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OS MISTÉRIOS DE MERCÚRIO, VELHOS E NOVOS
6 de Fevereiro de 2008
 

O planeta Mercúrio, que tem o nome do deus do comércio, que se movia rapidamente de lugar para lugar, tem estado sempre para lá do alcance dos cientistas.

O elusivo planeta é difícil de observar a partir da Terra, pois nunca sobe muito no horizonte, e recebeu muito menos atenção das sondas espaciais do que os seus primos Júpiter, Saturno e Marte.

Muitos cientistas esperam que o enigmático Mercúrio finalmente revele os seus segredos através dos dados enviados pela sonda MESSENGER da NASA, que passou por lá no dia 14 de Janeiro. No entanto, até agora, a sonda expôs apenas novos mistérios.

A missão descobriu diferenças estranhas entre as crateras de Mercúrio e as da Lua, facetas intrigantes da sua atmosfera improvável e do seu campo magnético, e uma característica inexplicável com o nome "a aranha", algo que os cientistas nunca tinham antes encontrado.

Mercúrio tem confundido os cientistas desde que o observaram pela primeira vez.

Quando os antigos astrónomos Gregos o viram brevemente ao nascer e pôr-do-Sol, pensaram que o planeta era de facto dois objectos diferentes, dando o nome de Apollo ao corpo da manhã e Hermes ao da noite. Foi só no século 5 AC que Pitágoras sugeriu que os dois eram afinal apenas um.

Durante muito tempo, os cientistas acreditaram que o mesmo lado de Mercúrio estava sempre virado para o Sol, de uma maneira semelhante à que a Lua orbita a Terra. Medições feitas nos anos 60 mostraram que o lado "negro" do planeta era muito mais quente do que o esperado e colocaram esta noção em causa, e as observações de radar subsequentes da sua órbita deitaram por terra esta teoria.

O pequeno tamanho de Mercúrio (ganhou o título de mais pequeno planeta do Sistema Solar quando a Plutão lhe foi retirada esta distinção) e a sua incerta aparência levou a que os cientistas sobrestimassem o planeta. Durante muito tempo assumiu-se que era apenas uma versão maior da Lua, onde nada de importante acontecia.

Essa ideia voou completamente pela janela quando a nova sonda da NASA passou recentemente por Mercúrio. A sonda revelou um "planeta totalmente novo," disse Robert Storm, cientista da equipa da missão.

A sonda enviou de volta à Terra 1200 imagens e dados de sete instrumentos a bordo, que mostram que o planeta não é nada parecido a um sósia da Lua, mas sim um lugar dinâmico com os seus próprios segredos.

Este mundo bizarro é o único planeta do Sistema Solar interior, além da Terra, com um campo magnético. Os cientistas suspeitam que a magnetosfera possa ser causada pela igualmente estranha presença de um núcleo ferroso extremamente denso que constitui dois-terços da massa de Mercúrio.

A magnetosfera, por sua vez, parece desempenhar um papel na criação de uma ténue atmosfera planetária, algo raro para um pequeno globo cuja gravidade não é forte o suficiente para reter a sua própria atmosfera. O campo magnético pode também estar envolvido na criação de caudas de átomos de hidrogénio e sódio que são libertadas a partir do planeta.

A descoberta de uma atmosfera foi uma das grandes surpresas da outra única missão Terra-a-Mercúrio, a sonda Mariner 10, que passou pelo planeta em 1974 e 1975. Antes disso, os cientistas tinham assumido que Mercúrio era um mundo craterado e árido, tal como a Lua.

Craterado é de certeza - a sua superfície acinzentada contém cicatrizes resultantes de milhões de anos de colisões com rochas espaciais. Mas estas crateras parecem diferentes das da Lua, e algumas retêm características nunca antes observadas em qualquer outro local do Sistema Solar.

Primeiro: as crateras em Mercúrio parecem ser mais rasas que aquelas na Lua, embora sejam necessárias mais medições de crateras para confirmar se isto é realmente verdade por todo o Mercúrio.

As novas fotos também revelaram uma bizarra cratera rodeada por rachas radiantes no chão a que os cientistas deram o nome de "a aranha." Estão incertos do que possa ter causado tal formação, mas sugerem que o vulcanismo possa estar envolvido.

O recente voo rasante da sonda apenas aumentou o apetite dos astrónomos por mais informação acerca deste mundo peculiar.

"Não era o planeta que estávamos à espera," disse Sean Solomon, investigador principal da missão. "Está mudando muito rapidamente, com características nunca antes observadas em qualquer outro planeta. É um planeta muito dinâmico, no qual está a acontecer bastante."

A sonda fará ainda duas passagens por Mercúrio em Outubro de 2008 e em Setembro de 2009, antes de alcançar órbita em 2011. Os cientistas esperam que estes encontros providenciem ainda mais surpreendentes revelações.

"O melhor está ainda por vir," disse o membro da missão, Strom. "O que estamos aqui a ver é apenas a ponta do iceberg. Estou muito entusiasmado."

Links:

Notícias relacionadas:
ScienceMode
National Geographic
MIT News
Science Daily

Sonda MESSENGER:
NASA
JHUAPL
Wikipedia
Vídeo da aproximação da sonda MESSENGER até Mercúrio (formato Quicktime)

 


A câmara WAC (Wide Angle Camera) da MESSENGER, parte do sistema MDIS (Mercury Dual Imaging System), está equipado com 11 filtros de banda-estreita. À medida que a sonda se afastava de Mercúrio após fazer a sua aproximação a 14 de Janeiro de 2008, a WAC registou este mosaico 3x3 que cobre parte do planeta, nunca antes observado por qualquer sonda.
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington
(clique na imagem para ver versão maior)


A câmara NAC (Narrow Angle Camera) do sistema MDIS da MESSENGER obteve esta imagem de alta-resolução do chão da bacia Caloris no dia 14 de Janeiro de 2008. Perto do centro da bacia, uma característica não observada pela Mariner 10, de nome "a aranha".
Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institution of Washington
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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