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COMO A PHOENIX ATERRARÁ EM MARTE
21 de Maio de 2008
 

A sonda Phoenix Mars Lander da NASA faz questão em não se incendiar na sua descida até à superfície ártica do Planeta Vermelho daqui a uns dias. A nova sonda marciana tentará evitar o falhado destino da sua antecessora, a Mars Polar Lander da NASA, quando activar um pára-quedas e 12 motores para travar a sua queda, e assim fazer uma aterragem bem sucedida.

"Esta não é uma simples viagem," disse Ed Weiler, vice-administrador do Directorado de Missões Científicas da NASA na sede da agência em Washington. "Aterrar uma sonda em Marte em segurança é extremamente complicado e arriscado."

Os cientistas da Phoenix referem-se à descida da sonda como "sete minutos de terror" que irão definir o futuro da missão de 420 milhões de dólares. A sonda, equipada com um braço robótico, irá aterrar no pólo norte marciano no dia 25 de Maio para estudar a água gelada da zona e determinar se a região foi já habitável para a vida primitiva.

"Esperamos que o resultado da aterragem seja diferente do da Mars Polar Lander," disse Rob Grover, engenheiro da NASA no JPL (Jet Propulsion Laboratory) da NASA em Pasadena, Califórnia, EUA. A MPL (Mars Polar Lander) entrou na atmosfera marciana perto do pólo sul do planeta em 1999, mas uma falha de software desligou prematuramente os motores da sonda. Colidiu com a superfície a uma velocidade de 80 km/h em vez de aterrar lentamente. Desde aí, a NASA trabalhou para se assegurar que a Phoenix não sofre do mesmo mal.

"A causa provável número um terá sido o indicador no sensor de aterragem," disse Grover, acrescentando que este transmitiu dados falsos à MPL, dizendo que já tinha aterrado. Desde aí, os engenheiros corrigiram o problema de software e tornaram todo o sistema mais robusto de modo a evitar futuros erros.

"Sentimos que testámos adequadamente este veículo," disse o gestor do projecto Phoenix, Barry Goldstein, e acrescentando que há sempre espaço para o inesperado. "Nós disparamos 26 eventos pirotécnicos nos últimos 14 minutos deste veículo, e cada um deles tem que correr como planeado... Estamos muito confiantes no sucesso do 25.º."

O que realmente se passou com a MPL continua algo incerto porque a sonda não tinha como comunicar com a Terra uma vez que entrasse na atmosfera marciana. Este não vai ser o caso com a Phoenix, que tem uma pequena frota de três sondas a orbitar Marte, já preparadas para observar e transmitir informações sobre a aterragem da Phoenix.

Para Goldstein, a parte mais preocupante é o hiato comunicacional de três segundos entre a libertação do casulo em volta da sonda durante a sua viagem e os primeiros sinais na rede de retransmissão. Se a Phoenix falha a sua aterragem, quaisquer sinais anteriores serão vitais para descobrir qual o seu destino, afirma. "Para mim são esses três segundos que me vão realmente preocupar."

Na concha traseira da Phoenix encontra-se uma antena capaz de transmitir um sinal a uma frequência ultra-alta até à Terra via Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) ou Mars Odyssey da NASA. A Mars Express da ESA está também preparada para responder caso seja necessária para uma emergência, dizem os gestores da missão. "Esta é a primeira vez, para qualquer aterragem em Marte, em que haverá uma linha de retransmissões orbitais, tanto para a aterragem como quando estiver na superfície," disse Grover.

A descida e aterragem da Phoenix será como a pretendida para a MPL, caindo pela atmosfera marciana a cerca de 21.000 km/h. É algo semelhante às descidas em 2004 dos dois rovers da NASA, Spirit e Opportunity, embora a chegada da Phoenix marque a primeira aterragem a motores desde as missões Viking da NASA nos anos 70.

A sonda combina novas tecnologias com métodos testados e aprovados para aterragem, incluindo um algoritmo no software que vem ainda da era das Apollo e que era utilizado para a entrada na Terra, com o objectivo de guiar a sonda no início da descida pela atmosfera marciana. O pára-quedas, da era das Viking, está desenhado para abrir assim que a Phoenix alcance uma altitude de 12,6 km acima de Marte, diminuindo a velocidade da sonda enquanto viaja pela atmosfera a uma velocidade supersónica. O radar de aterragem da sonda deverá começar a fornecer dados sobre a altitude e sobre a velocidade da descida à medida que a Phoenix se aproxima da superfície, para que o computador de bordo possa fazer os ajustes necessários para a aterragem. "Por volta do momento de abertura do pára-quedas, poderão haver erros de posição na ordem dos quilómetros," disse Groover. "É aí que o radar será essencial, porque liga-se e adquire novos dados sobre a altitude."

Dois minutos após a abertura do pára-quedas, a Phoenix estará a aproximadamente 1 km acima da superfície. A sonda libertará então a sua concha traseira e cairá livremente durante meio segundo antes de activar os seus motores. Nove dos doze motores irão pulsar furiosamente 10 vezes por segundo - um efeito que Grover comparou a "uma aterragem com martelos pneumáticos." Os restantes três motores não-pulsantes deverão ser constantes para ajudar do ganho de estabilidade. "Mesmo antes do tocar no solo, o veículo fará uma pirueta," disse Goldstein, acrescentando que esta manobra ajudará os painéis solares, vitais para a Phoenix. "Na realidade, rodamos a sonda para maximizar a exposição solar."

Os navegadores no JPL poderão transmitir novas ordens para o computador da Phoenix até três horas antes da aterragem, caso sejam necessários ajustes no percurso. No entanto, Grover e os outros engenheiros da NASA apenas poderão ficar à espera e confiar na tecnologia da sonda uma vez que a Mars Phoenix Lander comece a sua descida. Durante esse tempo, está sozinha.

Links:

Notícias relacionadas:
SPACE.com
Universe Today
BBC News
Discovery Channel
Reuters
National Geographic

Phoenix:
Página oficial
Wikipedia
Kit de aterragem (formato PDF)
Descida de entrada e aterragem (vídeo em formato Flash, cortesia YouTube)

Marte:
Núcleo de Astronomia do CCVAlg
Wikipedia
Marte e ESA (vídeo em formato Flash)
Procurar água nos locais certos (vídeo em formato Flash)

 


A Phoenix atravessa a atmosfera marciana, protegida pelo seu escudo térmico à medida que usa a fricção para diminuir de velocidade.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)


Um sumário dos eventos que terão lugar durante a aterragem.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona

(clique na imagem para ver versão maior)


Impressão de artista da Phoenix Mars Lander no momento antes de tocar o solo nas planícies árticas de Marte.
Crédito: NASA/JPL-Caltech/Universidade do Arizona
(clique na imagem para ver versão maior)

 
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