estrelas, mas também contém menos poeiras. "O problema da massa em falta é bastante interessante," disse Kalas. "Talvez o mecanismo que provocou a perturbação do disco tenha removido uma fracção significativa de massa."
Desconhece-se, por agora, se a forma em agulha do disco será permanente, ou se poderá vir a achatar-se para uma forma mais convencional mais tarde. "A agulha azul apresenta uma série de novos desafios para os teóricos," disse Kalas.
A descoberta será publicada no próximo número do Astrophysical Journal Letters.
Links:
Observatório Keck (Nota de imprensa)
Outros links:
PhysOrg.com
Space Daily
SPACE.com |