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PLANETAS HABITÁVEIS: PROPOSTOS QUATRO TIPOS
24 de Dezembro de 2008

 

A origem da vida e a habitabilidade em outros mundos que não a Terra são dois dos maiores mistérios que a Ciência enfrenta hoje. Muitas pesquisas têm sido dedicadas a estes tópiocs, mas ainda existe uma falta de respostas definitivas.

Jan Hendrik Bredehöft da Open University do Reino Unido tem estudado a habitabilidade noutros mundos. "Sou um daqueles sujeitos que pega num pequeno meteorito, tritura-o e descobre qual seria a sua química orgânica," afirma Bredehöft.

Com base nestes tipos de estudos, acredita que os mundos habitáveis podem ser divididos em quatro categorias, cada um com probabilidades variáveis de serem o lar de organismos extraterrestres. Este estudo tem grande potencial para ajudar na busca de vida pelo Universo, particularmente à medida que a tecnologia avança para um nível onde a observação directa de planetas extrasolares se torna possível. Bredehöft apresentou as suas ideias no último Congresso de Ciência Planetária da Europlanet.

Os seus quatro grupos de mundos habitáveis são: tipo-Terra, tipo-Marte, tipo-Europa e mundos aquáticos.

Em cada um deles, considerou o seu potencial para albergar vida complexa. Os mundos tipo-Terra são a primeira classe e um tipo de "controlo", dado que já sabemos que tais mundos são capazes de suster vida complexa. Os mundos tipo-Terra têm uma atmosfera apropriada, água líquida, intervalos de temperatura moderada e climas estáveis.

A segunda classe de planetas são aqueles que antigamente eram muito parecidos com a Terra, tal como Marte ou Vénus. "Por alguma razão estes planetas deixaram a zona habitável," disse Bredehöft. "Marte tornou-se demasiado seco, resta aí muito pouca água, pelo menos água líquida. Vénus tornou-se demasiado quente devido ao efeito de estufa."

No entanto, Bredehöft acredita que existe uma probabilidade da vida existir neste tipo de mundos. Ele argumenta que os organismos possam ter-se desenvolvido quando o planeta era mais hospitaleiro, e esta vida pode ter aguentado mesmo em épocas mais difíceis. "Uma vez que a vida se estabelece, é extremamente difícil matá-la," afirma Bredehöft. "Já houveram eventos absolutamente devastadores ao longo da história da Terra que podiam muito bem ter eliminado toda a vida, mas normalmente estes serviram para avançar a biodiversidade, e não destruí-la."

Corpos que possuam água líquida, mas por baixo de uma camada de gelo e não à superfície, constituem a terceira classe de mundos.

A lua de Júpiter, Europa, é um exemplo clássico aqui da nossa vizinhança cósmica. Será que existe vida em locais como este? As ideias de Bredehöft são particularmente pertinentes pois estes mundos normalmente não encaixam muito bem na nossa visão tradicional de zonas habitáveis. Europa, por exemplo, situa-se para lá da zona de temperatura no Sistema Solar onde a água pode permanecer líquida à superfície de um planeta.

Mesmo assim, tem potencial para a vida.

A visão tradicional das zonas habitáveis aplica-se a uma estrela local como sendo a principal fonte de energia. Mas em mundos gelados como Europa, outros factores entram em jogo, tais como o puxo gravitacional de outro planeta. Mundos com água líquida escondida por baixo de camadas geladas podem potencialmente ser habitadas por organismos simples, mesmo estando longe da zona habitável convencional, enquanto energia seja fornecida de qualquer outro modo.

O quarto tipo de planetas habitáveis são compostos quase exclusivamente por água. Estes mundos hipotéticos teriam um tamanho entre Mercúrio e a Terra e teriam enormes oceanos. Ao contrário dos oceanos na Terra, a água neste tipo de planetas não estaria em contacto com silicatos ou outras rochas.

"Estes planetas podem ou ser compostos totalmente por água com gelo a grandes pressões no núcleo, ou podem ter corpos de água líquida separados por um núcleo de silicatos ou por uma espessa camada de gelo a grandes pressões," afirma Bredehöft.

Uma teoria para a origem da vida na Terra diz que o material orgânico foi recolhido em lagos pouco profundos e depois concentrou-se ao se agarrar à superfície das rochas. Eventualmente, este início de vida espalhou-se para os muito maiores oceanos. Outra teoria da origem da vida argumenta que a química necessária teve lugar em chaminés hidrotermais de origem vulcânica. Nos mundos aquáticos, estes cenários são impossíveis. Por isso, Bredehöft pensa que a vida não tem grandes probabilidades de nascer em tais planetas.

"A quantidade de água num planeta deste género seria tão grande, que precisaríamos de um montante inacreditável de componentes de carbono concentrados para haver uma ligeira hipótese de a vida aí desabrochar. É demasiado improvável," disse Bredehöft.

Após considerar todos estes factos, Bredehöft afirma que a melhor aposta para encontrar ecossitemas extraterrestres é mesmo na procura de planetas tipo-Terra. No entanto, não pensa que os mundos tipo-Terra tenham necessariamente vida avançada.

"Nós não sabemos se o nível de complexidade ou o tamanho dos organismos que vivem na Terra é essencialmente um resultado lógico da evolução ou se é apenas um feliz acaso. Será que seres inteligentes à superfície de um planeta é o pináculo da evolução? Só assumimos que sim porque gostamos de nos ver como algo especial."

Com o rápido desenvolvimento da tecnologia da busca planetária, é apenas uma questão de tempo até que aprendamos muito mais sobre planetas extrasolares exóticos e suas luas, e até que sejamos capazes de recolher informações vitais acerca das suas propriedades. Até lá, cientistas como Bredehöft irão continuar a teorizar acerca destas descobertas.

Por isso, na opinião cuidadosamente considerada de Bredehöft, que tipo de organismos iremos provavelmente encontrar? "Provavelmente algo viscoso," conclui.

Links:

Planetas extrasolares:
Wikipedia
Wikipedia (lista)
Wikipedia (lista de extremos)
Catálogo de planetas extrasolares vizinhos (PDF)
PlanetQuest
Enciclopédia dos Planetas Extrasolares
Exosolar.net
Extrasolar Visions

 


Com os planetas extrasolares agora sendo directamente observados, a busca de sinais de vida está no horizonte.
Crédito: Bruce Macintosh


A visão tradicional da zona habitável do nosso Sistema Solar pode ser injustamente restrictiva. Este pode também ser o caso para outros sistemas estelares.
Crédito: NASA


Dividir mundos potencialmente habitáveis em quatro categorias pode ajudar os astrónomos a estabelecer prioridades na suas pesquisas. Esta é uma representação artística de um planeta extrasolar.
Crédito: NASA/JPL-Caltech

 
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