Top thingy left
 
BALÃO DA NASA CAPTA MISTÉRIO CÓSMICO NO RÁDIO
12 de Janeiro de 2009

 

Escutar o princípio do Universo acaba de se tornar mais complicado. Uma equipa liderada por Alan Kigut do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, anunciou a descoberta um ruído cósmico no rádio com um volume seis vezes maior do que o esperado.

A descoberta vem de um instrumento chamado ARCADE (Absolute Radiometer for Cosmology, Astrophysics, and Diffuse Emission) a bordo de um balão. Em Julho de 2006, o instrumento foi lançado a partir do Complexo de Balões Científicos Columbia da NASA em Palestina, Texas, e voou até uma altitude de quase 37 mil metros, onde a atmosfera se dilui com o vácuo do espaço.

A missão ARCADE tinha o objectivo de pesquisar o céu em busca do calor da primeira geração de estrelas. Ao invés, descobriu um puzzle cósmico.

"O Universo realmente surpreendeu-nos," diz Kogut. "Em vez dos ténues sinais que esperávamos encontrar, aqui estava este alto ruído seis vezes maior do que tínhamos previsto." A análise detalhada excluiu uma origem de estrelas primordiais ou de fontes de rádio conhecidas, incluindo gás no halo exterior da nossa Galáxia. A fonte deste barulho de fundo cósmico no rádio permanece um mistério.

Muitos objectos no Universo emitem ondas de rádio. Em 1931, o físico americano Karl Jansky detectou pela primeira vez estática da nossa própria Via Láctea. Emissões semelhantes de outras galáxias criam um ruído de fundo no rádio.

O problema, realça o membro da equipa Dale Fixsen da Universidade de Maryland em College Park, é que parecem não existir galáxias-rádio suficientes para explicar o sinal que o ARCADE detectou. "Teríamos que as agrupar no Universo como sardinhas," disse. "Não sobraria espaço entre uma galáxia e a outra."

O muito procurado sinal das primeiras estrelas permanece escondido por trás deste recém-detectado ruído de rádio. Complica os esforços para detectar as primeiras estrelas, que se pensa terem sido formadas há 13 mil milhões de anos atrás -- não muito, em termos cósmicos, depois do Big Bang. Mesmo assim, estes ruídos radiofónicos cósmicos poderão proporcionar pistas importantes acerca do desenvolvimento das galáxias quando o Universo tinha menos de metade da idade actual. Desvendar as suas origens deverá providencar novas informações acerca do desenvolvimento das fontes de rádio no começo do Universo.

"Isto é o que torna a Ciência tão excitante," dise Michael Seiffer, membro da equipa do JPL da NASA em Pasadena, Califórnia. "Nós começámos num caminho para medir algo -- neste caso, o calor das primeiras estrelas -- mas encontrámos algo totalmente diferente, algo ainda sem explicação."

Seiffer e Kogut anunciaram os seus achados na 213.ª reunião da Sociedade Astronómica Americana em Long Beach, Califórnia. Quatro trabalhos científicos detalhando os resultados do ARCADE foram submetidos ao Astrophysical Journal.

O ARCADE é o primeiro instrumento a medir o céu no rádio com precisão suficiente para detectar este misterioso sinal. Para aumentar a sensibilidade dos receptores de rádio do ARCADE, foram imersos em mais de 1800 litros de hélio líquido ultra-frio. A temperatura operacional do instrumento situava-se apenas 2,7 graus acima do zero absoluto.

Esta é a mesma temperatura que a radiação cósmica de fundo em microondas, o calor remanescente do Big Bang que foi descoberto como uma fonte de ruído cósmico no rádio em 1965. "Se o ARCADE tem a mesma temperatura que a radiação cósmica de fundo, então o calor do instrumento não pode contaminar o sinal cósmico," explica Kogut.

Links:

Notícias relacionadas:
NASA (comunicado de imprensa)
SPACE.com
Astronomy
New Scientist
Discover
SpaceRef
Universe Today
Science Daily
FOX News
UPI

ARCADE:
Página oficial
Artigos científicos
Wikipedia

 


Um misterioso ruído no rádio atravessa o cosmos, impedindo os astrónomos de observar o calor das primeiras estrelas. O instrumento ARCADE a bordo de um balão científico descobriu esta estática (banda branca no topo), num voo em Julho de 2006. O ruído é seis vezes maior do que o esperado. Os astrónomos não sabem porquê.
Crédito: NASA/ARCADE/Roen Kelly
(clique na imagem para ver versão maior)


O ARCADE observou cerca de 7% do céu. A região observada é a colorida neste mapa estelar em rádio. O plano da nossa Via Láctea, percorre o centro.
Crédito: NASA/ARCADE
(clique na imagem para ver versão maior)


O desenho revolucionário do ARCADE torna-o super-sensível aos ruídos cósmicos. Arrefecido até 2,7 graus acima do zero absoluto devido à imersão em mais de 1800 litros de hélio líquido, cada dos sete radiómetros do ARCADE alternativamente observam o céu e um alvo de calibração.
Crédito: NASA/ARCADE
(clique na imagem para ver versão maior)


O ARCADE é lançado no veu voo de Julho de 2006 a partir do Complexo de Balões Científicos Columbia da NASA em Palestina, Texas. O balão levou o instrumento até à sua altura de observação de quase 37 mil metros.
Crédito: NASA/ARCADE
(clique na imagem para ver versão maior)

 
Top Thingy Right